magnolia Magnolia S

Após um acidente terrível que tirou a vida de seus pais, Kyungsoo se mudar para uma cidadezinha do interior. Lá ele tem que começar uma nova vida, no entanto, o trauma da perda ainda o rodeava fazendo o menino se isolar de todos. Até que um dia, ele encontra no meio da floresta um homem estranho dormindo no pé de uma árvore. [[ESTA FANFIC TAMBÉM ESTA POSTADA NO SOCIAL SPIRIT NO USUÁRIA MAGNOLIAS]]


Fanfiction Bands/Singers Not for children under 13.

#exo #kai #kyungsoo #d-o #jongin #fantasia #aventura #violencia #mágia
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Seja feliz – pt.1


    Deus Urso.

Seja feliz – pt.1



   Em uma noite eu estava deitado olhando para as estrelas, naquele dia percebi o quanto o céu era bonito. Nunca tinha visto um céu como aquele, era tão limpo e brilhantes mesmo com cores frias. Quando uma gota d’água levemente encostou em meu rosto, percebi que era hora de entrar. Naquele dia fazia exatos um mês que havia mudado para casa dos meus avós e fazia dois mês do acidente. Assim que entrei em casa, me deparei com a minha avó sorri para ela e fui para o meu quarto. Mesmo já fazendo um mês, não havia tirado muitas coisas das caixas e usava elas para encostar a porta, não queria que ninguém entrasse nem mesmo os meus avós. Eu sei que eles estavam preocupados comigo, no entanto, a preocupação deles me sufocava. Me sentia preso, queria espaço para entender o que havia acontecido. Eu ainda não acreditava no que estava acontecendo, era como se eu tivesse tido um pesadelo que se repetia e eles reafirmaram que tudo aquilo era real. O problema não era eles, era comigo. Eu nunca havia perdido nada e de uma hora para outra eu havia perdido tudo. Meu pai, minha mãe e meu irmão mais velhos, eles tinham ido e eu tinha ficado. Me culpava constantemente e a solidão do meu quarto tampava superficialmente uma lacuna que se encontrava no meu peito.


   Nesse dia em específico, foi o dia que antecedeu uma virada na minha vida. Enquanto eu estava no meu quarto sozinho remoendo lembranças passadas. Via no lugar uma falta de cor, nada lá me deixava feliz, nada me trazia um pedaço de um pseudo paz para tampar o meu vazio. Ao sentar na cama eu via claramente as paredes descascando e os mofos em algumas extremidades, aquilo colabora para a tensão do quarto. Me levava novamente a culpa, tudo era tão cinza que tornava o ar pesado. Ele me sufocava. Fazendo me recorrer a uma janela, uma enorme janela que meu avô tinha instalado para que aquele pudesse ser o meu quarto. Quando eu finalmente abri a janela o ar frio da noite correu dentro do quarto expulsando o ar quente que me sufocava para fora. As gotas d’água começavam a cair e ao mesmo tempo, ouvi duas batidas suaves na porta. Fui até a porta tirar todas aquelas caixas do caminho para conseguir abri-la.


   Assim que a abri, lá estava ela, minha amada avó com seu olhar preocupado. Era nítido o seu nervosismo, procurava o meu olhar e disfarçava coçando a palma da mão. Sorrindo eu a atendi, perguntando:


—Precisa de ajuda vó?


   Sem querer me mostrar que estava preocupada, ela sorriu e me respondeu:


—Não, querido. Eu… Queria conversar com você.


   Olhei para ela já imaginava sobre o que ela queria conversar. Dei espaço para que ela entrasse no quarto. Ele estava uma bagunça, porém também estava vazio. Tinha alguns móveis como a minha cama, o guarda-roupa e uma pequena escrivaninha que deixava o lugar uma zona pela quantidade de papéis que em cima dela. Ela olhava para as caixas e percebeu que poucas coisas minhas estavam fora delas. Ela nunca havia entrado no meu quarto, aquela era a primeira vez. Assim que viu eu tinha tirado apenas algumas roupas e o porta-retratos com a foto dos meus pais, suspirou. Ela se sentou na cama, assim que recoloquei as caixas no lugar fui até ela. Sabia sobre o que ela queria falar, mas era um assunto que eu queria evitar e me fazendo de desentendido perguntei:


—O que quer conversar Vó?


