EnmaUchiMaki May UU

Penso no que faço, no que fiz e no que vou fazer Hoje seu retrato só me mostra o que eu quero esquecer Quando o sol se for meu amor vou onde você for ... Só me perdoe por não ter ido antes, mas de hoje em diante uma coisa eu prometo: Aonde quer que eu vá, levarei você comigo.


Fanfiction Anime/Manga For over 18 only.

#naruto #JuuKimi #sasunaru #gaalee #Saga_Akai_Ito #un #gincanafns #querobiscoitofns #representatividade #PrimeiroBeijo #adultério
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Aonde quer que vá...

Notas do Autor:

Bom, vamos as explicações!!!

Essa Saga é uma obra minha (Betada pela Akuma), resolvi conectar ela com a gincana, por que a ideia que me veio batia com coisas dentro do plot, então eu acabei meio que fazendo um spin-off .


Preciso ler as outras? 

Não. Até por que, cada parte da saga, é uma parte, apesar de seguir uma ordem. O máximo que pode vir a acontecer é essa oneshot ser citada no futuro em outras partes da saga.


MAS SE QUISER LER EU VOU FICAR MT FELIZ!


Eu espero que vocês gostem :3



Sasuke havia estranhado quando Naruto lhe pediu para estar cedo pela manhã no escritório dele. De primeiro momento chegou a sentir o coração apertar pensando ser algo relacionado aos encontros que vinham tendo... As escondidas...

Não fazia muito tempo que ambos tinham enfim se acertado, foi em uma noite que ambos estavam fragilizados pelo acúmulo de sentimentos que vinham carregando há muito no peito. Sasuke ainda sentia medo de que Naruto voltasse atrás e decidisse ficar com Hinata, afinal ela sempre seria a escolha mais adequada para o loiro.

Chegou a sala do Hokage com o coração comprimido... Muitas eram as memórias de tantas as vezes que já estivera naquela sala, em horários bastante inadequados, para muitas coisas que faziam seu corpo esquentar só de se lembrar. Aquela sala e a antiga casa, onde Naruto costumava viver, eram um dos poucos lugares em que podiam expressar abertamente o quanto se amavam.

Justamente por estarem mantendo essa relação em sigilo o risco era grande. Não havia apenas o relacionamento deles dois em jogo, era algo bem mais complicado que envolviam filhos. Desde que voltou a frequentar a aldeia vinha tentando se aproximar de sua filha, Sarada, que estava em uma fase um tanto problemática pelo desejo infantil de querer ver seus dois pais juntos, ela não tinha culpa alguma por não conseguia compreender essa relação complicada que os dois haviam construído, esta não necessariamente tinha haver com a relação de pai e filha. Sasuke e Sakura são grandes amigos, mas apenas isso... Amigos.

Que estavam vivendo uma relação completamente desgastante.

Se Sarada soubesse de seu relacionamento com Naruto, era muito provável que todos os seus esforços para se aproximar dela... Se convertessem em mágoa. Ela não conhecia a história de seus pais e sequer sabia sobre as tradições e linhagens de seu sangue Uchiha, não queria pôr tudo a perder justo agora. Ela tinha o direito de saber o que havia acontecido com o resto do clã e... Nada disso seria possível se o odiasse até que tivesse maturidade suficiente para compreender, os motivos pelos pais não ficarem juntos.

O Uchiha saiu de seu transe ao ouvir o click da porta que dava para o banheiro, Naruto estava com uma expressão um tanto cansada, mas assim que seus olhares se cruzaram o loiro sorriu e então seu coração pulou ainda mais forte no peito... Não havia jeito, o afeto de Naruto o afetava de tal maneira que este fora o único capaz de vê-lo vulnerável, suas barreiras caíam sempre que olhava para aqueles azuis tão límpidos quanto o céu.


-Bom dia, Suke – cumprimentou o loiro, se aproximando para lhe dar um casto selinho.


O moreno relaxou os ombros, ouvir o apelido que o loiro usava nos momentos íntimos que compartilhavam o fez esquecer de suas preocupações.


-Hum – respondeu com um sorriso de canto.


O loiro deu as costas, indo até a mesinha que ficava ao lado de um grande armário abarrotado de livros e pergaminhos, serviu-se de uma bela xícara de café com duas colheres de açúcar e outra xícara onde derramou o café fumegante e cheiroso, está sem uma única gota de açúcar que foi oferecida ao moreno.

Naruto voltou para sua mesa, onde abriu uma gaveta fechada a chave e de lá puxou um pergaminho, olhou Sasuke que o observava ainda em pé com a bebida em mãos.


-Tá tudo bem com você? Vai ficar aí em pé olhando pra mim, senta logo!

Sasuke afastou o turbilhão de pensamentos que invadiam sua mente, sentando-se a frente do Hokage. Acomodou-se na cadeira para logo sorver o líquido forte e amargo que tanto amava.

-Olha, eu te chamei aqui... Nem eu sei como tocar nesse assunto, mas eu recebi um pergaminho com algumas informações que são do seu interesse...

-Meu interesse?

-É... Vou ir direto ao ponto. Kimimaro está vivo!

Sasuke encarou Naruto por uns bons minutos, tentando se recordar quem era aquele que mencionara e como um estalo sua mente voou até Juugo, seu companheiro e amigo do antigo time Taka. Pousou a xícara de café na mesa, ainda observando o loiro do outro lado da mesa.

-... Quê?

-Olha, eu estava conversando com o Gaara por uma chamada de vídeo e...

-Conversando com o Gaara por... Chamada de vídeo? - Sasuke mudou sua expressão na hora em que ouvira a palavra “Gaara” soar da boca de Naruto.

-É, ele é o Kazekage é natural que a gente converse. Eu converso com todos os Kages, não entendo essa implicância sua com o Gaara!

-Implicância? Por favor, como se eu me importasse com esse ser – falou displicente - Só não compreendo os motivos de você ter de perder tempo com chamadas de vídeo, quando tem assuntos mais importantes para resolver.


Naruto sorriu vendo a clara expressão no rosto do amado. Sasuke podia enganar qualquer pessoa... Menos ele, conhecia seu jeito muito bem para saber exatamente o que se passava em sua cabeça.


-Falar com outros Kages e me manter informado também é uma das minhas obrigações como Hokage – puxou a mão do amante entrelaçando com a sua sobre a mesa - Não tem para que ficar com esse ciúme bobo – revelou.

Sasuke puxou imediatamente sua mão de volta.

-Não estou com ciúme – declarou

-Claro que não - Naruto riu – Bom, você tem mais alguma coisa para declarar ou eu posso continuar o que eu dizia?

-Continue... – Sasuke nem percebia o tamanho do bico se formando em seus lábios.

-Gaara disse que tinha algo importante para me dizer, era uma informação ultrassecreta e eu achei que fosse algo sobre a aliança shinobi, porém o assunto não era apropriado para ser discutido por vídeo chamada, por isso ele mandou esse pergaminho de Suna, e nele declara Kimimaro como vivo.


Sasuke pegou o documento lendo o conteúdo, era um tanto extenso e a cada parágrafo sua surpresa se estampava no rosto... Após alguns bons minutos, onde precisou pausar a leitura por umas três ou quatro vezes para pegar mais café, levantou o rosto do documento, sua expressão era um tanto perplexa, tentando formular o que diria a seguir.


-Isso tudo... É tão, então ele está preso esse tempo todo?

-Ao que parece sim, não vejo motivos para Gaara mentir sobre esse fato.

-Mas por que agora? Depois de tanto tempo, tantas coisas aconteceram e justo agora ele revela isso...


Sasuke levantou da poltrona, indo até a janela que ficava atrás da mesa do Hokage observando o grande monumento dos Kages. Naruto logo parou ao seu lado, olhando para a vida das pessoas que hoje o admiravam.


-Foi um pedido do Kimimaro. Ele passou anos desacordado, em um coma induzido. Muito ninjas médicos estavam estudando o corpo dele... Tentando encontrar uma cura, ele acordou há uns dois meses e tem passado por reabilitação. Ele não se lembrava de absolutamente nada e parece que a primeira coisa que se recordou... Foi Juugo.

Sasuke suspirou, encarando Naruto que agora também o olhava nos olhos.

-Juugo é seu amigo, você me disse. Acho que você é quem deveria dar a notícia a ele. Contudo, o sigilo é importante. Ninguém pode saber, pelo menos não enquanto Kimimaro está passando pelos exames e o tratamento...

-Isso significa que o Juugo pode ir até suna?

-Pode, ele só precisa de uma autorização. Eu já fiz ela, imaginei que ele fosse querer isso.


Naruto pegou um documento lacrado com a sua assinatura entregando-o para Sasuke, o moreno pegou o envelope, suas mãos se tocaram no processo. O olhar de Naruto se seguiu direto para a boca de Sasuke. Subiu sua mão puxando o moreno pela roupa deixando os rostos a centímetros de distância.

Seus lábios passaram suave e provocantes contra a pele alva do rosto de Sasuke, até chegar próximo a orelha do Uchiha, seu tom rouco fazendo os pelos do moreno se eriçarem.


-Nos vemos a noite – mordeu o lóbulo da orelha do amante.

Tornou a sentar na sua cadeira como se nada tivesse acontecido, rindo da expressão endurecida que Sasuke fazia para disfarçar o tesão com a promessa de uma noite... Quente.


~~//~~


Sasuke saiu da vila carregando tanto o pergaminho como a autorização, agora que podia pensar mais sobre a notícia alguns questionamentos ainda sem resposta atormentavam sua cabeça. Por que Kimimaro foi levado a Suna? Quem é o responsável pelo tratamento e pelas pesquisas? Se lembraria de questionar tudo isso mais tarde..

O caminho para o laboratório de Orochimaru não era muito longe, ficava em uma cidade vizinha e perto o suficiente para que fosse vigiado constantemente por Yamato a mando de Kakashi. Ele permanecia realizando suas pesquisas, com o aval da lei e para que não voltasse a infligir estas, Yamato ficava em sua cola o tempo todo.

Logo na entrada, o moreno foi prontamente autorizado a entrar já que todos o conheciam ali. Seguiu por um longo corredor repleto por câmeras de segurança, virou a terceira esquerda entrando na sala de recipientes, onde sabia que Orochimaru estaria. Não fazia muito tempo que havia estado ali, na última vez a cobra fazia alguns testes naquela parte do laboratório.

Assim que abriu a porta foi recebido pelo típico sorriso cínico do Sannin.


