História feita para o desafio #inkdisney. Enrolados- Encanto de Cura.
***
Na cama hospitalar Midoriya dormia um sono tranquilo, se não fosse os aparelhos e os tubos que o mantinha vivo, Bakugou poderia acreditar que Midoriya iria acordar a qualquer momento.
O mundo estava em paz, graças a ele, não o homem que carregava o título de maior herói de todos os tempos, Kacchan; mas aquele que permanecia imerso num coma profundo por mais de uma década.
Bakugou acariciou o rosto pálido de Deku, a pele desprovida de calor era fina e as veias eram nítidas nas bochechas e nos cantos da boca. Estava mais velho, os traços infantis sumiram completamente, substituídos por uma maturidade permanente. Os cabelos espalhados no travesseiro eram o único contraste com tanta coisa pálida, as paredes, os lençóis, aqueles malditos tubos transparentes, o próprio Deku, os cabelos continuavam vividos como musgo.
— Fiz novas anotações para você. — disse ele, sua voz calma e cristalina como a corrente de um riacho, incomum até aos próprios ouvidos — Muitas individualidades exóticas estão aparecendo com a sexta geração. Você ia gostar de catalogar cada uma delas.
O maior herói de todos os tempos naquele pequeno quarto tornava-se o mais humano dos homens. Ele ouviu dizer que pessoas em coma escutavam quando falavam com elas, Bakugou não acreditava nisso e mesmo assim foi incapaz se descartar a hipótese, era aterrorizante pensar que Deku poderia se sentir sozinho da mesma forma que ele se sentia.
Sentou na poltrona ao lado dele, deixando o caderno aberto sobre o colo.
— Tem uma pirralha de seis anos com uma individualidade parecida com a do Shouto. Aquele desgraçado ainda não voltou da China depois que largou tudo aqui sem dar uma explicação. — ele olhava para o rosto de Midoriya esperando um movimento nas pálpebras, por menor que fosse, um hábito que ele próprio não tinha consciência. — A garota pode transformar o corpo em larva ou numa pedra de gelo inquebrável.
Baixou os olhos para o caderno.
Bakugou não sabia desenhar, então colava pequenos recortes de jornais e de fotos que conseguia. O rosto da menina parecia a superfície do sol, se o sol pudesse sorrir, e o chão sob os pés dela derretia numa massa tóxica borbulhante. Bakugou ficou um tempo olhando aquele sorriso caloroso, literalmente.
— Estou preocupado — admitiu. — Conversei com Aizawa sobre a possibilidade de aparecer outro All For One, e também...
Ele mordeu o lábio...de alguém que pudesse curá-lo.
— Ele disse que eu deveria desligar você — o canto da boca dele tremeu quando sorriu. — Acho que o pessoal também tentou convencer sua mãe.
Os aparelhos que apitavam ao redor da cama nunca oscilaram. Sempre os mesmos bips, as mesmas frequências cardíacas e Midoriya continuou inerte, sem mover um músculo durante 15 anos. A opinião deles tinha um fundo de plausibilidade.
— Você conhece a gente, eu sou orgulhoso demais para ouvir conselhos dos outros e sua mãe te ama muito.
Bakugou buscou a mão de Midoriya, eram calejadas com cicatrizes profundas. Fechou os olhos, sentindo a garganta arder e o coração encolher ao tamanho de uma uva passa.
— Você me pediu para ter esperança, mais dói Deku, todos os dias. Aizawa disse que se existisse alguém bom o bastante para te trazer de volta, esse alguém tem poder para levantar um cadáver. — Bakugou cerrou os dentes. — Aizawa continua tão...definitivo.
" Deve imaginar o que respondi. Sim Deku, eu xinguei ele e a todos por não terem sido fortes o bastante para impedirem que você acabasse exatamente onde está. Me amaldiçoei por não conseguir te salvar. Mas nunca fui covarde e vou suportar o peso assim como All Might e você carregou. Sorrir mesmo que por dentro eu sinta o contrário. Você me pediu para ter esperança Deku. E esperança é tudo o que tenho até você voltar para mim"
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