bomma Bomma

Baekhyun era um fanático por astronomia e batia o pé em teimosia dizendo que o mundo iria acabar naquele sábado. E graças a uma teoria sem fundamento sobre o fim do mundo, uma lista amassada e borrada pela chuva de mentirinha, eu e Baekhyun passamos a noite trocando beijos com gosto de iogurte. E, claro, não posso esquecer que ganhei uma HQ caríssima. Olha, David, por mais que você tenha passado vergonha com esse tal de Jabiru, eu agradeço por você ser otário assim.


Fanfiction Bands/Singers All public.

#exo #chanbaek #baekyeol #yaoi #comédia #fluffy
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Spoiler: o mundo não acaba


Uma vez minha mãe me disse que quando você encontra a pessoa certa, ela tornar-se uma estrela na escuridão. Sempre que eu olhava para Baekhyun, eu o via brilhar. Brilhar de uma forma que eu encontrava-me dentro de mim, dentro dele naqueles olhos que continham estrelas; Baekhyun era fanático por astronomia e astrologia. O garoto passava horas e horas com aqueles livros grossos nas mãos, sorrindo para as páginas amareladas dos livros antigos da biblioteca central.

Ele era uma gracinha; os óculos escorregando pelo nariz, os ombros curvados, o sorrisinho entusiasmado que ele dava ao encontrar algum livro que ele ainda não tinha lido. O jeitinho que franzia o cenho quando encontrava algo que não compreendia, e a forma afobada como procurar saber sobre tal fato desconhecido; foi no meio daqueles milhares de livros e conversas sobre signos, que eu me apaixonei pelo meu melhor amigo.

Era uma manhã de sexta-feira quando ele chegou esbaforido na biblioteca da faculdade; seu cabelo – provavelmente bagunçado – estava escondido por um boné e algumas gotículas de suor pingavam pelo seu queixo. Ele não disse nada ao chegar, apenas apoiou as mãos no joelho, ofegante, tentando acalmar a respiração. Para ele estar dessa maneira, só poderia ser uma dessas coisas: a) Alguma série que ele acompanhava havia sido cancelada, b) Ele havia descoberto algo sobre as estrelas e c) a e b.

– Chanyeol, v-você não vai a-acreditar! – Disse se jogando na cadeira ao meu lado, ainda ofegante.

– Deixa eu adivinhar, Lúcifer foi cancelada?

– Quem dera fosse isso! – Soltei um riso baixo vendo todo aquele drama que ele estava fazendo. – Se você soubesse da gravidade desse problema, não estaria rindo igual um pateta! – Proferiu e estalou a língua no céu da boca, em uma clara irritação.

– Okay, Baekkie. Me conta o que aconteceu.

– Nós vamos morrer.

– Disso eu sei, todo mundo vai morrer um dia.

– Nós vamos morrer amanhã. – Franzi o cenho, largando o livro de biologia celular em cima da mesa, e prestando a atenção nele.

– Me explica isso direito.

– Um numerólogo chamado David Meade, autor do livro Planeta X, disse que acredita que o planeta Nibiru, também conhecido como Planeta X, vai atingir a Terra nesse sábado! Meu deus, o que eu vou fazer, Chanyeol?! Eu ainda não terminei de ler as HQs do Thor! Como eu vou saber se a Marvel realmente seguirá a mitologia e fará os lobos filhos do Fenrir iniciarem o Ragnrok?!

– Sério que você quase cuspiu o seu pulmão por causa de uma teoria sem fundamento criada por um cara que está adiando o fim do mundo desde 2012? – O encarei, desacreditando.

– Mas dessa vez é sério, Chanyeol! O David disse que Jesus viveu por 33 anos, o nome Elohim, que é uma dos nomes usados pelos judeus para Deus foi mencionado 33 vezes na bíblia, essa previsão é baseada em versos e códigos numerológicos da bíblia, centrados no número 33, que é o número de dias entre o eclipse solar do dia 21 de agosto, que ele acredita ter sido um aviso, e a data para o fim do mundo.