-Sasuke-kun – disseram Orochimaru e Karin em conjunto.


Sasuke não se dignou a respondê-los, seus olhos vagaram pela sala encontrando Yamato e Suigetsu presentes ali também, mas nada de Juugo.


-Onde está Juugo? - resolveu ser direto.


Karin se aproximou, agarrando seu pescoço para lhe abraçar e quando menos esperou Suigetsu fez o mesmo, abraçando-o por trás. Respirou fundo, tentando manter a paciência.


-A gente ‘tava com saudade, Sasuke – a ruiva murmurou.

-Sasuke, você podia vim ver a gente mais vezes – Suigetsu falava enquanto esfregava a bochecha em seu rosto. Parecia mais um bichinho.


O moreno se desvencilhou de ambos, com a típica expressão Uchiha... Que já não assustava nenhum deles, enquanto um bico se formava nos rostos de Karin e Suigetsu.


-Eu preciso falar com o Juugo, vocês sabem onde ele está?

-Por que quer saber? - Karin foi a primeira a se pronunciar – Por acaso ele é mais importante que a gente?

A ruiva cruzou os braços fechando a expressão, seu temperamento era um tanto teimoso. Sasuke suspirou, só queria terminar aquilo o mais rápido possível e voltar para Konoha... E encontrar Naruto...

-Não que seja da sua conta, mas tenho ordens do Hokage para falar com ele, por isso, poupe minha paciência e me diga onde ele está.

Antes que Karin ou Suigetsu pudessem tornar a perguntar, ou azucrinar, Yamato se pronunciou.

-Está no jardim.

-Obrigado – Sasuke agradeceu dirigindo o olhar para o homem.


Saindo da sala ainda teve as mangas da roupa puxadas por Karin e Suigetsu que tentaram fazê-lo parar, mas sem sucesso.


-Espera, Sasuke! - Suigetsu gritou – Conta o que o Hokage quer com o Juugo?

-Não te interessa – cortou.

-Deixa de ser ruim, Sasuke! - Karin forçava os pés no chão tentando fazer o amigo parar, mas quase tropeçou ao ser içada para frente.

-Vão cuidar da vida de vocês! Isso é um assunto pessoal, então se não querem levar uma surra, me larguem agora!!! – mandou.


Os dois largaram o Uchiha, contrariados, este então seguiu seu caminho até o jardim que ficava no fundo do laboratório. Encontrou o ruivo sentado embaixo de uma árvore, este conversava com um esquilo enquanto outro passarinho permanecia pousado em seu ombro enquanto era acariciado no topo da cabeça. O moreno jamais admitiria que aquela imagem era muito bonita.

Se aproximou do ruivo que prontamente percebeu a sua chegada, desviando olhar do passarinho para lhe sorrir.


-Sasuke! Boa tarde...

-Juugo, como vai?


O moreno se acomodou a frente do outro homem, respirando fundo e tentando se lembrar como iria abordar aquele assunto com ele? Se ele havia ficado chocado, nem podia imaginar a reação de Juugo. Ele era imprevisível e... Por mais gentil e pacífico que era, já fazia anos que o ruivo não tinha mais nenhum ataque de raiva.

...Contudo, Kimimaro era um assunto delicado. Juugo sentia muita falta dele e por diversas vezes, vira o ruivo calado observando a lua exatamente no mesmo dia em que soubera da suposta morte do albino. Em muitas ocasiões, em que puderam sentar para conversar sobre banalidades o ruivo lhe dissera como sentia saudades.


-Está tudo bem, Sasuke? ‘Tô falando com você já tem tempo.


Juugo se ajeitou no chão, por algum motivo sentia que algo estava por vir... Só não conseguia dizer se era bom ou ruim.


-Olha, eu sei que o que vou dizer pode parecer uma completa loucura... – desviou o olhar para baixo, buscando algo que pudesse dizer para amenizar e não encontrou nada, suspirando voltou a olhar para frente, onde proferiu de forma firme -Mas... Kimimaro está vivo.


O clima se tencionou, os pequenos animais que estavam ao redor do ruivo se afastaram quando Juugo se levantou e fitou Sasuke com frieza. Se havia algo que ele não permitiria é que o nome de Kimimaro fosse usado para brincadeiras de mal gosto.


-Olha, se isso é uma brincadeira... É uma de muito mal gosto.


O punho do ruivo se fechou sendo contraído por causa da raiva. Só de ouvir o nome de Kimimaro suas emoções começavam a ficar descontroladas.


-Eu não estou brincando, Juugo. Vim aqui te passar essas informações. Não perderia meu tempo pra mentir... Ou brincar com algo tão sério.


Sasuke não era de se intimidar muito fácil, mas a postura do amigo o deixava preocupado, não porque talvez quisesse agredi-lo, mas porque o Uchiha sabia como era perigoso que Juugo se descontrolasse. Deu um passo à frente tentando se aproximar para acalma-lo.


-Juugo, eu falei pessoalmente com Naru...Com o Hokage – prosseguiu – Ele me passou a informação de que o Kazekage havia o contatado para dizer que Kimimaro está vivo e bem...

-Não é possível! - Juugo sussurrou, sua voz saindo tremida como se estivesse tendo um ataque de nervos – Não minta para mim! - disse um pouco mais alto e firme.

-Não estou mentindo – pegou a autorização que Naruto lhe entregara - Kimimaro acordou de um coma induzido recentemente e se lembrou de você, pediu para vê-lo, sei o quanto ele é importante para você e...

-Você não sabe de nada! - gritou - Você não sabe! Se soubesse não viria aqui, quando está tudo bem, brincar com os meus sentimentos... Cale a boca!

-Juugo...


O ruivo caiu no chão agachado, suas mãos indo para sua cabeça puxando os fios ruivos tentando inutilmente se acalmar, era possível ver uma alteração em seu chakra o que fez com que Sasuke fosse rapidamente até ele tentando ajuda-lo.


-Juugo, olha pra mim, você precisa se acalmar... – Sasuke não costumava perder a calma, nem mesmo em situações complicadas, mas era horrível para si ver o amigo sofrendo pela instabilidade de sua própria mente – Não estou mentindo pra você – insistiu – Olhe para mim – empurrou um dos braços do ruivo para que este soltasse o próprio cabelo.

Era doloroso vê-lo daquela forma... Juugo já havia passado por tantas coisas ao seu lado, ele se arrependia da forma fria com que tratara seus amigos.

Juugo permanecia com a cabeça abaixada. Sasuke ativou o sharingan e puxou a cabeça do ruivo para cima com certa força para que este lhe encarasse e conseguisse prendê-lo em um genjutsu. Fez com que ele revivesse algum momento especial, não fazia ideia de qual seria...


...


Juugo acordou com a movimentação vinda de fora da sua cela, abriu os olhos dando de cara com o teto de pedra, estava tudo escuro... Isso quer dizer que era noite ainda e só havia uma pessoa que costumava vir a essa hora. Olhou para a porta no momento em que está se abria e a figura albina de Kimimaro se fez presente, iluminado pela lua ele parecia reluzir como um anjo.


-Oi... Juugo – comentou o albino com seu travesseiro na mão, sua expressão estava exausta.

Juugo sabia que Kimimaro seguia cansado devido a bateria de exames em seu corpo, os medicamentos para amenizar sua dor... Ele já estava doente, Kabuto tentava encontrar uma forma de curá-lo e Orochimaru já o tratava como lixo o que o deixava bastante deprimido. O albino então procurava um refúgio em seus braços, eles passavam noites juntos apenas conversando e dormiam assim...


Juugo fingia não ver a dor nos olhos de Kimimaro, ou o modo como ele andava meio arrastado. Era claro que o estado dele vinha se agravando mais a cada dia, mas se nem Kabuto sabia como ajuda-lo, o que ele poderia fazer. Preferia fingir que estava tudo bem.


-Olá Kim. Quer deitar comigo? - perguntou, vendo o albino acenar com a cabeça.


O ruivo se ajeitou na cama, cedendo um espaço para que o Kimimaro se acomodasse ao seu lado, ficaram deitados lado a lado encarando o teto, Juugo também podia ouvir a respiração ruidosa, a tosse que a cada vez que vinha deixava um rastro sangrento em algum lenço e o semblante cansado. Nesta noite Juugo resolveu puxar o corpo fragilizado para perto do seu, abraçando-o com carinho, o menor abraçou seu pescoço escondendo o rosto ali.


-Juu...

-Hum?

-Tem um botão novo no vasinho de crisântemos, ele vai nascer logo... Está tão bonito na janela do meu quarto.

-Imagino que esteja mesmo – Juugo acariciava as madeixas do outro delicadamente - amanhã eu vou sair, tem alguma coisa que queira?

-Você sabe que não precisa se preocupar com isso...

-Kim... Eu quero te ver feliz. Não é nada demais fazer isso, se for pra ver um sorrisinho seu.

Kimimaro não conseguiu não entortar os lábios em um sorriso singelo.

-Que tal uma muda nova? Você tem girassóis, rosas, lírios e hortênsias...

-Tulipas – respondeu baixinho – quero tulipas...


Juugo apertou um pouco o menor em seu abraço, suspirando e pedindo com todas as forças que ele ficasse bem.


...


Vendo Juugo ficar mais calmo com a lembrança Sasuke o libertou do genjutsu. O ruivo agora tinha os olhos marejados, sabia que a saudade no peito dele doía, não só porque viu o que ele havia visto, mas sim porque já sentira na pele o mesmo por Naruto.


-Ele tá bem, Juugo – repetiu agora que o outro estava mais calmo – E quer muito ver você - entregou-lhe a autorização junto ao pergaminho - Imagino que queira vê-lo também.


O ruivo limpou os olhos de qualquer lágrima que poderia vir a derramar e suspirou olhando para o envelope agora em suas mãos.


-Não tem nada que eu deseje mais do que isso – declarou.


~~//~~


Juugo caminhava em direção as areias do deserto quente de Suna, sua cabeça era vítima do conflito de pensamentos e de um turbilhão de sentimentos embaralhados, a maioria em relação ao medo que sentia em ficar frente a frente com Kimimaro depois de anos.


“Isso é loucura”


Sofria por antecipação... Como ele estaria? Sempre se preocupou demais com o amigo, a ideia de vê-lo mal lhe apavorava. Não estava presente quando Kimimaro foi dado como morto, nem estava presente na luta antes disso, não saberia dizer como ele estava hoje, depois de anos em... Um coma induzido.


