Um domingo qualquer em Kaloré, por volta das 9 da manhã, não consigo definir se é um dia chuvoso ou ensolarado por conta do escuro da cortina que transformou o quarto em um incrível ambiente para dormir, acordo para dar bom dia para a minha princesa e me vejo lamentando. Amanhã é dia de trabalhar. Trabalho que nos cansou mais do que devia e que não sabemos como sair dele. Estamos traumatizados com a desvalorização, tanto de nós, profissionais, como de nosso dinheiro, que mal fica em nossos bolsos. Vê-la chorando quase todos os dias antes de ir trabalhar é ainda mais traumatizante. Uma hora de ônibus lotado para ir, uma hora de ônibus lotado para voltar. Na maior pandemia que passamos até aqui. O trabalho é fácil, as pessoas são difíceis. Ir presencialmente para falar por telefone, numa época em que o contato devia ser mínimo, mas tentamos seguir, assim como tentarei acabar com isso, mas como? O que pode ser melhor que a segurança no ano do desemprego? Talvez nem seja tão ruim este trabalho. Eis que do nada me vem a cabeça: "vamos pros Estados Unidos?" questiono a ela, mais para saber o que pensa sobre morar fora do que qualquer outra coisa. Inesperadamente me deparo com sua resposta: "dizem que Portugal também é bom". Penso por um instante, será que escolhi a pessoa que não tem problema em deixar tudo e ir atrás de uma vida melhor em outro país comigo? Pensando bem, talvez não, olha a vida dela...
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