– Eu ainda acho que isso é encheção de linguiça. Se esse tal de Jabiru estivesse tão próximo do nosso planeta, ele seria visto a olho nu. E veja só. – Apontei para a janela da biblioteca, mostrando o céu azul para ele. – Não tem nada. Você tem prova amanhã, não tem? – Ele sacudiu a cabeça. – Por que não vai estudar e para de surtar por essas porcarias de teorias?

– É Nibiru! – Me corrigiu, suspirando. – Para que estudar para a prova se eu vou morrer amanhã? – Disse baixinho, cruzando os braços rente ao peito igual a uma criança birrenta. – Caralho, Chanyeol, eu vou morrer sem ter ido na Comic Con! Eu nem terminei minhas fanfics! Eu vou morrer sem saber se o Kris e o Kyungsoo ficarão juntos em On Air! Meu deus, não vou conseguir nem presenciar o primeiro beijo ChenLay! Eu queria tanto “ver”. – Fez aspas com os dedos. – O Suho se dando mal. – Declarou com os olhos marejados, como se aquilo fosse a pior coisa do mundo.

– Que raio é ChenLay, Baekhyun?

– Lê On Air que tu vai saber! – Disse mal humorado.

– Okay, Baekhyun. Vamos supor que o mundo realmente acabará amanhã. Nós não podemos fazer nada quanto a isso, é só esperar a morte. Como fazemos todos os dias.

– Tem tanta coisa que eu quero fazer ainda. – Suspirou tristemente, afundando o corpo na cadeira. – Eu sequer te dei uns beijinhos. – Disse baixinho, a ponto de eu não conseguir entender.

– Hã?

– Ah, nada! – Gesticulou com as mãos, e logo Baekhyun arregalou os olhos. – Eu tive uma ideia, Chanyeol!

– Eu estou com medo de perguntar sobre essa ideia.

– Eu vou fazer uma lista. – O encarei com um ponto de interrogação na cabeça, o instigando a falar. – Lista de desejos até o fim do mundo. Vou criar uma lista de coisas que quero fazer antes de morrer, e adivinha só quem vai me ajudar?

– O Baekham?

– Nah, ele não acredita nesse lance de fim do mundo.

– Eu também não.

– Mas você é meu melhor amigo. Não tem como dizer não… Me dá uma folha. – Sorriu, esticando a mão na minha direção; suspirei, arrancando a última folha do meu caderno e o entregando. Ele pegou a caneta e ficou olhando para a folha por alguns instantes, até largar a caneta em cima da folha e suspirar. – Até para escrever uma lista eu tenho bloqueio criativo.

– Hm… – Resmunguei pensativo, tentando pensar em coisas – bem fáceis, porque se depender dele, ele vai querer descobrir um planeta novo – simples, das quais eu sabia que ele ainda não tinha feito. – Você já apertou alguma campainha e saiu correndo? – Ele me encarou e negou com a cabeça. – Sério? Você não teve infância, não?

– Tive, mas eu não era um delinquente mirim.

– Então, esse vai ser o primeiro item da sua lista.

– O quê? – Olhou para mim de forma assustada. – E se eu for preso, Chanyeol? Aí eu vou morrer vendo o sol nascer quadrado. Nada fascinante.

– Ninguém é preso assim, Baekkie. A não ser que tenham provas de que foi você.

– Okay. – Ele escreveu na folha “Primeiro item: pressionar o dedo em pulsador para campainha por no máximo sete segundos e sair correndo”. Por que esses ficwriters gostam tanto de escrever difícil? Eu, hein. – E agora?

– Quantos itens essa lista terá?

– Sete.

– Por que sete?

– É meu número preferido. E também, representa os sete dias da semana e as sete cores do arco-íris. O sete é o número da perfeição, integra os dois mundos e é considerado símbolo da totalidade do universo em transformação.

– Como você sabe disso tudo?