“Céus... Isso é uma completa loucura. Vivo depois de... De anos, vivo depois de tudo isso e eu...”


Além disso a ansiedade em imaginar o que diria a ele depois de tanto tempo, como seria recebido. Ele havia se lembrado de si, era uma coisa boa, não era? Sua mente não descansava até categorizar todas as piores situações possíveis.

Seu corpo começou a suar, sua cabeça começou a doer, assim como seu coração começou a bater mais acelerado. O medo descontrolava seus sentidos e dava lugar a uma outra versão de si, uma a qual ele não gostava nem um pouco... Em sua cansativa viagem, onde mal havia parado para descansar fora pego por uma cena que chamou sua atenção.

Um ninho de pequenos passarinhos estava caído, três filhotinhos choravam desesperados pela mãe e pelo medo. Completamente vulneráveis e desprotegidos, não havia a possibilidade de simplesmente virar as costas e seguir viagem. Então parou, colocou seus pertences no chão ao lado da árvore e se abaixou.


-Olá amiguinhos, o que houve aqui? A mãe de vocês vai ficar doida de chegar e encontrar a casinha uma bagunça, não é? - gentilmente pegou os filhotes, que pararam de chorar para lhe encarar com os olhos assustados.


Os pequenos iniciaram uma barulhenta explicação de como vento forte havia derrubado o ninho deles, Juugo sorriu de forma doce acariciando um por um a fim de que se acalmassem, em seguida apoiou os três em seus ombros antes de recolher o ninho, sem maiores dificuldades subiu na árvore e arrumou o local onde este deveria ser posto fortificando-o para que não caísse mais.


-Prontinho, seguros novamente. Se comportem até a mãe de vocês voltar, sim? Não precisa agradecer – sorriu para os pequenos, afagando suas penas antes de se despedir e descer da arvore.


...


Juugo havia se acalmado, sua raiva havia sido amenizada e os pensamentos dolorosos deixaram sua cabeça, por hora, e isso o deixou aliviado, pois não queria correr o risco de ter um ataque bem ali ou pior, em Suna. Conseguir simplesmente ignorar aquilo tudo e permitir que suas pernas o levassem ao restante do caminho...

Não tardou muito para se encontrar diante dos portões de Suna, onde dois guardas o encaravam de longe, parou diante deles e mostrou sua autorização para adentrar à vila. Foi levado direto para a sala do Kazekage, este já o aguardava.


-Senhor Kazekage – o homem que recebeu Juugo se pronunciou assim que abriu a porta da sala do ruivo – O convidado que o senhor esperava já chegou.


Gaara, que até então olhava para alguns papéis em sua mesa, subiu o olhar para encarar Juugo, este que fez uma breve reverência em cortesia ao kazekage. O homem que o acompanhava deixou a sala quase que de imediato para voltar a seu posto.


-Você deve ser o Juugo – Gaara se levantou de sua cadeira caminhando até o convidado - É um prazer finalmente conhece-lo, já ouvi algumas histórias sobre você.


O kazekage estendeu a mão para um aperto que foi prontamente correspondido. Com o olhar guiou Juugo para que se senta-se, e tornou a sentar-se também.


-Fez uma boa viajem? - perguntou Gaara, terminando de organizar alguns papéis em sua mesa - Acredito que esteja cansado, gostaria de repousar primeiro?

-Obrigado, senhor – o tom de Juugo era sério e firme – No entanto, se não for lhe incomodar, eu gostaria de poder ver Kimimaro primeiro.

-Certamente - balançou a cabeça de forma positiva – Mas tem coisas que você deve saber antes – informou – Imagino que o Hokage tenha te passado as informações que enviei, mas tem diversas coisas que eu gostaria de explicar pessoalmente.


Juugo meneou com a cabeça atento as palavras do homem, gostaria muito de entender como toda aquela situação aconteceu.


-Bom, não sei se você está ciente, mas Kimimaro travou uma batalha... Mortal contra mim e um ninja da aldeia da folha: Rock Lee – Gaara tentava soar o mais tranquilo possível para não preocupar o outro homem – Foi uma batalha árdua, Kimimaro definitivamente era muito forte mesmo para nós dois, e resistiu bastante até que Lee e eu conseguimos imobiliza-lo...


...


"Não foi lavagem cerebral. Eu tenho minhas próprias razões para agir assim. O que diabos você acha que sabe?!!"


Kimimaro estava tomado por muito mais do que só o impulso de matar, dominado pelo poder da marca da maldição que agrava os sintomas das suas dores o fazendo se cansar muito mais rápido do que estava acostumado. Iria se sacrificar por um bem maior, seu mestre havia confiado essa última tarefa a ele e iria executá-la a qualquer custo.

Enquanto se preparava para atacar, Gaara e Rock Lee avaliavam as opções daquela batalha, o ruivo estava um tanto incomodado com aquela cegueira absurda... Ele mesmo havia passado por muitos momentos de engano, acreditando que o segredo para viver estaria na indiferença para todos que não fossem ele mesmo, amar a si mesmo e ninguém mais... Kimimaro estava do outro lado desse extremo, onde não nutria amor próprio a ponto de se sacrificar por alguém que o usava de uma forma horrenda e desumana.

Gaara havia aprendido com Naruto... Que as coisas não precisavam ser daquela forma, gostaria de poder ajudar também. Movido por esse impulso, fez uma parede alta de areia a fim de distrair o adversário, atacando-o com o que tinha restado de chakra. Olhando para Rock Lee, que estava tão exausto quanto ele puxou três objetos do seu compartimento ninja.


-Lee – chamou seu nome, sendo prontamente atendido.


Atirou dois desses objetos para o outro, na esperança de que este entendesse seu olhar sem precisar falar nada, não tinham muito tempo para por aquele plano em ação e tentar impedir uma morte desnecessária. O especialista em taijutso pegou-os no ar olhando o conteúdo, olhou de soslaio para Gaara, que acabava de engolir uma pílula de ração militar está que que ajudava a reabastecer o chakra. Lee acenou em entendimento, havia compreendido o plano do ruivo.

Respirando fundo, ingeriu a outra pílula que este havia lhe dado, esta era para aumentar a quantidade de sangue e energia, coisa que já havia perdido e muito nessa luta, acenaram em concordância mútua do que fariam a seguir. Lee rapidamente se moveu começando a rodear a área ao redor de Kimimaro, Gaara movimentou muitas boas de areia ao mesmo tempo tentando encurralar o albino, até que conseguiu fazê-lo tropeçar em sua areia. Rock Lee praticamente voou na direção do inimigo grudando um selo de chakra em sua testa.

No momento seguinte a marca da maldição retrocedeu, perdendo o efeito sobre o último sobrevivente do clã Kaguya, este selo tinha a capacidade de suprimir todo o chakra, impedindo que o ninja utilizasse mais. Gaara avançou com sua areia imobilizando os braços e pernas do inimigo enquanto Rock Lee golpeava-o de tal forma que perdeu a consciência, desmaiando devido a fraqueza e ao golpe.


...


-Trouxemos o corpo dele em segredo para Suna, por ser de um clã praticamente extinto... – explicou - Kimimaro foi visto como valioso e... Bem, eu pedi que ele fosse tratado no melhor hospital...- Gaara coçou a nuca um pouco sem graça por ter guardado a informação - Os demais detalhes médicos eu não sou capaz de fornecer, mas recebemos uma ajuda completamente inusitada nos últimos cinco anos e graças a essa pessoa Kimimaro conseguiu finalmente acordar depois de anos em um coma induzido a fim de preservar sua vida.


Gaara pediu à Kankuro, que chamasse a tal médica para a conversa e para a surpresa de Juugo, era ninguém menos que Tsunade Senju, uma das Sanins lendárias. Tsunade adentrou a sala mantendo uma postura séria, sendo acompanhada por Shizune e Tonton a porquinha de estimação delas.


-Kazekage – Shizune fora a primeira a cumprimentar sendo seguida por Tsunade.

-Shizune, Tsunade – Gaara retornou o cumprimento – Gostaria de apresenta-las a Juugo, o amigo ao qual Kimimaro mencionou.


A loira foi a primeira a se virar para o convidado estendendo a mão para que o outro apertasse, ele prontamente o fez. Mais de perto Tsunade parecia realmente cansada, o ruivo não soube dizer se era do trabalho ou da idade, talvez fosse de ambas as coisas.


-Sou Tsunade Senju – se apresentou – A médica responsável pelo tratamento de Kimimaro, e está é minha assistente Shizune – apresentou - é bom finalmente conhecê-lo Juugo.

-O prazer é meu em conhecer a médica que salvou o Kimimaro – o olhar dele era de admiração - Eu nem sei como agradecer a vocês... - seu olhar baixou um pouco constrangido - ainda acho uma completa loucura, nada faz sentido... Ele estava morto e agora não está mais.


“Chorei sua morte, fiz orações para sua alma... Olhava para o céu pensando onde estaria... Você esteve aqui por todo esse tempo!”


Percebendo a confusão do homem ruivo, a Senju apoiou uma mão em seu ombro.


-Eu entendo como se sente, também ficaria assim se alguém me dissesse que... Eu estaria muito feliz se as pessoas que mais amei ainda estivessem aqui, mesmo que soubesse depois de tanto tempo... E o caso é que eles não estão. Você tem sorte de poder revê-lo.

-Eu sou muito grato por isso, doutora Senju, não me leve a mal – se explicou rapidamente - Só que tudo é muito... Irreal...

-Eu entendo – Tsunade balançou a cabeça concordando – Gostaria de lhe explicar as circunstâncias do estado de Kimimaro...


No mesmo momento alguém bateu a porta, Kakuro abriu levemente colocando apenas a cabeça para dentro da sala.


-Gaara, o Lee tá aqui pra ver você - anunciou – Eu fiquei confuso entre deixar ele entrar ou pedir para esperasse aqui fora.

-Pode manda-lo entrar – declarou – Gostaria que ele também conhecesse o Juugo, afinal ele quem enviou as informações para Naruto.


Rock Lee entrou na sala com sua costumeira energia e com um enorme sorriso no rosto, cumprimentou as pessoas na sala e se colocou ao lado de Gaara o cumprimentando de maneira mais formal, afinal ele era o Kazekage.


-Lee, este é Juugo, ele é amigo do Kimimaro – apresentou – Juugo este é Rock Lee, o ninja da folha que lutou ao meu lado contra o Kimimaro...

