sophie-waldorf Sophie Waldorf

Seu sonho era ser uma escritora famosa, mas sua inexperiência de vida era um obstáculo. Surge então a chance de desbravar o mundo sozinha, viver sua própria vida. No caminho ela vai encontrar muito mais do que esperava.


Romance Young Adult Romance For over 18 only.

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Capítulo 1

ARIADNE DASKALAKIS

Nervosismo me definia naquele momento. Por quê? Estava sentada de frente para o homem que lia meu livro, um futuro agente, uma chance de publicá-lo, mas desde o momento que entreguei a história, ele não deu uma única palavra, o que só me deixava ainda mais nervosa. Eu não era do tipo que roía as unhas, mas se aquele silêncio continuasse, seria capaz de começar. O agente abaixou o calhamaço, tirou os óculos e me encarou.

— A história é boa, tem potencial. — Ele começou a falar e eu sentia que viria um, porém, não estava gostando nem um pouco disso. — Porém... — Não disse? — Falta tato, o romance é muito fantasioso.

— Fantasioso? — perguntei querendo saber onde ele queria chegar.

— De quem ainda não viveu essa experiência, falta esse tato. — Explicou. — Te falta um pouco de vivência nesse mundo, Ariadne...

Estava começando a me desanimar, a pensar que meu sonho de ser escritora não se tornaria realidade. O agente me encarava, ainda tinha algo a dizer.

— Não vou descartar totalmente — Foi alívio para mim. — Como eu disse, tem potencial e acredito que possa ser melhorado.

— O que sugere? — questionei, curiosa e ávida pelos conselhos. Eu sabia que havia uma chance de rejeição, mas sinceramente não queria ter que lidar com isso, acredito que ninguém queira.

— Um mochilão pela Europa — respondeu, recostando-se no encosto macio de sua cadeira. — É jovem, precisa viver sua vida, aproveitar, não ficar enfurnada em um quarto com um notebook ou uma máquina de escrever imaginando como poderia ser quando pode viver por você mesma.

Ele tinha um ponto, passei um bom tempo no meu quarto escrevendo, tudo o que eu sabia de romance aprendi com meus pais e sua convivência, livros, filmes, contos, fanfics, mas nunca vivi um amor, nunca senti a paixão arrebatadora de que todos falam, nem mesmo as tão famosas borboletas no estômago.

— Ficou idealizado demais — falei, pensando comigo mesma.

— Sim, por isso estou sugerindo essa viagem, vai me agradecer pelas memórias. — Ele se levantou e andou até a janela que ao longe era possível ver o mar. — Você tem muito potencial Ariadne, e não quero vê-lo desperdiçado. Vou aumentar seu prazo para entregar o livro.

— Vai? — Meus olhos brilharam de alegria, senti a esperança voltar.

— Um ano — ele disse finalmente. — Tempo suficiente para viajar e reescrever a história.

Era um prazo mais que razoável, ao menos assim eu pensava. O encarei, sorri feliz, havia uma chance mesmo que minúscula de ter meu sonho concretizado e agarraria essa chance com unhas e dentes, jamais desistiria. Levantei-me de supetão.

— Pois bem, em um ano reescreverei a história, custe o que custar — disse com determinação. — Eu tenho um dinheiro guardado, acredito que sim, vou conseguir viajar por um longo período.

— Espero que aproveite mesmo, Ariadne, não apenas para escrever, mas para viver, criar memórias — ele se ajeitou na cadeira. — Curta o que a vida tem de bom a oferecer, não viva apenas enfurnada em algum lugar, nesse tempo também vai servir para que encontre seu processo criativo.

O encarava, absorvendo suas palavras. Processo criativo. Um ponto que não havia parado para pensar, eu simplesmente pegava o que eu tinha à mão, fosse um bloco de notas, um papel, até mesmo meu celular quando não estava com o notebook por perto. Seria interessante.

— Vamos manter contato, senhorita — ele riu. — Não quero ninguém te roubando de mim, e para saber se está bem.

— Pode deixar. — Me despedi dele e saí quase correndo para casa, louca de vontade para contar aos meus pais sobre a reunião com o agente e sobre a viagem.


