pcsp P C S P

"Você está ocupado?" Ele olhava para essa simples mensagem em seu smartphone se questionando o quanto gostaria de estar ocupado: daria tudo, verdadeiramente tudo, para estar muito ocupado nos braços da pessoa que ele desejava em todos os aspectos da sua vida. Infelizmente a realidade sempre é bem diferente dos sonhos, ainda mais um tão proibido quanto o dele. "Não, não estou ocupado" ele respondeu e logo atendeu a ligação que veio segundos depois de apertar o botão de enviar. - Pode contar comigo, eu vou te deixar muito ocupado... - o combustível das suas mais reprimidas fantasias prometeu, finalizando seu cumprimento com uma risada pretensiosa e promissora. Ele fechou os olhos, deixando sua mente se perder naquele timbre magnífico enquanto suspirava fundo. Não, não era a voz que ele queria ouvir, mas era muito parecida e sua imaginação podia muito bem fazer um bom serviço ali. Afinal, era isso que ela sempre fazia. Esta era a sua sina: se ele estava fadado a aceitar uma realidade sem felicidade, era preferível continuar a viver naquela fantasia. [UA] *Hamadacest* *TadaHiro* *Hidashi* *Threeshot* *Romance* *Lemon* Disclaimer: Os personagens da fanfic pertencem aos cartunistas Steven T. Seagle e Duncan Rouleau (Solaris & Big Hero 6 - Marvel Comics); roteiristas Don Hall e Chris Williams (Operação Big Hero - The Wall Disney Studios); mangaka Haruki Ueno (Baymax - Shonen Magazine) e a doujinka Mebameba. A trama, no entanto, me pertence. Warnings: cenas explícitas de sexo homossexual, incesto e linguagem chula.


Fanfiction Cartoons For over 18 only.

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N/A: Olá leitores, novos e antigos! Sejam bem-vindos a mais uma aventura da PCSP fora do fandom de Naruto. o/

Quem acompanha minha página no facebook e tudo mais deve ter percebido como eu estou fascinada por BH6 e possivelmente já esperava que eu fosse escrever alguma fanfic nesse fandom. Inicialmente a ideia foi para oneshot, mas devido ao pedido dos leitores de diminuir o tamanho dos meus capítulos, o planejamento se tornou uma threeshot. 

A fanfic se passa em um universo alternativo, com base principalmente no filme e no mangá (não há muita referência ao HQ, a não ser alguns pequeníssimos detalhes). No entanto, ela foi escrita de uma forma que qualquer pessoa pode ler, tenha ela acompanhado uma das três versões de BH6 ou não. Aliás, até quem não viu nem o filme da Disney pode ler e entender a fanfic, pois não há nenhuma revelação de spoiler e todos os personagens são apresentados com detalhes.

Eu estou absurdamente apaixonada pelo casal e espero que vocês gostem da minha fanfic. ^^ Por favor, após finalizarem a leitura me deem suas opiniões, responderei os comentários com muito prazer!

Obrigada à Sabrinanbc pela revisão! =D Valeu amiga!

Um beijo e boa leitura a todos!<br />


Q.I. ≠ Q.E.


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Aos cinco anos de idade, apenas desenvolvendo fórmulas com giz de cera enquanto as demais crianças faziam desenhos na aula de artes, Hiro Hamada conseguiu provar um teorema matemático que até então se mostrava impossível de ser decifrado. Tadashi Hamada, seu único irmão, não tinha mais do que doze anos quando essa notícia chegou até sua família por meio de um comunicado afobado e admirado do diretor da escola, mas ele tinha maturidade o suficiente para perceber que aquilo alteraria a rotina dos irmãos por completo: bastava descobrir se essa mudança seria para melhor, ou para pior.

No mesmo dia em que essa notícia veio à tona, Hiro e Tadashi foram levados às pressas pela sua tia Cass para a filial da Organização Mensa (1) de Kyoto, onde fizeram testes de quociente de inteligência, o tão conhecido e famigerado “teste de Q.I.”, para determinar a capacidade cognitiva de ambos.

Os resultados foram muito surpreendentes.

Tadashi foi classificado com cento e quarenta de Q.I., o que por si só já demonstrava estar no começo da escala de superdotação e deixou sua tia com um brilho de orgulho no olhar que ele jamais se esqueceria. Hiro, no entanto, tirou duzentos e trinta e um no teste, o que deixou até mesmo os especialistas completamente abismados. Cass não ficou com o mesmo brilho no olhar, temendo que talvez uma inteligência tão superior fosse se tornar um problema no futuro. Esse medo não era atoa: com duzentos e trinta e um no teste, Hiro entrava efetivamente na lista das cinco pessoas vivas com o maior Q.I. do planeta.

Cass podia não ser mãe biológica de Hiro e Tadashi, mas os amava como mãe, e seu instinto maternal não mentiu: as semanas seguintes foram sombrias, principalmente para Hiro.

Tadashi lembrava-se muito bem do tanto que seu irmãozinho apanhou na escola quando os professores souberam das “boas novas” e decidiram a elogiá-lo na frente dos alunos, achando, em sua despreparação pedagógica, que isso influenciaria todos a estudarem mais e deixaria Hiro orgulhoso de si. Foi uma inaptidão profissional que gerou consequências nefastas: o conceito de “bullying” foi compreendido pelos irmãos Hamada antes mesmo da palavra cair na mídia e campanhas estudantis; as brigas eram constantes, e Hiro foi se afastando cada vez mais dos colegas de turma, optando por isolamento na intenção de apanhar menos no seu dia a dia.

