Notas da autora: Essa fantic também é de autoria da ArianeMunhoz
~
Eu terminava de fechar a lingerie preta por baixo daquela camisa social, ajeitava meramente a cinta-liga em minha perna para que aparecesse apenas as meias finas que usava.
Em que ponto eu havia chegado? Quando ultrapassei o limite do profissional e aceitável? Aquilo ia contra todas as minhas convicções e noções de moral. Entretanto, me sentia viva.
Como nunca estive.
Minhas atitudes e roupas demonstravam alguém que iria trabalhar e depois procurar algum homem para suprir o stress de um dia de trabalho com um bom orgasmo. Porém, a realidade é muito mais cômica que parece.
Estava indo ao meu psicanalista.
O mesmo homem da qual tenho sonhado incansavelmente que está em minha cama em uma noite louca de amor.
Tudo começou quando nossos olhares se cruzaram, havia sido uma indicação de uma amiga e fui de bom grado achando que resolveria meus problemas, mas a questão é que eles pioraram quando o perfume amadeirado com leve toque de baunilha chegou até minhas narinas.
Aquele aperto confiante em minha mão levou meus pensamentos a loucura. Como seria se ele me puxasse pela cintura e segurasse em meus cabelos? Será que seu toque era tão firme como parecia?
Então analisei as expressões masculinas, a boca grossa e delineada, os óculos pretos, o cabelo longo preso. Kami-Sama…
Será que ele seria a minha salvação ou apenas a porta para a minha loucura?
Achava que um pouco dos dois.
− Hashirama. Senju Hashirama. Muito prazer. - O prazer era todo meu, obrigada.
Perdi-me em devaneios, imaginando aqueles lábios convidativos em meu pescoço, na minha boca… Kami-sama! No que eu estava pensando?!
− Mito… Uzumaki. - Eu parecia até mesmo idiota falando! O que havia acontecido comigo?!
Ele abriu um sorrisinho de canto, deixando-me à vontade para escolher um lugar para ficar. Escolhi sentar-me diante dele, observando-o com mais cautela. Não. Precisava tirar aqueles pensamentos ilícitos de mim. Ele era meu psicanalista, Kami-sama! Ou quase.
x
A secretária havia me pedido para entrar na sala. Em quase cinco meses que faço minhas consultas todas às quartas-feiras no último horário, essa era a primeira vez que ele se atrasava. Eu já havia me acomodado no divã que era o pivô dos meus sonhos eróticos da última semana. Era ali que Hashirama parava com a postura de bom profissional e me beijava, e então nós nos entregávamos a um sexo tão intenso que jamais tive o prazer de experimentar.
Respiro devagar, soltando o ar pela boca levemente para me controlar. Isso estava beirando o ridículo.
− Me perdoe Senhora Uzumaki, peguei um trânsito horrível. - E assim ele entrou, carregando a jaqueta de couro preta nos braços, com a gravata vinho que contrastava tão bem com a camisa também preta.
O perfume me invadia a alma intensamente, meu coração palpitou e eu tive que afastar na marra aqueles sonhos dos meus pensamentos.
− Não tem problema, Doutor Senju. - respondi, ainda com a voz embargada pelas lembranças de alguns segundos atrás.
− Irei te compensar, ficaremos um pouco além do horário. Tudo bem para você? - Ah como eu gostaria que ele me compensasse de outras formas pelo atraso…
− Claro, tudo bem. - Sorri de maneira solicita, imaginando todas as formas com as quais Hashirama poderia me compensar. Em cima daquele divã, por exemplo. Ou na sua mesa. Ela também não escapara de meus sonhos mais profanos.
Notei então que ele também sorria, os olhos escuros perspicazes parecendo notar algo de diferente. Arqueei as sobrancelhas como se indagasse o motivo de me olhar daquela maneira.
− O divã. - esclareceu Hashirama. - Escolheu ele para a sessão de hoje. O evitou até então.
