Kyungsoo era um viajante de Joseon. Sessho-seki ou Pedra Mortífera, era o que tinha atraído o pequeno camponês estrangeiro. Havia ouvido muitas lendas sobre a origem da pedra e como sempre era muito cético, resolveu encontrar o objeto de sua curiosidade. Queria tocá-la e ver se seria atormentado por Hoji.
-Não toque. - ouviu no momento em que estendeu suas mãos. Se assustou, afinal, tinha ouvido o rapaz falar no seu idioma real. Não estava em Joseon e sim no Japão.
-Quem és tu, que se escondestes pela paisagem? - o pequeno Do ingagou.
-Alguém que almeja ajudá-lo. - a voz retornou e Kyungsoo continuou a procurar.
-Quem dissestes que quero ajuda? - tornou a questionar. Iria ouvir bem a voz e tentar segui- la.
-Temi que fosses um leigo. - e Kyungsoo se sobressaltou, pois havia tido as palavras ditas bem ao pé de seus ouvidos. - Desejas morrer?
-Como falastes o meu idioma? - o menor indagou, se afastando bruscamente do moreno estranho.-Apenas desejei algo falar. - o moreno respondeu e sorriu. Kyungsoo sentiu que aquele sorriso era perigoso. - Vestes estranhas. Não és Nipon.
-Vim de Joseon. - Kyungsoo justificou. - Todavia, não ei de ser o único a usurfruir de vestes estranhas. - pontuou.
O moreno, que parecia tão enigmático, encarou o jovem rapaz à sua frente e percebeu que o mesmo idicou - com seus enormes olhos - as vestes alheias. O moreno nada vestia, a não ser, calças curtas e rasgadas.
-Tu não és Nipon, não estás trajando uma yukata. De onde és? De que província? Como viestes parar aqui? - o alvo indagava com tamanha entonação. Queria respostas.
-Eu sou o que quisestes que eu seja. - o estranho respondeu e se aproximou do menor. - Acaso, sentistes frio? - e imediatamente a manga direita das vestes de Kyungsoo começaram a pegar fogo.
-O QUE FIZESTES COMIGO?! - Kyungsoo gritava desesperado. - Apague este fogo, raposa ardilosa!
-Oh! Estás enganado. Não sou uma raposa. - o estranho esclareceu, mas continuava rindo divertido ao ver o cordão enfeitado do chapéu, do estranho, se mexer, enquanto o mais baixo procurava apagar o fogo que não queimava.
-És um Oni? - Kyungsoo indagou, desistindo de tentar apagar aquela porcaria de fogo que não queimava. - Sinto que se comportas como um kitsune.
-Acaso já ouvistes falar de Hanyou?
-O que haveria de ser? - Kyungsoo perguntou, mas então recordou-se. - Oh! Não pode pedir que eu acredite.
-Pois acredite, viajante. Eu sou o filho de Tamamo-no-Mae que vigia a Pedra Mortífera. - declarou.
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Fazia uma semana que Kyungsoo voltava ao local em que conhecera o Hanyou. Tentava arrancar respostas do rapaz, afinal, nunca soubera que a maior Kistune que existiria, tinha tido um filho. O estranho, que não tinha recebido um nome ao nascer, alegou ter sido concebido do casamento da kitsune com o falecido imperador Konoe.
-E por que não assumistes teu lugar por direito? - Kyungsoo indagou. Era o oitavo dia que visitava o ser lendário.
-Por que eu deveria assumir? - recebeu uma pergunta em troca. - Se quero ouro, basta apenas uma folha e a transformo no objeto de meu agrado.
-Olho para ti e só consigo notar a solidão em que vive. - Kyungsoo murmurou. - És obrigação sua guardar o "túmulo" de sua mãe?
-Não deverias ser obrigação do filho cuidar de seus pais?
-Quando estão em vida e não quando estão em morte. - Kyungsoo justificou, mas viu que o moreno não pareceu convencido. - Anoitecera e eu preciso ir.
-Voltarás amanhã, jovem Kyungsoo? - o hanyou indagou. Gostava da presença do alvo, mas não queria admitir em voz alta. Tinha acabado de negar sua solidão e não podia dizer que gostava da compainha alheia.
-Até que o convenças a ir comigo, ei de voltar. - o menor estava convicto e viu o sorriso ladino do ser mítico.
-Deverias desistir deste objetivo. - o moreno aconselhou.
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E o moreno pensou que o alvo tinha desistido de seu objetivo, seguido seu conselho. Aguardou a presença tão comum o dia inteiro e não a teve. Preocupou-se de início, porém, lembrou de suas palavras e deduziu que o menor tinha desistido de si. Sentiu-se triste e se surpreendeu com isso, afinal, era um novo sentimento que sentia.
Desde que o jovem estranho tinha aparecido, trouxera consigo muitas coisas diferentes. O moreno não sabia o nome de nenhum sentimento, mas cá estou eu - a narradora omnipresente - que irá nomeá-los. Com a chegada de Do Kyungsoo, o jovem hanyou passou a sentir diversão, alegria, curiosidade e carinho. Naquele momento, onde não encontrava com o jovem estrangeiro, sentia decepção e saudade.