– Eu li no google. – Deu um sorriso quadrado, me fazendo rir. – Tá, agora vamos lá. Agora é o segundo item. – Mordeu o lábio inferior, pensativo. – Já sei! – Ele marcou “Segundo item: comer o máximo de sorvete que eu conseguir!”.

– De onde você vai arranjar dinheiro pra isso? – Questionei levantando a sobrancelha.

– Você é meu melhor amigo, vai me ajudar com isso! – Peguei a caneta da mão dele risquei o item dois, escrevendo "Segundo item: Comer o máximo de sorvete que dinheiro do Chanyeol consiga comprar".

– Lá se vai minha mesada. Eu ia montar um Deck novo. – Suspirei.

– Você não precisar dele, porque vamos todos morrer amanhã. No céu não vende card de Magic.

– Mas, e se por um acaso o mundo não acabar amanhã?

– Essa opção não é válida.

– Okay, mas vamos supor, e se não acabar?

– Te pago com minha HQ mais cara. Combinado?

– Combinado! Qual será o terceiro item?

– Tomar banho de chuva.

– Mas, Baekhyun, eu acho que hoje não vai chover, não.

– Pode ser uma de mentirinha.

– Onde eu vou arranjar uma chuva de mentirinha, Baekhyun?

– Use a sua imaginação. – Okay, eu tenho certeza que salguei a comida da santa ceia. Me ajuda, Deus. – Quarto item… Hm… – Ele levou a caneta até a boca, mordendo a tampinha. – Quarto item: ver um arco-íris. Cinco item: ver o pôr-do-sol.

– Pôr-do-sol? Sério? Mas isso acontece todos os dias, Baekhyun.

– Mas esse vai ser o último pôr-do-sol, Chanyeol. – Decidi não discutir, apenas esperei ele falar o resto da lista. – Sexto item: Cantar 4 minutes da Madonna às 23:55.

– Por que 23:55 e não 23:56, sendo que a música tem 4 minutos?

– Por que eu preciso de 1 minuto pra descansar depois que cantar, e para realizar o último desejo.

– E qual o último? – Perguntei, vendo Baekhyun virar o rosto e ficar em silêncio. – O que foi?

– Não posso te contar.

– O quê? Por que não?

– É segredo.

– Segredo uma pinoia! Eu vou gastar todo o meu dinheiro com um dos desejos e você não quer me contar o último? – Pistolei mesmo.

– Você vai saber na hora, Chanyeol. Prometo. – Ele esticou o mindinho na minha direção; semicerrei os olhos e o encarei por alguns segundos antes e entrelaçar meu mindinho no dele, selando a promessa. – Agora, vamos lá! Precismos fazer isso tudo até 00:00!

– Agora? Mas eu estou estudando…

– Estudar pra quê? ‘Cê vai morrer amanhã. – Disse juntando meu material em cima da mesa e colocando tudo na minha mochila. Baekhyun jogou a minha mochila em seus ombros e ficou de pé, me esperando levantar. Eu sabia perfeitamente que ele não desistir daquela ideia maluca de lista, então, peguei meu casaco pendurado na cadeira e levantei, vendo-o sorrir de um jeitinho que fazia o otário do meu coração acelerar.

Vou passar a visão pra vocês: não se apaixonem. Ainda mais se for pelo seu melhor amigo. É cilada; maldito ascendente em libra e esse lance de viver pra amar.

Saímos da biblioteca em direção ao portão da faculdade. Baekhyun não parou de falar um segundo sobre o último livro de mitologia nórdica que havia lido, e a única coisa que eu entendi foi o nome das Nornas; Baekhyun gostava de estudar sobre coisas assim, mitologia, astronomia, astrologia. O garoto tinha um fascínio por tudo que terminava com “ia”. E não, orgia não estava na lista. Passava muito longe na verdade, porque o garoto morria de medo de beijar alguém e pegar mononucleose, que segundo ele, era a doença do beijo. Diz ele que aprendeu isso em On Air.

