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Véspera de natal. Vinte e quatro de dezembro era, de longe, o dia favorito de Jimin no ano inteiro. No entanto, para visitar seus pais, justo nessa data ele estaria preso em um avião em uma viagem de mais de trinta horas. Chateado com isso, sua única fuga do tédio foi sentar ao lado de Min Yoongi, um escritor um tanto quanto rebelde que possuía teorias interessantes, além de ser completamente cético sobre o amor. Juntos, eles fazem uma aposta, e a condição para não perder é simples: Jimin não pode se apaixonar pelo sorriso sarcástico de Yoongi até o fim do voo.


Fanfiction Bands/Singers For over 18 only.

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Capítulo 1

Escrito por: @Erami


Notas iniciais: Oi, pessoinhas! Essa foi uma das fanfics que mais me diverti ao escrever e como sempre acabou ficando um pouco grande, mas espero que gostem 💜


~~~~

— Jimin, você pegou tudo? — A voz preocupada de Taehyung ecoava pelo nosso apartamento enquanto, pelo que deveria ser a quinta vez, ele me perguntava se eu havia esquecido algo.

— Tô com tudo. Olha só: documentos, mochila, mala… — À medida que eu ia falando, meus olhos passavam por cada item, e no final eu mirei o meu melhor amigo, o qual parecia mais ansioso do que eu. — Eu não vou esquecer nada, não precisa se preocupar, Tae. Agora nós precisamos ir, senão eu vou perder o voo.

Com um rostinho preocupado, ele assentiu, seguindo-me para fora do apartamento que nós dois dividimos desde que entramos na faculdade.

Taehyung é meu amigo desde que somos crianças, então, quando nós dois passamos na Universidade Columbia, em Nova York, nossos pais acharam que seria uma boa ideia morarmos juntos. Assim poderíamos, além de estar com um conhecido em um novo país, dividir as despesas.

Por um lado, era fantástico ter mais liberdade, morando apenas com o meu amigo, mas, por outro, era um pouco difícil viver longe da família. Eu sentia falta dos meus pais e é por isso que agora, dois anos depois, eu voltaria para Busan, para passar o fim de ano com eles e com meu irmão.

No entanto, os gastos de morar em outro país eram um tanto quanto elevados, e isso acabou resultando na minha viagem em um momento um tanto quanto inoportuno: eu estava, em pleno vinte e quatro de dezembro, indo até o aeroporto, sendo levado por Taehyung. Tudo por causa de uma promoção relâmpago de uma companhia aérea.

— Desculpa eu conferir tantas vezes, é que eu fico preocupado com você. Esse é o primeiro natal que não passamos juntos. — Ele fez uma carinha triste. — Vou chamar os meninos para vir para cá mais tarde, e aí eles podem dormir aqui e passamos o dia vinte e cinco juntos. Mas você vai fazer falta, Chim.

— Eu sei. Quem vai ver filmes de natal com você se eu não estiver aqui? — brinquei, e Taehyung fez um bico enorme.

— Nem me lembre. Vou ter que arrastar alguém pra ver comigo, mas não vai ser a mesma coisa. Ver filmes de natal com você é a minha tradição favorita.

— Nós podemos fazer isso quando eu voltar.

Taehyung suspirou.

— Ok, mas você vai me deixar escolher os filmes — decidiu, mandão. — Manda um beijo para os seus pais e para os meus. Diz que eu tô com saudade deles também e que no próximo mês eu tento ir pra lá.

— Tá certo, Tae. Eu vou avisar quando chegar.

Minutos depois, eu me despedi do Kim, após um abraço demorado onde ele quase não me largava.

— Não chora, seu bobão. Eu vou estar de volta no ano que vem, e aí você não vai ter nem tempo de sentir a minha falta no nosso apartamento. São só umas semanas.

— Eu não tô chorando — negou, na maior cara de pau, mas suas bochechas molhadas eram provas de que sua mentira era ridícula. — Eu só tô suando pelos olhos.

— Aham. Claro. — Ri. — Tchau, Tae. Eu te ligo. Não fica preocupado e aproveita o natal com os nossos amigos. Manda um beijo pro Jungkook e pro Hoseok. Diz que eu preferia mil vezes passar o natal com vocês do que em um avião.

Taehyung riu também, disfarçando o seu rosto vermelho.

— Tchau.