-E namorado dele – interrompeu Tsunade com um enorme sorriso no rosto se voltando para Juugo – Eles não fazem um lindo casal?


Este não soube responder a pergunta, muito menos ambos os dois outros homens conseguiram dizer alguma coisa, pois ficaram vermelhos demais para conseguir comentar alguma coisa. Shizune cotovelou o braço de Tsunade a repreendendo.


-Que? – a loira se fez de desentendida – Não tem para que ser tímido se vocês já assumiram isso publicamente.

-Está não é a questão, Tsunade – Gaara disse depois de pigarrear algumas vezes retomando sua postura – Só é uma informação meio... Desnecessária para nosso convidado.

-Eu não me incomodo – Juugo pôs-se a dizer - Meus parabéns ao casal – disse da maneira mais sincera que conseguia, afinal a situação ainda era um pouco estranha e ele mal conhecia ambos os homens.

-Obrigado – disseram os dois.

-Bom... – continuou Gaara – Acho melhor deixá-los a sós para que Tsunade e Shizune lhe explique toda situação – o Kazekage se levantou – Vamos Lee, venha comigo mandar uma mensagem para Naruto comunicando a chegada de Juugo.

- Com licença – disse Lee antes de sair da sala com seu Kazekage.


De forma despretensiosa a loira deu a volta na mesa se sentando no lugar onde o Kazekage se sentava, Shizune ainda tentou impedir, mas sem sucesso algum.


-Bom, Kimimaro passou anos induzido ao coma. A equipe médica de Suna preservou a vida dele com aparelhos e supressão de chakra, assim ele não poderia correr livremente pelo corpo...


As mãos de Tsunade se apoiaram na mesa e se ajeitou na cadeira tornando sua postura ainda mais ereta, o que a deixou ainda mais séria.


-...Após a guerra eu deixei meu posto de Kage, para que Kakashi tomasse a frente e vim andar pelo mundo novamente... Cheguei a Suna por mero acaso e vim cumprimentar Gaara, então ele abriu as informações sobre o estado de Kimimaro e me pediu ajuda...


Seus olhos atentos aos de Juugo que até então apenas prestava atenção sem esboçar tantas reações, suspirou para começar a falar da parte mais séria.


-...Pesquisei sobre o clã Kaguya, li antigos pergaminhos e cheguei a visitar o local onde eles costumavam viver para ver se tinha alguma informação... E eu encontrei...Contraindicações e cuidados específicos, sua Kekkei Genkei o Shikotsumyaku...


Parou um momento tentando escolher as melhores palavras a fim de explicar de maneira clara sem que Juugo ficasse preocupasse em excesso e acaba-se ficando mal também. Havia lido coisas suficientes sobre a particularidade do ruivo, sabendo das complicaçoes advindas de sua bipolaridade.


-...Após muito tempo de estudo nós acabamos vendo um padrão nos sintomas de Kimimaro, sempre que a doença dava uma trégua graças as frequentes supressões de chakra os sintomas voltavam ainda piores – explicou – Ele tinha frequentes inflamações, inchaços e sua estrutura óssea estava extremamente debilitada, esta foi a principal causa de no começo acharmos que a doença era por causa de seu Kekkei Genkei, contudo estávamos redondamente enganados...


Tsunade olhou para Shizune a chamando para se aproximar com a mão, ao ter Shizune ao seu lado a loiro retornou a falar.


-...Foi Shizune quem me questionou e induziu a ver por outro ponto de vista onde a doença poderia ser causada pelo organismo natural dele, e que o Kekkei Genkei não influenciava nos sintomas – sorriu – Foi graças a isso que mudamos as pesquisas para outra direção e acabamos achando uma doença rara chamada tuberculose, ela agride o pulmão em extremo, mas este ainda não era o caso de Kimimaro – pontuou - Descobrimos que o caso dele era um outro tipo de agravante causado pelas mesmas bactérias, mas do tipo não contagioso. Kimimaro tem tuberculose do tipo ósseo.


Juugo agora tinha a expressão de choque. Ele não entendia muito sobre procedimentos médicos, mas sabia como Kimimaro estava antes de supostamente morrer. Era incrível como Tsunade conseguira descobrir a origem da doença.


-Mas... Isso tem cura? - perguntou um tanto desesperado – Ele vai ficar bem?

-Demorou um pouco para acharmos a combinação química a fim de elaborarmos um medicamento, isso já foi feito e Kimimaro já conseguiu acordar do coma como você ficou sabendo – explicou – No entanto seu sistema neurológico está um pouco debilitado, por isso seu corpo deve passar por várias fisioterapias e mais alguns procedimentos para que ele volte a ficar cem porcento saudável, mas com dedicação ele vai conseguir voltar ao normal mais rápido que o esperado.

-Eu... - Juugo coçou a nuca meio incerto sobre a pergunta que queria fazer – Posso vê-lo?

-Claro que sim - Tsunade sorriu – Venha comigo.


...


Juugo caminhou pelos corredores do hospital sentindo o estômago apertar, e o ar faltar aos pulmões a cada lufada. Tsunade, que andava a sua frente, lhe encarava de rabo de olho e sorria de maneira terna e compadecida com sua situação.


-Bom, peço que tenha calma, ele pode não se recordar muito bem das coisas e como eu já disse o estado de seu corpo está debilitado, ele não pode se esforçar demais – explicou novamente – Isso vai ser emocionante – comentou abrindo a porta.


A sala dava para ala terapêutica destinada a pacientes com problemas físico motores, ali havia vários ninjas concentrados em fazer exercícios para melhorar seus movimentos e poder fazer com que os músculos e nervos tornem a trabalhar em perfeita sincronia novamente.


-Venha – ouviu Tsunade dizer – Optamos por deixar Kimimaro na ala particular.


Andaram mais um pouco até que estivessem frente a uma porta onde Tsunade abriu com uma chave guardada em seu jaleco, parecia o tipo de local que poucos tinham acesso.

Quando a porta se abriu Juugo sentiu as próprias pernas tremerem ao ver Kimimaro. O outro estava mais velho assim como ele próprio, ainda era tão magro quanto se lembrava e seu cabelo parecia ainda maior, o que era incrível. O mesmo se apoiava em duas barras de ferro nas laterais de seu corpo, essas estavam presas ao chão, ele caminhava com certa dificuldade de uma ponta a outra, parecia se esforçar bastante devido a sua concentração e o suor em sua testa.

O ruivo sentiu o ar escapar por completo, ele estava tão diferente, mas sem dúvida era Kimimaro, seu Kimimaro. E está vivo e bem, dentro do possível. Só de saber que poderia falar com ele, vê-lo sorrir, ou ouvi-lo falar sobre as flores novamente... Uma lágrima, seguida de outra e outra, escorreu pelo rosto de Juugo. Estava extremamente feliz por ter Kimimaro de volta.

Um soluço sôfrego, advindo do fundo de sua garganta se fez audível e ecoou na sala silenciosa, isso chamou a atenção dos integrantes diretamente para si... Kimimaro que estava tão concentrado desviou sua atenção para a porta e então todos que estavam no ambiente se calaram aguardando a comoção.

Juugo chorava sem receio ou vergonha, observava o albino no exato momento que este olhou em sua direção...

Kimimaro ainda olhou confuso, contudo não demorou para reconhecer o rosto e a cor do cabelo daquele que habitava suas recordações, sem a necessidade de palavras o albino soltou uma das mãos da barra de apoio e estendeu em sua direção. Juugo não demorou mais que um segundo para avançar em sua direção abraçando-o com ternura e cuidado, sentia medo de machucar seu corpo frágil e ao mesmo tempo queria apertá-lo contra seu corpo e garantir que nunca mais se afastasse.

O albino cedeu em seu abraço, quando soltou a outra mão do apoio para enlaçar seu pescoço e se apoiar ali, Juugo por sua vez abraçou sua cintura escondendo o rosto choroso em seu ombro.


-Eu não acredito... Não acredito nisso. Kim...

-Juugo, você veio mesmo – sua voz era suave e emocionada, tão doce quanto podia se lembrar. Kimimaro era um homem poderoso, mas sempre fora uma pessoa gentil e carinhosa... Só Deus sabia o quanto sofreu e o luto que sua alma entrou após a sua morte.

-Mas é claro que sim, por você eu atravessaria o mundo, Kim. Me arrependo de muitas coisas, mas a coisa que mais me irrita é ter aceitado a sua morte sem ver o corpo... Eu poderia ter ficado ao seu lado...

-Juu, eu estava em coma. De nada adiantaria você me encontrar... Eu não me lembro de muitas coisas ainda, tudo está muito bagunçado na minha cabeça.


Juugo afastou o rosto para poder encarar o menor nos olhos, sustentava seu corpo com apenas um braço, vê-lo tão debilitado por anos em que enfrentou uma batalha pela própria vida o fazia sofrer ainda, mas sabendo que ele estava se esforçando a cada dia arduamente para se recuperar o fazia admirá-lo ainda mais. Afagou os cabelos que caiam em cascatas por seu pescoço, afastando-os do rosto bonito, para lhe sorrir.

Kimimaro secou as lágrimas do maior.


-Não se preocupe, vai lembrar de tudo com o tempo. Agora você só precisa se concentrar em melhorar, eu ficarei com você aqui pelo tempo que for preciso.


~~//~~


Juugo acompanhava Kimimaro todo tempo. Ajudava-o da maneira que podia com exercícios terapêuticos, alimentação saudável e regrada além do apoio físico e moral para que não desistisse, e se preocupava sempre que este fazia uma pausa dizendo sentir dor. Acompanhava-o nos exames juntando a mão na dele para mostrar que estava ali com ele e se alegrava ao ver que o estado dele melhorava cada vez mais e mais.

No entanto a preocupação excessiva do ruivo veio a se tornar um problema no momento em que o estado de Kimimaro começou a influenciar em suas variações de humor e sentimentos.

Kimimaro estava deitado em sua maca terminando de tomar o soro diário, já fazia duas horas que ele conversava com Juugo de maneira sonolenta por causa do remédio, e apesar da insistência para que ele dormisse Kimimaro se recusou alegando querer continuar conversando com ele.

Juugo contou das coisas boas de sua vida. Falou sobre a Taka e como eles eram bons companheiros de equipe e ótimos amigos. Evitou comentar sobre Orochimaru, não queria que Kimimaro se alterasse por causa dele, sabia que ele era uma das únicas pessoas que se importava com o bem-estar da cobra.

