tiatatu Tatu Albuquerque

“A chuva caía, os pingos escorriam pelo vidro da janela daquele ateliê como uma obra de arte, enquanto tudo o que o artista tinha em mãos eram esboços. Sem sua musa, a arte se tornava inconcreta, ele próprio era só um esboço.”


Fanfiction For over 18 only.

#FNS #SaiIno #NaMinhaMesaFNS #Naruto #Angst #Guerra de Angst
Short tale
5
7.2k VIEWS
Completed
reading time
AA Share

A solidão do artista

Fic feita para o Na Minha Mesa FNS.

Dedicada à Retrive e xHasashi, que me converteram à esse ship.

Songfic de Só Um Esboço - CB13

Postada também no Wattpad e Nyah


E naquele ateliê estava o artista em meio à seus quadros. Apenas esboços era o que Sai conseguia traçar naquelas telas tão brancas, tão sem cor… Era assim que sua vida se parecia, algo sem cor, sem vida, sem ânimo…

Olhou para a janela, assistindo à arte natural do escorrer dos pingos da chuva pelo vidro embaçado, tanto pela chuva quanto pela fumaça do cigarro apoiado sobre o cinzeiro.

Cinzas… Talvez a sua alma fosse cinzas… Ou talvez ela fosse apenas pó.

O que é o artista sem a sua musa? Sai sentia que não era nada, aqueles quadros e todo o valor que eles tinham não era nada.

A menos que toda a soma deles fosse capaz de trazer Ino e seu sorriso radiante de volta a sua vida, nada eles valiam.

As garrafas vazias sobre o chão denunciavam que ele era havia bebido, porém mais lhe entorpecia a angústia que o álcool.

O álcool era ineficaz em seu corpo.

Talvez fosse porque não era seu corpo que doía.

Seu telefone quieto, tudo quieto… Era tão diferente de quando ela estava ao seu lado. Odiava o quão barulhenta era ela, mas agora até do fato de sua risada lhe desconcentrar da pintura ele sentia falta, tanto quanto sentia falta dela.

Tanto quanto sentia amor por ela.

Ah, merda! Um tiro doeria menos, era masoquismo sentir tudo aquilo por alguém que certamente era incapaz de lhe retribuir. Se sentia perdido e desesperado como um recém cego em meio a sua própria escuridão.

Amar quem não podia lhe amar de volta era como colocar uma corda em seu pescoço e então empurrar a banqueta.

E assim ele estava se sentindo, sufocado. Sufocado de dor, de desespero, de angústia, de agonia, de saudade.

Olhou para seu telefone, cambaleou até o aparelho, o tomou nas mãos e praguejou por não ver ali nenhuma ligação, nenhuma mensagem, quando, em um dia comum, ali teriam várias.

Estava chovendo, ela temia a chuva, ela sempre lhe ligava pra pedir por seu carinho, seu abraço, seu calor…

Pra pedir por seu amor!

Ah, como doía relembrar dos momentos em que fazia vez de cobertor para ela, ou quando se faziam amantes fervorosos sob os edredons dela, onde desenhava o corpo dela com as mãos enquanto trocavam beijos ardentes e juntos se contorciam numa verdadeira expressão de artes cênicas – e eróticas –, onde os corpos dançavam, entrelaçavam e uniam.

Ah, a saudade… Sentia saudade do riso dela, do corpo dela, dela em si, e a saudade o fez pensar em ligar.

Mas, se ela não o atenderia, do que adiantava? Tinha medo de, mais uma vez, cair em caixa postal.

Pensou em ir até ela, mas do que adiantava se ela não o abraçaria quando chegasse?

Não tinha sequer coragem de voltar até onde ela estava. Não tinha sequer coragem de dizer adeus.

Adeus… Nem sequer conseguiu dizê-lo a ela. Talvez fosse isso que fizesse que tudo em si doesse de saudade e inconformidade.

Respirou fundo, as lágrimas, que vieram como demonstração de que dentro de si também chovia, fazia com que apenas visse os esboços do que era a fotografia romântica dos dois que lhe servia de wallpaper.

Jogou o celular longe, sem se importar se quebraria o aparelho, afinal, ele próprio já estava quebrado, mas não conseguia nem dizer que era um quadro de colagens, não, muito mal era um esboço.

Sem ela não havia arte, apenas esboços que jamais seriam transformados em obras, tal como aquela fotografia de noivado jamais se tornaria em casamento.