No entanto, antes que eu pudesse o abraçar uma última vez, alguém esbarrou em nós, passando na nossa frente para entrar na área designada a embarques internacionais.

— Ei, seu mal-educado! — exclamei. — Não vê por onde anda, não?

O homem nem se dignou a me responder, e tudo que eu vi foram as suas costas cobertas por um enorme casaco de capuz.

Bufei.

— Que sujeitinho ridículo. Nem se desculpou…

— Não liga pra isso, Chim. Vai ver ele nem nos viu.

Revirando os olhos, eu segurei na alça da minha mala, também ajustando a mochila nos meus ombros.

— Agora é sério, eu preciso ir.

— Vê se não morre. — Taehyung me abraçou.

Trocando um aceno com ele, eu sorri, antes de finalmente perdê-lo de vista e entrar no portão de embarque.

Assim que já estava sozinho, eu suspirei. Seria um alívio chegar em Busan, mas sem dúvidas seria cansativo enfrentar mais de 30 horas de viagem, ainda mais com o tanto de escalas que existiam entre Nova York e a minha cidade natal.

Tentando manter o pensamento positivo, coloquei um sorriso no rosto. Tudo valeria a pena assim que eu visse o sorriso empolgado dos meus pais.


~°~°~


Assim que coloquei a bagagem de mão no lugar certo, eu resmunguei mentalmente por ver que meu assento ficava bem no meio de uma das fileiras. Resignado, eu sentei ali, olhando para a cadeira próxima à janela.

Esse definitivamente era o pior lugar. Primeiro porque, se a pessoa a minha esquerda quiser ir até o banheiro, eu vou ter que me contorcer todo, pois os assentos na classe econômica não são a melhor coisa do mundo, muito menos são espaçosos. E segundo porque eu realmente gosto de ver o céu pela janela quando viajo, mas nem isso eu poderia fazer.

No entanto, não era surpresa nenhuma não estar no melhor lugar possível, visto que eu consegui essa passagem tão de repente em uma promoção. Só que não deixava de ser ruim, pois esse primeiro voo duraria cerca de seis horas e meia até chegarmos na primeira escala, que seria em Los Angeles, e ficar sentado por todo esse tempo seria quase torturante, ainda mais se a pessoa na mesma fileira que eu tivesse a bexiga muito solta.

Peguei meu celular para mandar uma mensagem para o meu pai, avisando-o que já havia embarcado, e coloquei o aparelho no modo avião. Pensei até em ouvir música, mas eu queria poupar a minha bateria mais um pouco, por mais que eu soubesse que havia como carregar o celular na tomada do banco da frente.

Então, como não havia muito o que fazer até que o avião decolasse, eu fiquei olhando a janela, encarando as pessoas e os carrinhos que cruzavam a pista, trabalhando, os quais pareciam bem menores desse ângulo, e permaneci assim até que alguém cutucasse o meu ombro.

Eu estava meio curvado, por isso ajeitei a minha postura quando um homem, aproximadamente da minha idade, passou pela minha frente. Ele possuía o cabelo descolorido em um tom de loiro quase platinado, além de ter vários brincos e argolas prateados em sua orelha.

Não o encarei muito, para não parecer intrometido ou desrespeitoso, por mais que eu visse algumas pessoas o olhando pelo seu jeito meio “rebelde” e roupas escuras.

— Chato passar o natal no avião, não é? — Tentei puxar assunto com o cara, fazendo a minha melhor cara de simpático.

Iríamos passar boas horas lado a lado então seria legal tentar conversar. Sempre fui muito sociável e eu definitivamente estava me sentindo meio frustrado por passar uma data comemorativa que eu gosto tanto preso em um espaço pequeno, sem meus amigos.

O rapaz não me respondeu, e eu franzi a testa, olhando em sua direção de novo. Foi quando eu vi um fone de ouvido em sua orelha, e as minhas bochechas ficaram quentes, por saber que eu sequer fui ouvido.

— Que vergonha… — resmunguei, fazendo um bico. — Primeiro foi aquele sujeito mal-educado e agora isso… Eu mereço.

Um pouco sem graça, eu abaixei a cabeça, ouvindo uma risada baixinha vir da minha esquerda. Estranhando, olhei para o lado e vi que o garoto loiro me olhava com ar de riso, como se houvesse escutado minha reclamação.

— Eu te ouvi.

