alicealamo Alice Alamo

Não conseguia mais brigar consigo mesmo, desistira e deixava sua escrita converter sua mais recente paixão em doces divagações.


Fanfiction Anime/Manga Not for children under 13. © Todos os direitos reservados

#romance #ino #gaara #Gaara-Ino #naruto #gaaino #ua
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Capítulo Único


Gaara pegava seu quinto café em menos de uma hora, atraindo olhares desconfiados e preocupados dentro do jornal. Alguns cochichavam o estranho comportamento do colunista, outros já aconselhavam os amigos mais próximos a irem falar com ele e averiguar o que se passava ali.

Gaara trabalhava em um grande jornal, ocupava-se de fazer semanalmente uma coluna sobre o assunto que lhe interessasse. Contudo, já era notável a constância com a qual uma personagem, a quem ele não deu nome, aparecia em sua escrita. A cada nova coluna, Gaara entretinha-se em relatar o cotidiano, as aventuras de uma certa mulher, mulher esta que agora aguçava a curiosidade dos leitores.

Estaria Gaara apaixonado? Ou o colunista apenas dera asas a imaginação e criara uma personagem própria para o trabalho?

Gaara desconversava sutilmente quando perguntavam-lhe algo, driblava o assunto e sempre conseguia desviar o foco da zoação dos amigos.

Como toda quarta-feira, Gaara pegou seu notebook, saindo de sua sala e avisando que iria tirar sua tão merecida hora de almoço. A cafeteria que costumava frequentar ficava ao lado do prédio empresarial, Gaara olhou mais uma vez o relógio ao sentar-se e realizar o pedido a garçonete.

Abriu o notebook, correndo os olhos rapidamente pelo ambiente, tentando detectar a presença pela qual vinha esperando a semana inteira. Assim que a garçonete lhe serviu o café e o pedaço de bolo, Gaara ouviu o sino da porta anunciar o novo cliente.

E ali estava ela. Às quatorze horas e vinte minutos, como toda quarta-feira. Sozinha, andando sobre um salto, altiva e elegante.

Não poderia dizer que ela era sua nova paixão, infelizmente todas as provas depunham contra ele e gritavam ao seu ouvido que já não era só paixão. Que dramático... Quase ouviu seu consciente dizer: "Logo ela? Sem chance..."

A primeira vez que a viu foi no elevador. Ela não o olhara, não falara com ele, Gaara juraria que ela nem mesmo vira que dividia o elevador. Foi a situação mais bizarra que ele já havia presenciado. A mulher entrara no elevador enquanto calçava os dois saltos, posicionou-se de frente ao espelho e conseguiu trançar o cabelo longo da raiz às pontas, colocou um colar simples sem se atrapalhar com o fecho, maquiara-se do nono ao décimo andar, e, mesmo com aquela arrumação atrapalhada, corrida e feita em apenas cinco minutos, conseguira ser a mulher mais bela que ele já tinha visto.

Assim que o elevador parou no décimo primeiro andar, ele a viu descer e, para maior espanto, desceu junto só para averiguar o que desconfiava. Aquela mulher, ali? Não, alguém como ela pertenceria ao andar de moda, não ao departamento de política!

Coincidentemente, naquele mesmo dia, encontrou-a na cafeteria, na mesa do canto esquerdo onde ele costumava se sentar. Ela havia soltado os longos cabelos loiros, que agora caíam em seu rosto, impedindo-a de ler algum documento importante. Os lábios rosados contraíam-se, como se ela se recusasse a aceitar o que lia. Gaara, entretido demais, não comia, permanecendo sentado em uma mesa um pouco distante, observando-a apenas. Aos poucos, aprendeu a ser mais discreto, capturando-lhe peculiaridades, hábitos, rotinas, gostos. Não foi à toa que passou a comer bolo de chocolate no almoço, não é mesmo?