Quando o soro terminou Kimimaro foi erguido para ir a um quarto mais confortável e pudesse descansar, no entanto no momento em que ele se apoiou no enfermeiro acabou colocando peso demais e confiando na força do outro homem, este se desiquilibrou o que resultou no paciente caindo no chão.

Ao ouvir Kimimaro reclamar de dor Juugo começou a ficar furioso, sua respiração começou se acelerou e as veias em seus braços começaram a se tencionar de raiva. Ele empurrou o enfermeiro para longe do amigo, seu olhar transmitia o ódio que sentia ao vê-lo no chão.

Juntando o pouco de sua força Kimimaro ergueu sua mão para alcançar o punho fechado de Juugo, precisou apertar sua mão contra a dele para que este volvesse sua atenção do enfermeiro para ele.


-Juugo – seu olhar era de suplica – Por favor, me ajuda a levantar – pediu para fazê-lo esquecer do enfermeiro.


Apesar da raiva Juugo se abaixou pegando Kimimaro no colo com cuidado para não machucar ainda mais. O outro aproveitou o momento para acariciar os fios da nuca do ruivo para amenizar a raiva deste, sorriu ao ver que a respiração começava a normalizar. Juugo o colocou sentado de volta na maca para que ele ficasse em segurança.

Ainda agarrado ao amigo, Kimimaro olhou para o enfermeiro em um pedido mudo que os deixasse a sós para que não houvesse mais riscos. Este que prontamente saiu da sala um pouco assustado.


-Tá, tudo bem – seu tom era calmo para tranquiliza-lo – Foi um acidente, mas eu estou bem. Vê?

-Você podia ter se machucado de verdade, você sabe que seus ossos... - Juugo tentou argumentar.

-Sim eu sei, mas estou bem – insistiu – Obrigado por se preocupar comigo – beijou a bochecha dele – Mas agora respira e se acalma, foi só um susto.

Juugo inspirou e respirou se acalmando, estava ao ponto de querer matar o enfermeiro.

-Posso te levar eu mesmo para seu quarto? - pediu demonstrando ainda um pouco de nervosismo.

-Claro – o sorriso de Kimimaro era doce.


De forma protetora sustentou o corpo do menor, e com muito cuidado o acompanhou de volta ao quarto, ajudou para que se acomodasse na cama e ficou ali, com os dedos entrelaçados aos dele para que dormisse.


~~//~~


Gaara trabalhou arduamente naquele dia, burocracias de ser o Kazekage, complicações para evitar novos conflitos entre a Aliança Shinobi, investimentos em melhorias para sua vila... O escândalo do seu namoro com Rock Lee, seu filho e a academia... O filho adotivo de Lee. Shinki e Metal Lee pareciam aceitar bem o relacionamento dos pais, o verdadeiro problema eram as demais pessoas e principalmente os feudais.

O relacionamento já possuía complicações, já que Rock Lee passava a maior parte do seu tempo na aldeia da folha junto a seu filho, a distância apesar de ser algo frequentemente discutido na relação acabava afetando de certa forma, o que é natural devido ao desejo de estarem juntos, mas nem Gaara e nem Rock Lee estavam prontos para deixar as coisas de lado e viverem juntos, ambos tinham suas vidas completamente separadas em suas respectivas aldeias.

Embora o assunto da distância fosse algo complicado quem mais temia eram os meninos, ambos tinham seu próprio círculo de amizades... Aquilo seria difícil, principalmente para uma criança, se adaptar a um lugar novo. Muito embora um começasse a ajudar o outro a se enturmar quando Rock Lee estava em Suna, ou quando Gaara conseguia ir até Konoha.

Lee havia ido até Gaara naquela manhã, o mesmo teria que voltar para Konoha no dia seguinte, o exame chunnin já estavam chegando e Lee deveria ajudar nas preparações e auxiliar o treinamento de seus alunos antes da prova.


-Shinki está muito empolgado com as provas – comentou o Kazekage sorridente – Ele só fala em acabar com os ninjas da folha, sabe como é, crianças são muito competitivas.

-Sim, eu me lembro bem da nossa luta – Lee riu, aquela já não era mais uma lembrança dolorosa para si há muito tempo - Já avisei ao Metal para não subestimar os ninjas de Suna, vocês têm muito fogo.


Gaara sorriu de forma maliciosa, apesar de saber que Lee não havia feito uma piada de conotação sexual em sua fala, este sempre seria o ‘gentil e inocente Lee’.


-Shinki não será tão agressivo quanto eu – constatou – Mas de fato... Os ninjas da folha nunca devem nos subestimar. Meu filho está muito forte.

-Metal também - Lee comentou empolgado – Ele treina tão duro quanto eu, todos os dias.

Gaara balançou a cabeça concordando, afinal ambos eram extremamente parecidos um com outro. Tanto na aparência, quanto na personalidade.

-Mas a melhor parte das provas é ter você em Konoha por um tempo – Lee prosseguiu entrelaçando a mão na de Gaara por cima da mesa - Não gosto de ficar longe de você.

O Kazekage corou um pouco sem jeito e pigarreou tentar sumir com o rubor nas bochechas, mas falhou. Ele sorriu de maneira doce para o namorado antes de concordar.

-Também sinto muito sua falta – a mão de Gaara subiu para o rosto de Lee acariciando sua bochecha – Mas infelizmente ainda não podemos viver juntos, não só pelas nossas obrigações quanto pelos idiotas dos...

-...Senhores feudais – completou Lee já conhecendo aquele discurso – Por que esses velhos têm de se meter tanto nas nossas vidas?

Gaara sorriu novamente, desviando os olhos para a janela...


Houve uma época em que deixou de acreditar no amor, então Naruto o salvou e ele acabou se apaixonando profundamente pelo atual Hokage... Infelizmente este só tinha olhos para outra pessoa e enciumado, acabou falando algumas verdades cruéis na cara do loiro... Ainda se arrependia da memória de vê-lo cair aos seus pés, agarrado ao casaco, apertando-o em desespero quando disse que Sasuke teria que morrer e que já não havia salvação para ele... E desmaiou ali mesmo.

Sentiu inveja daquilo, pois queria ser ele a provocar tais sentimentos no Uzumaki. Contudo, o tempo se encarregou de unir os caminhos de Rock Lee aos seus. No velório de Neji Hyuuga o moreno chorava desolado, Lee nunca se importou com orgulho e essas bobagens e talvez tivesse sido isso que chamou sua atenção, ele era totalmente espontâneo e alegre, extrovertido... Seu total oposto, se aproximou dele pousando a mão em seu ombro para chamar sua atenção, contudo o que obteve em resposta foi um caloroso e apertado abraço, ele chorara em seu ombro na frente de todos, se sentiu envergonhado sim, mas jamais o empurraria para longe e trazer seu corpo para mais próximo foi o primeiro passo.

Quando Naruto se casou com Hinata, Gaara compareceu à cerimônia...Contra a sua própria vontade, mas foi. Aquilo era um grande erro, nem ele e nem Sakura entendiam por que ele estava fazendo isso, em seu olhar via a mentira, suas juras de amor soavam amargas aos seus ouvidos e a todo momento o loiro olhava para fora, ou procurava alguém em meio aos convidados, sim ele sabia quem Naruto procurava, só não entendia o que havia levado a cometer aquele erro... Quando ouvira “Alguém tem algo contra essa união, fale agora ou cale-se para sempre”, sentiu vontade de interromper tudo “Nossa...Por onde eu começo?!”, pensou de braços cruzados.

Sim estava irritado!

Rock Lee se sentou ao seu lado na festa, ambos já eram meio que amigos nessa época, o moreno notou que estava incomodado e acabou lhe fazendo companhia naquela noite. Em algum momento, enquanto Gaara tomava champanhe, Lee acabou lhe perguntando o porquê de ele ter ficado daquela forma durante a cerimônia. Resolveu responder a ele que não acreditava que Hinata fosse o par ideal para Naruto.

A resposta pareceu fazê-lo pensar e resultou no questionamento de quem seria o par ideal para Naruto, se lembrava de como tinha feito o champanhe descer rápido por sua garganta e se auto questionar se seria uma boa ideia responder aquela pergunta, acabou dando de ombros e deixando um mistério no ar ao dizer “Esta pessoa não está entre nós hoje”. Lee poderia interpretar da maneira que quisesse, não seria ele a revelar os segredos íntimos de Naruto.


No fim ambos acabaram mantendo cada vez mais contato até se tornarem o casal que são hoje.

 

Gaara despertou de seus pensamentos ao ouvir o toque da chamada com o nome de Naruto brilhando na tela de seu computador. Franziu o cenho tentando lembrar o motivo do Hokage estar lhe ligando àquela hora...Acabou se lembrando de que combinaram de conversar sobre o estado de Kimimaro.


-É o Naruto – comentou com Lee – Marcamos de falar sobre o estado de Kimimaro.

-Tudo bem, vou deixa-lo trabalhar, tenho mesmo que voltar para Konoha - Lee se levantou de forma rápida indo até o ruivo – Vou sentir saudades...


Apoiou as mãos no encosto da cadeira de Gaara para se inclinar e lhe dar um beijo rápido de despedida, afinal Naruto ainda estava aguardando para ser atendido. Gaara e Lee sorriram um para o outro.


-Também sentirei saudades – revelou.

-Te ligo mais tarde – roubou mais um beijo – Nos vemos logo – e mais um.

-Certo...


Lee se afastou por definitivo mandando um beijo no ar para o Kazekage antes de deixar a sala. Gaara se sentiu bobo por dar um suspiro apaixonado, Lee causava isso nele.

Ajeitou a postura e pigarreou voltando a se concentrar, agora sério, antes de finalmente atender a ligação. Em sua tela apareceu Naruto, com seu típico manto de Hokage, a roupa laranja berrante por baixo e o cabelo cortado, mas ainda rebelde. E ao seu lado, para a surpresa do ruivo, estava Sasuke, com o cabelo tapando um de seus olhos, a roupas costumeiras em tons escuros, uma longa capa escura e a típica carranca de sempre.


-Oi – Naruto foi o primeiro a se pronunciar – Demorou para atender...

-Estava ocupado, me desculpe por isso – respondeu de forma serena, tentando esconder o riso ao notar o olhar crispado do moreno em sua direção - Olá Uchiha, fazendo sua visita anual ao Hokage?


Apesar de ainda estar com a face inexpressiva Gaara conseguia ver nos olhos do Uchiha que conseguiu irrita-lo com o comentário.


