hxolly Holly Muniz

Jeongguk é fatalista, mas mal admite em segredo que a falta de amor ainda vai o matar. Ele deixou-se chafurdar pelos tons escuros do azul. No entanto, quando os olhos escuros de Taehyung caem sobre os seus, o vermelho que outrora fora ânsia de raiva e medo, torna-se puro sentimentalismo para ele.


Fanfiction Celebrities For over 18 only.

#vkook #depressão #automutilação #kookv #taekook #lemon #bts
23
4.9k VIEWS
In progress - New chapter Every Saturday
reading time
AA Share

Prólogo

A terceira pílula desceu rasgando a sua garganta. Jeongguk sempre se esquecia de levar uma garrafinha de água consigo. Engoliu em seco tentando se livrar do nó que queimava em sua faringe, em vão. A vontade de chorar continuava, a ardência em seus olhos persistia e a quantidade de espirais crescia na folha rasurada; a psiquiatra tinha dito algo sobre isso, mas já não se lembrava, queria não ter mais a oportunidade de perguntar.



Suspirou. A cabeça do moreno latejava, seu corpo pedia descanso e seus pensamentos não se acalmavam.



“Faça efeito” pediu.



O vazio causava um turbilhão de sentimentos em seu peito e isso machucava. Precisava sentir algo além disso, nem que fosse a fadiga depois do medicamento. Encostou os ombros no tronco da árvore e se deixou levar; a brisa fria fazia cócegas na bochecha já molhada pelas lágrimas que caíam copiosamente.



Jeongguk só queria que as coisas mudassem. Queria se sentir bem, conseguir saborear um sorriso verdadeiro, ao invés de procurar lugares frios para chorar escondido. O jovem não tinha culpa do que estava acontecendo, contudo, não era isso que as vozes em sua cabeça diziam.



“Inútil, culpado, infeliz, sujo.”



Chorava para lavar a alma, mesmo que no fundo soubesse que isso não adiantaria e que assim que enxugasse o rosto a dor voltaria. Alívios momentâneos, mas ainda assim alívios, e era disso que precisava. Alívio. Quebrou o lápis, segurou firme, pressionou sobre epiderme e puxou. Nem deveria estar ali. Logo seus pais descobriram o número absurdo de faltas e, sem dúvidas, seria uma surra daquelas...Mas o menino brilhava em azul marinho; escuro, profundo e triste.



Fungou. Seu nariz coçava.





Com a destra passou a mão nos olhos de forma bruta, pegou o caderno em uma folha em branca e, com a ponta que usara para se ferir passou a escrever; a caligrafia fina saía trêmula. Não chamaria aquilo nem de rascunho de carta, quem sabe, um pedido de desculpas ou agradecimentos. Era um tolo, e tolos caem. Jeon Jeongguk estava desabando. Até que o seu celular começou a vibrar.



— Alô? — se esforçou para ser firme, o pobre garoto azul estava acostumado a esconder sua lástima.



— Jeongguk? Onde você está? A aula da Yeri já vai começar! — reconheceu a voz do seu colega de classe.



— Eu não vou apresentar.



— O quê? Vai nos deixar na mão novamente? E a nota, porra? Você precisa disso pra passar, mano.



— Eu não ligo, Yugyeom. Boa sorte!



Desligou. O medicamento estava começando a ter efeito, a quantidade triplicada não tinha sido uma decisão sã e segura, mas Jeon realmente não ligava para isso. enquanto se encolhia achando um conforto estranho perto da enorme laranjeira. Jeongguk se importou menos ainda quando fechou os olhos e adormeceu, mais uma vez com a esperança de não acordar.



[...]



Taehyung sentia a agulha perfurar sua pele e isso o fez suspirar. Ardia. Estava fazendo dezenove anos; amanhã seria O Dia e como uma maneira de extravasar, quiçá mitigar, resolveu fazer sua primeira tatuagem. Uma rosa pingando no pescoço. Lembrou-se que Namjoon amava rosas pelo significado; tal flor representava amor, paixão, determinação e força. O Kim mais novo se recordava disso. Lembrar da personalidade de seu irmão mais velho, isso o fez sorrir vagamente. O vermelho trazia a ideia da mancha, como se fosse fruto de borrões, arrependidos e, na saturação da cor, raiva. Taehyung amava a cor. Também amava Namjoon.



— É bom usar essa pomada aqui — o tatuador de fios cinzentos entregou um papel. — Tome cuidado com o que come e evite coçar. Espero que tenha gostado.



— O desenho é meu de qualquer forma. Você fez um bom trabalho, obrigado.



— Volte sempre!



O aniversariante pegou seus pertençes, vestiu a camiseta preta para se direcionar a recepção e realizar o pagamento, para enfim, poder sair do estúdio. Notou que as ruas de Hongdae estavam molhadas ao sentir uma tímida gota de água em seu ombro. Gostava de sentir a chuva, mas aquela não era uma boa hora. Correu o mais rápido que pode e parou na tenda de um comércio. O ruivo se viu frustrado; aquilo não passaria tão rápido. Olhou para os lados a procura de um táxi e não encontrou. Estalou os dedos na perna e resolveu encarar as lágrimas do céu, constatando que deveria sair mais para visitar as ruas da nova cidade. Estava morando por ali há uma semana e só agora, por mero acaso, percebeu a quantidade de casas coloridas naquele bairro aparentemente calmo, bonito e fofo. A sua vista estava deveras embassada pela quantidade de gotas que insistiam em cair na direção de seus olhos.



Um esbarrão em seu braço o fez voltar para a realidade, lamentou-se internamente por ser tão disperso.



— Perdão. — murmurou para o moço um pouco mais baixo que si.



— Tudo bem. — quase não pôde ver as íris em tom negrume devido à franja exageradamente grande. — Eu estava distraído também e convenhamos que esse chuvisco não ajuda.



— Hongdae é um lugar novo pra mim. — Taehyung mostrou simpatia e foi preenchido pelo riso vazio do outro.



— Sinto muito por ter começado a conhecer justo agora. Tchau, carinha. — o menor acenou seguindo à uma casa amarela, sem pressa, como se fosse suficiente estar na calçada ao lado de seu jardim.



— Tchau. — sussurrou, mesmo que o de roupas encharcadas não pudesse ouvir.

March 13, 2019, 2:51 a.m. 2 Report Embed Follow story
2
Read next chapter Crisântemo branco

Comment something

Post!
Alice Alamo Alice Alamo
Bom dia! Venho pelo sistema de Verificação do Inkspired para avisar que sua história foi Verificada ;). Ah! Tem dois detalhes na história só. 1) algumas palavras ficaram juntas como "deespiraiscrescia". Outra coisa é que a história precisa levar a tag de "automutilação" e talvez seja interessante que a classificação seja alterada para +16 se o tema for abordado junto de depressão, remédios, etc. Parabéns pela história!
March 13, 2019, 12:22

~

Are you enjoying the reading?

Hey! There are still 2 chapters left on this story.
To continue reading, please sign up or log in. For free!