elloo Elloo Izy

Em uma noite invernal, as folhas das árvores estavam frigidamente acobertadas por uma camada fina de neve, e Viktor Nikiforov sentia-se vazio. Apesar de sempre ter tudo o que desejou desde sua infância, via-se insaciável. Suas danças no gelo já não mais o agradavam como deveriam, e exaustou-se de contar quantas vezes errou numa coreografia qual havia minuciosamente montado. As melodias escolhidas pelo mesmo já não lhe tinham tanto sentindo como outrora. Era quase como se ele fosse envolto numa casca perfeita, mas houvesse eco dentro de si. Observando sobre o peitoril da janela, via a neve desabando de forma perene, assim como ele próprio. De certa forma, aqueles simplórios cristais de gelo aqueciam-lhe o peito, afastando gradativamente a solidão de si.


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Capítulo 1 - Noite de inverno

Era estranho dizer como se sentia. Era estranho até mesmo pensar sobre tal coisa.

Viktor Nikiforov, medalhista de ouro nas olimpíadas de inverno, estava triste? Que irônico. Logo ele, que era o mais risonho e brincalhão daquela turma toda de patinadores.

Se encolheu mais em suas cobertas, sentindo-se mas quente. O celular em sua mão lhe mostrava fotos dos amigos aos risos. Também queria sorrir assim novamente, mas, como conseguiria? A única forma de alegria e alívio do estresse estava o matando! Não conseguia se concentrar nas melodias, nos arranjos e toques pequenos que davam o ar da graça a música. Não conseguia se concentrar em seus pés, pois estavam sem rumor algum.

A frustração que sentia de si mesmo era tensa e dolorida. Se pelo menos soubesse o que estava errado para que pudesse logo se consertar ou consertar o que estava errado. Se pudesse pelo menos ter uma pista do motivo de se sentir tão frustrado consigo, tentaria de todos os modos resolver tal situação.

Acabou largando o celular em cima do travesseiro e se encolhendo mais, ficando enfim em posição fetal. Não sentia necessidade de chorar. Talvez apenas não quisesse demonstrar fraqueza. Talvez, apenas precisasse de alguém ali com ele.

Pegou novamente o celular e decidiu navegar pelo YouTube. Viu vídeos de comédia, mas que nenhum tirou sorrisos e gargalhadas suas. Viu alguns vídeos seus em torneios antigos, viu com atenção seus movimentos lentos se misturarem com a graça de seus saltos bem elaborados e altos. A velocidade e ganância de cada giro em meio ao gelo, fez com que o mesmo suspirasse de tensão. Queria patinar daquela forma novamente. Por que não se lembra do motivo que movia aqueles movimentos graciosos?

Acabou trocando de vídeo. Estava um tanto irritado, o que já não era mais novidade para ele, pois ultimamente esses sentimentos ruins tem o dominado.

Por algum acaso acabou parando em um vídeo um de cover em um piano. A música era lenta no começo, os dedos ágeis do rapaz que tocava o grande instrumento musical com uma certa leveza em mãos e serenidade no olhar, encantava olhos de Victor.

Sentiu uma bola de pelos entrar por debaixo da coberta e se encaixar em meio aos seus braços, fazendo com que o russo resmungava para que Makkachin ficasse quieto.

Seus olhos estavam vidrados no moreno em sua tela. De um vídeo passou para outro e assim consecutivamente. Precisou pegar o carregador na cômoda ao lado da cama. Estava ansioso para ver o próximo vídeo do rapaz de madeixas escuras e armação azulada. Sentou-se novamente na cama, estava um tanto contente em ter achado algo para se distrair. Ao iniciar o vídeo, a campainha do apartamento é tocada e depois de alguns, muitos toques na porta de seu quarto foram proferidos, o fazem assim resmungar.

- Viktor – uma voz rouca e grossa o chamava. Nikiforov revirou os olhos ao reconhecer a voz, andou em direção a mesma com certo cansaço no corpo.

- Apenas cala a boca.

Os olhos de Yakov faiscavam ao ver o seu garoto prodígio decaindo. Sentiu quando apertou as mãos para não lhe dá algum tipo de resposta maldosa. Sabia pelo que seu pequeno estava passando e isso o estava deixando irritado. Viu quando Vitya voltou a se encolher novamente perto de seu cachorro e olhar apenas para a tela do celular.

- Já chega!

O senhor de meia idade ia em direção ao platinado, lhe arrancando as cobertas e recebendo um olhar brutal e cansado do mais novo.