Quando chegamos em casa, fomos até meu quarto deixar as mochilas. Me joguei na cama, descansando por alguns minutinhos, até Baekhyun deitar do meu lado e virar o rosto, ficando rente ao meu. Ele ficava lindinho com aquele óculos escorregando pelo nariz, e aquele boné do Homem de Ferro que ele havia pego nas minhas coisas; ele levantou a mão e levou até meu rosto, e quando eu pensei que ele faria um carinho, ele deu dois tapas fracos.

– Acorda. Não podemos perder tempo, não.

– Mas, Baekkie, nós andamos pra caralho, eu preciso descansar um pouquinho.

– Amanhã nós vamos morrer e você vai poder descansar o quanto quiser. Então, levanta essa bunda daí que temos uma lista para cumprir.

– Por que eu sou seu amigo mesmo?

– Porque você me ama. – Não concordei, nem discordei. Apenas rolei os olhos e virei o rosto pro outro lado, fechando os olhos por alguns minutos.

– Vinte minutos. Vamos descansar por vinte minutinhos. Pode ser?

– O que eu vou ganhar com isso?

– Compro bolo pra você comer com sorvete.

– Fechado. – Soltei um riso baixinho ao perceber o quão fácil era comprar Baekhyun. O garoto era facilmente comprado por comida. Continuei com os olhos fechados, e logo senti um peso em meu peito, e os cabelos castanhos fazendo cócegas no meu queixo; o baixinho havia deixado o boné na cama para ficar mais confortável.

Virei a cabeça para fitá-lo e ele estava com os olhões abertos, olhando para mim. Nem preciso falar que meu coração quase saiu pela boca, não é?

– Por que tá me olhando desse jeito?

– Eu estava pensando, esse pode ser nosso último dia juntos.

– Por que?

– Porque eu não tenho certeza se vou pro céu.

– Por que?

– Porque eu fiz uma piada no twitter sobre Caim e Abel. Acho que vou pro inferno por causa disso.

– Se for assim, eu vou junto, porque eu ri. Mesmo que meu coração me dissesse que era errado.

– Vamos queimar no fogo do inferno.

– Sauna grátis. – Baekhyun soltou um risinho e fechou os olhos, se acomodando mais no meu peito enquanto eu levava as mãos até seus fios castanhos, fazendo um carinho ali. Não demorou muito para que nós dois pegássemos no sono, daquele jeito, com metade do corpo fora da cama. Nem preciso dizer que acordei com uma baita de uma dor nas costas, né? E com um Baekhyun me sacudindo enquanto falava algo sobre fita adesiva. Abri os olhos e pisquei algumas vezes, vendo-o segurar uma fita adesiva.

– Até que enfim acordou. Já são quase 16rhs! Precisamos cumprir essa lista logo! Eu tive uma ideia!

– Qual? – Ele deu um sorriso travesso e levantou a fita adesiva.

– Além de apertarmos a campainha, vamos colocar fita adesiva. Assim ela ficará tocando para sempre. – Ele soltou um riso maléfico igual a uma criança. – Vamos?

– Você tem razão. Vai direto pro inferno. – Disse levantando. – Você vai apertar a campainha de quem?

– Do senhor Choi, dono da quitanda. É uma vingança por ele ter ensinado aquele gato balofo dele a mijar no meu All Star. Aquele homem não passa de um saco de lixo de peruca.

– Uma peruca bem rala, convenhamos. – Ele riu, concordando com a cabeça.

– Vamos, então. – Ele foi na frente, falando pelos cotovelos. Sua animação condizia com a de uma criança fazendo travessura. Nem parecia que ele acreditava que o mundo acabaria amanhã. Depois de 2012 eu parei de acreditar no fim do mundo, de decepção na minha vida, já basta a minha vida.

Quando chegamos em frente a casa do Sr. Choi, aquele gato mal humorado dele estava deitado na janela, e começou a miar quando nos viu.

– Chanyeol…

– O quê?

– Só para eu ter certeza, ele não tem uma espingarda, não é? – Franzi o cenho, tentando entender aquela pergunta.

