Sehun desceu do carro, o sol da tarde batia contra seus óculos e refletia atrapalhando a visão de qualquer um que olhasse para seu rosto; os capangas armados com AK-47 e algumas Pythons e Glocks escondidas sob a camisa, seguiam ao seu lado, juntamente com LuHan.
Não muito longe de onde haviam estacionado, estava o carro do corretor de imóveis.
Xhin Zhao, um chinês baixinho, de cabelos negros e lisos, que lhe caiam sobre a testa, sua pele era escura, parecia mais um indiano que um chinês, ele os esperava, próximo ao portão de entrada do galpão.
— Sehun! Como é bom vê-lo! — O homem sorriu e seus olhos se fecharam numa linha tênue. — Tenho certeza de que irá achar o lugar perfeito!
Sehun parou em frente ao portão de acesso, que estava semi aberto, e olhou ao redor.
Havia um porto abandonado não muito longe dali. Poderiam usá-lo para transportar as cargas.
Do outro lado, havia apenas a mata fechada.
Sehun voltou seu olhar para a fachada do lugar, haviam algumas placas de metal enferrujadas cobrindo a frente do galpão, alguns cipós, vindos das árvores do matagal ao lado, cresciam livremente pelo lado de fora.
— Está abandonado a anos! — Zhao falou entusiasmado. — Como disse pelo telefone, ninguém frequenta esse lugar.
Sehun voltou-se para o galpão e caminhou em direção ao mesmo.
Alguns dos capangas ficaram do lado de fora, enquanto ele ia, LuHan ao seu lado, examinar o interior do lugar.
— Como pode ver senhor, o lugar está de acordo com o que me pediu. — Zhang parecia extremamente feliz com o próprio feito, como se aquele galpão fosse de fato um lugar grandioso.
O lugar cheirava a mofo e poeira, estava coberto de limo e terra.
A mata que havia ao lado do galpão começara a invadir o lugar por entre as janelas quebradas.
O teto estava repleto de fendas, deixando a luz do sol entrar, mas por aquela ser uma área chuvosa, aquilo poderia atrapalhar a produção, caso não fosse selado, sem contar o risco de desmoronamento.
Equipamentos de metalurgia velhos e enferrujados que deveriam ser do século passado, estavam espalhados pelo chão.
— Eu pedi um galpão, não um monte de sucata. — Sehun falou, virando-se finalmente para o corretor de imóveis. — Existe uma grande diferença entre os dois.
— Mas senhor...
— Sem mas! — Sehun levou a mão aos cabelos e suspirou. — Eu lhe dei uma tarefa. Uma simples tarefa!
— Senhor...
— Eu disse que podia falar? — O homem balançou a cabeça em negativa. — Bastava encontrar a porra de um galpão! Só isso.
— Sehun, podemos encontrar um lugar novo. — LuHan falou em tom calmo.
— Não há tempo. — Sehun aproximou-se de Zhang. — E o que você espera que eu faça com esse lugar?
— Se puder me dar mais alguns dias...
— Dias? Não tenho dias!
— Horas! Me dê algumas horas e eu encontrarei um lugar melhor senhor...
— Você tem até o pôr do sol para me levar a outro galpão. E um maior do que esse.
— Eu irei senhor. — Zhang saiu caminhando o mais rápido que suas pernas curtas e gorduchas permitiam, indo para fora do galpão e pouco depois o som do motor do carro dando a partida foi ouvido.
Sehun fez menção de sair do lugar, porém LuHan o segurou pelo braço.
— Você assustou o pobre homem. Não deveria ser tão rude. — LuHan falou retirando os óculos escuros do rosto de Sehun.
— Se eu não for firme com esses homens, quem será? — Sehun pegou seus óculos das mãos de LuHan e o colocou novamente no rosto.
— Está exigindo muito Sehun. Nem há tanta necessidade desse galpão de qualquer forma.
— Sim, há necessidade. Você mesmo viu o que aconteceu em Hong Kong.
— Não é porque houve uma batida policial que isso vai mudar muita coisa. — LuHan revirou os olhos.
— Temos uma demanda. Sem a produção de Hong Kong essa demanda não pode ser cumprida.
LuHan suspirou e deu as costas a Sehun, e caminhou para fora do galpão.
Sehun saiu logo atrás do Han.
— Idai que um bando de viciados vão ficar sem a merda do pó deles? — Falou LuHan quando Sehun entrou no carro, um Hummer H2 preto, assim como os outros dois que seguiam consigo.
— Idai que são esses viciados que nos sustentam. — Sehun puxou LuHan para perto de si.
— Me solta. — LuHan empurrou o loiro para o lado, o carro começou a se mover.
— Você que sabe.
O smartphone no bolso de Sehun começou a vibrar.
Era Chen.
— Já começou a nova remessa? — Chen foi direto ao assunto.
— Não. O cara que você mandou me levou a um lixão.
— Estamos rodeados de imbecis, eles vão acabar fodendo a nossa vida. — Chen suspirou. — O que você vai fazer a respeito?
— Dei a ele algumas horas para encontrar um lugar que não estivesse caindo aos pedaços.
— Você fala como se se importasse com os trabalhadores. — Chen falou em tom irônico.
— Eu me preocupo apenas comigo mesmo. — Sehun sorriu, embora Chen não pudesse ver. — Nunca se sabe quando eu posso estar vistoriando a produção e um pedaço do teto cair em minha cabeça.
Chen riu brevemente antes de voltar a falar.
— Resolva isso o mais rápido possível, cada minuto conta.