— O quê? — Vendo a minha testa franzia, ele me mostrou seu celular, que estava com alguma música pausada. Minha vergonha triplicou nessa hora. — Se escutou, então por que não me respondeu de primeira?

O garoto deu de ombros.

— Pareceu divertido ver seu rosto com vergonha, nervosinho.

— Nervosinho?

— Sim, fica reclamando sozinho pelos cantos — falou, pegando algo dentro da sua bolsa.

Contudo, assim que o vi vestir um casaco preto, meus olhos se arregalaram, reconhecendo aquela peça de roupa.

Imediatamente fiz uma cara feia.

— Hum, logo vi. É o mesmo sujeito sem educação que não pediu desculpas por esbarrar em mim. Claro que iria ficar cheio de gracinhas, é um mal-educado!

— E você é desbocado. — Revirou os olhos, pouco se importando com a chateação em meu olhar. — Mas olha, eu não te vi mais cedo, então nem sabia que havia esbarrado em você, eu estava distraído.

— Hum… — murmurei, não totalmente convencido. — Não sei se acredito em você. Foi realmente sem querer? — Ergui uma sobrancelha.

— Sim. Não sou tão babaca de esbarrar em alguém de propósito. O máximo que eu faço é escutar as pessoas falando enquanto finjo que escuto música. — O rapaz deu um sorrisinho de lado e eu bufei, lembrando do meu momento de vergonha. — E eu estava distraído porque estava falando com meu irmão pelo telefone.

— Eu vou acreditar em você. Mas não me provoque de novo.

Semicerrei o olhar, em uma expressão ameaçadora, e ele riu.

— Certo, nervosinho.

— E pare de me chamar assim! Eu tenho nome, e é Jimin.

— Está certo, Jimin — pronunciou cada sílaba do meu nome com lentidão, como se quisesse me irritar com isso.

Tentei não me afetar, pois é óbvio que essa era a sua intenção e eu não iria dá-lo o gostinho de saber que conseguiu.

— E o seu nome? Não vai me dizer.

O rapaz loiro sorriu, divertindo-se com a minha impaciência.

— É Yoongi, nervosinho.

— Eu já disse para não…

— Pra não te chamar assim, sim, eu entendi — cortou-me —, mas é divertido.

— Não, não é. — Novamente um bico se fez presente em meus lábios. — Você não pode ser tão chato com alguém faltando poucas horas pro natal.

— De novo com isso de natal? Qual o seu problema com essa data?

Nesse momento, eu abri a minha boca em um "O" perfeito, chocado, porque ele simplesmente estava falando do meu feriado favorito.

— Como assim o que tem o natal? É simplesmente a melhor data do ano.

— Nem fodendo. É só uma data qualquer onde as pessoas fingem serem altruístas, só porque é natal, quando durante o ano todo são um bando de filhos da puta uns com os outros. Ah, sem falar na coisa ridícula de trocar presentes, o que é claramente uma desculpa para ser consumista.

— Eu não acredito que eu acabei de ouvir isso.

— Qual é? No fundo você sabe que eu estou certo.

Neguei com a cabeça, sem gostar nem um pouco dessa conversa.

— Não é porque você pensa assim que isso é verdade pra todo mundo. Eu não sei como você pode não gostar do natal — comentei, abismado. — Tudo bem que algumas pessoas realmente são assim, egoístas durante o ano todo e só no fim do ano fazem uma boa ação. Mas isso não invalida o sentido bonito da data. Ficar com a família e os amigos, compartilhar comida e momentos divertidos, é como se fosse uma data onde a gente recupera as forças. Não sei explicar, eu amo o natal.

Sem demonstrar um traço sequer de emoção, ele deu de ombros.

— Bom pra você, nervosinho. Aproveite o seu natal aqui dentro.

Meu rosto ficou quente de novo, mas dessa vez não foi de vergonha e sim de raiva.

Que pessoa mais chata!

Porém, antes que eu pudesse continuar, a voz do piloto soou pelos alto-falantes, dando as informações sobre o voo. Yoongi me olhou vitorioso por ter me calado e, frustrado, eu coloquei o cinto, esperando a decolagem.

Já pronto, eu olhei na direção da janela, esperando ver a paisagem à medida que o avião se distanciava do solo. Só que, para a minha infelicidade, ela foi fechada pelo outro rapaz.

