tiatatu Tatu Albuquerque

Sim, existia uma mulher debaixo de toda aquela renda, de toda àquela personagem que escondia a angústia da vida promíscua naquele bordel. E era por aquela mulher que ele se interessava, por aquela sonhadora que existia debaixo da Mestra Tsuna! Spin-off de Poderosa. Songfic de Eu Vou Tirar Você Desse Lugar - Odair José


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#JiraTsu #Jiraya-Tsunade #fns #bregafns #cachecoldobrega
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Um sonho realizado

“Olha, a primeira vez que eu estive aqui,

Foi só pra me distrair

Eu vim em busca de um amor

Olha, foi então que eu lhe conheci”


Mais uma vez entrava no bordel Ootsutsuki um jovem desiludido, com problemas que desabavam sobre sua cabeça. Uma família controladora, extremamente conservadora e que era um dos maiores empecilhos para que conseguisse ser feliz em seu sonho de ser escritor, um irmão que parecia lhe irritar propositalmente, entre tantas outras coisas que procurava esquecer pesavam seus ombros, o deixando tenso. Precisava se distrair e sentia que o conseguiria ao deitar-se em uma cama junto de uma bela mulher, um “amor por uma noite” certamente lhe faria bem. Sentou-se em uma mesa em frente ao palco, mesmo que ela fosse mais cara, ao menos teria uma melhor visão das dançarinas e prostitutas da noite, procurava pela melhor delas, a melhor que pudesse ver e, depois, ter, se bem que elas já não lhe cativavam a atenção como antes, por isso se sentiu frustrado.

— Garçom, me traz a bebida mais forte que você tiver! - pediu se sentindo um fracasso. Um romancista erótico que não conseguia sequer sentir atração por uma bela prostituta, quanta ironia! - Ao fracasso de homem que eu sou! - brindou sozinho ao tragar da bebida traga pelo garçom, estranhando os burburinhos geral que tomou conta do estabelecimento, que agora parava e mantinha sua atenção na entrada do palco, o fazendo olhar para lá e ficar paralisado. Ela era linda! Os cabelos loiros que agora eram soltos, antes que o sobretudo fosse aberto e jogado ao chão, revelando as belas curvas, os olhos castanhos em tom de mel que pareciam penetrar nos seus como um tiro certeiro. As luvas que combinavam com o guarda-chuva de renda eram um charme a parte naquela mulher que arrebatou seus desejos de uma forma que nunca havia lhe acontecido antes, que dançava melhor que qualquer uma das outras, que conseguia o que nenhuma mulher há anos conseguia: aquecer seu coração. Não, não era apenas pela sensualidade, pela dança ou pela beleza, ela tinha algo nos olhos que lhe deixava curioso, um brilho diferente, talvez uma agonia de estar ali se oferecendo, vendendo o corpo, ou será que era uma esperança de um dia sair dali? Não sabia, na verdade nem sabia quem era ela, mas sabia que precisava descobrir ou não ficaria em paz.

— E essa foi a Mestra Tsuna! - não estava surpreso que ela fosse mais uma das mulheres que ganhavam a vida ali, o que o surpreendia era que até mesmo seu nome de guerra o cativasse. Não era comum naquele tempo uma prostituta ter nomes de guerra que fugissem do comum, a julgar pelo pouco de psicologia que sabia, o fato de ter um pseudônimo que não fosse um nome real de mulher significava que o que estava vendo dançar era um personagem e o motivo de sua curiosidade era o desejo de conhecer a mulher por trás de Mestra Tsuna.

— Garçom, eu quero uma noite com ela! - o funcionário do local sorriu com uma leve surpresa.

— Tem certeza, senhor, ela é a melhor da casa, a mais cara também! - o valor de fato era alto, 500U$ por uma noite com ela era um valor altíssimo à época, mas pra ele não importava, não faria diferença às suas finanças e com certeza seria pior continuar sem conhecer a intrigante mulher que do palco lhe lançou um beijo, talvez imaginando que seria ele seu próximo cliente. Mais uma vez viu em seus olhos o tal brilho diferente, ela parecia cansada, não um cansaço corporal, mas emocional, espiritual, sua alma deveria estar cansada dessa vida de exposição, talvez.