— Ok.
Sehun desligou o telefone e voltou seu olhar para a janela do carro.
A única vista que tinha era a das paisagens agrícolas do interior de Pequim.
Os camponeses paravam seu trabalho e olhavam para os três carros que seguiam pela estrada.
— Toda essa ambição de vocês, essa coisa de querer ser o melhor. Isso não é bom. — LuHan falou virando-se para Sehun. — Você não se dá conta de que tantas pessoas morrem por causa do que vocês fazem?
— Não é o que você diz quando eu te dou presente caros. — Sehun ergueu uma sobrancelha. — Caso ainda não tenha percebido, é isso que paga suas roupas de marca.
— Eu não nasci para ser mulher de bandido. — LuHan revirou os olhos.
— De onde você tirou que eu sou um bandido?
LuHan abriu a boca para falar mas foi impedido pela explosão que veio naquele instante.
O carro que seguia a frente do qual Sehun e LuHan estavam, passara por cima de uma mina terrestre recém colocada, fazendo o motorista perder o controle do volante, e consequentemente, o carro capotou, girando algumas vezes, antes de parar dentro das plantações, à beira da estrada.
Sehun estava caído no meio da estrada, havia sido arremessado pelo vidro traseiro do carro, ele abriu os olhos, sua visão estava embaçada, o Hummer estava completamente amaçado.
Levou a mão até a testa e sentiu o líquido pegajoso que corria.
Os capangas do terceiro carro, que vinham mais atrás, não haviam sido atingidos, foram até o carro e retiraram LuHan de lá, poucos minutos depois, o veículo explodiu.
O primeiro Hummer, queimava um pouco mais à frente, levando consigo toda a plantação ao redor, causando um incêndio, que em poucos minutos estava totalmente fora de controle.
Sehun tentou se levantar, porém, fracassou, e seu rosto bateu novamente contra o chão.
Um dos capangas aproximou-se dele, e o pegou, levando-o para o único dos três carros que não fora atingido.
O motorista deu partida no Hummer, levando-os para longe do incêndio.
Alguns camponeses corriam para longe, tentando escapar do fogo, outros tentavam apagar o incêndio e evitar uma perda maior da plantação.
Sehun olhou ao redor, mas sua visão estava escura e turva.
— LuHan... — Sehun falou, sua voz saiu quase como um sopro.
— Ele está aqui. — Dissera um dos homens. — Ele está bem.
Sehun suspirou aliviado, e fechou os olhos novamente, embora a dor que sentisse em todo o seu corpo o impedisse de dormir.
— Não deveria ter mentido para o chefe. — Falou um dos homens sussurrando para o que estava junto a Sehun. — Não quero estar perto quando ele perceber o que você fez.
A verdade é que LuHan não estava nem um pouco bem.
Havia uma fratura em sua cabeça que não parava de sangrar. O Han estava desacordado e seu pulso enfraquecia a cada segundo.
O homem, um coreano alto e robusto, pressionava sua mão contra a abertura no crânio de LuHan, quase era possível ver o cérebro do jovem, na tentativa de conter a hemorragia, mas, a julgar pela quantidade de sangue em suas roupas e no banco do carro, não parecia estar dando muito certo.
O motorista seguia numa velocidade muito superior ao permitido, mas uma multa de transito não era algo com que ele realmente se importasse.
Eles estavam a pouco minutos do hospital.
O homem acelerava cada vez mais e fazia ultrapassagens perigosas na rodovia.
Já podia ver o prédio do hospital não muito longe dali.
Um sorriso se formou em seu rosto, ele conseguira.
Já quase em frente ao pronto-socorro, o homem puxou a trava de mão de uma única vez, fazendo os pneus do Hummer queimarem o chão, enquanto o veículo girou duas vezes, antes de parar, a poucos milímetros de se chocar contra a parede do pronto-socorro.
O motorista desceu do carro, pegou a Phyton que trazia sob a camisa e adentrou a emergência, voltando poucos segundos depois com médicos e enfermeiros, que traziam duas macas consigo.
LuHan foi levado diretamente para a sala de cirurgia, enquanto Sehun foi para a sala de tomografia.
Algumas horas mais tarde, Sehun já estava fora de perigo, sua visão retornara por completo, e seria liberado em algumas horas se não houvesse nenhuma complicação, não tivera ferimentos mais graves.
Alguns dos seus capangas estavam no hospital, fazendo sua segurança.
— Quero que descubra quem fez isso. Traga-o até mim. — Sehun ordenou a um de seus capangas, que assentiu positivamente e saiu do quarto.
Quanto a LuHan, permanecia na sala de cirurgia, houveram complicações.
A cada hora, uma enfermeira ia até o quarto de Sehun, atualiza-lo da condição de LuHan.
Depois de 18 horas em cirurgia, LuHan fora levado para a UTI.
Sehun fora vê-lo.
Ele estava entubado, sua cabeça coberta de bandagens, seu rosto estava inchado e de uma coloração arroxeada, haviam muitas manchas roxo-azulado espalhadas pelo seu corpo.
O médico, um americano que parecia ter pouco mais de 30 anos, de sobrenome Brown, dissera que LuHan ainda estava em estado crítico, e que as horas que se seguiriam eram cruciais.
Sehun não o respondera, o médico saira do quarto. Sehun ergue sua mão e segurou a de LuHan.
O rapaz estava quase irreconhecível.
— Não me deixe LuHan. Você não pode fazer isso comigo. — Dissera Sehun, uma lágrima solitária correu por sua face.
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