No caminho de volta para casa, uma coisa me preocupou, a reação dos meus pais quanto a viajar sozinha. Não que eles não confiassem em mim, era nos outros que eles não confiavam. Meu pai, Dimitrios, era um homem bom, um tanto severo, mas justo, entretanto, quando se tratava de mim, ele se dividia em me manter protegida sob sua asa pelo resto da vida e me deixar ganhar o mundo, já minha mãe, dona Hermione, era aquele típica mãe e dona de casa grega, queria todos sob sua proteção sempre.

Olhei para meu relógio de pulso, pelo andar da hora, eles ainda estavam no trabalho. Rumei para Plaka, onde fica a cafeteria da família e bairro vizinho ao nosso, Monastiraki. Para falar a verdade, os bairros eram tão grudados um no outro que dificilmente se sabia onde começava um e terminava o outro. Os turistas ficavam malucos, na alta temporada então, era a melhor época para todos, claro, principalmente para nós na cafeteria.

Enquanto esperava para sair do metrô, puxei meu celular, abri o aplicativo de música, deixei no modo aleatório e começou a tocar Antonis Remos, como eu adoro a voz desse homem. Caminhei a passos lentos, aproveitando não apenas a melodia que tocava nos fones, mas pensava em como contar aos meus pais que eu viajaria por um ano ou quase. Ficava imaginando mil e uma reações, só espero que eles não barrem nem tentem nada para impedir. Eu não entraria naquele momento na faculdade, depois de tanto me matar de estudar na escola e escrever meu livro, decidi me dar um tempo de descanso, mas agora que teria que reescrever a história, quem sabe até começar do zero quando conseguiria um tempo de descanso ou até mesmo para estudar de novo?

— Filha! — Minha mãe me cumprimentou, nossa, cheguei muito rápido na cafeteria.

— Mãe. — A cumprimentei de volta, começava a sentir o nervosismo querendo dar as caras de novo. — Pai tá aí também?

— Claro. — Ela me olhou por um momento. — O que foi? A reunião não foi boa?

— Então... — Olhei para ela, incerta. — Queria conversar com vocês...

Dona Hermione me olhou de maneira desconfiada, intuição de mãe, impossível algo passar despercebido por ela.

— Tudo bem — ela disse. — Assim que fecharmos, conversamos os três, em casa.


Meus pais me encaravam, esperando que eu contasse sobre a reunião, sei que eles estavam curiosos, mas aquele olhar fixo me deixava nervosa, respirei fundo.

— O agente gostou, porém... — olhei os dois, pra que? Fiquei mais nervosa. — Ele disse que ainda estava muito... fantasioso, ele acredita que posso amadurecer a ideia.

— Ou seja, ele não vai publicar... — Meu pai não estava feliz, imagina quando eu contar da viagem, já posso ouvi-lo xingando horrores.

— Não agora, daqui a um ano — contei. — Foi o prazo que ele me deu e... me aconselhou a viajar.

— Viajar? Para onde? — eles perguntaram ao mesmo tempo.

— Por aí, pela Grécia, um mochilão pela Europa, talvez. — Comentei, sentindo que eles iriam surtar a qualquer momento.

— Com quem? — Meu pai perguntou, ah, aquele tom inquisitivo.

— Sozinha? — Mordi o lábio esperando a chuva de xingamentos.

— Não sei se é uma boa ideia, filha — minha mãe disse. — Uma jovem, inexperiente, viajando sozinha… É isca para predadores.

— Mãe… — A olhei, usando meu melhor olhar de cachorro que caiu do caminhão de mudança. — Eu…

— Eu vou pensar no assunto, Ariadne. — Meu pai cortou a conversa e me surpreendeu ao mesmo tempo por não negar de cara a viagem. — Sua mãe tem um ponto, você é inexperiente, um pouco inocente… Isso pode sim, atrair pessoas mal intencionadas, mas…

— Mas? — Ah pai, não faz essa pausa dramática, por tudo que é mais sagrado, sou uma pessoa ansiosa.

— Mas se eu te superproteger, pode ser tão ruim quanto. — Ele suspirou cansado, imagino que o dia foi puxado e pela notícia. — E não quero que tenha medo do mundo.

— Pai…

— Me dê alguns dias, princesa, até porque uma viagem não se planeja da noite para o dia. — A fala dele me deu esperanças de que eu conseguiria viajar tranquila em relação a eles.