Mas o que não sabia, era que o jovem coreano corria - como se sua vida dependesse daquilo - para encontrar com o hanyou. Havia sumido, porque fora procurar uma veste melhor para o moreno. Estava decidido a levá-lo embora consigo, mas de repente havia entrado em um pequeno sono.
E esse sono lhe trouxera um sonho, onde mostrava o moreno lutando com um sacerdote. A Pedra Mortífera estava para ser purificada e o moreno não queria deixar que tirassem sua mãe de si. Só que o moreno morria no sonho de Kyungsoo e o menor não queria permitir isso.
Correu e correu tanto, mas infelizmente chegou tarde. O corpo moreno encontrava-se no chão, parecendo sem forças, enquanto um sacerdote tocava na Pedra Mortífera e soltava um mantra. Kyungsoo correu desesperado até o corpo caído e foi puxado para longe, mas não se deixava ser levado.
Os estranhos que tentavam segurá-lo, falavam algo em japonês, enquanto Kyungsoo tentava mandar que o soltassem em coreano. Era um momento completamente estranho e perturbador, porque os seres não se entendiam e - talvez - a vida do moreno pudesse estar se esvaindo.
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Kyungsoo acordou de supetão e tentou se levantar, mas fora impedido por um peso sobre si. Olhou para o lado e encontrou o moreno adormecido. Não lembrava como tinham parado naquela situação, a última coisa a qual se lembrara, era a de pedir para que o soltassem.
-Ei, hanyou! - Kyungsoo optou por chamar o moreno. - Acorde!
-Kyungsoo! - o moreno sentou-se e estava ofegante. - Kyungsoo, encontra-se bem? - perguntou preocupado.
-Eu quem deveria indagá-lo! - Kyungsoo rebateu e passou os olhos pelo corpo do outro, percebendo que o mesmo estava com uma vestimenta coreana azul. - Como viemos parar aqui? Como conseguiste roupas?
-Eu... Oh! - o moreno arquejou ao lembrar-se. - Minha mãe...
-O que tem ela?
-Entrou em meu sonho e me disse que era hora de nos despedirmos. - respondeu, mas Kyungsoo ainda se encontrava confuso. - Ela se foi, Kyungsoo.
-Mas ela já não se encontrava aqui. - o menor argumentou.
-Seu espírito estava na pedra, agora não mais. - explicou e suspirou com pesar. - Deu-me de presente uma vida. Ela dissera que concederia meu maior desejo.
-E qual seria seu maior desejo? - Kyungsoo questionou, sentindo o coração palpitar.
-Viver em sua terra, ao seu lado. - respondeu e sorriu. - Tu fostes a única pessoa a falar comigo. És tão especial para mim, quanto minha mãe. - confessou em sua ingenuidade plena, vendo Kyungsoo corar.
-Tu és especial para mim também. Posso dar-te um nome? - Kyungsoo indagou. Não aguentava mais chamá-lo de hanyou ou qualquer outra coisa.
-Ficarei lisonjeado. - o moreno respondeu e Kyungsoo sorriu, deixando o coração em seus lábios a amostra.
-Jongin. A partir de hoje, se chamará Jongin. - decretou.
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Fazia um ano que Kyungsoo e Jongin viviam juntos em Joseon. Quando acordaram, há um ano, encontraram-se na divisa do Japão com a China. Tiveram que contar com a capacidade de adaptação de Jongin, para poder voltarem ao país de origem do mais baixo.
Por ser um meio-youkai e meio-humano, Jongin possuía capacidades especiais. Falar o idioma que quisesse era uma delas. Não conseguia manipular sonhos, mudar de aparência ou fazer seu fogo realmente queimar, mas isso não importava para nenhum dos dois. Por mais que a fascinação de Kyungsoo tenha sido iniciada por Jongin ser um ser mítico, o baixinho não se importava se Jongin era um humano ou um hanyou.
E durante as jornadas que fizeram para voltarem ao lar do pequeno Do, acarretou em vários sentimentos compartilhados. Jongin até mesmo descobrira a razão de Kyungsoo para ir procurar a Pedra Mortífera. O pequeno alvo tinha perdido seus pais em uma epidemia e queria morrer, mas não tinha coragem de tirar a própria vida e por isso optou ir em busca da pedra. Se fosse lenda ou não, pelo menos teria tentado. Era o máximo que sua coragem permitia.
Mas mesmo não conseguindo tirar a prova de que a lenda sobre a pedra era real, encontrava- se feliz. Acreditava ter sido escrito nas linhas da vida que seus pais precisariam morrer, para que deixasse suas terras em busca de seu destino em outro país. Pretendia perder a vida quando chegou ao Japão e encontrou a Pedra Mortífera.
Apenas pretendera, porque continuava vivo e agora completamente recheado de felicidade. Jongin tinha sido a luz em sua vida, a chama que não machucava, que apenas iluminava, aquecia e era bela.-Iremos ficar juntos até a nossa morte. - sussurrou no ouvido do moreno adormecido.
Jongin estava no plano dos sonhos e por isso não ouvira o que o coreano dissera, mas sentira vontade de agarrar o corpo alvo mesmo assim. Apertou o mais baixo em seus braços e o sentiu se aconchegar ao seu corpo. Se era a chama bela na vida de Kyungsoo, Kyungsoo era - finalmente - seu sopro de vida.
Era irônico pensar que encontraram a vida na busca pela morte.
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