nathymaki Nathy Maki

Mudar de cidade nunca é fácil. Não fosse apenas a mudança de ambiente, mas a mudança de vida e de pessoas também. E, às vezes, os outros podem não ser tão compreensivos quanto esperamos. Eu era uma forasteira naquela cidade, cuja companhia se resumia somente aos insultos e zombarias atirados dia após dia, o que apenas fortalecia o demônio que vivia em meu interior. Porém, um certo incidente me mostrou que é preciso sempre estar atento a sua volta, pois, em algum lugar, existe alguém destinado a ajudar na sua salvação.


Fanfiction Anime/Manga All public.

#romance #naruto #kushina #minato #minakushi #un
Short tale
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Capítulo único- Enfim Salva

-Monstro!
- Aberração!
- Demônio de cabelos vermelhos!
- Suma daqui sua estrangeira!
Esses e outros nomes me perseguiram durante a infância. A cada dia que se passava de duas coisas eu podia ter certeza: um novo apelido ia surgir e eu sempre precisaria lutar. Lutar para contrariar aqueles que me julgavam e lutar, principalmente, contra o demônio que me assolava por dentro.
Dia após dia, luta após luta, nunca parando, nunca enxergando. Porém, havia um par de olhos que se punham sobre mim não de forma odiosa, e sim com preocupação e ouso dizer até carinho. E era justamente esse olhar que eu não enxergava. A convicção de estar sozinha no mundo e o falatório de ódio do demônio que havia dentro de mim toldavam minha visão para o que havia além disso. Não era possível ver o azul brilhante do céu de verão assim como eu não enxergava o azul naqueles olhos.
Até que um dia, somente lutar não foi o suficiente. Eles estavam em maior número, tinham armas melhores, eram mais fortes e suas palavras machucavam mais. O demônio interior riu ao se ver mais e mais alimentado, em breve ele venceria sua batalha contra mim e tomaria meu corpo por inteiro.
Sobrepujada na luta e no limite da esperança que alguém poderia ter, eu apenas me deixei levar. Os pulmões ainda respiravam, o coração ainda batia, o cérebro emitia impulsos para os músculos trabalharem e continuarem andando. Mas eu, em essência, não me encontrava mais lá. A risada dos captores, os chutes com os quais eles me acertavam para que continuasse andando, a luz da lua filtrada através das árvores, tudo era percebido, porém não sentido, e, aos poucos, podia sentir o demônio esticar as garras e se apossar de cada pedaço que antes pertencia a mim. Naquele estado de anestesia, os sons de batalha e os gritos engasgados de dor não chegavam tão fundo a ponto de alcançar o local onde eu me encontrava. Havia apenas andar, andar e andar. Mecanicamente, como um robô.
- Você está bem? - a voz diferente das que eu costumava ouvir perguntou. Era suave, doce e continha muita preocupação.
No fundo do abismo onde eu estava, senti aquela simples pergunta me tocar, o bastante para que uma pequena parte de mim controlasse novamente o corpo que continuava em movimento. Minha cabeça se ergueu, confusa, e os meus olhos mortos fitaram aquele intenso azul, plácido como as águas e infinito como o céu, encontrando coisas que eu nunca havia visto. Empatia. Preocupação. E uma emoção mais profunda que eu não conseguia nomear por completo.
O choque disso empurrou o demônio novamente para sua jaula no interior e o meu corpo, mantido de pé apenas pelo estado mecânico que eu me encontrara, desabou. O dono dos olhos azuis foi mais rápido e aparou a queda me tomando em seus braços. Olhei para cima necessitando ver novamente aqueles sentimentos misteriosos e quentes que nunca haviam me estendido, enquanto, ao mesmo tempo registrava sua aparência e notava o brilho de ouro onde estavam seus cabelos. Enquanto tudo em mim gritava vermelho e sangue, as cores dele falavam de tranquilidade. O loiro dos cabelos era como o sol a iluminar o lago azul que eram os seus olhos.
- Como sabia? - eu precisava saber. Precisava saber que aquilo tudo era real e não apenas um sonho produzido pelo estado de torpor. O vento passou suavemente pelos meus cabelos atraindo sua atenção. Ele sorriu ao ver os fios levados pela brisa. No meu interior o demônio se contorcia, sentindo a dor que talvez anunciasse o seu fim.
- Seus cabelos são lindos. - ele parou suavemente sobre uma faixa de luar e me olhou profundamente antes de prosseguir. - Sempre havia reparado em você, mas não parecia precisar de ajuda. Porém, hoje, a luta parecia grande demais para você enfrentá-la sozinha, então eu decidi ajudar.
O demônio gritava e implorava que aquilo parasse.
- Mas... Por quê? - seu rosto ganhou uma coloração digna das rosas de primavera.
- Eu apenas senti. Não existe ninguém no mundo para mim como você.
Um sentimento caloroso e doce de instalou onde antes havia apenas a provocação, o medo e a solidão. Fitando seu sorriso eu finalmente percebi. Todos aqueles sentimentos dolorosos e corroentes haviam sumido, e, em seu lugar, havia uma pequena semente de carinho que eu cultivaria com muito carinho no decorrer dos anos e logo se tornaria uma bela muda de amor.
O demônio, por fim, havia ido para sempre.
Eu estava, enfim, salva.

March 26, 2018, 7:37 p.m. 0 Report Embed Follow story
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The End

Meet the author

Nathy Maki Fanfiqueira sem controle cujos plots sempre acabam maiores do que o planejado. De romances recheados de fofura a histórias repletas dor e sofrimento ou mesmo aventuras fantásticas, aqui temos um pouco de tudo. Sintam-se à vontade para ler! Eterna participante da Igreja do Sagrado Tododeku <3

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