A tia dos garotos não entendia exatamente o que estava acontecendo na escola de Hiro, pois o próprio menino não tinha a coragem necessária para contar a sua tia. Tadashi tentava explicar que Hiro tinha alguns hematomas pelo corpo e que isso só podia significar brigas, e Cass ficou lívida quando finalmente aceitou a realidade. Discutiu com todos os funcionários da escola e, no fim das contas, optou por mudar seu sobrinho mais novo de instituição, matriculando-o na escola onde Tadashi estudava desde a primeira série.

Hiro realizou os testes para mudança e pulou várias séries por conta de seus resultados, estudando com crianças mais velhas que, apesar de não o agredirem fisicamente, o maltratavam psicologicamente, mantendo-o longe convívio estudantil e só se aproximando do garoto quando precisavam desesperadamente de nota para passar de ano. Entretanto, Tadashi estava na mesma escola que ele, e assim os dois passavam o tempo dos intervalos juntos, brincando ou inventando coisas que apenas mentes geniosas como a dos dois eram capazes de imaginar.

Hiro parecia feliz ao lado de Tadashi, praticamente venerando todo o momento de companhia que tinham, mas nenhum dos dois, por mais geniosos que fossem, perceberam a dependência que criaram um para com o outro por conta dessa imensurável aproximação, e o quão complicado isso poderia tornar a relação dos dois num futuro próximo.

Anos depois, já com respectivamente com 21 e 14 anos de idade, depois de formados há quase um ano, Tadashi e Hiro convenceram Cass a mudar de cidade para que pudessem deixar esse estigma de “gênios” para trás: cidade nova, vida nova. Mudaram-se para San Fransokyo, onde Cass abriu uma cafeteria bastante aconchegante que logo atraiu um público alternativo da cidade; Tadashi iniciou os estudos de terceira graduação no Instituto Tecnológico de San Fransokyo (popularmente conhecido como SFIT); e Hiro...

Bom, Hiro se tornou um “garoto problema”.

Inteligente como nunca, o caçula era capaz de montar robôs incríveis com materiais baratos e recicláveis. Só que em vez de se dedicar a montar algum robô que fizesse o bem para sociedade, como Tadashi tentava a todo custo fazer com Baymax (seu projeto de conclusão do curso de engenharia mecatrônica), Hiro usava sua aparência infantil e seu grande conhecimento em robótica para ganhar as robô-lutas nos becos da cidade, se metendo em confusão tanto com pessoas perigosas quanto com a polícia em virtude de suas apostas ilegais.

Os próximos anos foram complicados. Hiro continuava a participar desses torneios, que aconteciam cada vez mais distantes de casa (pois, é claro, seus truques se tornaram conhecidos nas brigas locais e ele teve que se distanciar cada vez mais de seu bairro para usar a sua aparência inocente em prol do ganho financeiro). Tadashi, desesperado com a segurança de seu irmão, se viu obrigado a instalar alguns rastreadores em seus calçados (no celular seria muito previsível) para poder encontrá-lo nestes momentos de rebeldia e salvá-lo dessas confusões. Vivia cidade a fora em cima de sua moto Vespa PX 200, a qual conseguiu comprar com a bolsa estudantil minúscula que recebia da faculdade (ou "Nerdlândia", como Hiro gostava de chamar), gastando rios em gasolina e brigando com seu irmão caçula a cada novo flagra seguido de resgate.

Cass não gostava deste comportamento, mas tentava mudar a rebeldia de Hiro lhe dando atenção em vez de dar broncas. Tadashi, já cansado de tudo isso, adotou a posição de “pai punho firme” e brigava com Hiro sem parar, enquanto Cass o defendia para tentar amenizar os ânimos na casa. O primogênito Hamada não entendia as motivações do irmão, e de certa forma tinha a esperança de que tudo fosse uma fase que se encerraria com o fim da adolescência.

Infelizmente, não foi isso que aconteceu.

O Hamada caçula continuou lucrando com atividades fora da lei durante muito tempo e, agora prestes a completar dezoito anos e se tornar maior de idade, sequer pensava em entrar numa faculdade (algo que Tadashi insistia para que fizesse desde que se mudaram para aquela cidade), ou em acompanhar os negócios promissores de tia Cass (que já abria duas filiais de sua cafeteria).

Parecia que o único objetivo de vida de Hiro era deixar Tadashi totalmente louco de preocupação!

No presente momento, Tadashi andava de um lado para o outro, observando seu celular como se aguardasse uma notícia importantíssima. Seus olhos castanhos estavam focados, mas repletos de olheiras, resultados das noites mal dormidas daquela semana. Seu cabelo castanho-escuro, curtos e sempre bem penteados, agora estava bagunçado e escondido embaixo de um boné virado com a aba para trás; duas canetas descansavam em sua orelha, uma de cada lado, para acelerar as anotações rápidas que sempre fazia. Apesar de toda a correria em estudos e horas no laboratório da faculdade, seu físico continuava forte e pouco convencional para um "nerd da robótica" como ele. O primogênito Hamada era considerado um dos alunos mais bonitos da faculdade e todos ficavam extremamente surpresos ao descobrir que ele estudava engenharia mecatrônica e não algum curso mais voltado para atividades físicas: ele certamente possuía porte físico e altura para isso, se assim desejasse.

Para o desprazer de todos os seus admiradores, só existia três coisas que ocupavam a mente de Tadashi Hamada no seu dia a dia: Baymax, provas e Hiro Hamada. E seu irmãozinho, sem sombra de dúvidas, era o seu maior problema no momento.

— Vamos lá, seu cabeça-dura... Onde você está? — Tadashi murmurava, olhando o aplicativo do celular enquanto batia o pé com impaciência, aguardando o funcionamento do GPS para lhe dar as coordenadas do rastreador.

