alicealamo Alice Alamo

Ela nunca saberia o quanto aquilo me feriu, o quanto chorei em vão ainda esperando que aquele celular tocasse uma vez mais, mas eu esperava que, onde quer que estivesse, ela soubesse que eu estava ali, zelando por aquele que ela tanto amava, garantindo que ele pudesse viver a vida que ela havia sacrificado por ele.


Fanfiction Anime/Manga Not for children under 13. © Todos os direitos reservados

#angst #Cumplicidade #irmãs #hanabi #hinata #naruto #ua
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Capítulo Único


Eu não havia feito essa escolha racionalmente, nunca a faria se tivesse realmente pensado sobre o que ela implicaria, mas a voz do meu pai gritando comigo, minha mãe chorando enquanto silenciosamente me culpava ainda que eu não possuísse culpa alguma e a carta com o anúncio da morte da minha irmã aberta em minhas mãos tomaram a decisão por mim.

Hinata, minha irmã mais velha, sempre foi tímida, introvertida e alegre, era um espírito delicado e meigo, gentil, dos poucos que encontramos hoje em dia. Diferente de mim, ela nunca teve voz para expressar suas vontades, nunca tomou partido em assuntos que não lhe cabiam por acreditar que sua opinião não podia fazer a diferença, mas ela sempre foi única, especial e amada, muito amada por mim. Era estabanada nos esportes, notas sempre altas, com boas maneiras e educada.

Desde sempre, éramos unidas, os dois anos de diferença entre nós não conseguiram nos afastar, e crescemos como iguais. Pelo menos, assim nós duas pensávamos. Meus pais não... eles nos viam e tratavam com nítida diferença, preferindo obviamente aquela que se destacava, a que traria orgulho à família. E essa, por algum motivo absurdo, não era ela.

Odiava isso, discutia toda vez com eles por ela até que percebi que isso só tornava tudo pior. Quando decidi pela faculdade de psicologia e ela por engenharia aeronáutica, as diferenças ficaram mais gritantes e a convivência em casa, impossível. Eu sabia que ela não havia escolhido aquele curso por vontade própria, era apenas mais uma maneira de tentar agradar nossos pais, mas nem isso funcionou.

Nós duas nos juntamos para alugar um apartamento minúsculo no centro da cidade, próximo à minha faculdade. Meu pai gritou tanto... Foi engraçado, devo admitir, achamos que a veia da testa dele iria explodir! Mas não me abale, segurei a mão dela quando pensou em abaixar a cabeça e desistir, mantive-me firme por nós duas e respondi a cada insulto que meu pai disparava. No fim, ficamos com o apartamento, nos revezando em trabalhos pequenos e com péssimos salários, mas que, juntos, pagavam nossas contas.

Certo dia, a guerra começou. Assim, sem aviso para aqueles que nunca acompanham as notícias sobre economia e relações diplomáticas. Contudo, não para ela. Hinata estava na aeronáutica, no último ano, e as notícias sobre a provável guerra já eram debatidas em sua classe desde o começo. No dia em que foi anunciado no jornal que haveria sim uma convocação compulsória da população alistada em dois dias, Hinata chegou mais tarde em casa. Eu estava sentada no chão da sala, com meus livros espalhados no chão enquanto nosso pequeno gato dormia sobre meus papéis. A janta de minha irmã estava fria àquele horário, então, levantei-me para colocá-la no micro-ondas enquanto ela tomava banho, como sempre acontecia quando chegava tarde.

Entretanto, não naquele dia. Ela não foi ao quarto, em vez disso, sentou-se na mesa gasta e bamba da cozinha e ficou me observando enquanto o prato girava dentro do micro-ondas.

— Está com fome? ­— perguntei, preocupada.

— Hanabi, seu aniversário é depois de amanhã, né? — ela perguntou e sorriu de leve, apoiando a mão no queixo de forma displicente.

— Sim, por quê?

— Nós vamos sair! — ela falou animada. — Vamos comemorar!

— Não acho que tenhamos dinheiro para isso. — Ri ao colocar o prato na frente dela e acariciei os cabelos bagunçados que ela tanto insistia em prender em um rabo de cavalo horrível. Beijei-lhe o topo da cabeça e coloquei os talheres sobre a mesa. — Não precisamos comemorar, podemos ficar em casa e assistir um filme.

— Nem pensar — ela respondeu, indignada. — Nós duas vamos sair, comprar algo bonito para você e comemorar! Sem discussão, Nabi.