— Não tem problema, eu ainda a quero! - retribuiu o beijo lhe enviado com um sorriso e um levantar do copo, enquanto uma das garotas a informava que deveria estar a mesa com ele e logo ela chegou. De perto, ela era ainda mais bonita do que no palco, mas agora via nitidamente que seus olhos brilhavam por pura angústia. Porque sentia angústia não sabia, mas estava na lista de coisas a descobrir.

— Boa noite! - ela era educada, fina até demais pra alguém que trabalhava naquele local e isso instigava ainda mais sua curiosidade. Ela olhou bem para seu rosto, ele lhe parecia familiar. - Eu acho que já te vi em algum lugar… - ela dizia como se o investigasse, abrindo um sorriso ao lhe reconhecer. - Ei, não é você o escritor de Icha Icha? - perguntou animada causando estranheza no homem. - M-me desculpa, é que eu sou uma grande fã do seu trabalho! - uma fã? Isso era inusitado, a maioria de seus leitores eram homens ou mulheres muito mais velhas que a que estava em sua mesa.

— Então você leu Icha Icha? - perguntou satisfeito em saber que ao menos a conversa não se resumiria ao programa que fariam. Ela assentiu animada, não como uma garota de programa que estava bajulando um cliente, mas como uma sincera admiradora de seu trabalho que naquele momento se esquecia de sua profissão.

— Se li? É meu livro favorito, poesia, lírica, erotismo, tudo junto num conto tão lindo da mulher…

— Perdida que encontra seu par ideal! - um verdadeiro conto de fadas para alguém como ela. Durante aquelas poucas palavras trocadas, ele percebeu que ela se tornava diferente, era praticamente outra e, por mais que sua primeira versão fosse hiper atraente, era a segunda quem lhe encantava e era a ela quem queria conhecer.


“Naquela noite fria,

Em seus braços, meus problemas esqueci.”

Jiraya não se lembrava da última conversa agradável que havia tido com alguém, que havia trocado tantas experiências e se divertido tanto de uma forma não sexual. Era bom ter a atenção de uma mulher além da cama, era bom saber que ao menos alguém achava seu trabalho interessante e ainda, mesmo que sem querer, o apoiasse em seu sonho de ser escritor, não com palavras clichês como “você consegue” mas com palavras como “isso me faz sonhar que um dia eu posso estar no lugar da sua personagem principal”, mas que não eram ditas com palavras e sim com o olhar sonhador que tanto o fascinava. Não era simplesmente uma tiete, era uma leitora que se identificava com sua personagem e dali quis tirar – e tirou –, inspiração para o próximo volume de sua obra, por isso lhe olhou contente.

— Olha, não sabe a inspiração que me deu para continuar a escrever sobre a Himeko e o…

— Tobirama Salafrário… - completou negando com a cabeça com um doce riso na boca, tomando da bebida que ele havia lhe pago, incrédula. - É uma honra dar inspiração pra uma personagem tão maravilhosa quanto a “petulante”, mas admito que espero por um “salafrário”. Himeko é uma mulher de sorte! - desabafou permitindo a Jiraya notar a frustração que ela sentia por sua vida e por isso mudou de assunto, continuando com o clima agradável da conversa. O bordel já estava quase fechando, mas não queria encerrar a conversa, por isso pagou a conta, pegou-a pela mão e saiu pela cidade, em um dos mais emocionantes passeios que já havia tido, com direito à pararem em um videokê-bar para continuarem a se divertir.