Sua tia ligara ainda pouco dizendo que Hiro não voltou pra casa desde ontem e que não atendia celular, perguntando se Tadashi sabia algo sobre o paradeiro dele. Óbvio que o primogênito não sabia de nada: enquanto Hiro ficava aí brincando com a sorte e inconsequência, Tadashi estava sofrendo para terminar os aprimoramentos finais em seu robô Baymax e estudando ininterruptamente para as últimas provas da faculdade. Tadashi chegou a dormir no laboratório na noite anterior! Será que sua tia não podia tentar manter Hiro dentro de casa pelo menos esse mês? E Hiro poderia ao menos lhe dar uma folga nestes momentos de crise, aquele mimado inconsequente!

Antes que Tadashi pudesse xingar ainda mais seu irmão mentalmente, o GPS finalmente resolveu funcionar.

— Puta merda! — ele exclamou, quase tropeçando em seus próprios pés enquanto corria em direção ao estacionamento da SFIT.

Hiro já tinha se metido em muita encrenca, muita encrenca mesmo; mas desta vez ele passou de todos os limites.


(***)


— Você vai ser maior de idade em dois meses, Hiro! Dois meses! — Tadashi gritava, com a paciência totalmente esgotada, se controlando ao máximo para não levar a briga a um nível físico.

De certa forma, Hiro andava pedindo por uma surra: ele girava os olhos, tirando sarro da histeria de Tadashi e mascando um chiclete despreocupadamente, enquanto checava as articulações de seu robô Megabot como se nada de errado tivesse acontecido ali.

Dizer que Tadashi estava lívido era, no mínimo, esperado.

— O maldito delegado entortou uma das engrenagens quando guardou minhas coisas... — Hiro murmurou, avaliando o robô de aparência ridícula (mas de letalidade absurda) como se Tadashi não estivesse surtando bem à sua frente, prestes a se descontrolar e lhe dar uns cascudos.

Tadashi o agarrou pelos ombros, forçando-o a olhá-lo nos olhos, já começando a tremer de raiva.

— Se você já tivesse dezoito, eu não iria conseguir te tirar da delegacia! — exclamou, erguendo o tom de voz — Você iria precisar de fiança, sua ficha ficaria suja!

— Eu sei. — Hiro respondeu, assoprando uma bola de chiclete até estourar, dando de ombros e parecendo totalmente despreocupado.

— Ah, mas é claro que sabe! — Tadashi exclamou, empurrando o garoto para trás e passando as mãos na cabeça para se acalmar; percebeu que em meio a correria havia perdido seu boné por aí. Que maravilha... — Hiro Hamada: o gênio sabe-tudo! Como pude me esquecer?

— Cale a boca, Tadashi! — Hiro exclamou, dando-lhe as costas, agora se sentindo verdadeiramente ofendido — Você não precisava ter vindo não, porra! Eles iam me liberar hoje, com ou sem sua presença.

Tadashi mordeu o lábio, acalmando-se um pouco ao respirar fundo. Com Hiro, a situação era um pouco complicada: ele não se importava de ser xingado (apesar de Tadashi querer dar o bom exemplo e raramente usar palavras chulas na frente de Hiro), mas ser chamado de “gênio” era algo que o ofendia intensamente, apesar de ser um elogio para a maioria das outras pessoas. Hiro já apanhou muito na sua infância por conta dessa palavra, era compreensível o terror que sentia ao ouvi-la.

— Desculpe. — Tadashi murmurou, colocando uma mão no ombro de Hiro, puxando-o para que ele se virasse — Eu estou estressado com você, mas não devia ter feito você lembrar de coisas ruins.

Hiro não se virou, e Tadashi suspirou pesadamente. Estava morrendo de dor de cabeça, o cansaço das noites mal dormidas abaterem ainda mais o seu físico e ele daria tudo para estar em casa dormindo naquele momento; infelizmente, depois de deixar Hiro em segurança teria que voltar para o laboratório e compensar o tempo perdido.

Pra ajudar o seu grau de esgotamento, Hiro parecia nunca entender o seu lado e o quanto ele se sacrificava por ele. Céus, ele queria tanto resolver esse problema com Hiro de uma vez por todas, mas era tão difícil entender essa rebeldia adolescente!

— Por que você faz isso? — ele perguntou pela primeira vez dentre tantos anos de torneios ilegais e apostas lucrativas.

Tadashi sempre supôs que fosse pelo dinheiro, já que o material que Hiro usava em suas invenções não era mais tão barato assim, mas ele estava começando a pensar que se tratava de outro problema: um vício em apostas, talvez.

— Você não entenderia. — Hiro respondeu rispidamente, puxando o ombro pra longe de seu alcance — Você nunca entende. Faz o seguinte: volta logo pro seu laboratório, eu vou a pé pra casa.

Isso dito, o garoto começou a caminhar, acelerando cada vez mais o passo. Estava longe e sem dinheiro, a polícia confiscou tudo que ele ganhou na noite de apostas, então só lhe restava uma carona com Tadashi ou fazer todo o percurso de vinte quilômetros a pé. Ele preferia a segunda opção; estava exausto demais para ouvir as lições de Tadashi e brigar com ele, andar parecia bem menos cansativo.

O mais velho ficou estático por alguns segundos, olhando com descrença para as costas de seu irmãozinho que se afastava cada vez mais.

Mas que teimoso! — pensou, indignado, colocando o seu capacete e subindo na moto.