Revirei os olhos e me sentei à mesa com ela, assistindo-a comer enquanto conversávamos sobre banalidades. Ela foi dormir assim que terminou a refeição e, antes de entrar no quarto, voltou até a sala, cabisbaixa, e sentou-se ao meu lado.

— Posso deitar no seu colo? — perguntou, já tirando uma almofada do sofá para colocar sobre minhas pernas.

Ri, vendo nosso gato acordar e se aproximar dela.

— Invertemos os papéis, é? — provoquei, mas não lhe neguei o pedido.

Quando ela deitou, de lado, observando os livros e os papéis em que eu mexia, soube que tinha algo errado. Era óbvio que ela estava triste, ou preocupada, não sei, mas era óbvio que algo não estava certo, e só Deus sabe o quanto me arrependo de não ter perguntado nada... Hinata era forte, sempre forte, e gostava de resolver seus problemas, ou pelo menos tentar, antes de falar para os outros e pedir ajuda, achava que, se não tentasse, pareceria fraca... Então, eu respeitava isso, esperava alguns dias para ver se ela melhorava e, se isso não acontecesse, aí sim eu perguntava algo.

Daquela vez, não precisei perguntar mesmo que ela não tivesse melhorado. No dia do meu aniversário, nós saímos sim, ela tinha um dinheiro que não sabia de onde havia tirado, mas ela apenas riu e falou que era um bônus do trabalho. Compramos duas pulseiras que se combinavam para que cada uma de nós usasse, comemos em um restaurante perto de casa, o mesmo que sempre quisemos ir e nunca tínhamos dinheiro, e, quando chegamos em casa, ela chorou.

Como quando era criança, ela me abraçou com força e escondeu o rosto no meu peito, chorando de forma tão assustada que eu não pude fazer mais nada além de retribuir o abraço e tentar acalmá-la com palavras de conforto. Minutos, horas, já era de madrugada quando ela se acalmou e se separou, sorrindo, enquanto secava o rosto e encarava a minha cara de pânico.

— O que aconteceu, Hina? — perguntei, com a voz falha.

— Eu vou embora amanhã — ela falou e riu de desespero. — Eu... me desculpe, Nabi, me desculpe...

Levei muito tempo para processar aquela informação e não consegui associar a que ela se referia.

— Como assim? Ir embora? Para onde? — perguntei com afobação.

Os olhos perolados dela estavam úmidos, o rostinho delicado, todo marcado pelo rastro das lágrimas. Acariciei suas bochechas e, como um tique, arrumei seu cabelo e a franja que insistia em cair sobre seus olhos. Ela me olhava com carinho, mas de uma forma diferente, como se tentasse gravar cada detalhe meu, e isso me apavorou.

— Hinata...

— Amanhã, vou partir com o exército. Nós vamos para a guerra...

Saber que ela mesmo tinha escolhido aquilo partiu o meu coração, e eu não consegui ouvir mais nada depois que ela me contou que tinha se alistado voluntariamente. Doía, o medo fazia tudo doer. Era minha irmã mais velha, minha irmãzinha, minha pequena irmãzinha... A simples ideia de vê-la longe de casa, com todo aquele jeito delicado, me deixava apavorada! Quem dirá uma guerra então! Não entendia por que ela iria para aquilo, ela nunca havia gostado de guerras, repudiava violência! Então... por quê?

Pela manhã, eu chorei, implorei, gritei com ela como nunca na vida havia feito, tudo para que ela reconsiderasse, para que não fosse, para que não se colocasse em perigo de forma tão desnecessária! Mas ela sorriu, vestida naquela maldita farda, e me abraçou.

— Não se preocupe tanto... — ela sussurrou e se afastou para erguer o braço e mostrar a pulseira no punho. — Prometo não tirar, vai ser um amuleto da sorte. Vou voltar para casa, você vai ver. Me leva até o aeroporto?

Não pude dirigir, minhas mãos tremiam demais, e Hinata tentava me distrair enquanto seguíamos para o aeroporto da força aérea. Conheci seu superior ali, ele não era muito mais velho que ela, ou não aparentava ser, e ela respondia tudo com uma postura impecável, uma disciplina que nunca a vi usando... Quando chegou a hora, eu a acompanhei até o embarque, entreguei sua mochila e conferi cada detalhe dela. Arrumei a manga da farda que ela havia dobrado errado, limpei uma poeira que havia pousado em sua camisa, ajeitei aquele quepe, e ela segurou as minhas mãos quando eu ia fazer tudo de novo na tentativa de atrasar sua partida.