– Por que caralhos ele teria uma espingarda, Baekhyun?

– Ah, sei lá, né. Nos filmes, a maioria dos fazendeiros têm uma. Para matar os passarinhos que tentam destruir sua plantação.

– Não estamos no velho oeste, Baekhyun. E ter uma arma em casa é ilegal, eu acho.

– Tudo bem, então. Eu vou apertar a campainha e colocar a fita, se por um acaso aquele gato me atacar, você filma. Porque aí, eu posso pedir indenização.

– Mas se eu filmar, você pode ser acusado de perturbar a tranquilidade. Então, você poderia ser preso.

– Eu sei, pesquisei se eu poderia ser preso enquanto você estava dormindo. Por isso que eu peguei isso nas suas coisas. – Ele tirou do bolso da bermuda duas máscaras, uma do Homem-Aranha e outra do Deadpool. – Assim ninguém saberá que somos nós.

– Tudo bem, você me convenceu. Espera… Como você vai processá-lo sem que saibam que é você no vídeo? – Questionei vestindo a máscara do Deadpool enquanto Baekhyun colocava a do Homem-Aranha.

– Eu não pensei nisso… Esquece o vídeo, Chanyeol. – Ele foi até a campainha e cortou um pedaço da finta adesiva com os dentes, e logo apertou o pulsador, provocando um “ding-dong” e colou com a fita. Antes que eu pudesse pensar em algo, Baekhyun veio correndo a pegou a minha mão esquerda, me puxando junto consigo para a direção de uma praça que havia ali perto. Ele ria enquanto corríamos e ouvíamos o velho gritar “seus bastardos! Eu vou chamar a polícia!”. Quando chegamos na pracinha, sentamos no banco enquanto tentávamos respirar e tiramos as máscaras. Meu pulmão havia ficado lá atrás.

– Meu deus, por que nunca fiz isso antes? É tão bom sentir a adrenalina correndo!

– Espero que seja a primeira e última vez, Baekhyun. Meu pulmão não vai aguentar outra maratona, nem minhas pernas.

– Aish, você reclama demais. Parece um velho rabugento.

– Eu sou… – Soltei a respiração mais uma vez, finalmente acalmando meu sistema respiratório. – E agora, o que vamos fazer?

– Sorvete! Com bolo!

– Ai, eu tinha esquecido disso. Meu coração até dói só de imaginar o dinheiro que eu vou gastar. – Fiz drama, levando a mão até o peito, mas não surtiu efeito. Baekhyun tinha um relacionamento sério com sorvete.

Ainda mais se fosse sorvete com bolo; tinha uma sorveteria perto da pracinha, então, em poucos minutos já estávamos sentados. Baekhyun chupava um picolé enquanto esperava seu Petit Gateau. Aquele já era o terceiro picolé, parece que ele realmente levou a sério essa história de acabar com o meu dinheiro. Eu estou rindo, mas é de nervoso.

Depois dele comer mais quatro picolés e pedir outro Petit Gateau, ele se deu por satisfeito. Ao total, eu gastei 22.000,00 wons. Isso dói mais que decepção amorosa.

– Chanyeol, eu acho que vou explodir.

– Não duvido. Nem sei pra onde foi isso tudo que você comeu. Parece que tem um demônio no estômago… Vamos ao terceiro item, qual é?

– Banho de chuva.

– Meu deus, como vamos fazer isso? O sol lá fora tá tão forte que dá pra fritar ovo no asfalto.

– Faz parte do apocalipse. É o planeta X se aproximando. Por isso está calor desse jeito.

– Não, está calor porque estamos no verão.

– Pode ser também. – Comecei a olhar para os lados, pensando em uma forma de arranjar uma chuva de mentirinha. Foi quando olhei para o teto e tive uma ideia.

– Eu já sei como fazer a chuva de mentirinha.. Já volto. – Ele assentiu animado. Levantei e fui até o banheiro. Vi se estava vazio e se tinha câmeras, concluindo que sim e não, peguei uma folha do papel toalha, logo, subi em cima da privada, perto da janela. Tirei os óculos e inclinei a lente, de forma que o sol criasse um pequeno círculo de luz focado no papel. Se tinha chances de eu provocar um incêndio com aquilo? Tinha, mas segue o baile.