Até pensou em deixar Hiro continuar seu showzinho e voltar a pé, mas o caminho era perigoso e Tadashi se preocupava demais para deixá-lo só na calada da noite. Deu partida na moto, dirigindo devagarzinho ao lado do irmão, o qual caminhava o mais rápido que conseguia.

— É por causa do dinheiro? — Tadashi insistiu, seguindo o irmão de perto — Você sabe que com o seu conhecimento de robótica pode fazer o triplo num primeiro emprego na área, e com uns cursos de aperfeiçoamento você...

— Pra que eu vou pra uma faculdade para me ensinarem o que eu já sei, hein? Por causa de um papel? Um diploma pra entregar pra você e pra tia Cass? A troco de quê? — Hiro exclamou, irritado, acelerando mais o passo e tentando encontrar algum caminho na rua que Tadashi não pudesse acompanhar motorizado.

Ele queria ficar sozinho, poxa! Será que era pedir demais?

— Hiro, sobe na moto.

— NÃO! — o adolescente explodiu, gritando alto e fazendo sua garganta doer com a intensidade do som, parando de andar e olhando para seu irmão com extrema irritação — Eu não preciso de você, Tadashi! Vá logo pra sua faculdade, pra trabalhar no Baymax, a coisa mais importante da sua vida. Você nem sequer notou minha falta ontem! Só deve estar aqui porque a tia Cass ligou!

Tadashi novamente ficou sem reação; não estava esperando por uma explosão como aquela, e naquele momento ele soube que alguma coisa não estava certa com Hiro; ele estava bem mais nervoso e instável do que o normal, e isso fazia Tadashi se lembrar do passado.

Ele estremeceu, pensando mil possibilidades ruins. Estaria Hiro sofrendo com bullying de alguma natureza novamente? Seria por isso ele estava tão entristecido e irritado? Tadashi iria matar quem tivesse machucado seu irmão de novo!

— Hiro, não fale um absurdo como esse. — Tadashi sussurrou, um pouco assombrado pela acusação que acabara de ouvir — Não existe nada mais importante na minha vida do que você. Você é meu único irmão, você é tudo que eu tenho! Me diga quem te deixou triste assim, eu vou fazer ele pagar.

Hiro riu, olhando para o céu enquanto se perdia em sua gargalhada nervosa sem qualquer tipo de alegria. Quando se controlou, olhou para Tadashi de forma acusatória; o mais velho sentiu seu sangue congelar, não gostando nem um pouco de ser alvo daquele olhar gélido.

— Já não basta toda a ironia da minha vida, você ainda vem falar mentiras pra mim.

Hiro não aguardou uma resposta, correndo para o lado oposto da rua, sabendo que o politicamente correto Tadashi jamais pegaria a contramão para persegui-lo. Dito e feito, o primogênito Hamada acelerou a moto e tentou dar a volta na quadra, mas foi lento demais; Hiro desapareceu de sua vista, e Tadashi até passou as próximas horas procurando-o pelas ruas da cidade, tentando fazer a última acusação de seu irmão fazer algum sentido em sua mente enquanto realizava as buscas.

Mas o rastreador, estranhamente, parou de funcionar naquela noite. Ele não encontrou Hiro.


(***)


Quando já era quatro da madrugada, Tadashi desistiu de sua busca e retornou para casa. Subiu as escadas com cuidado, sabendo que tia Cass possivelmente havia acabado de cair no sono (ela costumava ter insônia de preocupação toda vez que Hiro dava um sumiço daqueles, e acabava adormecendo quase no amanhecer). Torcia para que Hiro estivesse bem, mas não havia mais o que fazer: as buscas recomeçariam na manhã seguinte, e ele precisava dormir o quanto antes; se não, acabaria dormindo no guidão e iria sofrer um acidente antes de encontrar o seu irmão rebelde.

Todavia, ao chegar no quarto, Tadashi encontrou Hiro. O garoto estava deitado em sua cama de solteiro, não havia trocado de roupas e elas agora empesteavam o ambiente com um cheiro forte de cigarro. Tadashi sabia que seu irmão não fumava (Baymax o analisava sempre, com ou sem a permissão de Hiro, e tinha um quadro da saúde dele atualizado semanalmente em seu HD), mas o cheiro indicava que com certeza passou em alguma robô-luta antes de voltar para casa. Isso explicava as notas de cem em cima da mesinha de cabeceira; como ele conseguiu fazer a primeira aposta sem dinheiro, Tadashi realmente não sabia dizer.

Olhou para o pé da cama, encontrando os calçados de Hiro jogados com a sola para cima. Pegou um deles e o analisou, tentando descobrir qual era o problema do rastreador, e descobriu que Hiro havia retirando o pequeno chip eletrônico de debaixo da palmilha do tênis.

Mas se ele sempre soube que meu rastreador estava ali, por que só agora ele resolveu sabotá-lo? — Pensou, tentando achar algum sentido naquilo.

Tadashi logo desistiu de sua reflexão, pois estava cansado demais para sua mente fazer sentido. Talvez fosse melhor dormir algumas horas para depois pensar no que fazer com Hiro e como rastreá-lo novamente agora que ele descobriu seu esconderijo.

Sentou-se na beira da sua cama, apreciando a serenidade de Hiro do outro lado do quarto. Seu irmãozinho havia amadurecido bastante: estava mais alto, chegando quase a um metro e setenta de altura; seu corpo criava forma e, apesar de continuar esguio como sempre, alguns músculos de seu abdômen estavam evidentes abaixo da camiseta comprida, que acabara se enrolando em meio a sua movimentação e mostrava um pouco mais de pele do que deveria mostrar. Como a camiseta estava erguida, não havia nada cobrindo suas pernas além da bermuda já um pouco apertada que Hiro insistia em usar e deixava bem aparente as coxas grossas e o quadril afeminado que o garoto adquiria com o tempo. Hiro sempre tentava esconder as mudanças em seu corpo com camisetas compridas e casacos largos, e se negava a comprar novas bermudas e calças, sabendo que Tadashi iria tirar sarro dele de alguma forma por ter “pernas de menina” (Tadashi era seu irmão, afinal de contas; pegar no pé de Hiro fazia parte do pacote).

