Tocar o Desconhecido

A China é surpreendente. Já faziam 2 meses da minha viagem. Eu estava caminhando pelo mercado aberto de Shenzhen quando uma garotinha, de uns 4 ou 5 anos, veio correndo em minha direção toda sorridente.

Ela chegou com as mãos estendidas (o que logo imaginei que seria um gesto para pedir esmola), mas estava bem vestida, com um traje florido e cabelo bem penteado. Logo percebi que — na realidade — ela estava pedindo para tocar a minha barba. Obviamente olhei para a mãe dela, e pedi permissão com o olhar. A mãe respondeu que sim com a cabeça e me abaixei para deixar a garotinha tocar o meu rosto. Ela tremia de tanta alegria e falava algumas coisas em chinês.

No distrito que estava é muito raro ver um estrangeiro, tanto que já estava acostumado a ver diversas crianças me encarando como se eu fosse um alienígena. Mas aquela menina não pensava assim. Ela queria tocar o desconhecido. Descobrir algo que nunca tinha visto, ou talvez somente na televisão.

Precisamos ser como essa garotinha, que não tem medo de encarar o novo. De correr atrás daquilo que todos temem correr. Precisamos ser mais humanos uns com os outros.