liralov Lira Pavlova

"Os homens inspiravam profundamente dos tubos de ópio, descansando em almofadas com cores suaves que combinavam com os tons suaves das paredes. A fumaça, curvando-se no ar, projetou uma tela desbotada à cima de todos e pareceu acrescentar um ar de mistério a tudo aquilo. No entanto, o ritmo lento e constante dessas criaturas condenava-as a serem esquecíveis em comparação com o outro elemento que definia o conteúdo desta casa. Em toda parte, entre aqueles homens embriagados em seus venenos, estavam outros homens - homens fazendo amor." Bosie convida Oscar para o "antro da decadência" e por mais que tente, Oscar simplesmente não consegue resistir ao convite.


LGBT+ For over 21 (adults) only.

#OscarWilde #inkspiredstory #Bosie #literaturaerotica #lgbtq+
3
3.0k VIEWS
Completed
reading time
AA Share

Parte I

Oscar Wilde foi um célebre escritor, poeta e dramaturgo irlandês. Sua obra mais conhecida é “O Retrato de Dorian Gray”, que inclusive, já foi adaptado em várias peças de teatro e cinema. Lord Alfred Douglas foi um poeta e tradutor inglês, conhecido por ser amante de Oscar.


O filme, “Wilde – O primeiro homem moderno” (1997) explora a relação tórrida de ambos. Quem puder ver o filme, eu recomendo, pois o ator britânico Stephen Fry, interpreta Wilde como ninguém.


———————————————


"O que eu não entendo", disse Bosie, estendendo-se languidamente sobre os lençóis estampados, "é porque faz alguma diferença se nos encontramos aqui ou ali".

Oscar esqueceu-se de olhar para cima, debruçado na escrivaninha próxima, consumido pelo som de sua caneta no papel. Terminando a parte final de sua sentença, parou por um instante para mergulhar a ponta em seu tinteiro, ouvindo o ranger do colchão quando Bosie se levantou da cama. "As pessoas tagarelam", ele respondeu, pesaroso, continuando a olhar para as pilhas de papel espalhadas na frente dele. De trás dele, os braços de Bosie se esgueiraram em volta de seu pescoço, o homem mais jovem pressionando suas costas com um suspiro. "As pessoas falam muito, e a última coisa que qualquer um de nós precisa é do Marquês de Queensberry, ouvindo através da videira que eu fui visto no Antro da Decadência."

Bosie sorriu, acariciando o pescoço de seu amante. “Você não pode dizer que não é tentador.”

"Tentador ou não," Oscar entoou gravemente, "o que de fato é, porém é igualmente tentador ficar de fora da língua maldosa do seu pai. Não poderei enfrentá-lo, caso um dos seus amigos hedonistas considere fofocar. E você conhece seu pai.

“Mmm. Sim, isso eu sei.” Bosie cantarolou um som agradável no ouvido de Oscar. Ele retirou as mãos errantes do peito do mais velho e, apesar de toda a sua confiança verbal, o escritor olhou para cima, com os olhos arregalados e buscando apelo. Bosie sorriu distante; o sorriso de alguém não muito convencido. "Você está dizendo, então, que não iria me seguir até esse antro - e que eu sou livre para passear por lá sem você?"

Oscar gemeu em exasperação. "Bosie..." - Ele foi silenciado pelo toque de um dedo em seus lábios.

"Meu pai vai fazer o que sempre fez, Oscar." O rosto do jovem, antes tão relaxado e radiante, se transformou por um instante em uma expressão sombria. Seus olhos semicerrados traçaram os ângulos do rosto de Oscar, com uma nota de desapontamento no olhar. "Eu não vejo porque você tem tanto medo dele. Ele é alto, sim; agressivo sim; mas ele não tem poder sobre você. Apenas negue tudo. Se ele não nos ver, não poderá dizer que isso aconteceu. Meu pai é um touro, Oscar, e você só precisa se afastar no momento certo para fugir de seus chifres.

Oscar não disse nada, o dedo do mais novo ainda descansando levemente contra sua boca. Com o rosto voltando a sua expressão impertinente, tão apropriada para o verão, Bosie retirou o dedo e recuou em direção à cama. “De qualquer forma, estou indo. Se você me acompanha ou não, não é mais minha preocupação.”

O escritor observou o jovem tirar o casaco de onde ele estava pendurado no peitoril da janela, ele próprio manteve-se firme na cadeira e franziu a testa. Conhecia bem Bosie - bem demais para se iludir acreditando que quaisquer preocupações que expressasse convenceriam Bosie a fazer algo que ele desejasse. Tudo o que ele dissera era uma tentativa indecisa de convencer-se a não seguir, para se proteger. Era uma esperança ingênua que persistiu, não importando quantas vezes ele havia seguido lealmente Bosie rumo ao perigo, algum tipo de apelo piedoso para a parte de seu espírito que, de alguma forma, estava irremediavelmente apaixonada. Embora isso o tenha feito hesitar, não foi uma luta muitas vezes vencida por seu lado racional, e Oscar teve a impressão de que estaria derrotado em breve.

Vestiddo, Bosie parou na porta, sobrancelhas finamente arqueadas em reprovação. "O vejo amanhã, então. Ou se não, quarta-feira para o chá."

Oscar limpou a garganta, tentando demonstrar confiança. “Sim, bem, provavelmente será quarta-feira. Você poderá desfrutar de sua loucura descuidada por conta própria.”

Um pequeno ‘huff’ deixou os lábios do rapaz. "Se você diz, Oscar", ele respondeu, e saiu da sala sem mais palavras, deixando o mais velho sozinho.

——————————————

Marquês de Queensberry - John Sholto Douglas, 9.° Marquês de Queensberry foi um nobre escocês, pai de Alfred Douglas(Bosie).

July 6, 2022, 1:16 p.m. 0 Report Embed Follow story
1
Read next chapter Parte II

Comment something

Post!
No comments yet. Be the first to say something!
~

Are you enjoying the reading?

Hey! There are still 2 chapters left on this story.
To continue reading, please sign up or log in. For free!