15.08.2018. - Montanha dos Sapos. - (Konohamaru)
Nunca antes um barulho de helicóptero me assustou e irritou tanto quanto agora, mas não vai ser a perseguição deles que vai me parar.
Eu não vou deixá-la sozinha aqui enquanto eles tentam capturá-la pra fazer não sei o quê em um laboratório.
Ninguém vai tocar nela. Ninguém vai machucá-la, ninguém vai transformá-la em cobaia.
Nos escondemos entre as árvores, aproveitando que aqueles que nos seguem por terra estão distantes, para descansarmos um pouco que fosse.
Assustada, ela me abraçou, tentando se proteger em mim ou me proteger, não sei, só sei que me doeu demais ver lágrimas em seus olhos de estrela.
A abracei forte, beijando sua testa, tentando não sofrer mais do que o necessário. Ela precisa ir, ela não pode mais ficar, por mais que me doa, é o melhor pra ela. Vendo minha tristeza, ela também secou minhas lágrimas e beijou meu rosto. Eu não aguentei mais segurar o choro quando ela beijou minha boca.
Por que tinha que ser assim? Por que querem me tirar ela assim? Por que?
Talvez eu não tivesse que ser curioso e ter vindo ver aquela maldita “chuva de meteoros”, mas talvez, se eu não tivesse sido o primeiro a vê-la e resgatá-la, isso teria sido muito pior pra ela.
Talvez eu não tivesse que ter apresentado tantas coisas à ela e nem me envolvido tanto assim com ela, mas… Não tinha como evitar, ela era só alguém assustado caído em um mundo que não conhecia…
Talvez eu não tivesse que ter tido tanta pena, mas já que eu tive, agora eu tenho que dar um jeito de consertar isso.
Olhei novamente pra ela, de tão mal, ela oscila entre a face humana que adotou e a que eu conheci, com seu corpo azul num tom de céu nublado, as antenas e o rosto liso que não me assusta mais, porém ainda me encanta, principalmente com esses olhinhos tão bonitos… Eu não posso deixar que a machuquem mais ainda.
— Eu te amo! - disse a ela, que me abraçou de novo, voltando ao rosto humano de antes, tocando a minha mão.
— Eu também… Saudade! - é, eu também vou sentir saudade!
Já não podemos mais descansar, falta muito pouco pra chegar na cratera que ela fez quando sua cápsula chegou aqui. Precisamos ir até lá pra que ela possa… Pra que ela possa ir embora!
Como ela já não aguenta mais correr, a fiz subir nas minhas costas e sai correndo com ela, tentando não me assustar com o barulho dos tiros e nem com a nave que começa a descer aos poucos.
Falta muito pouco pra que ela consiga a paz e eu perca a minha, mas desde que ela esteja bem, isso vai me dar um pouco de consolo.
Derramei uma lágrima em meio ao caminho, tentando não ceder à saudade que já começo a sentir antes mesmo de sua partida, lembrando de tudo o que aconteceu até aqui.
…
15.08.2017. - Monte dos Sapos. (Konohamaru)
Eu estava bem animado, subindo o Monte dos Sapos, um morro em forma de sapo gigantesco da cidade de Konoha.
Eu nunca fui muito ligado nessas coisas de astronomia, mas pela primeira vez estava rolando uma chuva de meteoros, eu achava, e eu queria ver.
Talvez tudo tenha começado a dar errado aí, mas enfim. Não tinha ninguém no caminho e por isso eu achei estranho, principalmente porque as únicas pessoas que pareciam estar ali eram alguns guardas que olhavam o céu estranhamente e de tão entretidos na conversa que tinham em seus comunicadores não me viram passar.
Acho que poderia ter sido tudo muito diferente se tivessem me proibido de continuar, mas eu não posso reclamar.
Eu moro consideravelmente perto daqui, por isso eu vi quando a tal chuva começou e vim, atraído pela beleza no céu, mas isso mudou tudo.