-Minhas visitas ao Hokage são de interesse particular entre ele e eu, mas muito me admira que você esteja contando as vezes em que eu o visito – apesar do tom formal, quase foi possível ver o veneno escorrendo no canto da boca do moreno.


“Isso porque eles nem são um casal” - Gaara disse a si mesmo em pensamento.


Naruto que estava alheio a conversa olhou de um para o outro balançando a cabeça em negação. Nunca era uma boa ideia juntar duas pessoas extremamente orgulhosas por muito tempo.


-Já acabaram de se cumprimentar? - apesar de estar cansado da forma de agir dos dois, seu tom ainda era humorado – Podemos voltar ao que interessa ou as crianças ainda não terminaram?


Sasuke e Gaara reviraram os olhos para o comentário de Naruto, logo ele chamar alguém de criança, era pedir para ser zoado.


-Olha só quem fala, hoje mesmo eu vi você discutir com Shikamaru porque ele não quis te deixar comer porcarias no café - Sasuke rebateu – Muito me admira você achar que tem moral para chamar alguém de criança.


O loiro gaguejou, em uma expressão totalmente cômica na opinião de Gaara. Que riu de lado enquanto o Hokage se virou para discutir com o Uchiha ao seu lado, em seu interior o ruivo torcia para que eles se acertassem de uma vez por todas. Após uma breve discussão dos dois, ao qual o Kazekage fez questão de assistir de camarote, ambos viraram a cara um para o outro como... Duas crianças birrentas.


-Podemos voltar ao que interessa, ou as duas crianças não terminaram ainda? - alfinetou Gaara, devolvendo a pergunta de Naruto. Sasuke iria responder, mas o ruivo cortou sua resposta brevemente – Kimimaro está se recuperando lentamente, ele está sendo diretamente acompanhado por Tsunade e Juugo o acompanha a todo momento.

-Como Juugo está? - Sasuke perguntou primeiro, ignorando o resto.

-Ele é instável, eu deixo alguém sempre de olho nele... Infelizmente não podemos confiar em deixá-lo sozinho, mas quando está com Kimimaro fica extremamente calmo.


Sasuke concordou meneando a cabeça. Juugo já havia lhe contado em como Kimimaro tinha aquele dom de fazê-lo se acalmar quando o próprio Uchiha conseguiu fazê-lo pela primeira vez. Sabia como Juugo poderia ser perigoso em um ataque de raiva, a natureza do seu chakra era perigosa e infelizmente não era seguro deixa-lo sem vigilância.


-Bom – Gaara retornou a falar – Juugo tem uma preocupação muito grande pelo estado de Kimimaro e isso acaba instabilizando suas variações de humor e emoções, recentemente ele agrediu um enfermeiro por um acidente, Kimimaro acabou caindo no chão e ele quase atacou o homem... - resolveu contar - É uma preocupação a mais que devemos ter, mas ambos fazem bem um ao outro.

-E Kimimaro? Já conseguiu se lembrar de mais alguma coisa? - Naruto quem perguntou.

-Bom, pelos relatos de Juugo ele se lembra mais de momentos entre os dois, memórias até agora mais “felizes”, também se lembrou de momentos que passava com o quarteto do som, mas nada muito agravante por enquanto.

-Tsunade já lhe disse o que pode vir a acontecer no caso de as memórias dolorosas começarem a ressurgir? - Naruto perguntou curioso - Não é arriscado?

-Tsunade disse que o mais comum é que ele venha lembrando através de sonhos, ou pesadelos, quando o cérebro está mais descansado, pelo menos é o que ela acha, não tem como ter cem porcento de certeza sobre o que vai acontecer, mas tudo na situação atual de Kimimaro é arriscado.


Naruto concordou, mas seu olhar baixou como se quisesse entrar em um assunto ainda mais delicado. Sasuke suspirou pesaroso, era provável que ambos já tivessem conversado sobre o que quer que seja que queriam comentar.


-Está estampado na cara de vocês que tem mais alguma coisa – comentou o Kazekage – Falem logo.

-E que... - Naruto coçou a nuca ainda incerto – Quando Kimimaro melhorar, talvez já se lembrando de Orochimaru, o que você acha que deve ser feito? Você sabe que todos os membros da equipe de Orochimaru, Sasuke principalmente, pagaram um preço para continuarem aqui. Aqueles velhos podem ver Kimimaro como uma ameaça - decretou – Apesar de que nós o defenderíamos eu já estou completamente soterrado de problemas com os senhores feudais...


O kazekage concordou, ele também estava enfrentando problemas por causa de toda aquela situação com Lee e os meninos. Não sabia dizer se também era seguro que ele respondesse por Kimimaro, ambos estavam com nome sujo na praça.


-Daremos um jeito – suspirou – Kimimaro merece uma chance e vamos lutar para dar isso a ele, o coitado já sofreu demais.


Naruto e Sasuke concordaram mutuamente. Se tem uma coisa em que eram conhecidos era por seu orgulho, persistência e teimosia, Naruto principalmente. Não desistiriam de Kimimaro.

Gaara ouviu batidas na porta e Kankuro passou por ela para anunciar que Juugo queria falar com ele em particular, pediu para que esperasse uns cinco minutos para finalizar a chamada com Naruto e Sasuke.


-Bom, eu manterei vocês informados de quaisquer novidades – declarou – Preciso desligar agora, bom trabalho, Naruto. Tchau Uchiha, vê se não some...

Naruto riu e antes que Sasuke respondesse atropelou as palavras do outro.

-Para você também Gaara, e o Teme vai ficar por um bom tempo comigo, porque ele me adora – sorriu - Né, Sasuke?

-Nos seus sonhos...


Ambos entraram em uma nova discussão e Gaara achou melhor desligar, já haviam se despedido de qualquer forma, mas se Sasuke fosse realmente ficar era um bom sinal, talvez as coisas finalmente se acertassem entre os dois...

Juugo deu dois toques na porta e prontamente foi convidado a entrar por Gaara, o ruivo se levantou indo cumprimentá-lo e se sentou na poltrona confortável em frente a uma lareira apagada no momento. Convidou o outro homem a se sentar à sua frente, se acomodaram de forma confortável. Juugo suspirou de forma cansada, passando a mão no rosto.


-O que posso fazer por você, Juugo? - Gaara cruzou as pernas com uma expressão séria, porem amena.

-Eu... Sinto medo de fazer algo errado, eu sei que tem pessoas me observando em todas as horas do dia... – o Kazekage tentou disfarçar a expressão um tanto surpresa... Então ele já havia percebido? - Eu entendo os motivos, não o crítico por zelar pelo bem do seu povo, mas eu realmente sinto medo de fazer algo errado e machucar pessoas.


Gaara balançou a cabeça concordando com o outro homem, se havia algo que compreendida era como ter medo de si mesmo e de um poder que não se tem controle. Sua intenção nunca fora deixar Juugo desconfortável ou ofendido, pelo contrário, também se preocupava com a segurança deste.


-Eu entendo, e como posso te ajudar com isso?

-Eu preciso de um lugar seguro, pra poder extravasar a minha raiva e não machucar ninguém - revelou – Eu... Não tenho auto controle e... Não quero machucar ninguém, eu não consigo diferenciar as coisas quando estou tendo um ataque e posso acabar machucando um de vocês, ou... Kimimaro... Não posso correr esse risco, por isso vim aqui pedir que me ajude...


O Kazekage acenou, concordando com Juugo, ainda pensou por mais alguns minutos até se levantar da poltrona e ir a sua mesa, retirou alguns pergaminhos desenrolando um em específico, este possuía a planta com todas as localizações e pontos turísticos da vila.


-Bom, aqui eu tenho um mapa de Suna - abriu o pergaminho na mesa - Podemos achar um lugar adequado para que você possa ficar.

-Obrigado.

-Talvez você pudesse ter algumas aulas sobre o controle de chakra, acho que isso te ajudaria a armazenar sua energia de uma maneira mais eficaz e conseguiria equilibrar melhor as coisas – sugeriu o Kazekage – Eu acho que eu poderia te ajudar com isso, afinal nem sempre eu tive um real controle do meu poder.


Juugo arregalou os olhos, ele não sabia dizer se concordava com a ideia. Não que ele não soubesse como armazenar o chakra, mas era uma quantidade muito grande para lidar muitas das vezes, talvez fosse uma boa ideia, não tinha nada a perder com isso.


-Tem certeza disso? Você é um homem ocupado e eu... Posso não ter uma real salvação - coçou a nuca constrangido - Não sei se valho a pena...


Gaara olhou para o pergaminho vendo algumas cavernas no leste de Suna e sorriu.


-Acho que só vamos descobrir se você der uma chance a si mesmo – seu tom era confiante, chegava a assustar para quem não estava muito acostumado a ver reações diversas advindas de Gaara – Meu trabalho é fazer o melhor para as pessoas, seja de Suna ou não, então não me custaria nada ajudar você.

-Obrigado – Juugo se aproximou para apertar a mão do Kazekage - Por me ajudar, de verdade.

-Olha – apontou para as cavernas no mapa – Podemos traçar uma rota mais rápida nesta direção, aqui você vai poder tanto extravasar quanto treinar para obter mais controle.

Juugo balançou a cabeça atento ao local que Gaara mostrava no mapa, parecia ser mesmo bem isolado onde não haveria perigo para as outras pessoas.


~~//~~


Kimimaro sorria como uma criança para Juugo que estava com as mãos completamente sujas de terra, como as dele.

Ambos estavam no jardim do hospital, agachados em frente ao canteiro vazio cavando um espaço para começar a plantar. Infelizmente devido ao clima mais quente, Suna não tinha uma variação muito grande de plantas que ambos poderiam conseguir plantar, demorou ainda mais para conseguir as sementes e entregar a Kimimaro, porém todo esforço valia a pena ao ver o sorriso doce estampado em seus lábios.

Escavavam utilizando a pequena pá de jardinagem, mas ainda assim conseguindo sujar suas mãos e roupas de um jeito atrapalhado. Plantavam uma muda de rosa do deserto, a passagem do jarro para o jardim lhes sujando ainda mais, o que só aumentou as risadas. Enfim plantada a flor tinha ficado muito bonita.


-Essa terra seca faz bem a este tipo de planta, mas diferentes dos cactos, essa flor consegue se adaptar bem a água - comentou Kimimaro - Não ficou linda?