Tadashi estremeceu, suspirando fundo e ainda demorando mais alguns minutos analisando o físico de Hiro. Não sabia ao certo porque, mas sempre foi muito prazeroso para ele ver a forma como seu irmão crescia e se tornava cada vez mais belo fisicamente, sem perder os detalhes intrínsecos de sua natureza: apesar de todas as maravilhas que a puberdade fizeram em seu corpo, seu rosto continuava com a mesma expressão sapeca de sempre; os dentes da frente levemente separados ainda tornavam o sorrido se de Hiro bastante infantil e meigo, o rosto arredondado, o cabelo castanho sempre bagunçado e os olhos também castanhos e amendoados, grandes e pidões, só fechavam com chave de ouro sua bela aparência de moleque atrevido que Tadashi sempre adorou apreciar.

Era inevitável para Tadashi fazer de tudo para protegê-lo; seja dos outros, seja de si mesmo. Os sonhos que ele andava tendo com Hiro o preocupavam e, por isso, talvez não fosse tão surreal assim considerar que Hiro deveria ser protegido até mesmo do primogênito Hamada.

— Você vai me deixar louco de verdade, seu cabeção... — ele murmurou, levantando-se da cama e aproximando-se de Hiro com passos silenciosos.

Abaixou-se, retirando uma mecha do cabelo de Hiro de seus olhos e apreciando suas feições relaxadas com devoção. Viu alguns rastros de lágrimas em seu rosto, iluminado pela luz da lua que sempre banhava abertamente aquele lado do quarto.

Estaria Hiro chorando por causa da briga que tiveram? Tadashi nunca via Hiro chorar, isso era bastante incomum.

Preocupado, ele resolveu tentar descobrir o que estava acontecendo, e para isso usaria métodos pouco usuais: seu irmão era o tipo de pessoa que nunca se abria sobre os seus problemas, mas o que ele disse aquela noite antes de fugir de Tadashi indicava que algo complexo estava acontecendo com ele. Se Tadashi não tinha informações, talvez outra pessoa pudesse ter; eles andavam tão distantes, com toda certeza Hiro estava com novas amizades e, quem sabe, desabafaria com eles sobre esses supostos problemas.

Tomando o devido cuidado para não acordar o garoto, enfiou a mão debaixo de seu travesseiro em busca do aparelho celular. Sabia que Hiro sempre o colocava ali antes de dormir, talvez para ter a certeza de que ouviria o despertador tocar.

— Bingo. — Tadashi sussurrou baixinho, apertando o botão do meio pra ver se o aparelho tinha bateria. Acendeu e, para facilitar bastante a sua vida, estava com a tela desbloqueada.

Evitando um possível flagra, Tadashi escondeu o aparelho no bolso da calça e caminhou lentamente até o banheiro, tentando ficar o mais longe possível de Hiro. Apoiou-se na pia enquanto vasculhava os aplicativos abertos, mas não encontrou nada fora do normal: não havia nada além de mensagens dele, tia Cass, algumas sobre as robô-lutas e outras com fornecedores de peças ou assuntos relacionados. Nada fora do normal. A agenda telefônica também não tinha números suspeitos, mas Tadashi não perdeu a oportunidade de bloquear alguns telefones; quanto menos informação Hiro recebesse sobre as lutas, melhor.

Continuou procurando e estava quase desistindo quando finalmente encontrou algo suspeito.

— Hiro tem Skype? — Tadashi se surpreendeu, abrindo o aplicativo para ler as mensagens.

Skype era um programa meio ultrapassado nos dias atuais para os irmãos Hamada, pois tanto Hiro quanto Tadashi possuíam um plano ilimitado de chamadas de vídeo. Entretanto, ao abrir a mensagem Tadashi entendeu que ao contrário das chamadas de vídeo comuns, Hiro não usava o Skype para se comunicar com a família.

Mal abriu o aplicativo e já recebeu uma mensagem, antecedida por um grande histórico de conversa: “Oi, não conseguiu dormir?”.

— Ah... Mas é agora que eu descubro tudo!


(***)


Dizer que o mundo de Tadashi desabou poderia parecer exagero para muitos, mas se as pessoas entendessem metade de seus sentimentos, perceberiam que não era nada inferior ao mais puro apocalipse. Se ele pudesse voltar no tempo e impedir a si próprio de fazer o que fez, ele não pensaria duas vezes.

O que ele encontrou no histórico do Skype de Hiro ia muito além do que ele podia ou deveria ver. Moralismos a parte, se qualquer outra pessoa visse o que ele viu seria ruim, mas não tão ruim. Ele, Tadashi Hamada, não podia ter feito aquele flagra: porque aquilo alimentava algo em seu interior que ele tentava desesperadamente conter nos últimos anos.

Resumindo o caos, seu irmão mantinha contato com algumas pessoas na internet, possivelmente "amigos" que fizera em redes sociais, conversando sobre assuntos bastante comprometedores. Ele detinha o cuidado de usar um pseudônimo genérico no nome de usuário, assim como uma foto bastante embaçada que não deixava a pessoa do outro lado da tela saber detalhes sobre sua aparência e idade. O problema real estava no conteúdo das mensagens...