Não demorou muito para que o papel começasse a pegar fogo. Aproximei o papel do detector de fumaça e esperei um pouco. Soube que tinha conseguido o que queria quando o alarme de incêndio disparou, e começou a jorrar água pela sorveteria inteira.

Saí como quem não quer nada com nada e observei o caos que tinha causado. A sorveteria estava vazia, só Baekhyun que continuava lá, girando igual um doido enquanto a água encharcava seu cabelo e roupas; fiquei observando com um sorriso no rosto, reparando o quão bonita era a cena. Seus cabelos castanhos sacudiam com o giro, as gotas de água desciam por seu rosto, caminhando em direção ao seu queixo, que pingava. Minha roupa estava toda molhada, meu cabelo um ninho de pomba bêbada, e eu estava sem um tostão no bolso, mas nada daquilo importava se fosse para ver Baekhyun sorrindo daquele jeito.

Ele paro de girar assim que me viu, e sorriu em minha direção, com os cabelos molhados colados na testa. As únicas coisas que eu conseguia pensar naquele momento, era que Baekhyun era doidinho. E que eu era doido por ele; ele tirou a listinha amassada e molhada do bolso, lendo o próximo item.

– Agora, Chanyeol, você tem que fazer um arco-íris para mim. – Sorriu.

– Precisamos ir até a minha casa para isso. – Ele concordou. Saímos da sorveteria e fomos até a minha casa. Já era quase 17:00hrs quando chegamos em casa, o sol estava começando a descer.

– Como você vai fazer isso?

– Ciências. – Fiquei de costas para o sol e liguei a mangueira que ficava no jardim, apertando-a para que a água espirrasse e a medida que a luz solar passava através das gotículas de água, ela era dividida em sete cores do espectro. Criando um arco-íris pequeno, e bonito. Os olhos de Baekhyun brilhavam enquanto observava o pequeno arco-íris.

– Wa! Onde aprendeu isso?

– Eu assisti Koizora. – Confessei rindo, e ele riu também. – E aí, você vai me contar o que é o sétimo item da lista?

– Não. Você vai descobrir na hora, nem adianta perguntar. – Ele me mostrou a língua, voltando a prestar a atenção no arco-íris.

Dizem que a curiosidade matou um gato, então, não vou me arriscar, né. Hehehe.

– Eu sei um lugar perfeito para vermos o pôr-do-sol! – Disse Baekhyun.

– Onde? – Ele apontou para a janela do meu quarto, que dava acesso para o telhado. – De jeito algum, você é desastrado. Se você cair de lá, é capaz de quebrar um braço.

– Eu sei, mas eu tenho você para cuidar de mim. – O coração chega a derreter.

Não consegui dizer não para aquela carinha de cachorrinho que caiu da mudança, e logo estávamos na janela do meu quarto. Eu passei uma perna, sentando na janela.

– Eu vou subir primeiro, ai te ajudo. – Ele assentiu. Eu joguei a outra perna e comecei a andar na estrutura que levava até o telhado. Era arriscado, porque a estrutura era pequena, mas eu já havia feito aquilo tantas vezes para fugir dos tapas da minha irmã, que estava acostumado. Se eu estou nesse mundo, é para fazer minha irmã passar vergonha; estiquei a mão para Baekhyun, que estava sentado na janela. Com cuidado, ele andou pela estrutura e chegou até onde eu estava, se sentando do meu lado.

O sol estava começando a cair, metaforicamente, claro. O céu estava com um degradê bonito de rosa, amarelo, e laranja. Por morar em um local mais afastado da cidade, não havia muitos prédios altos por ali, e isso facilitava a vista. Ficamos em silêncio enquanto Baekhyun observava o espetáculo que o astro fazia; e eu? Eu observava o espetáculo que eram os olhos de Baekhyun, brilhando tanto quanto a astro que ia embora.