-Muito – respondeu observando o outro - É bom te ver tão feliz - o comentário deixou sua boca sem filtro algum.


Kimimaro corou e acabou sujando o rosto de terra quando tentou usar as mãos para disfarçar seu rubor, o que causou boas risadas do ruivo.


-Não ria de mim! - Kimimaro mandou enquanto tentava limpar seu rosto e mãos utilizando o pano das roupas que não estavam em melhores situações - Você me deixou com vergonha!


Juugo parou de rir dando de ombros.


-Eu só comentei que é bom te ver feliz – rebateu – Isso porque eu nem falei que seu sorriso é bonito...


Kimimaro o olhou um tanto espantado. Juugo falava aquilo tão naturalmente, não era ruim, mas ele estava bem diferente do Juugo retraído que se lembrava. Ele parecia mais... Livre.


-V-você acha meu sorriso bonito? - perguntou ainda encabulado, por que estava tão sem graça?

-Acho – declarou o ruivo sorrindo para o outro – Não precisa ficar envergonhado por isso, as pessoas acham coisas bonitas umas nas outras, por exemplo, não tem nada em mim que você ache bonito?


A pergunta atingiu Kimimaro com tudo, o que fez com que ele reagisse de forma rápida voltando a direção do olhar para a pequena flor plantada, não queria encarar o ruivo agora.


-E-eu... Não sei...

-Nossa... - Juugo coçou a nuca como se estivesse constrangido, mas ainda ria, Kimimaro não havia amadurecido nada, e pensar que este costumava ser mais maduro dos dois – Bom saber que você me acha feio.

-Eu não te acho feio – rebateu - Só é... Constrangedor...


Juugo esfregou a mão nas madeixas brancas as manchando com terra no processo fazendo Kimimaro voltar o olhar para ele.


-Tudo bem – deu de ombros – Vou pegar água, está calor demais aqui.


Se levantou limpando as mãos nas calças, antes que começasse a andar Kimimaro o chamou ainda sentado no chão e olhando para a planta, Juugo ainda o observava.


-Eu... Te acho bonito – revelou.

O ruivo ampliou o sorriso se sentindo vitorioso, era muito bom saber...

-Eu também, te acho lindo...


Deu de ombros, indo buscar a água cortando o assunto antes que Kimimaro ficasse ainda mais sem graça. Assim que retornou mudou de assunto conversando sobre os tipos de flores que existem em um deserto, o que deu certo, pois Kimimaro acabou ignorando o constrangimento do assunto anterior e voltou a falar animado a respeito das espécies que ainda não havia visto com os próprios olhos.

Quando anoiteceu jantaram juntos antes de Kimimaro ir repousar. Juugo costumava permanecer ao seu lado dia sim dia não no hospital, apesar das reclamações do outro, o ruivo não se importava de dormir no sofá que havia no quarto. Se preocupava do outro querer ir no banheiro durante a noite e não conseguir ir sozinho, ou precisar de alguma ajuda... Kimimaro ainda insistiu dizendo que os enfermeiros lhe ajudavam, mas Juugo apenas cedeu em ficar lá dia sim, dia não.

Papearam bastante até que Kimimaro conseguisse finalmente adormecer, ele sempre era o primeiro a cair no sono, costumava dormir cedo devido ao efeito dos medicamentos que tomava, o deixavam com um extremo cansaço.

Submerso aos sonhos Kimimaro estava em um completo vazio, a escuridão lhe abraçava e estava sozinho até as coisas irem tomando forma ao seu redor.


...


“Seu filho é um perigo para essa aldeia”

Ouviu vozes. De repente o escuro se moldou na forma de um lugar. Reconheceu de imediato sua antiga aldeia. As pessoas que caminhavam por ali pertenciam ao seu clã, nem na aparência e nem nos pensamentos convergiam.

As pessoas de seu clã eram sanguinárias, gostavam de causar guerras e muitas mortes. Seu pai e o líder do clã foi o primeiro a querer usá-lo como uma arma, quando ele era só uma criança...

O lugar escureceu novamente, se moldando de novo, dessa vez ele se via aos sete anos, preso na jaula que seu pai o obrigava a permanecer... Sempre. De frente para o pequeno, o líder do clã Kaguya o encarava com um misto de raiva e medo... Era um completo alucinado que tinha sede por sangue.


“Papai... Por que eu tenho que ficar trancado nessa jaula? Papai, eu queria tanto poder brincar com os outros...”


Chorava, a recordação transpassou o escuro ao redor de si sendo ouvido como sua própria voz aos sete anos de idade.


“Por que todos tem medo de mim?” - pensou.


Não desejava matar ninguém. Não desejava machucar ninguém, mas era obrigado. Escravizado e humilhado sem saber, ou sem ter como se defender, apesar de todos o temerem, até mesmo seu próprio pai... Não passava de uma criança ingênua.


“Solte a aberração, vamos ganhar essa batalha” 


Uma voz soou com um tom de puro deleite, este sentia total prazer ao olhar o campo de batalha com inúmeros corpos caídos.

Se viu em meio à guerra, estava preso ao próprio corpo, matando de novo pessoas que não queria matar, sofrendo de novo toda a dor que seu clã lhe fez passar.


“Mas eu não quero machucar ninguém, por que? Não quero lutar”


Gritava o garoto de sete anos em seus pensamentos. As lágrimas rolavam por sua face, enquanto derramava o sangue de inocentes.

Apesar de seu clã o usar como arma, não foi o suficiente para mantê-los vivos. Todos acabaram mortos por resolverem comprar briga com adversários muito mais poderosos que eles.

A morte de seus parentes resultou em um novo tipo de tempestade. Ainda preso ao corpo do garoto de sete anos, Kimimaro se encolheu e chorou, a voz em sua cabeça voltando a soar.


“Eu vou morrer assim? Me sinto tão cansado...”


Da escuridão uma cobra surgiu, rastejando em sua volta como se marcasse sua presa. A cobra adquiriu forma humana e sorria para si. A cobra era a luz naquele breu, sua única saída.


“Pobre criança deixada sozinha...”


Ouviu-a dizer. Quando está lhe estendeu a mão, não hesitou antes de agarra-la.


...


O corpo de Kimimaro tremia e se contorcia completamente, seus olhos estavam tão revirados que praticamente só se via o branco de sua íris, a boca espumava e os dedos das mãos e dos pés se flexionavam em agonia.

Juugo que estava na sala começou a gritar desesperado quando Kimimaro começou a convulsionar. Correu até ele tentando segurar em sua mão, mas o corpo inteiro se retorcia e tremia.

Não sabia o que fazer.

Seu corpo começou a tremer em desespero, voltou a gritar e gritar por socorro, até que finalmente os médicos invadiram o quarto. Tsunade estava com eles e olhou horrorizada para o estado do albino.


-Ele está tendo uma convulsão, levem-no daqui agora, precisamos parar isto imediatamente, tragam desfibriladores! - gritou, coordenando a equipe médica - Shizune tire Juugo daqui.


-Não - gritou o ruivo - Não vou sair de perto dele, não de novo.

-Shizune! - Tsunade voltou a gritar – Agora!


Shizune precisou injetar um calmante através da veia arterial no pescoço de Juugo para fazê-lo se acalmar e desacorda-lo imediatamente. Os enfermeiros levaram ambos os homens para alas diferentes. Tsunade precisava cuidar de Kimimaro e Juugo estar se descontrolando não era um bom sinal.


~~//~~ 


“Ele está morto”


Uma voz distante ecoou em sua mente, fazendo Juugo se remexer na cama. Sentiu toda a mágoa que tomou conta de seu peito no dia em que deram Kimimaro por morto. Atormentado por todos os anos em que se culpava, por nada ter feito para mudar aquele destino cruel demais...

Juugo levantou da maca, com uma expressão assustada, com a camisa molhada de suor, seu corpo todo tremia... Um sonho, desde quando estivera preso num sonho? Não seria aquele momento fruto de um novo delírio desejando que o albino ainda estivesse vivo.


-Como está?


Juugo olhou na direção da voz grave encontrando Gaara, este permanecia sentado em uma poltrona ao lado de sua maca.


-Não sei, sequer sei dizer se isso é só um fruto da minha insanidade...

-Bom, eu sou bem real nesse momento.

Mais alguns minutos em silêncio, até que Juugo resolvesse arriscar.

-Como... Ele está?


Gaara suspirou, era um alivio para si encontrar Juugo mais calmo. Assim poderiam conversar sem problemas, sem correr o risco de um ataque. Estava orgulhoso com o resultado dos treinamentos, estavam funcionando.


-Ele está bem – deu fim ao sofrimento interno do homem – A convulsão foi causada por conta do fluxo de memórias voltando. Tsunade ainda está examinando Kimimaro, mas parece que está tudo bem com ele.


Juugo voltou a respirar em um grande ofego, parecia que tinham roubado todo o ar de seus pulmões e saber que Kimimaro estava bem era um grande alívio.


-Ele quer te ver – prosseguiu Gaara - Imagino que vocês dois tem muito que conversar agora que ele lembra das coisas - sorriu – Tente ficar calmo.

-Tentarei...

-Espero. Bom, você está bem para isso agora? Shizune me contou que teve de te dar um calmante direto na veia, talvez fosse melhor que descansasse antes de...

-Não! - interrompeu – Seu eu puder... Quero vê-lo agora, por favor...


Gaara concordou com um aceno de cabeça antes de abrir a porta da sala e dirigir um olhar a Juugo indicando que o seguisse. Em silêncio ambos fizeram o caminho para o quarto de Kimimaro. Tsunade estava medindo a pressão deste quando ambos os homens entraram no quarto.

Ela pediu a ambos que ficassem em silêncio por um instante. Juugo olhou preocupado para Kimimaro que lhe devolveu a expressão com um sorriso. Juugo suspirou, ele estava mesmo bem.


-Terminei – disse a médica retirando o aparelho do pulso do albino – Ao que parece está tudo bem agora, continue tomando os remédios para não haver complicações.

A médica se levantou da cadeira onde estava indo até Gaara o puxando pelo braço para se retirarem da sala.

-Vamos. Deixe que os dois conversem a sós - disse enquanto saiam do quarto.


Um silêncio pairou no ambiente enquanto os dois trocavam olhares. Juugo não sabia o que dizer, se Kimimaro tinha suas memórias de volta, então ele tinha inúmeras perguntas sem resposta.


-O... O Orochimaru, ele... - arriscou Kimimaro.

