Short tale
1
2.0k VIEWS
Completed
reading time
AA Share

Auto estima renovada

… Segunda-feira, 13 de Março de 1995


Aquela semana foi uma semana bem agitada para a galera do escritório de contabilidade, pois, já estavam combinando de fazer a festa da Lilian e do Vitinho naquele sábado há quase um mês. Lilian, do RH, fazia aniversário dia 15 e Vitinho, tributário, 18, e, esta festa seria na casa do Igor, que era amigo de todos e era o que morava mais próximo de todos, seu endereço era quase como um ponto de intersecção para todos. Esta festa seria muito divertida pois todos iriam. Já confirmados estavam a Lilian e o Vitinho (risos), João, Wadão e sua esposa Kátia, Elenice, Silvia, Gustavo e sua esposa Cláudia, o Toco, Aline, Néia, Gilda, Gessi, Clóvis, Carlinhos e sua namorada Íris e Virgínia.

Lilian faria 26 e Vitinho 32, todos eram amigos de trabalho. Uns estavam na firma há mais de 7 anos, outros há pouco menos de 1 ano, mas, era muito divertida a relação deles e havia muito respeito empregado em suas conversas e compromissos. Mesmo sendo algo mais despojado, pois eram todos amigos e naquele ambiente não havia (nem caberia) segundas intenções, Virgínia queria estar muito bem arrumada, para dar aquela massageada no ego e fortalecer a autoestima, pois, sendo uma das mulheres mais velhas da turma, 30, às vezes se sentia diminuída pelas outras meninas. Não há como culpá-la, já estava há quase 6 meses sem namorar, havia saído umas duas vezes com um rapaz mas ele era tão vazio de ideias que ela não se sentia motivada a ir adiante e, foram apenas uns beijos e uns sorvetes, e, por ela, ainda bem que tiverem os sorvetes, porque nem os "amassos" dele eram bons, ao menos, passas ao rum com cobertura de caramelo havia estado naqueles encontros, o que os tornava algo menos cansativos.

Agora, para poder se sentir mais atraente e mais bonita, Virginia decidiu mudar um pouco seu look. Dona de uma pele negra impecável, de cabelos bem cacheados e extremamente volumosos, com um colo discreto, mas um quadril invejável pelas mulheres que a viam, ela decidiu apostar em cores vivas, pois a festa seria à tarde, perto do horário do almoço. A aposta dela já havia sido feita e o plano era ser provocante e discreta. Seus cabelos estavam deslumbrantes, pois os cachos estavam perfeitos e bem brilhantes(a cabeleireira havia caprichado), por ter um colo discreto, optou por um vestido tomara-que-caia verde bem florido, um tecido de seda bem leve e que brilhava ao contrastar com os raios solares, um cintinho fino azul, para esconder um pouco dos pneuzinhos e um salto na mesma cor do cinto, e, para fechar o combo de perfeição, um colar de prata e um perfume bem doce e penetrante. Ao se ver no espelho, Virgínia a via como se fosse 7 anos mais nova e, estes 5 minutos de auto adoração foram mais que suficientes para colocar a sua autoestima no topo por mais uns 10 meses, ao menos.

Virgínia não curtia muito maquiagens, pois, para a cor da sua pele, era difícil encontrar algo que lhe encaixava, então, ela só usava um brilho labial de morango, pois, o cheirinho dele era agradável e seus lábios bem carnudos se tornavam destaque em todo aquele estandarte de beleza natural.

Ao sair para a festa, como de uma forma instantânea, ela sentiu que muitos olhos estavam se voltando para ela, realmente, a produção foi bem caprichada. Acometida por uma leve timidez, optou por pegar um táxi para ir ao endereço, pois, tinha medo de ficar constrangida enquanto pegava um ônibus ou aguardasse alguém que pudesse ir buscá-la.

Boa tarde Sr, tudo bem? O Sr poderia me levar até a rua dona Eufrida, 123? Falou, discretamente, Virgínia ao taxista.

Olá, boa tarde Sra, estou ótimo! Claro que posso, inclusive, será bem fácil, pois estamos perto de lá e eu conheço bem a região. Afirmou o taxista.

Verdade, é bem próximo mesmo. Interessante o Sr conhecer a região, mundo pequeno né!?!?

