Uma noite chuvosa. Um abrigo atraiu-a até o alto das montanhas. Dela ouviu-se uma batida desesperada na porta do castelo e ouvidos se fez de surdo. Uma segunda batida, esta mais fraca seguida de um desmaio. Ouvidos tornaram-se olhos atentos que viram desde a torre mais alta. Cabelos negros esvoaçados pela chuva e um corpo quase sem vida ruído ao chão.
Olhos atentos se tornaram passos constantes que desceram as escadas até o último degrau, demorou-se um instante, até que pés se tornaram mãos e ao abrir à porta elas se tornaram abrigo e levaram para dentro aquela que desfalecia em febre.
Olhos se abriram e o que contemplaram não foi o céu escuro e chuvoso da noite anterior, mas um horizonte límpido e infinito azul e a brisa de mar por detrás de uma pequena janela.Gostaria saber quem havia ajudado-a na noite anterior.
Desceu as escadas mão não havia ninguém na escuridão. Fez-se a luz e caminhou por aquele lugar triste, frio e sombrio até que se deparou com uma porta retrato empoeirado caído ao chão, cujo vidro quebrado lembrava a perda da jovem de longos cabelos loiros cacheados que estava sentada em um balanço e em seu ventre carregava o tão desejado herdeiro, pensou em colocá-lo sob o móvel antigo, mas decidiu deixar jazer no chão a tristeza.
Seguiu o caminho até a torre mais alta abrindo vagarosamente uma porta e se deparando com aquilo que parecia ser uma gaiola. Asas negras se assustaram com a presença de luz. Ela acalmou o pássaro com suas ternas mãos, caminhou em direção a luz da janela ao sentir o vento. Estava disposta a deixar livre o pássaro negro por tanto tempo aprisionado a grades. Uma voz em meio à escuridão gritou:
"Não faça isso!"
E quando guiou a lamparina em direção à voz o que viu foram pés que se apressavam em sumir na escuridão. Tentou encontrá-los, mas em vão. Fixou seu olhar no pássaro negro que lhe imploravam liberdade. Suas mãos se tornaram uma e levaram o voo do corvo que ao cruzar a janela se tornou uma linda andorinha branca. Mas as mãos que o libertaram se tornaram prisioneira do estranho que a trancafiou na torre mais alta tal como o corvo e por mais que seus joelhos implorassem, as mãos insistiam em fechar toda fresa de luz que havia na enorme janela.
O abrigo tornou-se prisão mãos tentaram tocá-la, mas braços repudiaram-no. Sua pele irradiante tornou-se cinzenta fria e pálida desistente da própria vida, olhos a observavam na escuridão, mãos poderiam lhe devolver a liberdade, mas o coração que passou desejá-la e o egoísmo tomou conta de sua mente.
Por mais que insistisse seu coração estavam lá fora. Desejava protegê-la, mas isso não significava trancafiava e deixá-la viver. Todas as noites os olhos se despertavam e se perguntavam se amá-la não era deixá-la ir. Mas o orgulho insistia em prendê-la na torre.
Uma lagarta cruzou a fresa da porta. Braços e pernas tentaram matá-la sem piedade, mas a lagarta não desistiu e a persistência a escondeu e enganou olhos assassinos. Eles a buscaram por todo o castelo e percebeu que o único lugar em que poderia estar era a torre mais alta onde a tristeza era prisioneira, ascendeu à luz, e o que os olhos encontraram em lugar de escuridão foi uma fresa de luz trazida pela força do vento e em lugar da tristeza e da escuridão o que viu foi à esperança irradiando no rosto de sua prisioneira.
Em suas mãos estava aquele ser tão pequeno e tão livre quanto ela própria gostaria de ser. Pelas fresas libertou a lagarta que insistia em estar com ela e ao passar pela fresa da janela, a lagarta se tornou uma linda borboleta e finalmente o que os olhos não puderam ver o coração não pode sentir a razão lhe mostrou ser o certo. Abriu a janela e vento e sol resplandeceram, o rosto da esperança caminhou e abriu os braços em direção à janela subiu e pulou. Desesperado o coração se dirigiu a janela aberta pela primeira vez em muito tempo e ao ver sob a luz do sol observou a estranha que se transformou em um ser de alvas asas brancas e voou para longe e sumiu no brilho do sol.
Finalmente a boca sorrira depois da perda da sua razão de viver, e os pés desceram as escadas, levantaram do chão não mais a dor que o jogara, mas a lembrança que sempre estaria naquele porta retrato.
Mãos abriram à porta, e ao passar pela porta passou também a voar, todavia com os pés no chão em direção a vida que seguia.
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