— Não esqueça de pôr comida pro TonTon — ela disse, tranquila, com um sorriso gentil. — E não deixe esse gato subir na minha cama enquanto eu estiver fora.

Eu a abracei, tão forte que ela riu. Ver o avião dela decolar foi a pior coisa que já tinha presenciado até meses depois quando vi um oficial qualquer tocar a campainha da minha casa e me entregar uma carta.

Quando segurei aquela carta, olhei de volta para o oficial. Ele estava de cabeça baixa, evitava me olhar e, então, de forma polida se retirou. Fechei a porta sentindo as minhas pernas tremerem, o ar já faltava mesmo que o selo da carta estivesse ainda intacto.

Sabia que algo estava errado desde a noite anterior... Durante os meses daquela guerra, acompanhava o jornal todo dia, todos os horários, me informava por todas as fontes possíveis! Hinata, às vezes, tinha sinal de celular e me mandava notícias, conversávamos sobre tudo. Eu mandava fotos da casa, do gato, dos meus trabalhos, da decoração que eu havia feito para o natal, e ela me contava principalmente sobre seus amigos.

Por mais que eu perguntasse sobre como a guerra estava, ela nunca respondia, ordens do capitão Uzumaki, ela dizia. Às vezes, me mandava uma foto sua, mas parou de fazer quando comecei a notar as olheiras em seu rosto, a sujeira em seu cabelo escuro, a forma como cada dia mais os ossos do rosto se destacavam assim como os arranhões e os ferimentos. Ela não estava bem, eu sabia que não. O suprimento de comida havia sido explodido pelo inimigo, vi no jornal, parte do país vencia de um lado e outra perdia e rezei, com todas as forças que tinha para que Hanabi estivesse no lado vencedor.

Ela falava muito de como o céu lá era bonito. Quando não precisava ficar de vigia, ela gostava de se deitar em uma colina, dentro da área protegida, e observar as estrelas, fingindo que estávamos no sítio de nossa vó. Dizia-me que já era perita em suturas e que seu capitão a já até a tinha chamado uma vez para remover uma bala de seu ombro e costura-lo.

Para ela, era tudo tão normal, tão parte de seu cotidiano que eu tinha que fingir que estava tudo bem, que aquilo não era aterrorizante, que não perdia minha noite de sono quando ela vinha me dizer que um amigo tinha morrido em uma missão naquele dia.

Quando ficava sem sinal, eu tinha ataques de ansiedade. Comecei a fazer terapia na época, porque não conseguia me levantar da cama ou tirar os olhos do noticiário enquanto ela não me mandava uma mensagem. Meu primo, Neji, chegou até mesmo a se mudar para ficar comigo. Ele me levava às consultas, incentivava-me a ir trabalhar, mas como eu poderia entrar num consultório de psicologia para ouvir os problemas dos outros quando não conseguia nem mesmo lidar com os meus?

Além disso, meus pais me culpavam, alegavam que eu era a culpada, que tinha simplesmente deixado Hinata ir sem os avisar, sem nem ao menos tentar impedi-la! Neji, mais de uma vez, teve que os expulsar da minha casa e, enquanto isso, eu permanecia com o celular nas mãos, sempre carregado, sem desviar os olhos da televisão.

Toda vez que o toque disparava, que meu celular apitava de forma repetitiva, eu ria aliviada, e Neji colocava a mão no peito e me sorria. Era ela, finalmente em algum lugar com sinal, o celular dela aproveitando-se para mandar todas as mensagens acumuladas que ela havia enviado mesmo sabendo que não chegaria no mesmo dia.

Eu lia todas, uma por uma. Neji se sentava ao meu lado, passara a conversar com Hinata também e juntos tentávamos descobrir onde ela estava.

— Tenho um amigo que conhece o capitão Uzumaki. Vou pedir a ele a localização das tropas de Naruto — Neji decidiu certo dia.

Contei à minha irmã sobre a terapia e sobre como Neji estava me ajudando no mesmo dia em que ela me disse que achava que voltaria para casa. Ao que parece, ela havia se ferido ao tentar salvar seu Capitão, e ele a queria mandar de forma para casa tanto pelo ferimento na perna quanto como uma forma de agradecê-la por salvar-lhe a vida. Segundo ela, Naruto era o melhor entre os capitães. Ele era justo, sensato, e nunca arriscava a vida deles em vão. Eles beberam juntos uma vez, quando um amigo próximo dele, Gaara, morreu. Ela contou como havia sido triste, estava junto quando Naruto amparou o soldado e o levaram pelas trincheiras até a base. O ferimento era profundo e, embora soubesse que Gaara não fosse sobreviver, Naruto fez de tudo, mobilizou a todos e ficou lá, pressionando a ferida na tentativa de parar a hemorragia até que Gaara simplesmente parou de responde-lo.

