Oh, boy...
As coisas deveriam ser tão difíceis assim? Provavelmente não, principalmente tratando-se de amizade. Amigos são aqueles que dão apoio, amor, carinho e estrutura, não é? E devem estar preparados para qualquer revelação explosiva ou complicada. Certo?
Noya tentava se convencer disso a cada passo que dava de um lado para o outro em seu quarto. Como era possível estar mais preocupado em falar com seu melhor amigo ao invés de estar se descabelando pensando em maneiras de se declarar para a sua paixão oculta?
Aquela sensação ocupava grande parte do seu peito, mas que merda. Deveria se sentir assim? Óbvio que não. As coisas tinham a obrigação de serem mais fáceis pensando pela perspectiva de irmandade que Tanaka e ele tinham.
Mas como dizer? Contar que via apenas a Shimizu-Senpai como uma boa amiga e ficava horrorizado com a cara de pau daqueles homens desesperados por chegar perto da assistente...Não era ciúmes e muito menos atração, apenas um cuidado que gostava de ter.
Atração. Coisa que inclusive não sentia por mulheres.
Tudo começou quando entrou para o time de vôlei no fundamental, passou a reparar em quão bonitos os jogadores eram e quando desejou alguns deles entrou em colapso. Teve que aceitar sua condição e lidar com ela. Agradecia pelo apoio da família quando notou que havia algo “errado” com o comportamento do filho. Estava mais quieto, não queria mais comparecer aos treinos...
E depois de muita conversa, tudo ficou bem.
O problema de fato se iniciou quando passou a reparar demais em Asahi; nos cabelos, no perfume que ele exalava quando chegava perto e o abraçava, no sorriso bonito e nas feições que ele tinha. Depois, gostou da personalidade tão cativante que tinha lapsos de timidez e que em quadra se transformava completamente quando estava centrado em um jogo. Seu coração disparava a um mero olhar do ace,
Foi ali que vislumbrou o quão fodido estava. Ou no caso, fodidamente apaixonado.
Em um dos treinos, se distraiu olhando tanto para o companheiro de time que perdeu diversas oportunidades, em uma partida oficial teria sido o fim para o Karasuno.
Obviamente ao final foi encurralado por seus dois senpais, Daichi e Suga que o forçaram a falar o que estava acontecendo - por mais que já soubessem o que era - e teve que contar. Os dois começaram a rir e o acalmaram dizendo que estava tudo bem. E foi nesse mesmo dia que descobriu que "seus pais" de consideração também eram um casal.
Contudo, o que mais lhe incomodava era saber que escondia algo do seu melhor amigo. Por mais que seus dois companheiros o incentivassem a dizer a verdade, não era fácil. Tinha medo de perder uma pessoa importante por achar que não seria aceito. Era ridículo cogitar que alguém que não o respeitasse por ser gay merecesse sua amizade...mas era de Tanaka que se tratava e tinha consciência que laços assim não eram tão fáceis de esquecer e jogar fora.
E havia chegado a hora.
Saiu de seus devaneios quando a porta do seu quarto abriu e Ryu, que já era praticamente de casa começou a falar da maneira estrondosa e alta de sempre. Conversando, gritando e atropelando palavras. Porém ao notar o olhar preocupado do amigo, aquietou e passou a observar as expressões sérias de Noya.
- O que houve? Por que essa cara? - Se jogou na cama dele. E qual é, eram amigos e tinham intimidade o suficiente para isso.
- Eu…- O outro suspirou fundo, fechou os olhos e tentou acalmar os nervos. - Eu tenho uma coisa pra te contar.
- Mas antes, dá pra me responder por qual razão você tem me evitado? - Direto como sempre, chegava a ser ridículo.
- Olha, Tanaka…- Sentou-se na cama. Era agora - Eu estou apaixonado.
- POR MIM? - O atacante gritou chocado.
- NÃO! Ficou maluco? - Noya berrou de volta.
- Ah bom, achei que já tinha esquecido o Asahi. - O libero olhou perplexo. Suas bochechas ficaram coradas e seu coração pareceu disparar. Como ele...ah, claro. Suga e Daichi devem ter contado.
- Não acredito que o Suga e o Daichi te contaram isso. - Cruzou os braços irritado pela situação e Tanaka caiu na risada.
- Fiquei ofendido, você contou para o Suga e o Daichi primeiro e não para mim. - Puxou o amigo pelo pescoço, e afagou os cabelos do menor. - Ninguém me contou, Noya. Eu já sabia.
- Como você…- Começou a gritar, mas foi parado pelo amigo.
- Olha, eu sempre reparei que você olhava muito para os outros caras e era de um jeito...diferente. Também percebia que sentia-se um pouco constrangido quando te perguntava sobre mulheres ou se já havia ficado com alguma. Depois eu passei a reparar na sua cara de idiota quando o Asahi estava por perto...apenas liguei os pontos. - O Yuu virou a cabeça para o lado e encarou a parede por alguns minutos. - Cara, tá tudo bem você não gostar de mulheres...nós sempre seremos amigos e eu só quero você feliz. - Estalou um tapa bem dado nas costas do líbero que caiu da cama no mesmo momento.
- Obrigado. - Murmurou sentado no chão.
- Agora se levanta daí, vamos até a casa do Asahi pra você se declarar pra ele. - Ryūnosuke puxou o menor pelas mãos e Noya no mesmo momento se pôs em sua frente meramente irritado.
- Você ficou maluco, Tanaka? Não vou falar para o Azumane desse jeito que gosto dele! - Gritou e o amigo começou a gargalhar.
- Claro que você vai! E vai ser agora! Até porque, o Asahi é outro que não sabe esconder os sentimentos, é ainda pior que você!
- C-Como é? - Ele havia escutado direito? Como assim “esconder os sentimentos”?
- Olha, vamos logo. Lá você descobre.
E mesmo que tentasse contrariar, seu corpo não lhe obedecia. E para completar, Tanaka que o pegou no colo a força. Tentou se debater, obviamente, mas não foi suficiente. Uma parte de si sabia que de certa forma o melhor amigo estava correto e foi inevitável não acabar rindo pela situação.
Enquanto estava naquela posição nem um pouco favorável constatou que amigos são mesmo para isso. Amizade verdadeira é aquela que te faz sentir-se a vontade com o que é, e quem realmente te ama irá aceitar suas diferenças independente quais forem elas. Yuu compreendeu e deixou uma lágrima de felicidade rolar. Pode ser que não fosse correspondido pelo ace do Karasuno, porém sabia que se isso acontecesse: teria em quem se apoiar para curar as feridas.
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