Completamente sem chão. Era assim que Naruto se sentia ao chegar aos portões do reino e se deparar com tudo revirado e destruído.
O fogo queimava e as labaredas altas denunciava que os invasores não haviam partido a muito tempo e que talvez ainda estivessem ali.
Não pensou duas vezes antes de tomar as rédeas do cavalo e indicar ao bicho que devia trotar veloz como nunca rumo ao Palácio.
Não que seu povo não fosse importante, mas sabia que eles estavam em boas mãos e por isso não precisariam tanto de si.
Não que quisesse se assegurar de que seu trono ainda estava intacto. De tudo o que havia em seu lar, sua coroa ou sua fortuna eram o que menos lhe importavam naquele momento.
Seu cavalo parecia mais vagaroso do que nunca apesar de estar tirando o máximo do desempenho do animal. Enquanto seguia para casa, chorava tanto que seria possível apagar todo aquele fogaréu com suas lágrimas.
Se arrependeu como nunca de sua impulsividade. Deveria tê-lo ouvido, ele sabia que era uma armadilha, ele sabia que algo aconteceria…
Por que não o ouviu? Era apenas nisso que conseguiu pensar, além do fato dele estar debilitado demais para lutar.
Por Deus, não sentia aquilo desde que a rainha Hinata, sua falecida esposa, havia morrido diante dos seus olhos.
Tudo o que não queria era que voltasse a ver outro grande amor perder a vida em seus braços.
Sacudiu o rosto e rosnou diante de sua idiotice passada que claramente era a causa de tanta desgraça em seus domínios e em sua vida..
Pensou e pôs suas esperanças em seu irmão mais novo. Konohamaru deveria ter bolado algum plano de evacuação. Isso poderia explicar a falta de tantos corpos quanto esperado a um ataque à uma província quase que inteira desarmada.
Isso! Pensou em tal possibilidade para se acalmar. O esforço havia sido em vão!
Ao chegar em seu lar, pôde ver alguns corpos de soldados mortos.
O único alívio que podia sentir diante da cena era que sua cunhada, princesa Hanabi, há mais de um dia havia ido com seus filhos, fruto da união com o príncipe, para a província de seu antigo reino junto dos sobrinhos, uma vez que o regente Hiashi desejava rever seus netos filhos de sua primogênita.
O amargo em sua garganta seria muito pior se Boruto e Himawari estivessem ali em meio aos mortos de seu povo.
Lee, Tenten… Gaara! Tantos nomes, tantos amigos ali, já sem vida… O bolo em sua garganta aumentava de tamanho a cada segundo.
Ainda ouvia a voz de Konohamaru e, assim que virou seu rosto para olhar mais ao fundo, o viu tombar de joelhos, com a espada de um dos inimigos cravada em seu abdômen. Morto!
Revoltado, correu até o soldado rival e sem pensar duas vezes lhe cortou a cabeça, evidenciando seu lado mais vingativo e sanguinário.
Não teve sequer tempo para abraçar o corpo de seu amado irmão. Já lhe bastava a culpa de não ter chego a tempo de impedir a morte dele.
Apenas fechou os olhos dele, que permaneciam abertos, com todo o pesar que poderia sentir.
— Seu esforço não será em vão, Kono! - sussurrou já correndo em direção aos aposentos reais.
O inimigo de certo era alguém que o conhecia. Já não possuía uma rainha para que invadissem o Palácio atrás dela e de sua cabeça. Quem fez aquilo sabia que ele possuía mais alguém em sua vida, por mais que fosse aquilo um grande segredo.
Quem fez aquilo sabia como lhe machucar e devia ser alguém próximo, mas não importava, o mataria com suas próprias mãos assim como fez com o infeliz assassino de Konohamaru.
Estourou cada porta até chegar no salão. Contrariando seus achismos, era lá onde ele estava, agonizando ao chão.
— SASUKE! - gritou a plenos pulmões ao vê-lo ali.
O inimigo havia lhe arrancado um dos braços e também a vida. Mais uma vez chegou tarde demais.
Desde a morte de Hinata, não havia se sentido tão incompleto quanto agora. Mais uma vez a felicidade escorreu por seus dedos e Naruto se sentiu um fracasso por isso.
— Me perdoa, meu amor! - sussurrou exausto pela incapacidade de proteger seus entes queridos.
Antes mesmo que pudesse se dar ao luxo de chorar, viu o vulto do inimigo que com um soco o derrubou.
Não tinha forças para lutar com o ser que, pela armadura, denunciava ser de seu próprio exército.
Tinha seus filhos como motivos para tentar sobreviver mas já não sabia se eles mereciam um rei fraco como pai.
Já não sentia dor física, apenas a dor de perder o que mais amava.
Se o oponente disse algo, não conseguiu ouvir devido a confusão. Apenas sentiu um chute que o fez cair e rastejar para trás.
Não conseguia decifrar de quem era o rosto à sua frente, já que as lágrimas não deixavam, apenas podia dizer que se tratava de um canhoto, pois foi com um chute esquerdo que ele acertou seu rosto e o fez ficar de frente à fonte sagrada que ali havia.
O sangue que cai de seu nariz fez com que, aos poucos, a água cristalina tomasse tons avermelhados e o brilho da lua, que entrava pelo vitral posicionado sobre a fonte, fazia aquela mistura impura brilhar.
Lembrou-se de tantas histórias sobre a profecia do rei Sol e de ter pedido sua fé nela assim que sua rainha Lua o deixou, mas agora ela parecia sua única saída.
Deixou sua exausta cabeça cair dentro d'água e não se importou nenhum pouco em acabar engolindo dela enquanto rezava.
— Complete minha alma mais uma vez! - rogou sentindo o incômodo afogar vindo.
Tudo o que se recordou foi de ouvir uma risada assim que, com sua pouca força, se impulsionou para fora da fonte e caiu ao lado do corpo de Sasuke.
Segurou sua mão e a beijou, sentindo uma luz azulada sobre si. Olhou e viu os borrões do bravo oponente tentando atacá-lo antes que o processo se findasse.
Acordou em sua cama, com a cabeça confusa. Sozinho…
Respirou ofegante enquanto, aos poucos, todas as imagens desapareciam de sua mente o deixando incapaz de distinguir se aquilo havia sido um sonho ou se havia tido uma nova chance para impedir algo que já não sabia o que era.
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