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E se não for a mesma coisa, faz como se fosse....

Notas da autora: Oie! Voltei do hiatus (ou estou voltando) com Mortal Kombat, obrigada Tatu que me apresentou a música que inspirou essa fanfic, ou seja: Saudade do Luiz Lins. 

Dedico essa música pras minhas arrombadinhas, Ari, Tatu, Mandy e Iza.

Amo vocês, meus amores <3

Leia ouvindo a música, e para fazer isso, só clicar aqui.


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Foi a tatuagem de dragão perfeitamente delineada em seu braço, destacando as cores amarelo, vermelho e preto em cada um dos contornos tão bem trabalhados que chamava a atenção por onde passava. A pose astuta e misteriosa, a prepotência que carregava em seu olhar por saber que podia tudo que queria, dono dos seus devaneios mais pervertidos e intensos durante as noites de chuva.

Lembrava dele a cada melodia lenta, em todas as batidas pesadas e tão intensas que lhe arrepiavam o corpo quando se recordava dos toques precisos, dos beijos distribuídos em cada milímetro do seu pescoço.

Você deveria tentar ligar para ele. – Jade dizia ao telefone, tentando convencer a amiga de que talvez, ceder em alguns momentos não era ruim. Pelo contrário.

— Não vou ligar. – Respondeu, mas não sem antes bebericar um gole do vinho que Liu Kang havia deixado em sua geladeira. — Não quero ligar.

Você ainda não me disse o que houve. – Perguntou, tentando compreender a razão do afastamento tão repentino dos dois.

 “Talvez em diferentes circunstâncias”

A frase que dizia sempre a si mesma para se convencer que aquela história jamais daria certo, porém, sentia saudades; de todas aquelas conversas sobre seus ancestrais, família, artes marciais e honra, era bonito vê-lo falar de todas as baboseiras que acreditava, mas era melhor ainda quando Liu Kang sussurrava em seu ouvido a palavra princesa.

Você ainda está aí? – A melhor amiga chamou, tirando a outra de toda a confusão que havia formado em sua cabeça.

— Eu não sei o que houve, só...não deu certo. – Respondeu, amarga.

Não sei se acredito, vocês eram como almas gêmeas. – Aquilo doeu, mais que qualquer soco ou tapa que poderia receber.

— É, vou desligar. Nos falamos depois. – Não deu a chance de Jade dizer nada, apertou o botão do celular, finalizando aquela chamada.

As palavras de sua melhor amiga doíam, tanto por saber que ela estava certa e principalmente por aquela maldita história de “almas gêmeas”.

Se encontraram assim, do nada, após Kitana sair de um plantão no hospital em que trabalha. Resolveu ir ao bar em frente para tomar o café e encontrou algo muito mais quente que o líquido que tomava para tentar acordar.

Talvez não houvesse raciocinando direito, ou quem sabe, os longos meses sem sair com ninguém por estar quase se afogando em trabalho vieram à tona quando olhou para o homem de sorriso ladino, regata preta e tatuagem de dragão.

Qualquer outra pessoa diria que não deveria se apegar e, principalmente, para esquecer daquele caso. Porém, naquela mesma noite, os dois compartilharam sonhos, contaram suas vidas, falaram sobre suas famílias e fizeram planos, das quais não sabiam se iriam cumprir.

E então os dias passaram, Liu Kang frequentar sua casa se tornou comum, ter sempre a mesma jaqueta de couro pendurada na cadeira da sala era o que trazia conforto em dias ruins ou em momentos de solidão.

Agora, olhava para o celular em suas mãos, com uma conversa aberta e apenas uma solitária mensagem deixada a quase dois dias:

“Sabe eu te amo menina, mas infelizmente não posso ficar. Fico mais um pouco agora, quem disse que eu quero parar? Eu vou sumir mas eu vou voltar, não quero ter que me explicar, a gente pode ouvir garoar depois que a tempestade passar...”

Queria tentar questioná-lo, dizer como se sentia e o quanto odiava aquela maldita situação, estava de mãos atadas e perguntando a si mesma onde foi que errou ou pelo menos, por que se entregou tão fácil a alguém como ele?

x

- Liu Kang. – Se apresentou, estendendo as mãos para ela com um sorriso no rosto.

O relógio da parede marcava seis da manhã, como alguém conseguia estar de bom humor tão cedo? Balançava o copo em suas mãos de um lado para o outro e tentava não encarar muito o rosto do homem bonito a sua frente.

Estava cansada, queria uma cama, cobertores e seu dia de folga para suprir os dois dias intensos de plantão que havia tido; não estava em condições de flertar com ninguém. Ou melhor, não deveria estar. Mas foi o sorriso, o olhar que transmitia confiança e malícia, a jaqueta de couro combinava muito bem com os olhos castanho escuros, o cabelo comprido estava preso em um rabo de cavalo baixo e aquele perfume, tão forte que conseguia afastar o cheiro do café que tomava.