Com algumas pessoas, Hiro trocava imagens sexuais. Fotos próprias, bastante expostas, mas sem mostrar o rosto. Tadashi só sabia que essas fotos eram de Hiro porque ele tinha uma marca de nascença bem pequena na coxa, e a "pessoa das fotos" também tinha. Nada do rosto aparecia, o que dificultava qualquer identificação, mas Tadashi conhecia aquela marquinha desde que trocou as fraldas de Hiro pela primeira vez. E ele tinha que ser sincero agora: Hiro realmente cresceu.

Tadashi suspirou, escondendo o rosto corado com as mãos e escorregando em sua cadeira. Hiro iria deixá-lo louco, ele estava totalmente perdido. Ele não deveria ter observado aquelas fotos com a sagacidade que viu, e definitivamente não podia ter mandado todas elas para o seu e-mail para ficar admirando mais tarde. Hiro era seu irmão mais novo, e não alguém que deveria lhe causar desejo daquele jeito.

O pior de tudo é que esse “desejo” não era de agora: Tadashi tinha sonhos eróticos com Hiro desde pouco depois da mudança, quando o mais novo começou a atingir a puberdade. Ele tentava ao máximo não pensar nisso e esconder seus sentimentos, fugindo de seu irmão sempre que podia, tentando educar a sua mente a não pensar besteira ao manter-se longe de sua tentação. Fazia um trabalho relativamente bom: pensar em Baymax e na faculdade o ajudava a não se perder em pensamentos impróprios.

Bom, pelo menos até ele ver aquelas malditas fotos e os sonhos voltarem com força total.

Uma semana depois flagra, mas sua inquietação não diminuíra. No presente momento, Tadashi acabara de acordar de um sonho particularmente quente com Hiro, não pensando duas vezes a se render aos seus impulsos mais primitivos: aproveitou que estava sozinho àquela tarde de sábado e se permitiu um alívio na solidão de seu quarto, enquanto agarrava uma das camisas usadas de seu irmãozinho e deixava a imaginação fazer o serviço. Tadashi teve um dos melhores orgasmos de sua vida e, para alguém que já tivera algumas “experiências de fato” com sexo, considerar uma masturbação solitária algo tão inesquecível só podia ser decorrência de sua fantasia atual.

Era essa a intensidade que Hiro causava na sua libido; e isso era totalmente assustador.

— Eu... eu não posso...

Tadashi suspirou fundo, derrotado, se colocando de pé mecanicamente e andando em direção a cama de Hiro. Não se importou por ela estar bagunçada, apenas deitou-se nos lençóis amaçados e deixou o perfume de Hiro impregnar em sua pele, inalando o cheiro do seu travesseiro com uma completa devoção.

— Eu vou pro inferno. — ele murmurou, abraçando o travesseiro de Hiro e tentando não deixar sua mente viajar nas imagens que vira no celular do garoto (e que agora estavam bem guardadas em seu próprio celular): várias das fotos íntimas de Hiro foram tiradas naquela cama onde Tadashi agora se encontrava.

Ele sentiu seu corpo estremecer, imaginando Hiro dando prazer a si próprio naqueles mesmos lençóis, se deliciando com a sensação de enviar fotos como aquela para estranhos. Grunhiu, enciumado. Ele sabia que as pessoas do Skype não tinham conhecimento quem Hiro era de verdade, mas isso não diminuía seu ciúme: Hiro era dele, só dele, e ele não queria dividir.

Ele não iria dividir. Ponto final.


(***)


Hiro não se importou em anunciar sua chegada e simplesmente chutou a porta do quarto ao entrar. Jogou-se na cadeira de qualquer jeito, cruzando os braços, irritado por ter tido alguma esperança de que Tadashi iria atrás dele naquela noite. É óbvio que ele não estava lá; era véspera da maldita feira de exposições que SFIT realizava todos os anos e, pra variar, Tadashi estaria na equipe direta do Callaghan para avaliar os novos prodígios.

— Que se explodam os “novos prodígios”. — Hiro murmurou, empurrando Megabot para dentro de uma gaveta e fechando-a com toda a sua força.

Ele mal via a hora desse maldito curso de Tadashi acabar, não aguentava mais ver seu irmão dedicar vinte e quatro horas de sua vida para essa faculdade e Baymax, aquele robô maldito. Tia Cass dizia que ele estava com ciúmes, mas isso era um absurdo! Como que ele iria sentir ciúmes de uma máquina? Tá certo que Tadashi parecia se preocupar muito mais com essa máquina do que ele, mas ainda sim... Não era ciúmes. Não era!

Talvez só um pouco...

— Estupido Baymax. — Hiro murmurou deitando a cabeça na escrivaninha, sentindo-se mais exausto do que deveria.

Era uma sensação ruim voltar para casa depois de uma longa noite de trabalho (bom, para ele as robô-lutas eram seu trabalho) e sequer encontrar seu irmão para trocar uma ou duas palavras com ele. Não que eles estivessem no melhor dos relacionamentos no momento, desde a briga no dia da delegacia eles mal se falavam, nem dentro e nem fora de casa. O máximo que faziam era trocar palavras na frente de tia Cass, para não fazê-la sofrer com toda essa picuinha, mas ainda sim andavam se encontrando bem pouco.

Hiro queria ficar de bem com Tadashi, ele realmente queria. Mas Tadashi sequer voltava pra casa, fugia dele como o diabo foge da cruz, e isso foi alimentando ainda mais seu rancor. Depois de três dias mal cruzando com seu irmão (o qual dividia quarto com ele, só pra constar o absurdo de sequer encontrá-lo por tanto tempo), Hiro decidiu que não ia dar o braço a torcer daquela vez. Tadashi estava ignorando a sua presença? Ótimo! Ele sabia pagar na mesma moeda.