Apreciava observá-la, ela mexia com algo em sua mente (ou seja lá onde fosse). Impressionantemente, Gaara só conseguia escrever suas colunas após minutos e minutos de contemplação, e, por mais que tentasse, sua mão relutava, forçando-o a colocar aquela mulher, mesmo que indiretamente, em seus trabalhos. Ela era sua musa, no mínimo.

E era por isso que ele estava ali, sentado na mesma mesa, comendo a mesma coisa, apenas esperando por ela. Viu-a sentar e abriu o editor de textos do seu computador, esperando que a criatividade se convertesse em palavras.

Os olhos verdes, infelizmente, prenderam-se naquela face delicada. Sentiu a boca secar, as mãos suaram, Gaara riu descrente, passando as mãos nervosamente pelos cabelos ruivos, bagunçando-os ainda mais.

Pediu à garçonete mais um café, resmungando algo incompreensível enquanto começava a digitar qualquer coisa na tela. Seu coração batia forte, podia senti-lo chocar-se contra o peito, machucando. Além disso, fazia muito barulho, sua mente não trabalhava direito com aquelas batidas contínuas, ritmadas, sufocantes. Irritou-se, tentando abafar o barulho com o som da digitação, massacrando as teclas de um jeito feroz.

A garçonete colocou o café na mesa, Gaara bufou, bebendo tudo de uma única vez. Respirou fundo, fechando os olhos, contando até dez como o terapeuta uma vez indicara. Tudo o que viu depois disso foi azul.

Azul?

Gaara mordeu o lábio, constrangido, ignorando o fato de sentir as bochechas quentes. Ela o estava olhando, fixamente. Não havia erros. Que bosta.

Olhar para computador, se levantar, fingir que não a viu, tudo tentativas que talvez dariam certo se ele conseguisse desviar sua atenção. Ah, então os olhos dela eram azuis nesse tom... De fato, combinavam perfeitamente, um azul delicado como a beleza dela, porém um olhar firme e determinado como a postura que ela exibia.

Gaara sorriu antes de se levantar, não era um cortejo ou um flerte, era apenas um sorriso. Pagou a garçonete sem pressa, demorando de propósito e agradecendo por tê-lo feito e poder ver a mulher sorrir de volta corada.

O resultado desse dia foi uma coluna sobre situações românticas. Quase ninguém aceitou que ele, Gaara, o frio e insensível, às vezes cínico e sarcástico Gaara, havia escrito aquilo.

Ir ou não ir à cafeteria? Eis a questão que rondava incansavelmente o pobre colunista. Ela estaria lá, tinha certeza, mas o que faria? Ir e fingir que a semana anterior não ocorrera? Agir como sempre? Sentando e a assistindo? Não, não podia mais, ela agora não o deixaria passar despercebido. Mas ele precisava ir! Além da necessidade de vê-la, tinha um trabalho a fazer, um texto a escrever! Oh, céus...

Puta merda, Gaara riu. Ele estava realmente agindo daquele jeito? Com aquelas dúvidas? O que ele era afinal? Um adolescente com hormônios em ebulição? Por todos os deuses, ele era um homem, já tinha seus vinte e tantos, não poderia dar-se ao luxo de evitar lugares para se esconder de alguém.

Recolheu seu material, reuniu coragem, arrumou o cabelo e a roupa dentro do elevador, pediu seu café com bolo e sentou-se para trabalhar. Seu relógio ainda marcava quatorze e cinco, e Gaara agradeceu com a falsa esperança de ter tempo para relaxar e aquietar o coração.

Nesse tempo sozinho, permitiu-se não fazer nada. Infelizmente, como já é de conhecimento geral, fazer nada é perigoso: nos traz dúvidas e reflexões indesejadas.

Qual o nome da mulher? Nunca perguntou a ninguém, nunca comentou a ninguém sobre ela. Seria comprometida? Ah, não! Azar demais para um só homem. Quantos anos teria? Trabalhava mesmo com política? Que tipo de gênio teria? Histérica? Doce? Ingênua? Ciumenta? Corajosa?