Abracei meu pai e o enchi de beijos, feliz. Ah, mas seu pai vai só pensar… Isso significa muito para mim, meu pai nunca fala que vai pensar somente para me enrolar e me fazer esquecer, ele realmente pensa.

— Faça um roteiro dos lugares que quer visitar, Ari, a depender dos locais, vamos discutir o assunto, tudo bem? — ele me perguntou e é claro que eu disse sim.

Depois da conversa, corri para meu quarto para começar a pesquisar os lugares que gostaria de visitar durante a minha viagem. Todo o nervosismo que eu senti com a notícia de que terei que reescrever ou talvez escrever uma história nova desapareceu e deu lugar a animação, a excitação de explorar o mundo sozinha.

Comecei pesquisando as ilhas gregas, afinal, eu sou grega, nascida e criada em Atenas. Aprofundar meu conhecimento sobre meu próprio país seria muito bom para a história. Nem todas as ilhas eram acessíveis via aérea, algumas somente por barcos, dependendo de onde vou, as passagens não são tão baratas assim, então preciso fazer um roteiro bem bacana. Abri um site com um roteiro direcionado para os turistas estrangeiros, e creio que também servirá para mim.

Algo que eu gosto do meu país é que lugar para visitar não falta, a Grécia tem seis arquipélagos principais, uma leque enorme de opções e comecei a olhar um roteiro pelas Ilhas Cíclades, situadas no mar Egeu, Milos, Mykonos, Paros e Santorini dentre outras, obviamente que não me limitaria apenas a elas, também estava lendo sobre as Ilhas do Dodecaneso, onde fica Creta, a maior das ilhas gregas e uma que quero explorar cada centímetro. Quero explorar um pouco mais do mitos de Teseu e Ariana e também o de Ícaro Dédalo, quantas histórias para serem contatadas e eu louca para absorvê-las.

Não sei quanto tempo fiquei planejando aquele roteiro incrível, mas sei que foi o suficiente para minha coluna reclamar de dor. Talvez eu tenha abusado só um pouco. Olhei para o relógio do notebook: duas e onze da manhã. Caramba, era muito tarde, o tempo voa quando estamos concentrados, não? Bom, roteiro, teoricamente pronto, ainda era preciso fazer o orçamento de quanto ficaria e a depender, eu teria que ficar mais dois ou três meses trabalhando na cafeteria para juntar mais dinheiro.


Uma semana se passou e até agora meu pai não me deu uma resposta, não estava gostando, me sentia um pouco enrolada. Outra coisa que me desanimou foi o orçamento, passei a semana inteira pesquisando os preços de tudo, cheguei a conclusão que precisaria sim trabalhar mais dois meses pelo menos para juntar o que faltava, se eu quisesse viajar com muito conforto e visitar todos os lugares que planejava.

Esperei até o movimento da cafeteria diminuir para puxar meu pai para conversar, sei ser paciente, mas não tanto quanto gostaria. Sentamos em uma mesa afastada que havia no lugar e perguntei sem rodeios.

— Ari… — meu pai hesitou, nada bom. — Você é minha única filha, sei que não posso te proteger de absolutamente tudo.

— Não que você e a dona Hermione não tentem. — O interrompi.

— Pensei em todos os prós e contras que me vieram à mente — ele pausou e suspirou. — Vamos deixá-la viajar, mas com algumas pequenas condições.

— Nunca é sem elas. — Brinquei e senti o alívio tomar conta de mim.

— Queremos o roteiro de onde vai, telefones dos lugares e comunicação constante com a senhorita — disse sério. — Ao menos duas ligações ao dia, Ari, uma pela manhã e uma à noite antes de ir dormir.

— Parecem condições razoáveis — comentei, olhei para ele com uma leve desconfiança de que não era tudo. — O que mais?

— Uma mulher viajar sozinha é perigoso, esteja atenta sempre, filha — a preocupação nos olhos do meu pai era cristalina. — Não tome nada que lhe oferecerem, se achar o cheiro estranho não beba.

Fui ouvindo uma a uma das instruções e preocupações deles, quase todas razoáveis, só uma de não deixar nenhum homem se aproximar, um tico exagerada, mas sei que é preocupação de pai mesmo. Meus pais me deram o maior voto de confiança deles, me deixar ganhar o mundo por minhas próprias pernas, me deixarem viver, acreditarem em mim e no meu sonho.