Sim, este mundo é enorme e minúsculo ao mesmo tempo. Eu estudei minha infância toda na escola que tem na rua de trás, e, nesta rua que a Sra vai, eu ficava jogando bola e empinando pipa aos finais de semana, pois ali moravam quase todos meus amigos.

Legal, acho que será bom para o Sr passar lá novamente, não acha?

Sim, estou feliz de poder levar alguém lá.

Será que o pessoal da sua época ainda mora lá?

Não sei menina, eu já estou com 66, muitos anos se passaram, talvez só seus filhos, e netos devam estar lá. Eu me lembro que nós éramos muito amigos. Eu, Fidalgo, Eulália, Maria, Carlos, que a gente chamava de gato, pois ele subia em todas as casas para pegar as bolas que caiam, pegar frutas nas árvores, e nunca caiu, sempre descia sem se machucar, como um gato mesmo. Era muito boa a época.

Minha infância também foi bem divertida, às vezes sinto falta da galera que brincava comigo de…

Antes que terminasse a frase, o taxista exclamou:

Chegamos menina!

Nossa, rápido mesmo. Aqui está o pagamento.

Muito obrigado e tenha um bom dia menina

Muito obrigada o Sr. Tchau.

A partir dali, o taxista foi embora e a festa já estava acontecendo na casa do Igor.

Aaaeeeeeee! FiuFiu! Todos que lá estavam gritaram quando Virgínia entrou na casa.

Demorou hein Virgínia! Estava esperando você para começarmos a dançar! Você sabe que esse povo aqui é tudo ‘joelho duro’ pra dançar né. Brincou Toco, que era o único da turma que realmente dançava, além de Virgínia.

A Toco, faz um passinho que a galera acompanha. Disse aos risos Virgínia.

Daí em diante foi só festa, alegria e diversão. Todos foram, pregaram uma peça na Lilian e no Vitinho, dançaram demais, comeram muito, foi tudo perfeito. Nada de errado havia ocorrido, e, de modo agradável, todos elogiaram a forma que Virgínia estava, até disseram que o Vitinho não merecia que ela se arrumasse tanto para a festa dele, a sorte dele era que a festa era para Lilian também. Já estava chegando às 18:00, ela tinha chegado às 14:00 e mesmo depois de bastante festa, ainda estava bem animada, e a festa também, até que, Virgínia notou que alguém a observava, alguém que ela não conhecia.

Nicinha(era assim que ela chamava a Elenice), quem é aquele garoto?

Garoto Virgínia? Tá maluca? Ele tem 27, não é garoto nada. Brincou Elenice.

Mas ele parece ser bem mais novo, eu não diria mais que 25 nunca.

Pois é, 27. É primo do João. Esse "garoto" que resgatou o João quando o carro dele quebrou na Braz Leme, lembra que o João estava desesperado?

Verdade menina! Ele é mecânico?

Na verdade não. O João disse que ele é engenheiro civil, mas, entende muito de carro.

Nossa, que bacana.

Nega, já vou falar a verdade. Eu vi que ele está te olhando há um bom tempo, ou você vai lá ou eu vou e pego pra mim. No mínimo, ele é gato. Dizia rindo Elenice.

Sai fora Nicinha, ele me viu primeiro. É meu até segunda ordem. Falou rindo Virgínia e ambas acabaram gargalhando com a situação cômica.

Sem saber como fazer, Virgínia esperou que ele estivesse perto das bebidas, para ter o álibi perfeito para começar um assunto e, como se ele estivesse lendo a mente da moça, se deslocou imediatamente para próximo da geladeira.

Amigo, pega pra mim um copo deste suco de uva, por gentileza? Pediu, educadamente, Virgínia.

Claro, quer que eu coloque gelo também? Disse o rapaz.

Não está bem gelado o suco? Será que precisa de gelo?

Não, na verdade está perfeito, porém, mesmo o que está perfeito, mesmo não sendo necessário, pode querer algo mais, você não acha?

Isso fez Virgínia tremer, pois, as cantadas que ela recebia eram sempre as mesmas idiotas, mas, aquela foi perfeita. Sutil, delicada, elogiosa, provocativa e oferecida.

Você tem razão, acho que vou querer gelo. Respondeu trêmula.

Boa pedida. Vou colocar.

A propósito, qual é seu nome amigo?