Ah. Então era isso. Hashirama tinha razão. Eu havia evitado o divã até então, por nenhum motivo especial além dos tolos de sempre: o preconceito em achar que ali perderia o controle das coisas. Quando tudo o que queria agora era perder o controle. Cavalgando em cima desse homem com ares de analista.
Kami-sama, o que estava acontecendo comigo?
− Acho que quis tentar algo novo hoje. - Deixei a frase dúbia no ar. Se meu psicanalista percebeu algo, resolveu se abster de comentário. Mas seu sorriso me deixava dúvidas a respeito de seus pensamentos.
- De fato, testar coisas novas é bom. - Me respondeu ajeitando os óculos, não consegui conter em morder os lábios. De fato, adoraria tentar muitas coisas novas em uma cama com ele. - Você quer começar de onde paramos na sessão passada?
- Oh, sim. - Falei me ajeitando naquele sofá em uma posição mais confortável.
- Nós falávamos sobre seus sonhos com seus pais. - Pegou um caderno preto, abriu e passou a rabiscar ali. - Você tem sonhado, Mito?
Ah, se ele soubesse.
Sonhado, fantasiado e principalmente desejado.
Peguei a água ao meu lado e beberiquei um gole generoso e suspirei.
A lembrança…
x
Não me lembro como cheguei até aqui. Provavelmente saída do trabalho, como sempre acontecia às quartas-feiras. Coisa cotidiana.
Hashirama desculpava-se pelo atraso após entrar no consultório e fechar a porta. Mas eu, sentava no divã, apenas observando-o, mordiscando os lábios e dizendo que estava tudo bem.
− Finalmente resolveu ceder à tentação do divã? - perguntava, os olhos por trás das lentes dos óculos de grau me encarando com algo além do interesse profissional.
− E você? Finalmente resolveu ceder à tentação também? - Minha voz sai rouca dos lábios e de repente, sinto-me uma telespectadora de mim mesma, enquanto Hashirama me encara. Inicialmente surpreso e depois com volúpia. Deixando de lado o caderninho de anotações e me deitando no divã, ficando sobre meu corpo.
− Não sabe o quanto estou louco por isso, Mito… - Ele sussurra ao pé do meu ouvido e seus lábios quentes escorregam por meu pescoço. Abro as pernas, dando espaço para que Hashirama fique entre elas, suspirando de deleite.
− Então por que você não me mostra? - provoco, agora ciente do efeito que tenho sobre ele quando Hashirama me imprensa contra o divã.
− Vou te mostrar. - Então, ele me beija. E nada mais parece importar naquele momento. Apenas os lábios dele contra os meus. A sensação quente do beijo e do perfume amadeirado dele se mesclando ao meu, tão adocicado. Apenas as mãos dele percorrendo meu corpo sem pudor algum.
Apenas ele. Nada mais.
Em cada um dos meus poros eu podia sentir o quanto seu corpo me transbordava, e por Kami, como era quente. Hashirama parecia estar em todos os lugares e eu não podia me importar menos, apenas esperava que suas mãos desvendassem cada parte minha ao seu bel prazer.
Ele se levantava me pedindo desculpas por um momento, avisava a secretária que não queria ser incomodado, trancava a porta e me olhava…
Com luxúria, desejo.
Eu amava o seu olhar compreensivo e tão indecifrável, mas aquele era um que definitivamente eu guardaria para sempre.
Então ia em minha direção, se acomodava entre mim e deixava minhas pernas em sua cintura, perdia seus dedos sobre meus cabelos, me puxava pela nuca e seus lábios se juntavam aos meus incrivelmente rápido; como se fossemos atraídos um pelo outro e não pudéssemos evitar. Não mais.
Nossas roupas iam ao chão, e eu apenas me recordo o quanto me sentia ainda mais completa quando ele estava dentro de mim.
Os gemidos, arranhões, as coisas que eram sussurradas ao pé do meu ouvido.
Parecia real, para mim era real.
Eu queria, mais do que tudo, que fosse real.