— Outra coisa, o dinheiro para viagem, tem tudo certinho? — ele perguntou.

— Falta um pouquinho só, nada que em um ou dois meses trabalhando aqui na cafeteria eu não consiga — respondi. — É que eu quero conhecer o máximo de ilhas possível.

Seu Dimitrios me encarou por minutos que me pareceram eternidade, pude ver as engrenagens de sua mente girando. Acho que ele estava pensando em como poderia me ajudar na parte financeira da viagem. Ou então no que poderia me acontecer caso o dinheiro acabasse muito antes do previsto.

— Um, dois meses, Ari? — ele me perguntou. — Quero ver o orçamento que você fez quando chegarmos em casa.

— Tudo bem, paizinho. — Sorri, levantei e o abracei.

Uma coisa que Seu Dimitrios e Dona Hermione me ensinaram desde muito pequena era que a pressa era nossa maior inimiga. Se eu quisesse algo teria que correr atrás, tanto que comecei a trabalhar na cafeteria desde os quatorze anos e desde então venho juntando dinheiro, comprava uma coisa e outra, como meu notebook, mas sempre juntava o restante e agora tinha aos meus dezoito anos, possuía uma quantia considerável para fazer uma viagem. E uma que eu esperava que fosse longa o suficiente para reescrever meu livro.

May 10, 2022, 2:08 p.m. 6 Report Embed Follow story
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Síssi Almeida Síssi Almeida
Eu queria juntar dinheiro em dois meses pra uma viagem dessas kkkk.
July 14, 2022, 17:45

  • Sophie Waldorf Sophie Waldorf
    Oiii Ah, hehe, acho que não deixei claro que ela já tinha algum dinheirinho poupado e juntou mais um pouco kkkkk my bad!! Obrigada pelo comentário!! Beijos!!!! July 14, 2022, 19:08
Karimy Lubarino Karimy Lubarino
Nossa, eu me apaixonei pela personalidade da Ari. Ela tem um jeitinho simples e humilde de ver as coisas e isso me cativou demais. A relação entre ela e os pais é muito bonita também. Na pele dela, acho que ficaria tão ansiosa quanto ela ficou durante aquela conversa, principalmente porque eles se sentaram pra bater um papo sério mesmo sobre o assunto, de forma nada casual. Meu coração ficaria louco hahahaha. No fim, a Ari pelo jeito vai apenas viajar pelo próprio país, mas já é grandíssima coisa. Quem me dera poder conhecer o Brasil como eu queria também, então entendo a empolgação dela (o bom é que vou poder acompanhar ela na viagem hahahaha). Ansiosa pelo próximo capítulo. Não demora muito, please 🤗.
May 28, 2022, 13:52

  • Sophie Waldorf Sophie Waldorf
    Ari é uma fofa, bem simples mesmo, de uma inocência bem gostosa também. Ela tem uma ótima relação com os pais, o que ajuda muito, a confiança, o carinho. Ah, estamos todos ansiosos para começar a jornada com ela e vem muita coisa legal por ai! Vai ser bacana ver a Grécia pelos olhos da Ari! Imagina poder viajar por esse Brasil? Ah que sonho, quem sabe não vira uma próxima história?! Karimy, muito obrigada por esse carinho e esse comentário tão gostoso! Prometo que não demoro, já comecei a produção do próximo! Beijos!!!!! May 28, 2022, 16:32
Dimi  Dimi
Quem me dera poder fazer um mochilão pela Grécia também, essa história acendeu uma vontade louca de viajar que eu já tinha esquecido hahahaha e esse agente devia financiar a viagem, oras pois, que mundo é esse? Kkkk Espero que dê tudo certo para a senhorita Ariadne para que ela possa nos levar pra cada centímetro quadrado da Grécia. Estou animadíssimo! E quando ela encontrar o amor? Que momento será! Este único capítulo já melhorou meu dia em 200%
May 10, 2022, 14:31

  • Sophie Waldorf Sophie Waldorf
    E você fez o meu melhor com esse comentário tão gostoso!! Sério! Ah, um mochilão pela Grécia seria um sonho realizado, né? A aventura da Ariadne está só començando! Stay tuned! Já tenho o 2 em produção, hihihi. Muito obrigada pela companhia, meu fofo! É sempre um prazer tê-lo aqui! Mil beijos !!! May 10, 2022, 17:57
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