Sávio. Muito prazer. E o seu?

Virgínia. O prazer é todo meu.

Virgínia, nome lindo e imponente. Ao menos isso já foi explicado antes de saber seu nome.

Como assim?

Qualquer mulher que sabe como se vestir, como se divertir, o perfume correto para provocar e os olhos mais lindos e profundos para hipnotizar qualquer um, tem que ser imponente.

Nossa, assim você me deixa constrangida. Respondeu fazendo charminho.

De forma alguma. Agora, eu só agradeço por poder ter falado com a mulher mais linda deste bairro, com o perfume mais inebriante e com os lábios mais convidativos.

Eu não sou deste bairro, nisso você errou.

Não errei, eu sou deste bairro e sei que nenhuma mulher aqui se compara a você.

Esta cantada desarmou Virgínia. Ela recebeu uma enxurrada de elogios honestos, sinceros e diretos, coisa que não havia acontecido nos últimos 4 meses, ou mais. Daí em diante, começaram a conversar e, o último empecilho foi desintegrado, ele não era vazio de ideias, tinha um papo muito agradável e divertido e, para fechar o combo, Ele tinha mais ou menos 1,78mt, uma voz grave e harmônica, um rosto bem jovial e um dorso bem definido, pois a camisa marcava bem seu peito.

Certa hora, Virgínia não entendia o que ele falava, apenas estava hipnotizada em seus lábios e queria beijá-los imediatamente, porém, seria deselegante, pois, a festa estava rolando. Sávio havia percebido que ela estava interessada em ter um particular com ele, porém, a festa estava em alta e, como um bom intérprete de cenários deu uma ideia.

Virgínia, eu queria muito ter um particular contigo, porém, aqui seria deselegante, então, para não ficarmos constrangidos vamos fazer o seguinte: Vamos interromper a nossa conversa agora e, vamos fingir que nada rolou conosco, porém, na hora de ir embora, eu te ofereço carona, pois, só você veio sem carona. Aí, ninguém vai estranhar e, por ser o que mora mais perto, não me seria um problema, o que você acha?

Ok, acho que pode dar certo.

Depois deste plano, se separaram e não se falaram mais durante a festa toda. Veio mais dança, mais músicas, mais comida e, às 22:30, o parabéns. Tudo muito divertido, muito feliz e muito alegre. Hora de ir embora. De forma, meio que, orgânica, sobrou a Virgínia.

Xiii galera, a Virgínia sobrou, será que a gente ainda acha um táxi para ela? Falou Igor.

Relaxa, o Sávio leva ela. Ele mora aqui perto e tem carro. Já veio de convidado do convidado, vai ter que pagar esta prenda. Falou João e fez todos rirem.

Calma gente, acho que ainda tem táxi sim. Disse Virgínia, despretensiosa.

Para de graça Virgínia, esse mané te leva. Insistiu João.

Tudo bem. Você não se incomoda, Sávio?

Não, tudo tranquilo. Acho que, pela ótima festa, tenho que pagar esta prenda mesmo.

Enquanto ele ia em casa buscar seu carro, Virgínia aguardava na casa com Igor. Dez minutos depois, ele estava de volta, e só o Igor a viu entrar no carro. Após os agradecimentos, ambos saíram.

Agora, Virgínia poderia tomar a atitude imponente que ela sempre teve. Em meio ao trajeto, ela ordenou do nada.

Entre na segunda a esqueda.

Tá legal.

Era uma praça com uma boa iluminação e que tinha os fundos voltados para uma parede, com pouca circulação de pessoas. Sávio ia começar a dizer que ali era uma rua sem saída e foi surpreendido com um beijo na boca.

Huumm, morango. Disse Sávio.

Aproveita este morango que, quando ele acabar, só terá chocolate, bem doce. Sensualizou Virgínia, bem excitada.

Ainda bem que eu não tenho diabetes, tanto posso como vou me acabar nesse chocolate.

A palavra que mais se enquadra nesta situação é sincronicidade.