   Me olhando com um olhar severo me disse:


—Kyungsoo, acho que nós dois sabemos o que eu vim conversar. —Ela passou a mão nos cabelos grisalhos e seguida suspirou novamente. Dava para perceber que ela estava tentando achar a melhor palavras para me dizer. — Eu sei…


   Mas eu a interrompi, era doloroso conversar com ela principalmente quando o assunto era aquele. Eu não queria, porque conseguia ver a dor em seu olhos. Mesmo sabendo que ela me amava sentia que ela me culpava também.


—Não, você não sabe.


—Claro que eu sei. — Ela falou logo em seguida, alterando a voz. Ela tinha se ofendido com as minhas palavras. Eu não queria chateá-la, mas infelizmente foi o que eu fiz ao tentar evitar a conversa. Vi em seus olhos lágrimas, que me fizeram ir em direção da janela para evitar que ela visse as minhas lágrimas. Aumentado um pouco a voz ela continuou: — Eu também perdi pessoas, Kyungsoo! Perdi meu filho, minha nora, meu neto. Ainda acha que só você perdeu?


—Pelo menos você só perdeu.


   Minha resposta demonstrava muito o que eu sentia, aquilo preocupava a minha avó. Era claro para qualquer um que olhasse que eu estava completamente desestabilizado, mas sempre que alguém tentava me ajudar eu negava. Era mais fácil para mim, sem explicações, sem pressão, sem cobrança.


—Meu neto. Pelo amor de Deus! Você não pode se culpar desse jeito. —Ela foi em minha direção, passou a mão em meu rosto como se um ainda fosse uma criança. Depois pegou a minha mão e me guiou para que sentasse na cama. Ela me consolou dizendo: —O que aconteceu não foi culpa sua! Estava totalmente fora do seu controle ou do controle de qualquer um.


   Ela me puxou me dando um longo abraço, nos conversamos e ela me deu longos sermões para em seguida me mandar ir dormir. No dia seguinte, eu acordei cedo. Era um costume antigo do qual não conseguia me livrar, apesar de querer continuar dormindo meu corpo me acordava querendo me dizer que tinha obrigações para cumprir, obrigações estas que tinha trancado a um mês. Naquela manhã quando olhei para janela, me deparei com uma grande placa vermelha que estava sendo instalada. A placa destoava com os tons da cidade pacata e poucas cores, aquilo me deixou curioso por um tempo. A placa alertava sobre os perigos das florestas, perigos este que eram causados pela vida selvagem. Logo deixei aquilo de lado e fui em direção a cozinha. Meus avós estavam na mesa, quando cheguei.


—Bom dia. — Disse desanimado, ao sentar-me à mesa.


   Sorrindo animada minha avó me cumprimentou:


—Bom dia, meu amor. Dormiu bem?

   

   Estranhei aquilo, mas sabia que minha avó não era uma mulher de se mostrar fraqueza.


—Dormi. —Respondi, mesmo sabendo que aquilo era mentira. Eu não dormia bem fazia semanas, vivia tendo pesadelos relacionados com a morte dos meus pais. Aquilo me dava olheiras profundas deixando visível que eu não havia dormido bem, mas preferia não comentar sobre isso.— E vocês dormiram bem?

   

—Não, eu não dormi bem. —Me assustei com a resposta, eu não esperava por aquilo. Era uma sinceridade ácida para ser da minha avó, apesar de falar com tranquilidade ela era completamente irônica. — Ontem à noite, eu fiquei pensando em você. Você vive trancado nesse quarto e não fala e nem conhece ninguém. Pensei tanto nisso que até sonhei.


   Eu estava confuso com aquelas afirmações, tudo me leva a noite anterior. Não era a nossa primeira conversa já que este tipo de conversa era corriqueira, nós sempre voltamos nesse assunto. Mas nossas conversamos com este tema nunca havia tirado o sono de ninguém.