Quando ela finalmente chegou, Gaara estava distraído, lendo uma matéria que um amigo havia acabado de lhe enviar pedindo sua opinião. Contudo, nem isso impediu que o perfume doce, já tão conhecido, o fizesse desviar sua atenção. Ele fechou os olhos, apreciando o aroma, xingando-se mentalmente por identificá-lo.

Ela sorriu, cumprimentando-o. Apesar da vontade de sorrir, Gaara apenas acenou com a cabeça, mantendo-se sério. O problema veio quando, por ser já três horas, a cafeteria não conseguiu oferecer mais uma mesa a recente cliente.

Gaara a ouviu praguejar, suspirar, viu-a andar até o final do corredor procurando uma mesa e voltar inconformada com sua sorte. Quando viu, já havia feito. Sua mão segurava firme o braço fino da mulher, impedindo-a de ir embora. Abriu a boca, sem falar nada. Os olhos azuis o fitaram com curiosidade e receio até ele a soltar.

– Não ligo de dividir a mesa. Daqui a pouco já vou sair mesmo. - Gaara tentou explicar de forma casual, fingindo para si mesmo que fizera uma boa atuação.

Ela sorriu, sentando-se de frente para ele, pedindo um suco e um bolo de chocolate.

– Obrigada. - ela agradeceu. - É só vir em um horário diferente que não se acha mesa por aqui. - riu-se.

Gaara concordou silenciosamente. Era a primeira vez que ouvia a voz dela...

A mulher retirou um jornal da bolsa, começando a ler com tranquilidade.

– Lê o nosso jornal? - perguntou interrompendo a leitura dela.

– Acho que é o mínimo que podemos fazer, você não? - ela indagou sorrindo. - Gosto de ter a visão do "cliente". Trabalha em que área?

– Décimo segundo andar.

– Colunista? - ela perguntou empolgada. - Quem me dera uma área assim... Eu fico na área de Segurança e Criminalidade.

Gaara arqueou uma sobrancelha, suas mãos não paravam quietas sobre o teclado, claro sinal de nervosismo. Ela lia o jornal inteiro! Ela lia as colunas dele! Não poderia dizer o seu nome, com certeza ela não gostaria de ler sobre si mesma e se afastaria!

Que vexame...

Depois disso, ela se concentrou na leitura, Gaara prendeu a respiração quando a viu ler a coluna que ele havia escrito para aquela semana. Parou de digitar, atento às expressões que ela fazia. Seu coração se aqueceu ao vê-la ler com tanta concentração, sorrindo e rindo em algumas partes, parecendo ter carinho por aquele simples texto.

Inerte, aéreo, digitou o que via como um pintor diante da mais bela paisagem.

– Você o conhece? - ela perguntou de repente.

Gaara a olhou intrigado, desperto do transe em que se encontrava.

– Ele. - ela apontou no jornal. - Sabaku no. Nunca o vi no prédio.

Gaara suspirou aliviado! Ele assinava suas colunas com apenas o seu sobrenome e, não sendo nem um pouco sociável, eram poucos que relacionavam o colunista Sabaku no com o colunista Gaara.

Ele negou com a cabeça, vendo-a suspirar decepcionada.

– Gosto tanto dessas colunas... Sinto como se ele falasse comigo. Estranho, não é mesmo?

– O objetivo de todo colunista é fazer com que o leitor se identifique com a história.

Ela riu, concordando com ele, sentindo-se boba.

– Bem, eu tenho que ir... Qual o seu nome?

– Gaara.

– Sou Ino. - ela apresentou-se. - Eu tenho que ir, Gaara. Trabalho me chama. Nos vemos por aí.

– Até.

“Até”. Que palavra mais simplória e fria. Gaara repreendeu-se assim que permitiu que seus lábios dissessem tal... coisa! De fato, voltara à adolescência.