Era incrível como tudo funcionava como uma música orquestrada. No pequeno espaço do carro, tudo fluia como se estivessem em um parque. A moça estava em êxtase, enquanto o beijava, abria os botões da camisa dele, pois ela queria sentir o calor daquele dorso rígido e quente. Ele, por sua vez, deslocava os ombros para baixo, para poder tirar a camisa com mais facilidade. Ao retirar a camisa dele, ela subiu o vestido para conseguir sentar no colo dele e ficar de frente para o rapaz que, como uma peça eletrônica, puxava para baixo a trava do trilho do banco do carro para o banco ir o máximo para trás possível e, com a outra mão, já abaixava o banco o máximo possível. Suas mãos eram enormes, e, ao colocar a mão na cintura da moça, seu polegar aproximava a metade do caminho até seus seios. Cada aperto daqueles a aquecia como se de lava vulcânica ele fosse feito. Em meio a beijos e amassos, estrategicamente, Sávio sugere, com gestos, que Virgínia beije seu pescoço. Sinal recebido e compreendido imediatamente. Isso o deixava elétrico, tanto que, seus carinhos que eram intensos e localizados, passaram a ser ferozes, famintos, animalescos. Suas mãos se ordenaram de uma forma que parecia que ele a conhecia há mais de anos. Sua mão direita foi, por cima do vestido, para o seio, e, a mão esquerda, foi para a nádega. Isso fez a moça parar o beijo e tremer, tremer de um jeito que só conseguiu gemer uma frase direta, bem no ouvido do homem, que fervia de tesão:

Não para! Continua assim!

Obediente, o rapaz não cessou nenhum movimento, que ficava cada vez mais voraz, e excitava muito mais a mulher que se entregava e o possuía, ao mesmo tempo.

Habilidoso, ele travou o braço em sua cintura e, em um movimento veloz, trocou de posição com a moça e, desta vez, ele quem atacou o pescoço. Beijos quentes e avassaladores faziam com que a moça vibrasse, como quem está com frio, suas pernas não respondiam direito aos seus comandos e suas mão só pensavam em arranhar as costas fortes do rapaz, quando ele sussurrou bem delicado em seu ouvido:

Pode me arranhar, que agora, eu quem estou no controle.

Após esta afirmação, a única coisa que ela conseguiu fazer foi travar as pernas na cintura dele e se soltar da cintura para cima. Ele por sua vez, com a ponta dos dedos, só deu um toque para baixo e seu vestido tomara-que-caia desceu até os seios estarem expostos, por reflexo, ela apertou as pernas nele e, também, percebendo sua excitação, ele foi bem delicado e minucioso, descendo a língua pelo pescoço, peito, entre os seios e, ao chegar ao mamilo, uma mordida bem leve, que fez com que Virgínia gemesse alto. Ele tapou a boca dela e foi para o outro seio e fez o mesmo. Ela urrou de tesão, tremia como se ali fosse seu calvário e seu paraíso, seu inferno e seu céu. Meio que desfalecida, ela aproveitou a mão dele em sua boca, uma mão incrivelmente macia, e chupou o seu dedo médio. Ele manteve a mão em sua boca e foi beijando seu corpo, descendo, descendo, descendo. Virgínia tremia e sabia que aquele tesão iria explodir rapidamente, pois, ela já estava toda molhada, estava excitada demais e, para adiantar o trabalho, soltou as pernas da cintura do rapaz e, quando ela ia começar a ajudar a descer, ou subir o vestido, começou um barulho chato e ensurdecedor. Beep, Beep, Beep, Beep. Era o pager do Sávio.

Gato, olha o que é no pager, pode ser sério. Para chegar agora, deve ser muito sério. Falou debochando da situação.

Poxa, logo agora! Que saco! Reclamou o rapaz.

O que houve?

João, de novo. Carro quebrado na Braz Leme, outra vez.

Um olhou para o outro e, por lembrarem que era uma coisa recorrente, o carro do João quebrar na Braz Leme, começaram a gargalhar. O clima deu uma pequena esfriada e, para não perder o ritmo, Virgínia disse:

Vai lá, salve o mané do João. Depois, estarei te esperando em casa, pois, você vai me deixar em casa agora, já para não errar o caminho.

Jamais erraria.

Depois de deixá-la em casa e salvar o João, Sávio chegou na casa da Virgínia às 01:00 do domingo e, saiu de lá, só segunda-feira.

Feb. 22, 2022, 6:20 p.m. 0 Report Embed Follow story
0
The End

Meet the author

Comment something

Post!
No comments yet. Be the first to say something!
~