—Então a culpa da senhora não ter dormido bem … é … minha?


—Sim, é sua. —Sua voz calma me dava calafrios, porque sabia o tipo de mulher que tinha como avó. Se ela queria alguma coisa, ela conseguia. Ela agia com firmeza, me imprensando contra uma parede imaginária. —Então, hoje eu acordei decidida a não te deixar ficar em casa. Me deixa extremamente triste o fato de você não tem amigos e se isola desta maneira. Daqui a pouco eu vou para o centro, você vem comigo. Necessariamente não precisa ficar comigo. Você pode fazer o que quiser, contanto que passe hoje o dia inteiro fora.


Para limitar minhas escolhas a zero, ela deu o seu xeque mate dizendo:


—Mas Vó...


—Você não está em posição de decidir nada, então depois do café esteja pronto para sair. — Disse saindo da mesa e me deixando com o café frio.


   Assim que acabei o café subi para o meu quarto, minha avó bateu à porta dizendo que sairíamos em dois minutos. Sem muita escolha vesti a primeira roupa que encontrei e desci correndo para encontrar meus avós que estavam do lado de fora de casa. Entramos todos na pequena Kombi azul do meu avô, em menos de dez minutos estávamos no centro da cidadezinha. Meu avô nos deixou em frente a uma mercearia e falou que voltava às seis da tarde para nos buscar naquele mesmo lugar. Enquanto caminha com minha avó pelo comércio pequena cidade, me senti desconfortável. A cidade parecia ter parado no tempo ou ser um filme de época sem fim. As pessoas cantarolavam e gritavam para chamar a freguesia, todos pareciam se conhecer e se cumprimentavam ao berros com um: “Bom dia, fulano!” Não estava acostumado com aquilo, algumas pessoas poderiam chamar aquilo de simpatia, mas eu definia como falsidade. Aquele lugar era falso, eu consegui sentir isso. Seus cores terrosas e triste só me afirmavam isso, nada era muito verdadeiro ali.


   Eu seguia a minha avó para todos os lugares em que ela ia. Se ela entrava em uma loja, eu também entrava. Eu pedia para segurar as sacolas, mas ela não deixava. Era claro que ela não me queria ali. Eu estava começando a irritá-la e ela fez questão de deixar isso clara quando me lançou a seguinte pergunta:

  

—Kyungsoo? O que ainda está fazendo aqui?


   Sem saber bem o que fazer, comecei a andar pelo comércio. No entanto, nada daquela cidade conseguiu me prender a atenção. Tudo era triste e sem vida, me deixava triste me sentia solitário andando por ali. Aquele lugar parecia um cobra. As pessoas sorriam, mas não era de verdade, dançavam prontas para abocanhar e injetar seu veneno. Era algo tão pesado para mim que não consegui ficar lá, então comecei a andar em uma direção qualquer. Quando me dei por mim estava longe e perdido, estava cercado de árvores e isso era extremamente confortável. Não estava muito preocupado em como voltaria, porque o ambiente a minha volta me deixava imensamente feliz. Os barulhos era reconfortante e encanadores, com o canto dos pássaros ou o cricrilar dos grilos. Tudo era diferente era exatamente o que eu estava procurando, a riqueza em cores fazia o lugar brilhar. Senti que havia encontrado a paz que tanto procurava, mesmo não sabendo que significava paz. Sentei em uma pedra e comecei a observar o lugar.


   Tudo tinha cor até o balançar das árvores, era algo tão diferente para mim. As variações de cores acesas do lugar deixava tudo iluminado e feliz. Era uma beleza única, algo que o homem nunca tinha mexido, sem impurezas. A minha empolgação com o lugar me fez correr, me sentindo livre para explorar o local. A adrenalina era saber a real essência daquele lugar. Porque aquela mata brilhava tanto? Porque tudo ali era tão belo? Quando me deparei com uma árvore enorme de tronco largo, sua copa cheia do verde mais vibrante que eu já tinha visto na vida. Fiquei deslumbrado com tamanha luz, ela transpirava vida para todo o lugar. O casco marcado parecia contar uma história, por conta disso coloquei mão sobre o casco da árvore e começou a rodeá-la. Ela parecia me contar sua história de como tinha nascido miúda e se tornado um grande e firme árvore. Estava fascinado até que chutei algo. Na hora eu não sabia que era uma pessoa, mas ao olhar para baixo pude ver a figura masculina que dormia de forma confortável ao pés da árvore.

