13/06/2000
Lembro bem que, naquele dia, eu estava em uma aula de artes. A tarefa do dia era fazer aqueles desenhos com as palmas das mãos. Acho que eu escolhi um pote com tinta azul escura. Regina Fletcher, a menina ao meu lado, tinha escolhido vermelho sangue. E Sarah, a menina do meu outro lado, e irmã de Regina, havia escolhido a mesma cor. Eu queria fazer um pássaro, conversava com Sarah sobre o seu aniversário de 8 anos, seria na semana seguinte e ela estava muito feliz por que todos os seus amigos iriam. Eu abri um sorriso quando ela me convidou. Embora eu fosse dois anos mais velha, Sarah era a minha melhor amiga.Ela propôs que fizéssemos um pacto e, embora estivesse rindo, eu aceitei. Sarah molhou um dedo na tinta vermelha e eu fiz o mesmo com a minha.
- Eu juro ser sempre e sempre e sempre a sua melhor amiga. - Sarah jurou.
- E eu juro sempre, sempre e sempre ter sua amizade.
- Até o fim?
- Até o fim. Eu juro, até a morte.
- Eu também. - Sarah disse e, mal sabia eu que, por causa daquelas palavras, nossa amizade estaria acabada ali, naquele mesmo dia.
Selamos o juramente com uma pintando a testa da outra, a minha agora estava com um rastro vermelho e a de Sarah, azul, cruzamos os dedos mindinhos e sorrimos, por que acreditávamos que sempre estaríamos juntas. E eu também acreditava. Eu tentei fazer um passarinho, mas acabou parecendo mais uma girafa.
- Ei, Sarah. - chamei-a, mostrando o meu desenho. - O que acha do meu passarinho?
- Isso é um passarinho. Um morto, né? - ela riu e eu fechei a cara, mas não estava realmente brava.
- Não! Para! - eu ri e empurrei-a, devagar, mas, de repente, Sarah soltou um grito e começou a tossir. Eu, achando que tinha feito algo de errado, arregalei os olhos e comecei a pedir desculpas.
Sarah começou a cuspir sangue. Eu soltei um grito e tentei chegar para trás, senti alguém batendo em mim, olhei para Regina, ela se debatia furiosamente. A mesma caiu no chão e eu soltei outro grito, a essa altura a professora já tinha percebido o que acontecia, e meus olhos já estavam cheios de lágrimas... De repente sangue saia dos olhos e da boca de Regina, até ela cair no chão, sem vida e de uma cor azulada. Olhei para Sarah novamente e comecei a soluçar compulsivamente. Ela caiu de joelhos e vomitou litros de sangue nos meus sapatos cor-de-rosa. Senti a professora me puxando para trás e me pegando no colo, enquanto várias outras pessoas, professores, entravam na sala. A última coisa que ouvi foi o grito de Sarah, clamando pelo meu nome, antes de cair no chão, morte. E me lembrei da reportagem que eu vira naquela mesma manhã.
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