— ANOITECEU… OLHO PRO CÉU… VEJO COMO É BOM… - cantavam a música brasileira com o sotaque carregado, embolando algumas palavras e sem entender nada do que era cantado, mas o que valia era a intenção de se divertir e assim o faziam. Jiraya fazia graça com o guarda-chuva tão característico dela, que sorria boba como uma adolescente encantada. Chuviscava, pingos de chuva que aos poucos se tornavam grossos, e eles valsavam, bailavam alterados de bebida mas conscientes de tudo o que viviam.

— Vamos sair da chuva, vamos pegar uma gripe… - e de tão conscientes, Tsunade ainda recordava de sua profissão e dos cuidados com a saúde. - Eu não posso voltar para o hospital doente…

— Então você trabalha em um hospital também? - perguntou curioso, se protegendo junto dela no guarda-chuva rendado, descobrindo ali que ela também era médica, na verdade residente, estava se formando, mais um ponto em comum com sua personagem, que também possuía uma vida dupla, e intrigante a ele. - Então paga a faculdade com seu trabalho? - ela assentiu envergonhada, ele lhe deixava tão à vontade que até mesmo havia esquecido do contexto no qual estavam juntos. Ah, se Tsunade sabia que ele nem sequer se importava mais com isso… O escritor estava feliz, de fato havia uma mulher debaixo daquele personagem e era com essa mulher que desejava passar a noite. Era dela que recebia os beijos, as carícias, não que não gostasse da aparente – e vasta –, experiência da qual ela abusava naquela transa calorosa naquele motel qualquer, mas não era a ginga ou os exóticos movimentos que tornavam aquele sexo inesquecível e sim aquela conexão que aparentavam ter. Parecia loucura que uma “desconhecida” lhe fizesse sentir essas coisas em um primeiro encontro e era justamente por isso que algo em seu interior dizia que aquele não seria o último.


“Olha, a segunda vez que eu estive aqui

Já não foi pra distrair

Eu senti saudade de você


Semanas se passaram, três, quatro. Depois de tanto brigar consigo mesmo e achar impossível que justamente uma prostituta mexesse tanto consigo, finalmente teve o impulso de ir atrás dela. O fez por entender que não era a Mestra Tsuna, garota de programa, a “santa” responsável por fazê-lo voltar a acreditar no tal amor que tanto falava sobre em seus livros e sim Tsunade, mulher, aquela alma doce e humana que havia escondida por trás do personagem. Nunca antes se sentiu tão nervoso em ir se encontrar com uma mulher, se sentia como um adolescente saindo para o seu primeiro encontro e, talvez, essa situação fosse tão especial quanto, mas se manteve firme, seguro.

— Você consegue, cara, você só tem que ser você, não é assim que ela pareceu gostar de você? - em nenhum momento cogitou a hipótese de que o tratamento recebido tivesse sido uma cortesia a um cliente. Não, aquele brilho no olhar, aquele sorriso… Nada daquilo poderia ser fingimento e era com essa certeza que foi novamente até o bordel, ela estava em plena apresentação e, quando seu olhar cruzou com o dela, teve certeza que ela também parecia querer lhe encontrar. Mais uma vez se encontrava naquela mulher que até mesmo pensou que nunca mais o veria, e talvez fosse por isso que os encontros se tornaram frequentes, semanais, depois diários e, mesmo que sua família passasse a desconfiar de suas frequentes saídas de um bordel com a mesma garota, como as más línguas diziam, ele não se importava, apenas vestia sua melhor roupa e se arrumava da melhor forma para vê-la, como naquela data. Repetiu suas ações das vezes anteriores, mas agora era diferente, não estava ali como cliente e sim para lhe fazer um convite.