   

   Apesar do chute, ele parecia dormir. Isso era bom, porque eu não queria ter contato com outras pessoas, elas estragariam aquele momento de paz e solenidade. Em algum momento percebi que o rapaz que dormia na árvore era diferente do povo da cidade, ele usava roupas estranha e tinha tatuagens, no mínimo, exóticas. Quando fui me aproximar para ver melhor as tatuagens elas se mexeram, em um grito demonstrei o meu espanto. Não por menos o homem acabou acordando, e se deparou comigo para na sua diagonal. Ele me encarava parecia me analisar, eu o encarava de volta chocado com que tinha acabado de ver. Meio assustado me levantei e dei pequenos passos para trás, apenas para me assegura. Depois de um longa encarado ele sorriu, dei mais um passo para trás.


—Oi. — Ele me disse.


   Fiquei meio assustado, não sabia direito o que fazer por isso balancei a cabeça. Isso não queria dizer muito, apenas o meu desespero. O homem não entendeu o que aquilo significa, já que me olhou confuso me encarou pedindo uma resposta e eu não a dei. Ninguém falou nada por alguns minutos, até que ele decide tomar a frente da situação.

 

—Está perdido? Quer ajuda?


   Sem muita confiança respondia:


—Não estou bem, eu acho.


   O “acho” tinha tornado minha posição declarada, era como se naquele momento surgisse em minha testa uma placa escrito em letras garrafais que estava perdido. O rapaz riu da minha cara, para em seguida me dizer:


—Você acha? Então posso ter certeza que você não está bem. Pensando melhor talvez você esteja bem, bem perdido. — Ele caçou, fazendo piada da minha situação. Me senti constrangido e na mesma hora o rapaz se desculpou. — Desculpa, eu não deveria fazer este tipo de brincadeira.


   Tudo voltou ao silêncio. Apesar dele ter feito um ato honroso em se desculpar, não me sentia confortável para falar. No entanto, alguns momentos o homem percebeu que eu não iria me manifestar e continuou a conversa.


—Nunca vi ninguém tão fundo na floresta, isso é interessante. O que estava procurando para vir parar aqui?


   Quando ele falou ‘fundo na floresta’ comecei a me preocupar, pois não parecia ter andado tanto tinha sido tão fácil chegar ali. Não imaginava que estava longe da cidade para mim, eu havia acabado de chegar naquele lugar.


—Um lugar tranquilo. — Em primeiro momento a companhia do estranho me incomoda, ele era suspeito e atrapalhava a minha experiência com aquele lugar magnífico. Eu era uma pessoa sincera em alguns aspectos, as pessoas me incomodavam e era sincero com elas sempre que tinha a oportunidade. Por isso tentando mandar uma indireta para o estranho, falei:— Longe de pessoas.


   Sem ao menos perceber as minhas palavras significavam, ele riu e afirmou:


—Acho que encontrou o lugar certo. — Ele arrumou o cabelo que estava bagunçado e cheio de folhas secas do chão e me perguntou: —Então… quer ajuda para voltar para cidade?


   Naquela hora eu estava em um impasse. Não queria voltar para cidade, mas se não aceitasse a ajuda do sujeito estaria perdido na floresta. Apesar de não me importar de ficar perdido na floresta, ficava preocupado com meus avós que estariam me esperando as seis naquela mercearia.


—Querer eu não quero, mas uma hora eu vou ter que voltar.


   O rapaz vendo minha indecisão perguntou:


—O que você pretendia fazer antes de ir para casa?