Suspirando, pegou seu celular no bolso e conferiu suas notificações, desejando, bem no seu íntimo, que Tadashi tivesse mandado alguma coisa. Não havia nada dele: apenas duas propagandas, três mensagens de garotas (que ele não fazia ideia onde conseguiam seu celular e ele nunca respondia) e uma notificação no Skype.

Skype... Os momentos no Skype o relaxavam. Ele conseguia conversar e fazer “outras coisas” usando esse aplicativo, e isso supria um pouco a sua necessidade de ver Tadashi. Não fazia mal uns quinze minutinhos de conversa antes de dormir, certo? Tadashi não ia voltar pra casa aquela noite mesmo, e tia Cass já deveria estar dormindo há horas. Ele tinha a privacidade necessária para passar algum tempo... er... no Skype.

Abriu o aplicativo e leu a mensagem recebida.

“Oi, eu troquei de usuário, perdi a senha do outro. Me adiciona?”

— Usuário kyle_takachiho (2)? Quem é essa pessoa?

Hiro não se lembrava quem era aquela pessoa, mas não fazia muita diferença. Todos na lista de contatos de Hiro eram iguais para ele: alguém para ele falar bobeiras e passar tempo enquanto fantasiava e resolvia seus “problemas”. Simples, fácil e indolor.

Dando de ombros, aceitou o novo contato, que ficou online na sua lista de amigos.

“Oi” o estranho que se autodenominava “Kyle” cumprimentou; a foto era escura e Hiro não conseguia lembrar-se de ter visto alguma pessoa com a mesma imagem “Se lembra de mim?”

“Não” Hiro respondeu, digitando enquanto saia da mesinha e deitava em sua cama, empurrando o calcanhar de seus tênis com as pontas dos pés e retirando-os antes de se enfiar debaixo do cobertor “Tem certeza que nós nos conhecemos?”

“Ah, eu não esperava que você fosse se lembrar de mim mesmo. Mas eu não teria como me esquecer de você”.

Hiro girou os olhos, deixando o celular cair ao lado de seu corpo. Sim, ele dava bola para essas pessoas no Skype, mas detestava quando eles iniciavam alguma coisa com ele, ainda mais com essa conversinha batida. Muitos insistiam para se encontrar pessoalmente, e Hiro tinha a impressão que era esse o caminho que essa conversa seguiria. Sendo assim, não estava disposto a continuar batendo papo.

Estava quase adormecendo quando o celular vibrou, anunciando um convite para chamada de vídeo. Hiro suspirou cansado, mas resolveu aceitar a chamada, cobrindo a câmera frontal com o polegar.

— Minha câmera não está funcionando. — ele mentiu, olhando para a tela e se surpreendendo ao entender a imagem do outro lado — Que... Mas que merda é essa?!

Não era nada incomum essas chamadas de vídeo, e geralmente Hiro se deparava com imagens sexuais ou então closes em abdomens desnudos. Todavia, parece que aquela pessoa em questão adotou uma abordagem bem diferente...

O seu "novo contato" tinha várias fotos dele, e elas estavam impressas e espalhadas sobre um chão de concreto de cor neutra. O ambiente do vídeo era escuro, mas Hiro conseguia identificar sua própria silhueta nas fotos filmadas. Apesar de ser estranho alguém chegar ao ponto de imprimir suas fotos, não era estranho ele ter tantas cópias.

A maioria dos contatos do Skype eram encontrados em aplicativos de encontros, e lá todos se conheciam. Hiro sabia que ele era famoso por lá, que suas fotos eram trocadas com afinco e, de certa forma, ele se sentia bastante lisonjeado por essa atenção. Ele sabia que não deveria se sentir dessa assim, que não era algo bom ser tratado como uma mera motivação sexual dentre tantas pessoas, mas a autoestima de Hiro era tão baixa que ele enxergava tudo isso como uma forma distorcida de receber um elogio.

— Como eu disse: pra mim, você é inesquecível. — o Kyle falou; sua voz soou rouca, ríspida, e familiar.

Hiro sentiu seu corpo todo arrepiar: podia jurar que se parecia muito com a voz de Tadashi, apesar de levemente mais rasgada. A voz era rouca demais e pareceria forçada se Tadashi falasse assim, mas era muito semelhante. E isso deu um novo interesse para Hiro continuar a brincadeira.

— Louco. — Hiro sussurrou, sentindo um misto de medo e excitação. Não que ele quisesse alguém louco como aquela pessoa, mas ele gostaria que alguém em particular desse tanta atenção assim pra ele, e era muito fácil para a mente criativa de Hiro tapar o buraco com fantasias.

Só por precaução, verificou rapidamente seus aplicativos de segurança e seu GPS desativado. Sabia o suficiente de tecnologia pra ter a certeza de que ninguém conseguiria rastrear seu celular, mas não custava se assegurar disso.

— Bom, você podia tentar refrescar minha memória e me fazer me lembrar de você, né? — Hiro respondeu, pensando no quão furioso Tadashi ficaria se soubesse o que ele andava fazendo.

Será que Tadashi teria ciúmes? Claro, Tadashi não estava necessariamente fazendo algo sexual na faculdade ou com Baymax (e pensar um absurdo desses o fez rir baixinho), mas se tia Cass estivesse certa e Hiro realmente sentisse ciúmes de Tadashi, poderia Tadashi ter qualquer natureza de ciúmes por ele também?

Ele queria tanto que Tadashi sentisse por ele o mesmo que ele sentia...