— S-sair sem ser a Mestra? - e ninguém mais sabia o quanto um convite como aqueles mexia com o íntimo daquela mulher que prontamente aceitou, não haveria nenhum problema, já que não tinha clientes lhe esperando, por isso segurou sua mão e, como havia feito nos últimos 6 meses, se permitiu divertir em um bar qualquer, dançar, dessa vez sob a luz da lua, e se acalentar nos braços de um homem que não a via apenas como um objeto sexual e sim como a mulher batalhadora que era por trás de toda aquela renda e toda aquela angústia da vida promíscua. O sonho da maioria das mulheres era o de ter uma vida de princesa, o dela era o de apenas ser amada e, por mais que fosse apenas uma ilusão passageira, se permitia iludir, mas não era isso o que Jiraya queria, longe dele, assim como ele não queria mais viver sem os carinhos de sua Mestra, ou melhor dizendo, os carinhos de sua Tsuna, por isso, enquanto dançavam aos risos, girou-a, a abraçando por trás, sussurrando em seu ouvido.

— Não volta mais pra lá, fica comigo! - e ela se arrepiou, seu coração acelerou e por um segundo pensou que havia morrido e agora estava no céu, mas não, sentiu que seus pés ainda estavam no chão, por isso se soltou de céu abraço, o encarando desacreditada.

— O que você disse? - perguntou para se certificar de um possível engano causado por seus ouvidos, mas Jiraya apenas sorriu leve, colocando uma mecha de cabelo que insistia em cair no rosto da mulher, repetindo sua promessa:

— Eu vou tirar você desse lugar, eu vou levar você pra ficar comigo!


“Eu sei que você tem medo de não dar certo

Pensa que o passado vai estar sempre perto

E que um dia eu posso me arrepender

Assustada e incrédula, as íris em tom de mel de Tsunade tremeram, sua boca entreabriu, lágrimas começavam a brotar nos cantos de seus olhos, seu corpo sutilmente tremia. Poucas coisas lhe faziam emocionar, aquelas palavras claramente eram uma delas, mas ela ainda tinha o pé no chão. Qual é? Era quase um sonho o que estava vivendo. Havia esperado tantos anos para ouvir algo assim que não conseguia acreditar que finalmente havia acontecido. Sem se importar com bons modos e etiquetas, limpou seus ouvidos com o dedo tamanha era sua incredulidade.

— V-você tá falando sério? - Jiraya assentiu e ela estranhou. Sabia que ele tinha uma família conservadora que, sem que ele soubesse, já havia procurado por si, na tentativa de lhe intimidar, o que já deixava claro que não seria bem aceita naquele meio. Seria mesmo real que ele estivesse disposto a enfrentar tudo aquilo por si? O homem assentiu, voltando a lhe abraçar e ela o retribuiu, temendo que fosse um mero sonho e que em breve fosse acordar, por isso se agarrou ao máximo em seus braços, tentando ter certeza da realidade.

— Sério como eu nunca fui em toda a minha vida! - disse firme, beijando sua bochechas, secando as lágrimas de felicidade que escorriam por sua alva e temerosa face, tentando lhe acalmar.

— M-mas Jiraya, a sua família, o que eles vão dize… - tocou seus lábios com o dedo indicador, olhando em seus olhos que estavam tão assustados, lhe dando um sorriso calmo.

— Não me interessa o que eles vão pensar. Eles não têm o que dizer… - disse beijando sua testa. - Eles só tem que aceitar que é você quem eu amo! - e dizendo isso tomou seus lábios em um beijo caloroso, não com desejo carnal, mas com amor, e ela, ainda emocionada, se entregou à paixão. Podia ser um sonho? Talvez, mas pela primeira vez na vida se permitiu tirar totalmente os pés do chão e flutuar, sonhando acordada, esperando que esse sonho nunca tivesse fim.

April 5, 2018, 11:38 p.m. 1 Report Embed Follow story
5
The End

Meet the author

Tatu Albuquerque Mãe de Konohamaru, madrinha de Hanabi, adepta da Fé do Sagrado KonoHana. Você tem 5 minutos pra ouvir a palavra da minha igreja? Kaiten no cu e gritaria, kore!

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Fox Bella Fox Bella
Eu amo JiraTsu, amo a Tatu quando ela não me soca angst e AMO MAIS AINDA FANFICS MARAVILHOSAS ASSIM!!!!
June 29, 2018, 19:36
~