Vendo a careta em meu rosto, Yoongi ergueu uma sobrancelha na minha direção.

— Estava olhando? — perguntou.

Revirando os olhos, eu neguei com a cabeça. Não o daria o gostinho de saber que conseguiu me tirar do sério.

Yoongi deu de ombros e eu decidi não puxar mais assunto. Não depois de tudo que já havia ouvido desse sujeito. Por isso, mesmo com a minha ideia inicial de poupar bateria, eu coloquei um fone de ouvido, em um claro sinal de que não queria mais conversa.

Yoongi, ao que tudo indica, não era tão babaca assim, pois respeitou o meu silêncio e passou a mexer no seu celular também.


~°~°~


Somente três horas de voo se passaram e eu não sabia mais o que fazer. Já havia escutado todas as músicas do meu celular várias vezes e agora estava vendo um filme, o qual eu felizmente baixei para o caso de sentir tédio.

No entanto, o desconforto pela cadeira dura e pelo lugar apertado tornava o momento desagradável, e era quase perturbador saber que não havíamos chegado nem em metade do tempo de viagem.

Eu me remexia inquieto e já havia ido ao banheiro duas vezes, apenas para esticar as pernas. Mas agora eu apenas tentava matar o tempo com o filme.

Eu não compreendo. — A voz da protagonista ecoava pelos meus fones de ouvido e eu levei a mão a boca, já imaginando o que aconteceria agora.

Eu a amo — respondeu o homem. Uma pausa dramática e meu coração bateu acelerado dentro do peito com o barulho da chuva de fundo no cenário. — Ardentemente.

— Meu Deus do céu! — Completamente chocado, eu pausei a reprodução, respirando fundo enquanto me abanava, sem fôlego. — Eu não acredito que o Mr. Darcy disse isso. Puta que pariu. Ele a ama. Ardentemente!

Uma risada veio da minha esquerda e eu vi o rapaz loiro com um sorriso de lado, olhando para o seu celular.

— Orgulho e preconceito? Sério? — Seu tom de deboche me fez revirar os olhos.

— Qual o problema?

— Nenhum, nervosinho. Eu nem falei nada.

— Mas está aí, rindo — bufei. — Algum problema?

— Eu já disse que não, inclusive até gosto do livro. Mas você está aí pirando por essa declaração fajuta do Darcy, e é engraçado.

— Ele disse que a ama ardentemente. Isso não é fajuto. Foi tão romântico… — resmunguei, suspirando sozinho mais uma vez. Yoongi riu. — Tudo bem que ele foi um tonto em alguns momentos. No lugar dela eu daria um fora nele por ter feito o que fez com o amigo e a irmã dela. Mas que foi quente o que ele disse, isso foi.

— Você achou isso quente? O cara dizer que a ama ardentemente? — falou Yoongi, em tom de zoação. — Você é um bobo.

Revirei os olhos.

— Cala a boca, seu chato.

— Posso ser chato, mas é melhor do que ficar reclamando do cara desde o começo do filme e só por causa de uma ceninha na chuva ficar suspirando por ele.

— Eu não estava… — calei-me no meio da frase, porque sim, eu estava resmungando em voz baixa enquanto assistia o filme, e talvez Yoongi houvesse escutado algo. — Ok, eu estava. Mas é só porque ele me dá raiva e parece ter um orgulho gigante.

— E aí basta uma declaração pra você ficar suspirando pelo homem? Que bobinho você, nervosinho.

— Eu não tô suspirando por ele — menti. — Muito menos acho que só porque ele disse isso ele tem o direito de fazer o que quiser, porque eu tô do lado da Elizabeth nisso aqui. Só disse que foi interessante o jeito que ele… — Suspirei. — Deixa pra lá, você não entenderia.

Yoongi arqueou a sobrancelha.

— Eu não entenderia?

Neguei.

— Alguém que não gosta nem do natal deve ter uma pedra no lugar do coração. Duvido você entender isso, sobre se declarar pra alguém.

— O que uma coisa tem a ver com a outra? — retrucou. — Eu só não curto a hipocrisia das pessoas nessa época do ano, por isso não tô nem aí pro natal. Mas você dizer que eu não tenho sentimentos é me julgar pela aparência, assim como a Elizabeth faz com o Mr. Darcy, nervosinho.

— Não me chama de nervosinho, que saco!