Os toques, o cheiro, o íntimo contato que compartilhávamos. Nunca senti tanto prazer assim. Nunca me senti tão desejada assim. E o queria. Por Kami, como o queria.
x
− Mito? - A voz de Hashirama despertou-me de meus devaneios. Agradeci à graça divina de Kami que me fez mulher e não homem, pois como esconderia a excitação que sentia naquele momento se tivesse algo a mais entre as pernas? - Está tudo bem? Está febril? Seu rosto está corado.
Ah, se ele soubesse o motivo!
− Tudo bem. - Assenti com um sorriso nos lábios. - Acho que estou um pouco cansada. Foi um longo dia. Qual foi mesmo a sua pergunta, doutor?
− Se você tem sonhado. - repetiu.
Mordisquei o lábio inferior, reflexiva sobre seu questionamento. Por certo, andava sonhando. Mas nada que quisesse compartilhar no momento.
- Tenho. - Respondi vagamente, mas sem desviar os olhos dele. - Mas dessa vez, são outras coisas.
- Você gostaria de me dizer? - Suspirei. Sim, adoraria não apenas falar, mas sim mostrar o que tem me feito acordar ofegante todas as noites.
- Não conseguiria falar sobre eles, não sóbria pelo menos. - respondi e ele acabou rindo.
Hashirama apenas me olhou da maneira compreensiva dos médicos que já haviam passado por aquela situação de resistência com seus pacientes antes. Exceto que não era uma resistência comum. Era apenas eu querendo poupar meu psicanalista de detalhes sórdidos demais a respeito de meus sonhos com ele. Ou talvez já não quisesse mais poupá-lo tanto assim.
− Sabe que se não se abrir comigo eu não posso te ajudar como deveria, não é? - Sua voz era complacente. Todo seu jeito era. Mas tudo em que minha mente trabalhava naquele momento era em Hashirama sobre mim, dentro de mim, realizando todas as minhas fantasias mais insanas e proibidas.
- Talvez seja antiético demais te dizer o que sonhei. - Rebati. Ele fechou o caderno com a caneta no meio, me olhou de maneira enigmática e respirou.
- Você sabe que sou seu psicanalista, e não temos julgamentos aqui. Além disso, é confidencial tudo que me conta dentro desta sala. - É, eu adoraria que fosse confidencial o que fazemos dentro dessa sala. Especialmente nesse maldito divã.
Eu acabei rindo. Sim, não consegui me conter.
- Doutor Senju, o senhor é um excelente analista. Mas nesse caso...talvez seria constrangedor te contar o que vem ocupando a minha mente nos últimos meses.
- Me perdoe por ser insistente, Mito. Mas como te disse, preciso que confie em mim para que o tratamento possa obter resultados.
Eu respirei fundo, de olhos fechados.
Se havia o tal limite que o ser humano aguenta, esse foi o meu. E não aguentava mais. A tensão que eu mesma criei entre nós, a minha vontade louca de vê-lo sem roupa em cima de mim…
- São sonhos eróticos. - falei de uma vez.
Hashirama bem que tentou conter um sorrisinho, mas foi impossível. Porém, como um bom profissional manteve a mesma pose impecável de sempre.
- Você não é a primeira que tem sonhos assim, fique tranquila sobre me dizer. - Eu posso confessar que adorava sua pose profissional? Era sexy.
- Será? - Acabei rindo. Sim, apesar de tudo a situação é hilária.
- Fique tranquila sobre isso. - Tentou me confortar. - Mas me diga, é alguém que você está interessada? Um namorado? Companheiro de trabalho? Um caso antigo?
- Não, nenhum desses.
- É alguém importante para você?
- De certa forma, sim. - Me ajeitei no divã novamente e o encarei.
- Você quer me dizer quem é? - Fechei os olhos por alguns segundos. Soltei o ar por minha boca levemente.
- Meu psicanalista.
Thank you for reading!
We can keep Inkspired for free by displaying Ads to our visitors. Please, support us by whitelisting or deactivating the AdBlocker.
After doing it, please reload the website to continue using Inkspired normally.