Não deu para se conter depois daquela tarde. Ino simplesmente transbordava curiosidade. Há algumas semanas conseguira aquele emprego na área já mencionada e, seguindo o conselho de um amigo, passou a acompanhar os trabalhos do jornal. Verdade seja dita, Ino adorava ler e, por isso, não se importava em estudar o trabalho das dezenas de pessoas da empresa. Além disso, inquietou-se muito com as colunas.

Todas eram muito boas, diferentes situações e com pequenas revelações ou lições para o dia a dia. Contudo a da segunda-feira chamou-lhe a atenção porque, peculiarmente, discorria sobre a vaidade feminina, descrevendo uma mulher loira a se arrumar às pressas em um elevador. Ah, seu fatídico primeiro dia na empresa! Será que todo mulher já havia passado por aquilo ou alguém vira o que aconteceu? Esse foi o primeiro motivo para Ino querer ter em mãos a identidade do colunista.

Sim, leu certo. Foi o primeiro, porque depois disso Ino fez questão de ler os jornais de segunda-feira quando fosse às quartas para o trabalho. Não se surpreendeu muito quando reconheceu traços seus nas personagens das colunas.

– Será um tarado? - ela perguntara a Shikamaru, um amigo do trabalho, nesse dia.

– Conheço os colunistas e nenhum me parece um tarado, Ino.

– Se você conhece pode investigar para mim! - ela riu, dedicando-lhe o seu melhor olhar.

– Você fez isso comigo quando tínhamos cinco anos. Não caio mais nessa.

Ino revirou os olhos, abrindo a carteira e estendendo algumas notas ao “amigo”.

– Agora sim falamos a mesma língua. - ele riu, pegando o dinheiro e a expulsando de sua sala.

Com a demora de Shikamaru, Ino ficou impaciente. Não devia ser assim tão difícil achar o maldito stalker! Entrou em sua cafeteria, como de costume, comia tranquilamente até ouvir o assassinato. Ah, como ela não desejava ser aquele teclado... Balançou a cabeça com dó ao observar o homem praticamente quebrar as teclas ao digitar.

Suspirou, penalizada, e quando desviaria o olhar para não atrair a atenção do homem, aparentemente com muita raiva, paralisou. Os olhos dele já mergulhavam nos seus ao mesmo tempo em que os seus para os dele. Constrangeu-se, mais pelo olhar do que por ter sido pega em flagrante. Ele era atraente, os cabelo ruivos e os olhos claros dando-lhe um belo contraste. Sua ideia de dizer alguma coisa morreu ao vê-lo se levantar e, antes mesmo de poder desculpar-se por talvez tê-lo irritado mais ainda, ele sorriu para ela.

Ino engoliu seco, mordendo os lábios por um momento. Sorriu de volta, encabulada, assistindo a saída do ruivo. Pediu mais um bolo depois do ocorrido! Bolo sempre ajudava a ou aquietar o coração ou a mente, e ela precisava de ambos.

O resultado foi óbvio: apaixonara-se por um escritor que não conhecia e nem ao menos sabia se escrevia mesmo sobre ela. Até a próxima quarta quando sentou-se com o ruivo da semana anterior, amaldiçoando seu chefe que não a deixara sair em seu horário de almoço!

Quase riu, quase morreu de rir, quase teve um ataque de risos ali mesmo! Não é exagero, entenda que a situação foi de fato cômica. Agradeceu o ruivo, abriu o jornal e leu sua tão esperada coluna. Quando Gaara começou a conversar com ela, Ino estranhou, mas não se importou. Sua surpresa foi ouvir que ele era colunista, e a cena hilária começa agora: ao perguntar se ele conhecia o autor de quem falava, ele negou, ignorando, graças a talvez uma falha de memória, o crachá da empresa com o seu nome e sobrenome preso à sua camisa social.