   Olhei ao redor, queria saber mais daquilo. Parecia tão mágico me fez quer ver mais daquilo. Queria explorar e ver coisas novos e experimentar coisas diferentes vinda daquele lugar, por isso respondi:


—Queria olhar mais a floresta, este lugar é tão bonito.


   O estranho me olhou surpreso e depois riu. Não sabia o que passa na cabeça dele, consequentemente achei estranho. Ele parecia que estava tramando algo, mas, ao mesmo tempo, parecia sincero.


—Se não for incomodo eu posso te mostrar algumas. E quando estiver confortável e quiser ir eu te mostro o caminho de volta. O que acha?


   Eu suspeita da boa vontade do sujeito, ele era disposto de mais a ajudar e eu não acreditava que existiam pessoas boas. Sinceramente, eu não acreditava em mais nada fazia um tempo era como se algo em mim, estivesse sido desliga. Minha fé, minha esperança, meu amor próprio todos não existiam mais, mas minhas suspeitas estavam sempre ali, me ponteando, esperando que algo de ruim acontece por conta disso não acreditava em pessoas boazinhas. Era natural para mim pensar em coisas ruim, sempre conseguia assustar os outros com os meu pensamentos. Para mim, era tão real, na hora fazia tanto sentido, meu pensamentos conturbados sempre acabavam ganhando da minha sensatez.


—Não sei. Você é algum tipo de assassino ou… alguma coisa do gênero?


   Ele me olhou assustado, como se eu tivesse o ofendido com algum tipo de palavrão. Me olhando feio disse:


—Não, que pergunta estranha. —Começou a caminhar me deixado para trás.


   Eu não acreditava nele, não tinha nem um pingo de confiam por isso fiquei com um pé atrás. Eu assistia bastante filmes e documentários policiais e de acordo com ele pessoas com muita boa vontade normalmente eram assassinos, sequestradores ou coisa pior. Nós caminhamos em silêncio, apenas com o barulho da mata. Aquele silêncio estava me deixando desconfortável, a falta de informação sobre a pessoa que me guiava me deixava levemente com medo. Havia um índice altíssimo dele acabar com a minha vida naquele lugar, e isso me deixava com medo. Já que os documentários diziam que parques e floresta eram os lugares favorito dos assassinos. Mesmo o lugar sendo belíssimo, não queria morrer ali. Então comecei a tentar dialogar com o estranho que me guiava.


—Qual é o seu nome?


   Sem parar de caminhar, olha para trás sorri e me responde:


—JongIn. Kim JongIn. E o seu?


—Do Kyungsoo. — Disse com receio.


   Ele não parecia uma pessoa ruim, mas a situação não era favorável. Eu não estava acostumado com pessoas gentis, na cidade onde eu vivia não existia gentileza ou educação. Era cada um por si, as pessoas pisavam em outras pessoas para chegar onde desejavam e não poupavam esforços para conseguir o queriam. Eu ainda estava em uma situação de conflito mental, a gentileza me fazia querer acreditar, mas os peso dos meus pensamentos sobre as minhas decisões eram sempre maiores e mais doloridas. JongIn caminhou até mim e estendeu a mão dizendo:


—Prazer, Kyungsoo. — Estendi a mão, olhei no funda dos olhos de JongIn e eles eram gentis.


   Depois de termos andado uns dez minutos, ele havia parado por causa de uma cachoeira. Ela era linda, a água era translúcida e conseguia ver nitidamente as pedras no fundo da água. Algumas flores que tinham se desprendido das árvores boiavam na água deixando a paisagem mais bonita.


—Nossa que lugar bonito.


   Eu coloquei a mão na água, ela estava fria. O local silencioso e apenas o barulho da água batendo nas pedras dava uma leveza ao ar. Era uma paisagem que transmitia tranquilidade poderia passar o dia lá, apenas olhando para água. JongIn sentou em uma pedra e se deu a liberdade de fechar os olhos, para apreciar mais a beleza pacífica do lugar. Em meu peito algo pulsava, meu lacuna não estava mais aberta. Isso era bom, mas me deixava com medo.