Ele parecia ser mais eficaz que qualquer cafeína.

- Kitana. – Respondeu, finalmente, segurando as mãos dele com confiança.

x

Encarava a jaqueta de couro pendurada na mesma cadeira, se sentia uma idiota por ter vontade de vestir aquele pedaço de roupa que não era seu, desejava tentar suprir a saudade de tê-lo com ela.

Kitana sempre fora do tipo de mulher que não conseguia esconder por muito tempo seus anseios, ela o queria, muito mais do que poderia ter; jamais aceitaria o fato de ter visto um homem como aquele escapar por seus dedos por tão pouco. Contudo, sabia seus limites, talvez Jade estivesse certa, ela deveria ser menos cabeça dura e responder aquela mensagem enviada a quase uma semana.

O problema é que aquele pequeno texto abria uma gama de interpretações, e obviamente, ela escolheu acreditar na pior possível.

Respirou fundo, uma, duas, três...na quarta pegou o celular, abriu naquela maldita conversa e se cansou de ser paciente, esperar uma resposta para uma pergunta que não havia feito.

“E eu pensando até tarde em você, será que é tarde pra parar de pensar em nós dois? Espero que ainda não seja tarde pra entender, a gente perde muito tempo em pensar no depois...”

x

— Eu sou órfão. – Liu Kang confessou, Kitana levantou a cabeça do peito dele de onde estava aninhada e olhou meramente preocupada. – Não, não precisa me lançar esse olhar de preocupação, está tudo bem.

— Acredito em você. – Deu de ombros, ainda que continuasse se questionando como ele conseguia ficar tão bem. – E quem te criou?

— Eu fui criado em um templo budista no Nepal e nunca tive nenhum problema em relação a isso. – Era inevitável negar o quanto gostava de ouvi-lo falar sobre sua vida. – Nunca me faltou afeto ou carinho, mas minha criação foi um pouco mais...rígida.

— Consigo imaginar. – Respirou fundo, voltando sua atenção para a cabeça do dragão tatuado no braço esquerdo. — Por que do dragão?

— Você tem feito muitas perguntas desde ontem. – Ainda que dissesse que não, tinha uma grande vontade de mata-lo por sua terrível arrogância e, principalmente, pelo sorriso debochado que carregava em seus lábios.

— Ok. – Não disse mais nada, ainda que sua vontade era de manda-lo para o inferno.

Liu Kang Riu audivelmente, jogando seu corpo para o lado, ficando por cima de Kitana. Ela praguejou contra os deuses por não conseguir ser forte o suficiente para jogá-lo para fora de sua casa e de sua vida, odiava aquele maldito mistério que pairava naqueles olhos pretos.

Aquele maldito dragãozinho tinha os seus mistérios, pequenos disfarces que ela não conseguia conter sua curiosidade para tentar descobrir tudo que pudesse, a cada dia, desejava ter ainda mais informações daquele homem que andava ocupando sua cama nos últimos dias.

Ele, por sua vez, ouviu quando criança sobre o conto de um Shaolin que se apaixonou por uma princesa, os monges diziam coisas sobre perseverança, amor verdadeiro, almas interligadas e sacrifício, nunca foi alguém romântico ou que se envolvesse com alguém tão facilmente. Entretanto, era incrível como aquela simples fábula fazia lembrar Kitana.

Passou a chama-la de princesa, algo dentro de si achava que talvez, aquela mulher dos olhos dissimulados e expressivos, poderia ser como a sua alma gêmea e a quem buscou por tanto tempo.

Mas não podia colocar esse peso nela, ou melhor, não faria isso.

Ainda que quisesse, desejasse e sentisse a necessidade de tê-la por perto sempre, sabia que Kitana não era do tipo que gostava de ser presa. Estar junto dela era como ter a liberdade em mãos, mas querer se acorrentar naquelas curvas, corpo e voz doce para sempre.

x 

00:00 em ponto, Kitana estava prestes a ir dormir quando sua campainha tocou; praguejou todos os palavrões que conhecia, ainda mais por saber que provavelmente era alguma de suas amigas indignadas com seu sumiço.

Se levantou quase a contragosto da cama, indo até a porta e a abrindo quase bruscamente, se preparava para iniciar uma rodada de explicações de como não gostaria de ser incomodada, mas, naquele momento, não sabia se agradecia por quem estava ali ou reclamava consigo mesma pelo que havia sentido.

Saudade bate demais, saudade bate de nós. – Foi a única coisa que ela conseguiu dizer.

— Vim buscar minha jaqueta. – Liu Kang deu um meio sorriso. – E claro, vim te ver.

— Entre. – Não sabia exatamente como se portar, apenas deu espaço para que ele entrasse.