Acho que o fato de estar sozinho também me ajudou a passar despercebido. Foi uma das poucas vezes na vida que a solidão em que eu vivo há uns tempos me ajudou, mas eu já estava tão cansado de ficar em casa, sozinho…
Digamos que tudo o que eu queria era apenas um pouco de diversão numa noite chata demais. Parecia algo divertido de fazer e realmente foi, principalmente nisso de subir a trilha da floresta.
Eu nem lembrava de quanto tempo eu não fazia aquela trilha. Quando pequeno, eu vinha muito aqui com o meu tio e o meu avô, até chegamos a construir uma casa na árvore aqui, mas isso havia ficado no passado.
Tomei um pouco de água, cansado, quando cheguei no ponto mais alto e no máximo em que eu podia ir sem que nada de mal acontecesse comigo. Sentei no chão, apreciando a vista da cidade que dava pra admirar, assim como o céu que sempre foi mais bonito daqui que do centro tão iluminado da cidade.
Sorri, vendo as “estrelas cadentes”. Eu não tinha nenhum tipo de telescópio, no máximo um binóculo, mas era estranho que, mesmo assim, eu conseguia ver nitidamente o que eu achava se tratar de meteoros de onde estava.
Na hora eu me lembrei das vezes que meu avô dizia que eu devia fazer um pedido. Talvez pelos bons pensamentos daquela época, eu acabei me rendendo.
— Que depois disso eu não fique mais sozinho! - eu pedi até em voz alta e ri nervoso ouvindo o barulho das sirenes da polícia. - Não era bem esse tipo de companhia que eu pedi! - reclamei negando com a cabeça.
Enquanto não me tirassem dali, eu decidi aproveitar, por isso deitei na toalha que tinha trago comigo, olhando melhor pro céu, continuando a ver um “meteorito” cair.
Eu lembro de gritar até ficar rouco quando vi que ele tava caindo de verdade… Na minha direção!
Eu me perguntei real em que momento eu pedi pra fazer companhia aos mortos da minha família quando aquela coisa começou a descer e eu saí correndo tentando me afastar antes que eu fosse atingido.
Pegava fogo e soltava faísca e algumas peças. Na hora eu pensei que fosse um satélite, mas acho que um satélite não ia mover tantas viaturas, que eu ouvia deixando de soar a sirene ao se aproximarem, e nem faria tanto estrago.
Eu quase fui engolido pelos buracos que se abriram, precisei me agarrar numa árvore, subir nela e pular pra outra mais próxima antes que ela caísse perto da cápsula.
Era transparente, mas não tinha estilhaços de vidro pelo chão. Nada mais pegou fogo desde que aquilo tocou o chão, como se tivesse sugado todos os maus efeitos de sua chegada aqui.
Curioso como nunca, desci do meu esconderijo e me aproximei para ver se era mesmo um satélite ou se era algum tipo de meteoro… Mas teria tido um efeito muito mais devastador se fosse assim.
A trilha me trouxe até o ponto mais seguro e plano, mas com certeza a parte mais acima teria sido destruída se fosse de fato um meteoro e eu nem sequer teria sobrevivido.
Eu me vi atraído pela luz que aquilo emanava e também fazia uns barulhos, por isso desci a cratera formada nesse acidente, principalmente quando eu vi aquilo que descobri ser uma cápsula abrir.
Gritei com esse susto e com a fumaça estranha que soltava.
Mordi minha mão para não gritar mais alto quando vi algo sair dali. Algo brilhante, olhos brilhantes e assustadores… Mais uma vez… Não tinha sido esse tipo de companhia que eu tinha em mente quando fiz meu pedido.
Thank you for reading!
We can keep Inkspired for free by displaying Ads to our visitors. Please, support us by whitelisting or deactivating the AdBlocker.
After doing it, please reload the website to continue using Inkspired normally.