—Normalmente eu mergulho aqui. É bem refrescante. — Ele me disse.


   Aquilo me fazia imaginar como era mergulhar ali. O receio de imaginar me pegava e me engolia como uma cobra. Às vezes me perguntava o porquê eu seria assim, ou melhor por que eu estaria assim. Ainda sim, conseguia imaginar apesar do tumulto que estava localizado em minha mente. O vento bateu de leve em meu rosto, ele era quente e só me tentava aquela imaginação, então como um sussurro eu respondi:


—Parece mesmo.


—Quer entrar?


   Assim rápido ele me rendeu, era tentador, eu olhava para água vidrado, Queria entrar. No entanto, não podia. Em minha cabeça, minhas preocupações poderia sujar água. Naquele lugar tão puro, me sentia tóxico como se eu carregasse um elemento radioativo no bolso. Como uma desculpa para não entrar olhei para o céu, ele estava cheio de nuvens.


—Acho melhor não, tenho que chegar em casa e não posso está todo molhado. Parece que de tarde vai esfriar.

   Sem me questionar JongIn sorriu. Em alguns momentos JongIn parecia me ler, saber quando eu não estava sendo honesto. Me tornava tão transparente, que me fazia pensar se eu era assim tão fácil de se ler. Apesar de ainda não confiar nele, me sentia confortável ao seu lado. Já que ele não me pedia respostas ou explicações, não me pedia para conversa, ou me questionava sobre as minhas ações, ele só estava lá me fazia companhia em um silêncio confortável. Era como estar sozinho, mas sem a parte da solidão. Ficamos na cachoeira um tempo, não sei exatamente quanto, mas não me pareceu muito. Começamos a andar novamente, mas agora com passas mais lentos. Caminhamos uma meia hora até chegar em um lugar rodeado de pedras, depois que paramos pude perceber uma pequena caverna bem discreta escondia entre as outras pedras.


—Que lugar é este?—Perguntei.


   Ele caminhou um pouquinho para frente e observou o lugar. Isso me fez apreciar mais em volta, já que ele tinha me trazido aqui por algum motivo. Eu não via nada ali, era só mais uma parte da floresta. No fundo da minha mente alguém dava a hipótese que aquele seria o lugar da minha morte, mas por algum motivo não acreditava nas palavras da minha mente. Quando observei com mais cautela vi que aquele não era um lugar qualquer. Percebi que aquelas não eram só pedras e que aquela caverna não era só uma caverna. Elas tinham cor, uma cor viva e cintilante.


—Este é o coração da floresta. Esta caverna é chamada Mãe Ursa. —JongIn falou, pegando uma pedra pequena que era roxa e brilhava. Ele virou para mim com um olhar triste, e disse: —Este lugar é caçado pelo povo da cidade, porque aqui tem várias pedras preciosa. Eles faz expedições para tentar encontrá-la, mas eles nunca conseguiram achar lugar.


   Fiquei surpreso, não estava mais entendendo aquela história. Não sabia porque ele estava me dizendo aquilo e porque estava me mostrando se era um segredo. Quem era ele? Aquilo matutava na minha cabeça, porque agia de maneira tão nobre com a floresta. Ele olhou para o céu e virou para mim.


—Por que me trouxe aqui então?


—Você não é como o povo da cidade. — Ele olhou para o céu e virou para mim e sorriu de leve. — Acho melhor eu te mostrar o caminho de volta.


   Não o questionei, apenas o segui. Apesar de ainda parecer cedo para voltar, mas senti que deveria voltar. Pensei que ele estivesse arrependido de me mostrar o lugar, que talvez ele tivesse pensado melhor e visto que não deveria ter compartilhado aquilo comigo. Afinal quem não pensaria desta forma, as pessoas são oportunistas e ruim sempre querem tirar vantagem sobre tudo.


   A caminha de volta foi em silêncio e não houve uma despedida, já que quando vi a cidade JongIn já havia sumido. Quando cheguei ao comércio da cidade eram cinco e meia, sentei perto da mercearia e esperei o tempo passar. Apesar de me sentir desconfortável, permanecia sentado ali até avistar minha avó. Ao chegar em casa, minha avó foi direto para cozinha. Ela parecia animada e pediu para que eu ficasse com ela na cozinha.