Em silêncio, o shaolin adentrou o apartamento em tons de azul que tanto sentiu falta durante seu afastamento, e sentiu-se aliviado por estar ali.

Seus dias haviam sido um inferno, procurou incansavelmente em suas roupas um resquício do perfume adocicado que Kitana, queria se dopar mais uma vez da droga que ela era.

E ainda que não ousasse proferir tal absurdo para si mesmo ou qualquer outra pessoa: estava assustado.

Se viu perdido quando encarou os olhos cor de mel e quis ficar ali, odiou saber que nunca mais tocaria em nada tão macio quanto sua pele e, então, temeu perde-la como tudo que já havia passado por sua vida.

O medo de perder fez com que terminasse aquela relação sem rótulo, então “terminou” o pouco que tinham por achar que seria melhor assim, que era um espírito livre e jamais se prenderia a alguém.

Entretanto, percebeu que ao lado dela era mais livre que nunca no momento que leu a mensagem que havia recebido.

E então, finalmente, percebeu que sentia saudades.

— Você não vai brigar comigo? – Perguntou, da maneira descontraída de sempre.

— Nós não temos nada para eu brigar com você. – Pegou a jaqueta de couro na cadeira, e estendeu para ele. — Aqui, sua roupa.

— É só isso? Não vai ter nenhuma cobrança? Nenhuma reclamação? – Apesar do tom debochado, estava realmente chocado por saber que não haveria nenhuma retaliação pelo que tinha feito.

— Como eu disse, nós não temos nada para eu te cobrar de alguma coisa. – Um soco na cara doeria menos.

—Mas você sentiu saudades. – Abriu um sorrisinho, daqueles que Kitana queria odiar e não conseguia.

— Sim, eu senti.

— E por que não me procurou antes?

— Porque eu não quis. – Liu Kang riu, era cômico e trágico ao mesmo tempo.

— Não sei se consigo ficar por muito tempo, Kitana. – Se encostou na mesa, olhando para ela.

— Tudo bem. – Ela era ríspida, e aquilo continuava incomodando. Talvez, ele definitivamente preferia que houvesse gritos e cobranças.

— Dessa vez eu quero ficar. – Completou a frase anterior.

— Olha, Liu Kang...a situação é simples: - Respirou fundo, olhando dentro dos olhos negros. – Eu não vou te pedir para ficar, vou te deixar ciente de que por enquanto quero que fique, mas não vou insistir em absolutamente nada.

— Tudo bem. – E então sorriu, a puxando pela cintura e aproximando seus corpos. — Será que é tarde pra parar de pensar em nós dois? – Sussurrou, a mesma frase que ela havia dito na maldita mensagem de algumas horas atrás.

— Não. – A palavra saiu leve de sua boca, quase impossível de ouvir, principalmente por seus lábios estarem tão próximos do dele. – Se quiser ir, vou deixar. Porém, torço para que fique mais um pouco.

E então, o que era uma tempestade, se tornou uma leve garoa, a saudade passou a ser amenizada a cada vez que os dois se beijavam novamente.

O apartamento continuaria o mesmo, sempre tão aconchegante para Liu Kang; os olhos dela seriam o melhor lugar para se perder, o corpo dela seria seu templo de paz e a sinceridade dela o nocautearia todas as vezes. E ainda sim, aquilo era o que fazia seus sentimentos transbordarem em felicidade, completude e amor.

Kitana, por sua vez, aprendeu a ser um pouco menos orgulhosa, principalmente por sentir que aquele homem valia a pena, que nunca veria cores tão bonitas quanto a tatuagem de dragão, a arrogância passou a ser charmosa, mesmo que irritasse tanto e, finalmente, a jaqueta de couro continuava em cima da cadeira, por muito tempo.

Por uma feliz exceção, a saudade dessa vez, trouxe de volta quem havia ido. 

July 28, 2018, 3:23 a.m. 1 Report Embed Follow story
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The End

Meet the author

Hasashi Rafaela Faço estágio de Scorpion nas horas vagas, principalmente quando Plano Terreno precisa de salvação. Tenho sangue Uzumaki e dou aula de como lidar com Senju Cretino, interessados chamar no probleminha. Apaixonada por Mortal Kombat e a mama da igreja HashiMito.

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Margot Sorensen Margot Sorensen
CARALHO HASASHI PUTA MERDA PUTA QUE ME PARIU QUE FANFIC, MEUS CONSAGRADOS LIUTANA É O PODER E NADA PODE ME DIZER O CONTRÁRIO EU TO EH MT AGRADECIDA POR TER LIDO OLHA ESSE DESGRAÇADO DO LIU KANG OLHA ESSA KITANA PODEROSÍSSIMA EU TO SEM PALAVRAS ME FODE MAIS QUE TA POUCO EU QUERO CONTINUAÇÃO
July 28, 2018, 03:32
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