Yakov era centrado e rígido quando precisava ser com seus alunos, mas, apesar de ser assim, tratava-os como filhos, pois estávamos treinando consigo desde muito novos, e ver um das suas pequenas crianças assim, naquele estado de espírito triste e sem vida, doía seu pobre coração velho.

- Já chega dessa palhaçada – pegava os pulsos do ser que estava sem vontade nenhuma de o responder, sem vontade nenhuma de querer trocar alguma palavra. Apenas queria assistir o moreno e se sentir bem, nem mesmo que seja um pouco. – Não aguento mais vê você assim, Viktor. Sei que sou um coração de gelo, mas você está acabando com as minhas estruturas! – dizia tentando chamar a atenção do mais novo.

- Até quando vai ficar se negando a ir falar com seus amigos? Eles sentem falta de você – Os olhos de Yakov olharam para a tela do celular e um vídeo de um rapaz asiático, tocando um grande piano preto era reproduzido. Viktor não estava lhe dando a mínima. E, sem pensar muito, tirou o celular de suas mãos – Me escuta!

Ordenava com sua postura de treinador.

- Me diz o que tá acontecendo – Pedia. Os olhos azuis do garoto a sua frente encaravam apenas o celular nas mãos um pouco enrugadas.

- Me sinto vazio – Dizia com certa relutância. As mãos iam para seus cabelos brancos e os apertando em agonia – Não consigo me concentrar nas minhas apresentações, minhas coreografias ficam horríveis. Yakov, eu sinto que eu parei de sentir amor pela patinação. Sinto que eu perdi a única coisa que eu amava fazer e que eu nunca vou conseguir achar novamente – Lágrimas desciam por seu rosto enquanto tentava explicar seu comportamento isolado para o mais velho. Limpou o rosto com as mãos – Eu só quero me encontrar novamente... eu sei que ainda posso, mas quando eu chego no ringue e solto a música para montar um programa, eu simplesmente não sinto mais nada.

Os olhos de Viktor voltam para o celular novamente quando o vídeo muda automaticamente. Seus olhos se prendem novamente nos dedos ágeis do moreno. A melodia de alguma música clássica o acalmava. Gostava do que ouvia, se sentia bem. Poderia dizer que havia se tornado fã do rapaz? Não sabia dizer.

Yakov por outro lado via como o olhar cálido do garoto olhava para o vídeo naquela pequena caixa, que sempre deixava o mais velho confuso. Sabia ao olhar para os olhos azuis e brilhantes do garoto, que estava sentido algo ao ver o rapaz tocando o piano preto.

- Quem é ele? – A voz homem a sua frente o despertou de seu transe.

- Yuuri. Yuuri Katsuki – falava estendendo a mão para que Yakov lhe devolvesse o celular. O mesmo não o fez.

- Sabe onde ele mora?

- Não tive tempo de procurar ainda. Não sei se você percebeu, mas eu ainda estava vendo os vídeos antes de você chegar.

Viktor sentava-se na cama esticando suas costas.

- Procure saber onde ele mora. – fala ao jogar o celular em cima da cama do garoto – E me fale assim que descobrir.

- Para que quer saber onde ele mora? – Viktor perguntava confuso.

- Apenas faça o que eu estou mandando – Diz levantando-se para ir embora, mas parando logo em seguida – Faça isso o mais rápido possível, Vitya.

Viu o mais velho sair de seu quarto e fechar a porta logo em seguida. Ouviu quando falou com alguém do lado de fora, talvez sua mãe.

Desde quando passou a se sentir estranho resolveu vir para a casa de sua mãe. No início ela achava que era uma visita rotineira, já que Viktor morava em um prédio junto a outros patinadores de Yakov. Ele apenas tinha 20 anos, porém, patinava desde os 4 anos de idade. A vida no gelo era seu refúgio, mas agora, não entendia como se sentia tão abalado.

- Procurá-lo – repetia o que seu treinador havia falado.

A neve fina de início do inverno russo caia. Sentia-se calmo ao observar os flocos de neve caírem um atrás do outro. Sentimento de paz o enchia, pois gostava do inverno.

- O que Yakov viu em você? – Dizia para o vídeo do moreno que estava pausado. Observou sua postura enquanto sentado em frente ao piano. Era tão sereno, tão limpo, que fazia o coração do russo aquecer.

- O que tá acontecendo comigo? – se afundava novamente na cama ao lado de Makkachin, que apenas se aconchegou mais ao corpo alheio, ficando assim juntos naquela noite de inverno.

March 25, 2018, 10:12 p.m. 0 Report Embed Follow story
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