—Então, como foi hoje. —Ela falava animada, enquanto descascava batatas. —Conheceu alguém?


Eu sei que em teoria eu não tinha feito um amigo. Mas não podia dizer para minha avó que tinha vagado pela floresta com um estranho sem espera que ela brigasse comigo. Assim fiquei pensando se seria certo dizer que tinha conhecido alguém, de fato conheci, mas não via aquele conhecer da maneira que minha avó esperava.


—Sim, conhecia uma pessoa.


—Sério! Qual é o nome? — Minha avó disse toda feliz, afinal este era o seu plano desde o início.


—Kim JongIn.


   Minha avó conhecia a cidade inteira e todos conheciam a minha avó. Todos “gostavam” dela, afinal ela fazia as coisas acontecerem. Mas quando eu falei o nome de JongIn, ela olhou pensativa.


—Não conheço. Mas esse nome me é familiar… JongIn… acho que já ouvi falar, mas não sei onde? Onde o conheceu?


—Eu conheci ele na frente da floresta. —Omiti, não queria trazer nenhuma preocupação para minha avó. Foi algo de leve, que ela nem pareceu perceber. —A gente conversou um bom tempo e ele me mostrou uns lugares.


—Ah! Já sei de onde ouvi este nome. — Ela falou alto colocando as coisas para cozinhar, sentou na cadeira. — Você falou de floresta e me lembrou que este nome tem na lenda do Deus Urso. Contava esta história para seu pai quando ele era pequeno, mas acho que nunca contei para você.


   Minha curiosidade ficou claramente aguçada, desde de pequeno sempre fui apaixonado por mitologias em geral. Não importava de onde vim, se eram lendas de cidade pequena ou algo sobrenatural que os pais contavam para as crianças. Isso para mim sempre foi interessante, mostrava a cultura do lugar.


—Deus urso?


—É uma lenda local. Diz que a floresta daqui é protegida por um homem, que é forte como um urso. E qualquer invasor que ousar invadir a floresta para o mal, o Deus Urso o expulsaria com sua força sobre humana. Disse que ele mora na floresta e de vez em quando ele ajuda pessoas com o coração ferido a sair da floresta. Ele se apresenta como JongIn. Existem vária história sobre ele aqui na cidade. —Aquilo me soava famílias, porque de certa forma foi isso que aconteceu. Mas eu não acreditava nesses negócios de lenda, apesar de adorar ouvir. Levei aquilo como uma coincidência. — Aliás é melhor você não ficar andando perto da floresta.


—Por quê?


—Um fazendeiro conseguiu um comparar ou reaver metade da floresta, acho que daqui algum tempo não iremos ver somente o gado.


—Como assim? —Falei inconformado. —Isso não é ilegal comprar uma floresta?


   Minha avó levantou os ombros, ela parecia não estar preocupada com aquilo. Eu por outro lado fiquei em choque. Uma área florestal não podia ser comprada, isso era totalmente ilegal. Pensei em até em ligar para uma ONG de proteção ambiental, até minha avó começar a explicar melhor.


—O cara diz ter os papéis e alega que o terrenos onde hoje é a floresta pertence aos seus parentes. — Ela olhava a comida e falava. —Então a prefeitura não pode fazer nada, já que ele tem a escritura do terreno.


   Aquilos estava muito mal explicado, para mim aquilo era um golpe para levar o terreno da floresta. Mas eu não podia sair por aí apontando o dedo para o que eu achava errado. Estava cansado, aquela notícia havia me deixado triste e de alguma forma indignado.


—Isso é um absurdo, não pode ser real. Mesmo que ele tenha o terreno a prefeitura não pode liberar um desmatamento tão grande. —As coisas não batiam, talvez porque eu não acreditasse na ‘verdade’ das pessoas. Eu desconfia de qualquer um, às vezes até de mim mesmo.—Além do que se o terreno era assim tão importante para a família dele, esta ação já não teria deveria ter sido feita?


