Embaixo d'água, onde o teu ar se perde, eu afundo rio abaixo nas tuas lágrimas e me deixo carregar até o oceano, imerso em sentimentos que me puxam cada vez mais pra baixo ao mesmo tempo em que tornam-me ainda mais suscetível a correnteza.
Não sou um homem de amores, e talvez por isso a doçura dos sentimentos tenha um gosto amargo entre meus lábios e me marque a pele como faca quando tuas unhas me puxam entre os lençóis, ou será porque eu não conheço nenhuma água doce e somente teus rios salgados?
Dividido entre o profundo do rio e a cama em que dividimos, eu o observo dormir sereno enquanto sinto a correnteza me puxar com mais força, arrastando meu sono porque eu te amo e não sei lidar com isso. Porque eu não sei amar.
O calor de seu corpo me chama, e eu sei que te amo mas não conheço a verdade, porque quando nossos corpos se encontram eu não consigo negar as cascatas vorazes de desejo e lhe digo tudo o que preciso, confuso entre o estar mentindo mais uma vez, como tantas vezes menti na vida, e a realidade atormentante dos sentimentos que me engolem quando seus olhos me encontram.
Eu te amo, Itachi?
Num piscar de olhos–um abrir deles–essas perguntas se respondem entre meus lábios, não se importando se são, ou não, mentirosas. E eu me afundo em seu corpo como a água se afunda num poço sem fundo e ali me resguardo seguro, rezando para que você não me afunde mais em seus rios salgados quando minhas convicções novamente vacilarem e eu perceber que não sei te amar.
Teus olhos me queimam, tiram-me do líquido em que me conforto e deixam-me a debater fora d'água, e eu não me importo porque sou levado ao céu e ele está nos teus olhos. Estou sem ar, mas não me importo.
E quando mergulhamos novamente, teu nadar é interrompido porque eu não sou mais parte do teu riacho, e sim uma pedra nele, represando tuas cachoeiras. A água salga outra vez.
De um lado por outro, batemos em pedras afiadas e machucamos nossos corpos maleáveis, porque somos um riacho desgovernado e averso cujas correntes se chocam. Amar dói, mais do que o ódio.
E mesmo assim, mantenho um pouco de água doce para que eu possa sentir esse gosto quando você não estiver por perto.
Não remova tuas pedras ainda, Itachi, seja gentil com vossa rudeza e deixe que elas lhe mostrem o ouro, eu imploro, tenha paciência com a água escura que meu lado o apresenta, mesmo que ela não seja digna dos teus lábios cálidos e me tire o ar constantemente. Me ajude a respirar...
Pois eu preciso de você como preciso de água.
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