tiatatu Tatu Albuquerque

Antônimo é tudo o que é oposto, dois extremos de um único conceito. Sol e Mar, bem e mal, pobre e rico, patrão e empregado, Antônio Marcos e José Antônio.


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Prólogo

22/07/2017 - 05:48

Roupas caras e roupas compradas em brechós jogadas, lado a lado, pelo chão junto, mostrando que não faziam tanta diferença assim.

O celular de última geração jazia descarregado sobre a mesma cômoda em que tocava o radinho velho, perto da carteira aberta mostrando os documentos de Antônio Marcos e do crachá de funcionário com a imagem e o nome de José Antônio.

Amanhecia depois da louca noite que viveram juntos, nas comemorações pelo fim de semestre nos roles aleatórios regados à bebida barata que, para a surpresa de Tony, causavam a mesma brisa que os combos caros das festas que costumava ir com pessoas que talvez não fossem companhias tão boas quanto o rapaz deitado à sua frente.

Os raios de sol pousavam sobre os olhos de Zé, causando um belo efeito no tom castanho que encantava Tony, que não resistiu à vontade de acariciar seu rosto, tocando a pele negra com cuidado, como se fosse uma tela, uma obra de arte pintada pela natureza.

A paixão era estranha, fazendo com que achasse beleza até nos dentes ligeiramente tortos do sorriso que em seus lábios brotou com a carícia, de uma forma pura que contrastava com o que havia sido feito ali.

Um momento belo, um belo sentimento, compartilhado com o que seus olhos juravam ser o mais belo rapaz que conhecia, de quem beijava os lábios de forma cúmplice, selando o grande segredo que era aquela relação.

Era triste pensar que não havia beleza do outro lado da porta trancada do quarto dos fundos que Zé Antônio ocupava nos fundos da firma dos pais de Antônio Marcos.Talvez o mundo devesse experimentar vê-lo por seus olhos.

Até pensou em comentar sobre esses pensamentos com ele, balbuciando as palavras que sequer conseguia dizer, odiando ser fraco até para isso, como já era para viver como queria, amar como queria e até mesmo andar com quem queria de forma que todos vissem.

E com que cara falaria de “beleza em gestos” ali, entre as quatro apertadas paredes, se ele mesmo em breve passaria pela porta, às escondidas, voltando à vida de sempre, com seus pesares, pudores e hipocrisias, deixando sozinho em seu dia de folga.

De repente, foi como se toda a magia se perdesse, dando lugar à apreensão que engoliu seco. Devia pensar menos e amar mais, se fosse para tudo ruir, ele lidaria depois com os escombros, mesmo sabendo que esse estava longe de ser o jeito certo.

Por mais que mudasse, ainda continuava sendo o mesmo inconsequente, assumindo riscos desnecessários, e, naquele ponto, só ele não via o quanto precisava amadurecer e nem precisava ser de um dia pro outro e a ponto de ser como uma nova pessoa, mas devia ser rápido e suficiente para ver que seria ele a morrer sufocado com tantas coisas entaladas na garganta.

§

“E flutua… Flutua… Ninguém vai poder querer nos dizer como amar…

Zé sorriu, cantarolando o feat de Johnny Hooker e Liniker que tocava no rádio enquanto Tony brincava com os nós dos poucos cachos que seu cabelo formava naquele ponto da noite que já havia virado dia sem que ele sequer notasse o passar do tempo.

Reclamaria da bagunça feita nos fios se a cama já não tivesse arruinado todo o penteado e se receber aquele cafuné não fosse mais importante, fechando os olhos pra aproveitar mais do carinho que vinha das mãos de quem, tempos antes, pouco queria dirigir a palavra.

A máxima era real e o mundo dava voltas, mas era tudo tão doido que talvez fosse ilusão. O cheiro de cachaça no ar contribuía para a hipótese, mas bastou esforçar a memória um pouco para entender que ele vinha das roupas que se sujaram depois que a única garrafa que tinham virou sobre eles, no auge de uma dança mais maluca ainda.

Pensar nisso fez com que ele risse, imitando trejeitos do par durante a saída, o contagiando.

Tony apoiou melhor o rosto lateralmente sobre o travesseiro, mexendo os olhos como se estivesse tonto, aumentando o ar descontraído e sem fazer ideia de como conseguia ser encantador, ganhando um beijo como recompensa.

Já estavam bem grandes para crer em contos de fada, mas a mágica do encontro acabou com o alarme do despertador que o office-boy tinha esquecido de desativar.

Nada de sapatinhos de cristal, mas a camiseta que tinha emprestado por conta da brisa fria talvez só lhe seria devolvida depois de dias - ou não –, e o príncipe continuava humano, mas já dava seus indícios de quem seria o mesmo de sempre, acostumado a causar sapos nas gargantas alheias e fingir que não precisava engolir alguns.

Como ele precisava sair dali antes que mais funcionários chegassem e flagrassem o caso do filho patrão com o “estagiário”, gerando o escândalo e desconforto que nenhum dos dois queria para si, Tony se levantou depois de mais um beijo, mistura suave e secreto que o anterior, e um aperto de mão que ajudava a simbolizar o nó que os unia e que continuava atado depois do fim do toque.

— Eu falo com você mais tarde! - prometeu sorrindo sem graça de ter que ir embora assim e a falta de grandes sentimentalismos já não incomodavam.

O “príncipe” partiu e Zé continuava sendo o gato borralheiro que acenou e virou, querendo ter sua vez como “belo adormecido”, pegando no sono antes que ele se vestisse, sem sentir o beijo que Tony deu em sua testa.

Essa era a forma dele dizer algo como “eu te amo” já que o tal sapo não lhe permitia dizer pelas vias comuns. 

Jan. 14, 2019, 7:42 p.m. 0 Report Embed Follow story
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Meet the author

Tatu Albuquerque Mãe de Konohamaru, madrinha de Hanabi, adepta da Fé do Sagrado KonoHana. Você tem 5 minutos pra ouvir a palavra da minha igreja? Kaiten no cu e gritaria, kore!

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