Se eu sou um idiota apaixonado? Sou. Mas fazer o que, né?

– Como você se sente? – Baekhyun questionou sem tirar os olhos do sol.

– Para ser sincero, com água em lugares que não batem sol. Minha roupa ‘tá colada, e tem água dentro da minha meia. E meu nariz tá escorrendo. Acho que vou ficar resfriado.

– Não, seu idiota. Como você se sente sabendo que esse é nosso último pôr-do-sol?

– Ah, eu estou de boa. Queria mesmo que o mundo acabasse, assim eu não teria que estudar bioquímica molecular. Eu não aguento mais. Eu pensei que o ensino médio era o inferno, mas a faculdade está aí para me provar que eu estava errado.

– Chanyeol, se hoje fosse o último dia da sua vida, você se arrependeria de não ter feito algo?

– Sim. – Confessei. Eu claramente me arrependeria de não ter contado para Baekhyun sobre os meus sentimentos. Mas ele sempre pareceu inalcançável; sequer sei se ele gosta de gente. Sendo seu melhor amigo, ao menos me dá a vantagem de poder cuidar de si. E eu não trocaria isso por nada.

– De que?

– É segredo.  – Ele assentiu, ficando em silêncio enquanto o sol ia embora. O véu escuro cobriu o céu em alguns minutos, e a temperatura caiu de forma com que fizesse nossos lábios tremelicarem devido ao vento gelado que soprava. Convenhamos que a roupa úmida não ajudava muito.

– Precisamos tomar um banho quente. Vamos entrar. – Ele concordou.

[…]

Depois de tomarmos um banho quente – após ouvirmos um sermão da minha mãe, que tinha como argumento “Vocês não são mais crianças para certo tipo de coisa! Já são bem adultos para ficarem apertando campainha alheia”, porque o velhinho da quitanda reclamou que dois bastardos haviam apertado sua campainha, e ele descreveu que eles estavam com máscaras, e eu, do jeito que sou sortudo, havia deixado ambas máscaras em cima da mesa da cozinha –, ficamos sentados no chão sala comendo bobeira e assistindo Lúcifer. Meus olhos já estavam pesados quando o relógio marcou 23:50, e Baekhyun me sacudiu, desesperado.

– Chanyeol, acorda! Só temos mais 10 minutos de vida! Precisamos realizar os outros itens! Coloca no Youtube! – Estranhei, pegando o controle do videogame e colocando no Youtube. Baekhyun digitou “4 minutes da Madonna” e esperou dar 23:55 para apertar o play.

– I'm outta time and all I got is 4 minutes. – Ele começou a cantar, forçando uma voz grossa para ficar parecida com a do Timbaland. Eu abafei o riso quando ele começou a dançar junto da música. Ele cantava – em um inglês bem horroroso – e tentava imitar os passos da Madonna – mais parecia uma minhoca com cãibra – de forma divertida; meu pijama do Rilakkuma ficava um pouco grande em si, criando uma cena divertida, porque a touca cobria quase todo o rosto dele enquanto ele dançava. Ele me puxou pela mão, me fazendo dançar também. Comecei a gargalhar enquanto Baekhyun sobia no sofá como se fosse um carro, igual ao clipe.

Quando a música acabou, ele se jogou contra o sofá, cansado.

– Acho que o sétimo item será o mais complicado.

– Baekhyun, é 23:59, não dá tempo de fazer muita coisa. Me conta logo o que é. – Ele levantou do sofá e voltou a colocar o capuz, que havia caído quando ele deitou, e veio em minha direção. Ele começou a se aproximar de mim enquanto me encarava intensamente, fazendo minhas pernas tremerem igual vara verde. S O C O R R O.

– O-o que você está fazendo? – Perguntei começando a andar para trás.