— Ela está apaixonada por ele — Neji disse uma vez.

— Eu sei — falei, preocupada. — E estou com medo...

— Medo?

— De ela escolher ficar lá, para protege-lo — confessei já sentindo o choro se iniciar.

Neji me abraçou, mas não disse nada, e era um sinal de que ele também pensava o mesmo.

No dia seguinte, ela me mandou fotos. Uma era dela, e eu podia ver a perna enfaixada, a outra era de Naruto. Ela havia decidido ficar. Discutimos, por horas eu escrevi e mandei tudo o que pensava, implorando uma segunda vez para ela voltar para casa! Até mesmo Naruto havia ordenado que ela partisse para protege-la, mas não... Ela não conseguia, dizia que não poderia viver com o peso de tê-lo deixado para trás naquela carnificina. E eu a conhecia o suficiente para entender, para compreender mais uma vez que ela era gentil demais para aquele ambiente horrível e medonho.

Uma semana depois, ela avisou que partiriam para um local onde ficaria sem sinal. Mandou-me uma foto antes, o sorriso gentil me acalmava, o rosto, apesar de sujo, não tinha mais os ferimentos de antes e a franja do cabelo dela parecia cortada por uma criança com uma tesoura escolar. Apesar disso, ela parecia melhor, ainda com sinais de cansaço, mas só isso. Conversamos até a hora de ela partir, repeti, como fazia todos os dias, que a amava. Nesse dia, Neji conseguiu a localização para onde Naruto estava indo e pude acompanhar melhor pelos noticiários.

Hinata não estava no lado vencedor, ela se encontrava justamente onde nossas tropas perdiam, onde reforços eram pedidos a toda hora. Novos alistamentos eram feitos, as propagandas nacionalistas se intensificavam, o slogan de “falta apenas uma parte” ou “a um passo da vitória” era repetido em todos os lugares. Mas, para mim, esse “apenas uma parte”, esse quase lá não era o suficiente, a minha irmã ainda estava em perigo!

Esperei que ela saísse daquele lugar, que recuperasse o sinal de telefone para podermos continuar nos falando, mas, dois dias depois, encontrei Neji na sala, esperando-me sentado no sofá com lágrimas silenciosas escorrendo pelo rosto.

— Houve um bombardeio — ele aumentou o volume da televisão, e corri para o seu lado.

Meu coração acelerou em poucos segundos, minhas mãos ficaram geladas e minha pressão caiu assim que vi que duas das nossas bases tinham sido detonadas.

Não havia como saber se Hinata estava lá, ela estava sem sinal e nós sem meios de identificar quem havia ou não morrido. Pelo menos até a aquela maldita carta chegar...

Eu não a abri, não consegui, em vez disso olhava para o celular e discava inutilmente o número dela. Cada toque era uma esperança que morria ao chegar na caixa postal. Minha garganta ardia pelos gritos, pelo choro que eu não conseguia conter mesmo que Neji me abraçasse, mesmo que ele tentasse me acalmar.

Acordei desnorteada no dia seguinte, ainda procurando o celular na esperança de que houvesse alguma mensagem, alguma prova de que o dia anterior havia sido apenas um pesadelo, apenas mais um dos meus infinitos pesadelos.

— Hanabi, disseram que o corpo dela chegará amanhã... — Neji disse, com cuidado, sentando-se na cama de Hinata onde eu passara a noite chorando. — Vou cuidar do velório.

Não respondi, fingi que não ouvi, apertei o travesseiro dela contra o peito mentindo para mim mesma durante todo aquele dia.

Ela vai mandar uma mensagem.

Ela está viva.

Ela prometeu voltar.

Ela nunca quebra uma promessa.

Ela está viva e vai voltar.

Repeti isso até o caixão terminar de descer na terra, repeti isso até começarem a jogar terra sobre ele, repeti isso até começar a gritar naquele funeral, até que a dor não coube mais em mim e precisei coloca-la para fora. Me olhavam, me julgavam, sentiam pena, mas o que eles sabiam? O que aqueles parentes que nunca a haviam amado de verdade ou se importado com ela sabiam? Neji era o único que não me repreendia, ele não me segurou quando me joguei sobre a lápide dela quando todos foram embora, não me forçou ir embora quando a chuva despencou sobre nós e não me pediu para ficar quieta quando apenas o meu choro e os trovões ressoavam naquele cemitério.