— Ah, não vamos brincar assim. — o estranho respondeu; Hiro buscou os fones de ouvido na gaveta, desejando ouvir a voz dele de forma mais nítida — Se você não quer se mostrar pra mim, eu não vou me mostrar pra você. Não tem problema, minha imaginação é fértil, eu me contento em ouvir.

Hiro colocou os fones, ouvindo a respiração entrecortada do estranho do outro lado da tela e alguns sons característicos que Hiro conhecia muito bem: ele estava se tocando, com toda certeza, os sons não mentiam.

— Seu nome...? — Hiro indagou, sentindo seu rosto se tornar mais avermelhado e a vontade de começar a brincadeira de uma vez se tornar cada vez mais forte.

— Me nomeie você. Sou quem você quiser que eu seja.

Interessante. — Hiro não pode deixar de pensar, sorrindo de canto de boca.

Colocou o celular na cama, mantendo cuidado em cobrir a câmera com o lençol. Se ajeitou um pouco melhor e retirou a camisa, abaixando suas calças com velocidade enquanto chutava as cobertas para longe. Não havia motivos para esconder seu corpo ou se incomodar em fechar a porta; ninguém entraria ali pelas próximas dez horas.

— Seu nome será “Tadashi”. — Hiro murmurou para o aparelho, recebendo um murmuro de contemplação do outro lado da tela.

— Alguém especial para você? — Kyle perguntou, parecendo curioso, sua voz soando um pouco mais ofegante do que antes.

— Não é da sua conta. — Hiro respondeu, um pouco mais ríspido do que intencionava.

Realmente não era da conta dele, e ele não estava nem um pouco a fim de explicar seus desejos incestuosos para um estranho sem nome e sem rosto. Existiam coisas que não devem ser ditas, principalmente para desconhecidos que nada mais serviam do que uma mera válvula de escape das suas frustrações.

— Ok, certo. E como eu devo te chamar?

Essa pergunta era, no mínimo, importante. Ele poderia pedir pra chamar pelo nome de usuário mesmo, mas a voz do estranho era tão parecida com a de Tadashi, ele não podia deixar essa oportunidade passar. Afinal de contas, seu nome é um nome muito comum no Japão, não é mesmo? Não havia problemas.

Oh, dane-se. O tal “Kyle” nem ia acreditar que o nome é real mesmo.

— Hiro. — ele respondeu, sentindo um pouco de nervosismo ao revelar seu nome. Afinal, era a primeira vez que ele revelava seu nome real para alguém no Skype; ele só torcia para que a informação não fosse repassada para os outros usuários.

— Hiro... — ele pronunciou seu nome de uma forma tão puramente obscena que Hiro foi incapaz de conter um gemido suave em sua garganta. O estranho, ou melhor, o “falso Tadashi” riu de maneira obscura, possivelmente ouvindo o gemido suave que ele deixou escapar — A partir de agora, você vai fazer tudo que eu mandar; acho bom estar pronto para isso.

Pronto para quê? Para se jogar na sua fantasia de cabeça? Bom, Hiro com certeza estava pronto para isso.

— Eu faço qualquer coisa. — ele respondeu, começando a ficar também ofegante, sentindo suas mãos estremecerem e aguardando os comandos para que, finalmente, aliviasse toda aquela tensão.


... Continua...


(1) Mensa: é uma organização real constituída por indivíduos que têm como pré-requisito possuir um Q.I. elevado, tendo que ter um determinado resultado para poder integrar esse grupo. Apenas 2% das pessoas do mundo tem o Q.I. mínimo para poder entrar na Mensa. Ela foi criada em 1946, na Inglaterra, e detém filiais no mundo todo pra se fazer os testes de Q.I. com um valor simbólico, e se você tirar o resultado mínimo de superdotação, a organização te chama para entrar. Depois de fazer o teste e receber o convite, a pessoa não se torna obrigada a entrar, só se ela quiser; mas não há como alguém que não atingiu a nota necessária ser chamado para esse grupo.

(2) Kyle Takachiho: o nome é uma referência. Kyle vem do personagem homônimo da doujinka mebameba, a qual faz um doujinshi de BH6 e insere esse personagem que possui características físicas idênticas à de Tadashi, e acaba bagunçando a vida do Hiro, que quer se aproximar cada vez mais dele por saudades do irmão. Eu gosto muito do personagem, quis fazer uma pequena homenagem aqui. Takachiho é o sobrenome do Hiro na história em quadrinhos de BH6. Escolhi o sobrenome também para homenagear o HQ de alguma forma.


N/A: Espero que tenham gostado e continuem acompanhando! Aguardo opiniões nas reviews! ♥ Beijos a todos!

Nov. 9, 2018, 11:01 p.m. 3 Report Embed Follow story
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Ingridy Alves Ingridy Alves
January 25, 2019, 20:39
Blue Martell Blue Martell
E mais umaaa, hoje a maratona é suaa 💙 Eu amo muito essa história aqui. Lembro de que quando vi o filme logo me veio você na cabeça pelas recentes coisas que você vinha compartilhando na página, e quando você lançou, tive um ataque de amor haha 💙
November 20, 2018, 05:20

  • P C S P P C S P
    Olha só, maratona de PCSP! Eu ainda nem postei todas aqui, então vai ser uma maratona particionada hahahaha! Ahhhh saudades da época que esse fandom bombava bastante. Cada fanfic maravilhosa! Acho que eu empurrei o fandom goela abaixo entre os leitores auhauhauhau mas ainda bem que gostaram da minha fanfic, fiquei bem contente que vocês leram em massa! <3 November 20, 2018, 15:18
~

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