—Bem, querido, eu não sei. Só posso dizer que foi isso que o rapaz da prefeitura me disse. acho que você está certo mais sinto que não podemos provar isso. Com certeza um fazendeiro rico que subornou algum político corrupto. —Batendo a mão na mesa e foi chamar o meu avô para comer.


   Aquela noite eu tive um novo pesadelo. Me lembro de correr, de gritar, de cair e de morrer. Naquela manhã acordei desesperado acordei chorando e com uma dor estranha no peito. Não acordei ninguém, apenas remói o que sonhei sozinho. Já estava acostumado com isso, sonhava toda noite com coisas horríveis. Aquele pesadelo havia sido bem diferente dos outros, em todos eu lembrava exatamente o havia contecido. Nesse eu não me lembrava, apenas flashes. Aquilo significava alguma coisa, era o que eu pensava. Quando sol saiu e comecei a sentir o cheiro do café me levantei. Fui ao banheiro estava pálido, minha olheiras estava fundas e meu peito ainda baita descompensado. Como algo que eu não lembro podia me afetar tanto, esta era minha pergunta. Não fazia sentido para mim, olhei em volta e tudo estava igual, cinza. Minha tristeza não repentina pousava em meus ombros como uma âncora que me arrastava novamente a minha estaca. Apenas um dia feliz, disse para mim. Um vazio repentino, uma vontade de sumir, era o que me consumia naquele momento. Joguei uma água no rosto, olhei-me pela última vez no espelho e desci para cozinha. Assim que cheguei na cozinha, um bilhete de minha avó dizendo que eles haviam saído para ir ao médico. Me sentei, dei um suspiro aliviado, fiquei feliz por ninguém poder me ver daquele jeito. Fiquei sentado alguns minutos, depois me levantei e corri. Assim que olhei para trás, a casa de meus avós estavam longe.


   Nesse dia eu soube que não me conhecia, soube o que faltava. Era confuso, porque definir algo sobre mim, era tão complicado. Queria pensar minha mente estava tão perturbada e estável, precisava de espaço. Então novamente me encontrei ali, entrando em um lugar que não sabia a saída. Andei durante um tempo até parar em um árvore, sentei em uma pedra e fiquei olhando para o mesmo ponto durante horas. Minha mente estava vazia, não pensava em nada. Acho que este era o meu problema minha mente era vazia, ela não pensava e quando pensa… Eu não me sentia bem comigo. Em algum momento pequenas gotas de chuva começam a cair, gotas grande encontram com o meu rosto quente. Foi só nesse momento que me toquei do meu problema. Me levante, olhei em volta a ventania fazia a copa das árvores balançarem tudo parecia tão igual. Comecei a tentar voltar, quanto mais eu andava mais forte a chuva ficava. Em uma caminhada praticamente às cegas tava encontrar o caminho de volta. As árvores eram sopradas fortes, olhava em volta a paisagem ainda continuava a mesma não conseguia ver nada em um lugar para me abrigar. Estava todo molhado tremia de frio, a água caia sobre o meu rosto e meus lábios já roxos tremiam. Tentei correr para aceleram minha saída dali foi uma péssima ideia, escorreguei na folhagem molhada e cai. Com a queda havia esfolado meus joelhos, algumas partes do meu corpo sangrava e eu ainda não entendia o que estava acontecendo. Só estava ali no chão, ao levantar minha perna me puxa para o chão novamente por causa de uma dor exorbitante. Eu não sabia o que fazer, apenas tentei ignorar aquela dor, mas era quase impossível. Assim que me levante ouvi um barulho imenso, uma árvore, não tão longe eu achava havia começado a cair. O que eu não esperava é que ela estivesse tão perto de mim, como minha visão estava embaçada por causa da água não via nada além de vultos. Vi então descendo em mim direção um grande pedaço de sombra. Era alguém segurando uma árvore. Da minha boca penas saiu:


—Deus Urso.

June 10, 2018, 4:58 p.m. 0 Report Embed Follow story
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