– O sétimo item. – Ele parou de falar quando meu corpo se encontrou com a parede. – É te dar uns beijos, Chanyeol. – Confessou colocando a mão na parde, do lado da minha cabeça, me fazendo arregalar os olhos. JESUS CRISTINHO, O CRUSH QUER ME BEIJAR! O QUE EU FAÇO? RINDO DE NERVOSO! EU VOU TER UM TRECO, ME AJUDA, DEUS!

– É-é o que? – Antes que pudéssemos dialogar sobre aquilo, ele colou a boca na minha. Fechei os olhos quando senti sua mão na minha cintura, me puxando para mais perto de si. Após passar o espanto, eu relaxei meu corpo, levando minha mão esquerda até seus cabelos dentro da touca de urso, usando a outra mão para acariciar a bochecha macia. Sua boca tinha um gostinho bom de bala de iogurte – que ele havia me feito comprar enquanto voltávamos para a minha casa –, meu corpo estremeceu quando seus dentes prenderam meu lábio inferior e soltaram devagarzinho; o beijo havia durado mais de dois minutos, e ainda mantínhamos os olhos fechados, sem coragem de abrir. Eu tinha medo de abrir e perceber que não havia passado de um sonho, e Baekhyun, provavelmente de abrir e perceber que estava mortinho.

Quando eu abri os olhos, Baekhyun ainda estava com os seus fechados, aproveitei o momento para selar sua testa, sorrindo igual a um idiota.

– Chan, olha pela janela. Você está vendo o caos e destruição?

– Abra os olhos e veja, Baekkie. – Ele abriu os olhos lentamente, observando ao redor, e soltou um berro que eu tenho certeza que vizinhança inteira escutou.

– NÃO ACREDITO QUE ESTAMOS VIVOS!

– Você está frustrado? Não sabia que me beijar era tão ruim que você só queria fazer uma vez, Baekhyun. – Disse, me sentindo mais decepcionante que aquela teoria fajuta do fim do mundo.

– Ah, mas… Mas era o fim do mundo… Eu pensei que fôssemos morrer.

– A gente já passou por uns cinco só essa década, Baekhyun.

– Hm… Eu vou poder te beijar sempre que o mundo estiver acabando?

– Você quer?

– Se você quiser, eu quero o fim do mundo todos os dias, todos os meses e anos. – Abri um sorriso, enlaçando seu pescoço enquanto ele permanecia com as mãos em minha cintura.

– Isso é quase um pedido de namoro, sabia?

– Se você quiser, pode ser.

– Então, a partir de hoje, eu sou seu namorado. Assim você não precisa fingir que acredita nessa palhaçada de fim de mundo só para me dar uns beijos.

– Yah! Eu não estava fingindo! Você realmente acha que eu apostaria minha HQ mais cara se fosse fingimento?

– Eu tinha esquecido da HQ. – Comecei a rir, fazendo-o curvar os lábios em um bico. – Parece que alguém se fodeu, não é?

– Ah, não tem importância. Eu posso até ter perdido uma HQ caríssima, que vale quase a minha casa, mas eu ganhei um namorado. E eu amo de montão esse meu namorado.

– Ah, é? – Questionei sem conseguir deixar de sorrir. – Ele também te ama de montão.

– Sabe o que eu vou fazer com ele agora? – Perguntou em um tom malicioso.

– O quê?

– Fazer ele ir na lojinha de conveniência comprar mais balas para mim. As minhas acabaram. – Deu um sorriso quadrado, me fazendo rir. Segurei seu rosto com as mãos, e beijei o biquinho que formou.

– De iogurte?

– De iogurte.

E graças a uma teoria sem fundamento sobre o fim do mundo, uma lista amassada e borrada pela chuva de mentirinha, eu e Baekhyun passamos a noite trocando beijos com gosto de iogurte. E, claro, não posso esquecer que ganhei uma HQ caríssima. Olha, David, por mais que você tenha passado vergonha com esse tal de Jabiru, eu agradeço por você ser otário assim. Valeu mesmo, de verdade. Um beijo no coração.

Feb. 2, 2019, 2:03 a.m. 0 Report Embed Follow story
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