— Chamo sim, porque você é.

— Poxa vida, eu tinha que ficar sentado justo do lado do cara mais chato do avião. — Revirei os olhos.

— Só porque eu não gosto do natal?

— E por não ter sentimentos!

— E lá vai você, me julgando de novo. — Riu, achando graça de como eu me estresso fácil.

— Então vai me dizer que você não tem uma pedra no coração? — perguntei, fazendo uma expressão de choque. — Se é assim, me diga, Yoongi, você já se apaixonou por alguém?

Despreocupadamente, ele deu de ombros.

— Não.

— Então como pode dizer que…

— E você? Já se apaixonou? — indagou, interrompendo-me. — Se a resposta for não, você não pode dizer nada sobre mim.

— Eu… Eu já namorei uma vez!

— Mas se apaixonou?

Eu me calei, e um sorriso satisfeito cruzou o rosto de Yoongi.

— Como você pode reclamar de mim quando nunca se apaixonou?

— Mas… eu só não achei a pessoa certa ainda — murmurei, timidamente.

— Hum… Então você é desses que acredita que existe uma pessoa certa?

— Claro. Você não acredita nisso?

— É claro que não. Isso tudo é baboseira de filmes românticos e de lojas que no dia dos namorados querem roubar o nosso dinheiro.

— Então pra você é impossível alguém se apaixonar? — perguntei, chocado.

— Também não sou tão extremo. Acho que é possível sim. Só não acho que existe isso de pessoa certa. A gente pode se apaixonar por qualquer um.

— Como assim qualquer um?

— É simples. Isso é só uma coisa de hormônios e de reações que acontecem no nosso cérebro, não tem porque romantizar e falar coisas bonitas a respeito disso.

— Por Deus, você é tão cético.

— E você acredita em tudo, querido.

A careta em meu rosto denunciava o quanto odiei o novo apelido.

— O que custa me chamar de Jimin? É o meu nome, sabia?

— Sei sim, nervosinho. Mas aí não teria tanta graça, não é? — Riu.

— Você que não tem graça, nem mesmo acredita no amor. A vida não é assim. Não é tão simples assim se apaixonar por alguém.

— Mas é claro que é. É só fazer as coisas certas e o corpo da pessoa vai liberar as substâncias necessárias para fazê-la sentir a euforia de estar apaixonada.

— Como se fosse tão simples — resmunguei. — Você não pode realmente acreditar nisso, Yoongi.

— Duvida?

Confirmei com a cabeça.

— Então por que não fazemos uma aposta?

— Que tipo de aposta?

— Se eu fizer você se apaixonar por mim até o final do voo, eu provo o meu ponto, e você vai ter que admitir que estou certo.

Só faltei gargalhar com a sua ousadia.

— Como se isso fosse ser possível. Agora você me fez rir.

Yoongi não se afetou com a minha descrença em sua capacidade, pelo contrário, isso só pareceu o divertir ainda mais.

— Se você acha tão impossível assim perder, por que não aceita a aposta então?

— Ok, eu vou aceitar. Mas só porque isso é ridículo. É óbvio que você não vai conseguir.

— É aí que você se engana, nervosinho.

Desconfiado, olhei em sua direção.

— O que você pretende fazer?

— Não se preocupe, é simples. Você por acaso leu a matéria do The New York Times sobre um artigo que mostrava as 36 perguntas que levam ao amor?

Um pouco confuso, neguei com a cabeça.

— Então, eu estava lendo sobre isso antes de sair de casa, e o artigo está aberto no celular. Podemos tentar seguir todos os passos do teste e aí veremos se a minha teoria está certa ou não.

— Hum, deixa eu ver se eu entendi… Você quer me usar de cobaia pro seu testezinho científico de que qualquer pessoa pode se apaixonar?

— Se você quer colocar nessas palavras, é exatamente isso. Você fica romantizando o amor, mas na verdade ele é só um conjunto de coisas aleatórias que acontecem e fazem você se apegar a alguém.

— Meu Deus, Yoongi. Pensar assim é tão deprimente. Impossível eu me apaixonar por alguém com essa mentalidade.

Ele riu.

— E então? Quer começar? Já que é tão impossível se apaixonar por mim?

Respirei fundo.