-Ele está bem – completou o ruivo – Melhor até que o esperado, na verdade, o sexto Hokage autorizou que Orochimaru continuasse com suas pesquisas, claro que ele agora está sendo vigiado, mas está tudo bem – deu de ombros – As coisas estão...Bastante diferentes agora.

-E o tal do Sasuke? Orochimaru conseguiu pega-lo?

-Sim – Juugo balançou a cabeça - Embora nesse processo houveram vários momentos de rebeldia, em um deles deixamos de responder ao Orochimaru e começamos a seguir Sasuke, e quando eu digo nós, quero dizer o antigo time Hebi, que se tornou Taka – explicou – Se lembra que falei deles para você?

-Sim, bem, fico feliz que esteja tudo bem e que... Mestre Orochimaru não esteja morto.

-Sabe – Juugo coçou a nuca – Ele não é mais seu mestre...

-Eu sei – Kimimaro riu – Mas eu tenho grande admiração por ele, foi... O pai que eu não tive, embora talvez não o melhor deles, mas melhor do que o que eu tinha, com certeza.

-Entendo...


Kimimaro olhou para janela, o pôr do sol já atravessava o vidro deixando as coisas com cores quentes e únicas deste momento do dia. Era mágico, os tons combinavam perfeitamente com Juugo.


-Podemos ir lá fora? - arriscou perguntar - Não aguento mais ficar neste quarto.

-Está se sentindo bem para sair da cama?

-É só me pôr na cadeira de rodas, uma visita ao ar livre não vai me fazer mal - insistiu - quero tomar um pouco de sol.

-Está bem – o ruivo suspirou – Mas só porque eu não aguento mais te ver nessas macas desconfortáveis também.


Sorrindo ele sustentou Kimimaro em seus braços o erguendo até o local em que a cadeira de rodas estava. Com cuidado se inclinou para deixá-lo em segurança. Conduziu a cadeira pelos corredores do hospital, saindo pela porta da frente questionando para onde ele desejava ir e como não havia um destino certo, Juugo resolveu levá-los até uma colina.

Esta não ficava muito longe do hospital, mas distante o suficiente para o silêncio do vento suave bater de forma refrescante pelas faces um pouco suadas pelo calor. Juugo sentou no chão gramado ajudando Kimimaro a fazer o mesmo, este apoiou a cabeça sobre seu ombro e assim deixou-se estar.


-Obrigado por se preocupar tanto comigo Juu, eu só tenho você no mundo todo.


O braço de Juugo rodeou a cintura do outro acariciando de leve as costelas.

O ruivo sentiu o peito ser comprimido por um sentimento avassalador, sentia um nó na garganta doer e o medo se instalar novamente fazendo apertar um pouco mais Kimimaro em seus braços.


-Senti tanto medo de te perder Kim – revelou - De você se lembrar, ficar com raiva... Não consegui fazer nada quando você supostamente morreu, eu não estava lá para você, eu tinha me consolado dizendo que se não fosse uma luta a doença tiraria você de mim, mas eu não estava pronto...Não estava pronto para te perder.


Kimimaro juntou a mão do ruivo a sua acariciando-as de maneira suave. Sabia que o ruivo se preocupava muito.


-Eu estou bem – seu tom era calmo.

-Mas podia não estar, Kim – Juugo olhou para o pôr do sol reprimindo o medo em seu peito – Eu fui covarde naquela época, e agora que eu quase te perdi de novo percebi o quanto estou sendo idiota por esconder as coisas de você.


Kimimaro franziu o cenho e olhou para o ruivo preocupado.


-Esconder as coisas? - repetiu sem entender.

-Não fui sincero com você, Kim, a minha vida toda eu escondi esse sentimento de você - revelou – Mas aí eu quase te perdi pela segunda vez sendo o covarde que eu sempre fui.


O braço soltou a cintura e Juugo se afastou um pouco para poder olhar o outro nos olhos. A preocupação ainda estava estampada no olhar de Kimimaro.


-Mas mesmo que você não me aceite, eu preciso te dizer que... - suspirou, mas não desviou os olhos, precisava olhar diretamente para Kimimaro ao dizer aquilo – Que eu te amo, Kimimaro...- a voz saindo meio tremula, apertou a mão na dele – Eu te amo – repetiu.


A reação que o albino teve não poderia ser mais surpresa. Jamais poderia imaginar algo como aquilo... Não o contexto de ser amado... Mas sim, por ser correspondido.


-Eu e amo desde... Tanto tempo, quando você se foi, eu sabia que não ia voltar. Mesmo assim eu te deixei ir... Sozinho, me culpei por anos e até hoje eu penso que se tivesse feito algo, tudo poderia ser diferente. Eu te amei e amo até hoje, mas não quero que se sinta obrigado a me...

-Juu – interrompeu olhando para o outro com carinho - Existem coisas que não podem e nem devem ser mudadas, éramos apenas crianças, o que poderia ser feito? De tudo que existe hoje em mim, duas são imprescindíveis... Ter você comigo e me recuperar, quero voltar com você e... Ver como as coisas estão com meus próprios olhos.

-Você vai, Kim – o tom de Juugo era determinado – Logo você vai estar andando como antes e vamos poder sair daqui e ir para onde você quiser...

Involuntariamente a mão de Juugo foi para o rosto de Kimimaro, mas antes que ele pudesse remover o próprio colocou a mão sobre a dele incentivando-o a deixa-la ali.

-Quero ver o mundo com você ao meu lado – declarou - Não teria graça se você não estivesse comigo.

Juugo sorriu.

-Há muito tempo eu jurei que te seguiria para qualquer lugar, eu vou aonde você for...


Os dois entraram em um momento de silêncio, olhos nos olhos. A mão de Juugo acariciava de forma suave a bochecha de Kimimaro. Após algum tempo e de forma involuntária seus rostos se aproximaram, as respirações se fundiam em uma só, os olhares conectados transbordavam sentimento. Foi o albino que quebrou o silêncio ao dizer de forma trêmula.

-Juugo...

-Hm?

-Eu também te amo. Eu me lembro de tudo agora, eu prometi que voltaria...

-É... – não poderia descrever tal mistura de sentimentos, onde a emoção se sobrepunha a todas as outras – você voltou, isso que importa...


O ruivo findou o espaço entre eles, unindo os lábios de forma lenta, primeiro apenas provando a reação ao toque do primeiro beijo, em seguida movimentou os lábios, fazendo o outro o acompanhar como se fosse uma dança e por fim as línguas sentindo o gosto adocicado de Kimimaro, ficaram nesse ósculo por tempo suficiente para confirmarem os sentimentos se fundindo, os corações se entrelaçando assim como o sorriso que surgiu entre um beijo e outro.

Depois de achar que tinha perdido tudo, Juugo conseguiu uma nova chance para viver ao lado do homem que mais amava, e em uma promessa muda, enquanto beijava-o ao pôr do sol, jurou que nunca mais deixaria Kimimaro ir novamente. 


Notas Finais:


É isso gente, foram 12k e se você chegou até aqui me da um biscoito vai? :B


Gente, como expliquei é um spin off da saga Akai Ito, espero que quem estava sedento por algo mais aprecie sem moderação alguma <3 


Aug. 31, 2018, 12:39 a.m. 3 Report Embed Follow story
4
The End

Meet the author

May UU LGBT+ Ficwritter SasuNaru e Potterhead

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Políbio Manieri Políbio Manieri
Gente, o juugo é um docinho meu deus que anjo! Tadinho todo confuso e nervoso depois de tudo o que ele passou e saber que o Kimimaru na verdade estava vivo (ele e os passarinhos eu vou espocar). Gostei bastante de toda a reviravolta que voce deu para tudo fazer sentido conforme o roteiro inicial da série, caramba viado quanta informação bacana que voce se preocupou em botar. ROCK LEE EM SUNA EU VIVO PARA ISTO, ele entrou na sala eu já fiquei AH PRONTO AGORA O KIMIMARU VAI BATER NOS DOIS, mas felizmente tudo acaba bem quando termina bem. Olhaqui isso é golpe baixo inserir o roteiro nos acontecimentos do exame chuunin pra eu ficar choramingando com gaalee se gabando das crias e que iam se ver. MENINA SE DUVIDAR VOCE ACABOU DE ME INSPIRAR NUM PLOT. Voltando à fic ALÁ O SASUNARU CANON, o gaara se alfinetando com o sasuke foi uma diversão a mais não tinha imaginado que ele poderia ser ciumento a esse nível porém adorei. O gaara sendo o responsável pela situação do kimimaru tbm muito me animou, não havia pensado pelo lado dele e o juugo terem essa situação incerta nas mãos e essa ligação com o descontrole e a desconfiança... Mas aí la vem esses mortos de fofos sujando as mãos no jardim do hospital e, mano toda odisseia sua eu morro com a delicadeza que voce trata o relacionamento desses dois. E as recordações da infância, e os medos, as proximidades e as superações, realmente foi uma ótima experiência conhecer um pouco mais desses dois que eu sequer havia cogitado na vida!
September 06, 2018, 02:55
Caramelo Sama Caramelo Sama
Okay May, eu não sei bem o que dizer. Digo, está muito lindo. tudo tão perfeitinho, as cenas do Kimimaro me dão uma sensação quentinha no coração. Eu admito, não morro de amores por ele por que já faz muitos anos desde que vi o clássico e naquela época eu praticamente só tinha olhos pro Naru, mas cada dia mais eu tenho aberto um espacinho no coração para o Kimimaro. Ele é tão doce e meigo que me dá vontade de abraçar com o maior cuidado do mundo por medo de machucar. E honestamente, eu gosto bastante dá relação dele e do Juugo. E amo mais ainda como você aborda ela.Fica tão gostosinha de ler 💚 E eu tenho que falar, essa Tsunade me arrasa na sinceridade kkkk que mulher viu? Ah, abre um espacinho aqui para mencionar o fato do Gaara ter sido apaixonado pelo Naruto. SIM POURAN! Ele gostava sim do Naru e agora passou a bola pra outro, acho muito canon, vice?É Canon nenê!!! Engole essa. Me perdi um pouco no raciocínio, mas só pra deixar registrado que está lindo!
September 05, 2018, 22:19
Nana Yarai Nana Yarai
Eu não sei nem como descrever o tanto que amei essa fanfic. Eu tô chorando com o turbilhão de sentimentos que eu tive lendo a história. Ela está perfeita ♡
August 31, 2018, 05:19
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