Por conta da explosão, o caixão não pôde ser aberto, não pude vê-la uma última vez. Neji dizia que aquilo era melhor, que minha última imagem dela seria a foto que havia me enviado, o sorriso gentil e alegre, os olhos amáveis. Ele nem ao menos imaginava a força daquelas palavras... Se soubesse, nunca as diria.

Acompanhei naquele dia a movimentação das tropas de Naruto, ele ainda estava vivo provavelmente. Escrevi uma carta a Neji e me desculpei pela decisão irracional que tomava ao me alistar.

Nunca havia segurado uma arma na vida, nunca nem ao menos sonhava em estar em uma guerra, mas fui... Desembarquei junto de outros tantos designados para as tropas do capitão Uzumaki. Quando ele me viu, percebi a raiva a dor nos olhos azuis, ouvi-o gritar por vários e vários minutos, questionando-me o que eu pensava que estava fazendo ali! Mas eu não ouvia, meus olhos estavam fixos na pulseira que ele carregava no punho, aquela que era tão parecida com a minha.

— Ela odiaria te ver aqui — ele sussurrou, cansado, limpando em um movimento brusco os olhos úmidos.

— Eu sei...

Ele me entregou o celular dela. A tela estava quebrada e parecia queimado nas pontas, mas ainda funcionava. E, ali, ainda havia algumas mensagens dela, aquelas que me seriam enviadas quando ela recuperasse algum sinal. Irônico saber que as últimas palavras dela haviam sido para que eu não me preocupasse, que o reforço chegaria em alguns dias àquela região.

Não lhe dei mais explicações, aprendi o máximo que podia com outros soldados e acompanhei Naruto por cada maldito lugar em que se metia. Minhas mãos tremiam, minhas pernas às vezes não se mexiam, minha mira vacilava, eu fraquejava toda vez que tínhamos uma nova missão. Contudo, quando eu via a mira em Naruto, quando conseguia achar um desgraçado qualquer que tentava matá-lo, era como se o mundo parasse. Minha respiração se acalmava, meus olhos enxergavam melhor, minhas pernas se firmavam e minhas mãos davam o suporte perfeito para a arma pesada. O tiro podia não matar de primeira, mas eu acertava, e era isso que contava naquele lugar.

Naruto virava-se para mim e agradecia, eu nunca respondia. Não era por ele, nada daquilo era por ele e pouco me importava sua vida, era por ela, só por ela e por saber que ela sim se importava com aquele idiota a ponto de ter escolhido morrer ali a deixá-lo.

E eu não deixaria que ela tivesse morrido em vão. Enquanto eu permanecesse ali, Naruto não tinha o mínimo direito de morrer.

March 2, 2018, 1:56 a.m. 6 Report Embed Follow story
5
The End

Meet the author

Alice Alamo 24 anos, escritora de tudo aquilo em que puder me arriscar <3

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Hyu Uzumaki Hyu Uzumaki
simplesmente amei❤❤❤❤❤
April 23, 2018, 19:29

  • Alice Alamo Alice Alamo
    Ahh que bom!! Obrigada pelo comentário, fico feliz que tenha gostado <3 May 01, 2018, 03:31
Hyu Uzumaki Hyu Uzumaki
Porquê vc não faz uma versão do Naruto contando a História?
April 23, 2018, 19:29

  • Alice Alamo Alice Alamo
    Olha, até que não é má ideia o.õ. Quem sabe na próxima aliás? Obrigada pelo comentário, beijoss May 01, 2018, 03:31
Tatu Albuquerque Tatu Albuquerque
Eu ainda me tremo todinha lendo essa fic. Tem 3 meses que eu a li pela primeira vez e ainda hoje eu choro, mexe comigo inteira, acho que nunca vou superar Somente Por Ela. Essa conexão de irmãs, esse senti em de culpa e revolta da Hanabi em nome da honra dos ideias e da motivação da irmã me ganham totalmente e esse final, nossa, tô até tremendo. Meus parabéns!
March 02, 2018, 02:05

  • Alice Alamo Alice Alamo
    Oii! Mano, você não sabe, mas eu acordei com esse plot e escrevi e chorei escrevendo! hahahaha. Eu adoro essa fic, gostei de escrevê-la, sabe? E amo a cumplicidade que elas duas têm <3 Obrigada pelo review! Fico muito feliz que tenha curtido ^^ March 02, 2018, 22:02
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