Tudo fez sentido! Dando uma desculpa qualquer, Ino voltou ao trabalho, sentando-se à frente de sua mesa e rindo à vontade! Céus, agora entendia as colunas, os olhares, o maldito bolo!

Parou de rir só, e somente, porque seu chefe apareceu para lhe cobrar o trabalho. Voltou a por os pés no chão, trouxe de volta à realidade a cabeça e mergulhou na matéria que escrevia.

Às nove horas terminou todas as suas tarefas com um gemido de dor, seu pescoço implorava por um macio travesseiro! Arrumou suas coisas e desceu ao estacionamento. Mesmo de lá, ouviu os trovões e o choque interrupto da água com o solo.

Respirou fundo preparando-se para trânsito, malucos fugindo da chuva, semáforos quebrados e tudo que o azar pudesse lhe oferecer. Entretanto, a sorte foi gentil dessa vez. Após o primeiro sinal quebrado e uma quase batida, Ino viu do outro lado da rua (onde seu carro quase foi parar) Gaara. Parado, ensopado, com uma cara péssima enquanto olhava para rua a espera de um ônibus.

– Pensei que demoraria mais para eu devolver a gentileza que me fez na cafeteria. - ela gritou ao parar o carro ao lado dele e abaixar o vidro.

Gaara riu, incrédulo.

– Estou encharcado. - ele informou, receoso pelo carro.

– Ele já suportou coisas piores.

Gaara sorriu, entrando no carro e abrindo de pressa a bolsa para verificar o estado do notebook.

– Sortudo. - Ino comentou ao ver o computador a salvo.

O silêncio, às vezes, é mais revelador do que as palavras. Minha opinião pelo menos. Mas vejam só, não é preciso verbalizar aquilo que já está palpável no ar ou escondido nos olhares. Gaara apenas tomou alguma atitude porque cansou, ou melhor, porque Ino o atiçou!

As mãos dela apertavam o volante com precisão desnecessária, os olhos furtivamente o escaneavam por completo, a língua de minutos e minutos contornava os lábios rosados, a franja era jogada para o lado toda vez que caía sobre os olhos e a atrapalhavam na árdua missão de observá-lo.

Pesando os prós e contras, Gaara soltou um “foda-se”, aproveitando-se do sinal fechado para puxar Ino pela nuca e roubar-lhe um beijo.

Não sentiu a mão a desferir-lhe um tapa ou a empurrá-lo, pelo contrário: Ino o segurava pela camisa molhada.

Doce, doce como o bolo de chocolate, viciante exatamente como ele.

Separaram-se, ofegantes, mantendo-se próximos, sentido as respirações arrepiarem ambos.

– Minha casa ou a sua? - ela perguntou, tendo os lábios mais uma vez tomados.

– A mais próxima. - ele riu.

O caminho foi horrível, Ino dirigia com pressa para a casa de Gaara, desviando dos outros carros como faria em um videogame. Estacionou pior ainda, rezando para que não batessem em seu carro durante o tempo em que ficaria ali.

O que se sucedeu é o óbvio, entregaram-se e aproveitaram. A afobação combinada com aquele sentimento parasita ainda em crescimento e o recente desejo que já comandava-lhes as ações.

Ino sorriu ao acordar abraçada. Levantou sem acordar Gaara, tomou um banho rápido e saiu da casa agradecendo ao ver seu carro intacto.

Gaara acordou meio decepcionado ao não encontrar Ino, porém não conseguiu evitar de sorrir ao ler a nada sutil ordem da amante:

“Se fizer uma coluna sobre isso, acabo com você.

Me deve um almoço pelas multas que peguei ontem.

Sabe onde fica meu andar, te espero hoje, Sabaku no Gaara.”

Feb. 25, 2018, 1:47 a.m. 0 Report Embed Follow story
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The End

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Alice Alamo 24 anos, escritora de tudo aquilo em que puder me arriscar <3

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