Tal como os dois não se tornariam em um só ou em mais, afinal, o que mais queria era formar uma família com ela. Mas agora tudo o que ela era era o esboço daquele quadro que não conseguia descobrir.

Era assustador não conseguir vê-lo mais. Era assustador não ter mais a dona daquelas curvas.

Era assustador que ela houvesse lhe deixado só. Logo ela que sempre prometeu estar consigo?

Logo ela que lhe ensinou sobre o que era o amor o deixou sem ter o que amar.

Riu nervoso diante de tal paradoxo. Será que até naquele momento ela era indecisa?

Será que até de sua indecisão ele sentia falta?

Será que a saudade o atormentaria por muito mais tempo?

Era maldade só conseguir pensar nela, no quanto sofria sem ela, no quanto se sentia um fracasso por não ter feito nada apara evitar aquela situação.

Mas o que ele podia fazer? Já era a milésima vez que pensava nisso.

Era a milésima vez que chorava pensando nisso.

Enxugou o rosto, se aproximou da janela, tocou seu vidro quando, num surto de loucura, a viu refletida ali, lhe sorrindo.

O rosto, mais uma vez um esboço. Já lhe era difícil recordá-lo precisamente. O arrepio percorreu sua espinha e a frustração sua mente ao notar que era só uma ilusão.

Ilusão…

Por que tinha que ser uma ilusão que ela estivesse consigo novamente?

Por que tinha que ser daquela forma?

Pegou o cigarro novamente, trêmulo, inseguro, sem força alguma em suas pernas, por isso caiu de joelhos sobre o carpete, logo caindo com seu rosto ali, enquanto o fumo ia para longe de si.

A brasa do cigarro se tornou fogaréu em contato com aquele tecido. Ele não se importou, ele não saiu de lá. Era um acidente, tal como aquele que havia estragado completamente sua vida.

Acidentes… A própria relação com Ino não fora um deles? O mais doce e saboroso deles?

Riu lembrando disso, com o dedo, a sujeira do próprio carpete em chamas, desenhou outro esboço, o esboço do formatos dos lábios dela, e o beijou com carinho como se fossem os dela ali, como se aquele calor infernal fosse o do corpo dele, ardente mais uma vez em seus braços.

Ah, como sentia saudade de tudo isso, tanto quanto sentia raiva do barulho dos vizinhos e de toda aquela água que jogaram sobre si, contendo o incêndio.

Eles o salvaram em corpo, mas quem o salvaria em alma além dela? Antes não o tivessem feito.

O estrago era grande, o fogo consumiu suas telas. A dor a si próprio!

Já de pé, coberto por uma toalha seca, ele agradeceu mesmo que entre os dentes. Ao menos os quadros mais importantes não estavam condenados.

Ao menos aquele quadro, aquela silhueta, estava a salvo, tal como suas lembranças.

Lembranças, era tudo o que tinha, lembranças e uma falsa esperança.

Apesar de tudo, ele ainda continuava esperando que seu telefone tocasse, mesmo sabendo que isso era impossível, afinal…

Os mortos não fazem telefonemas!

March 22, 2018, 10:54 p.m. 2 Report Embed Follow story
1
The End

Meet the author

Tatu Albuquerque Mãe de Konohamaru, madrinha de Hanabi, adepta da Fé do Sagrado KonoHana. Você tem 5 minutos pra ouvir a palavra da minha igreja? Kaiten no cu e gritaria, kore!

Comment something

Post!
Fox Bella Fox Bella
EU SABIA Q ELA TAVA MORTA EU SABIAAAAAAAA!!!!!! Meu Deusinho Tatu, em plena viagem q eu estava morta de alegre vc me deixa mal! Mas continua pq eu amo isso!
June 29, 2018, 19:36
Ariane Munhoz Ariane Munhoz
AAAAAA JULIANE, SUA FODIDA, VOCÊ MATOU A INO MATOU O MEU BB AAAAAAA SUA ARROMBADA Que história linda. Acho que cigarros, entorpecimento e essa tristeza calculada combinam muito com Sai. Imagina o que é você construir uma vida toda ao redor de uma pessoa e então perder ela? Adorei como você trabalhou a temática, em como ela ia se tornando um esboço em sua mente, esquecendo dos detalhes. Eu ainda acho você uma arrombada <3
March 23, 2018, 12:29
~