— Pode ser. Mas só porque ainda restam três horas de voo e eu não tenho nada pra fazer. Duvido que vá funcionar.

— Veremos. — Ele me olhou, com diversão, antes de desbloquear seu celular. — O princípio das perguntas é criar uma sensação de vulnerabilidade entre as duas pessoas, assim o processo de proximidade se acelera.

— Entendi. Mas ainda parece louco para mim.

— Vou começar. As perguntas estão divididas em três partes. As primeiras eu acho que são pra gente se conhecer mesmo.

— Certo, certo. Vai logo que agora eu fiquei curioso.

— Calma, nervosinho. — Riu. — Ok, lá vai: se você pudesse escolher qualquer pessoa do mundo, quem você iria querer como convidado para um jantar?

— É sério que essa é a primeira pergunta? — Fiz uma careta de desgosto. — Como responder isso pode fazer eu me apaixonar por você?

— Não tenta entender, só responde, seu resmungão.

Bufando, tentei pensar na minha resposta.

— Bom, acho que… — Senti meu rosto ferver. — Droga, preciso mesmo responder?

— Sim. E seja sincero, senão não vai funcionar.

— Não vai funcionar mesmo se eu falar a verdade — murmurei, mas logo em seguida falei a minha resposta: — Eu escolheria jantar com a pessoa pela qual eu vou estar apaixonado, a qual, é óbvio, não vai ser você, porque essas perguntas são ridículas e eu não vou me apaixonar por um idiota como você.

Yoongi sorriu.

— Você é tão romântico, nervosinho — provocou. — Enfim, a minha resposta é mais simples. Eu jantaria com o meu cachorro.

— O quê? — perguntei, chocado. — Um cachorro?

— Claro. O nome dele é Holly, e é a coisinha mais adorável que eu já vi.

Tentei não demonstrar o quão curioso eu fiquei com isso, mas talvez eu tenha falhado um pouco em demonstrar indiferença.

— Você quer ver? — perguntou, e eu não neguei.

Quando Yoongi abriu a foto de Holly em seu celular, um sorrisinho tomou conta do meu rosto ao ver a bolinha marrom que era o cachorrinho dele. Era engraçado pensar que um cara como Yoongi teria mais da metade da galeria do celular repletas de fotos do seu cachorrinho.

Foi até que… fofo. Mas eu ainda tenho pena do Holly por ter um dono tão chato.

— Enfim, vamos continuar. Segunda pergunta: você gostaria de ser famoso? De que forma?

A resposta veio clara em minha cabeça.

— Não. Eu gosto da vida que eu tenho. Não faço questão que os outros saibam quem eu sou.

— Hum, comigo é um pouco mais complexa essa questão.

— Como assim?

— Eu sou escritor, então é óbvio que eu quero ter o meu trabalho conhecido — respondeu Yoongi, pegando-me de surpresa com a sua resposta. — Mas eu não quero ter a minha privacidade comprometida, então é por isso que eu utilizo um pseudônimo para publicar meus livros.

— Você é um escritor? — indaguei, chocado. — Como alguém que não tem sentimentos pode seguir uma profissão onde é preciso ter tanta sensibilidade?

— Eu falei que você estava me julgando, querido — falou, sorrindo. — E eu escrevo contos de terror.

— Ah, está explicado. Você escreve aquelas coisas assustadoras sobre fantasmas e coisas assombradas?

— Você tem medo, querido? — questionou, e eu neguei com a cabeça, bufando.

— Combina com você, na verdade.

— Obrigado? — Ele riu. — Estou indo para Busan porque meu próximo livro vai ser ambientado lá e eu queria conhecer a cidade por algum tempo antes de voltar aos Estados Unidos.

— Ah, faz sentido. Então você mora aqui na América e está indo a Coreia apenas a trabalho?

— Exato. E você, nervosinho? Seu nome também é coreano, você também está indo a Los Angeles em uma escala para Busan, ou não?

— Também — admiti. — Eu vou visitar meus pais. Busan é minha cidade natal. Eu estou estudando em Nova York há apenas alguns anos.

— Hum, então é por isso que você ainda tem um pouco de sotaque no inglês. — Yoongi riu, e eu fechei a cara.

— Chato. Meu inglês é ótimo.

— Sim, ele é. Eu não disse que seu sotaque é feio. Ele é fofo, na verdade.

— Cala a boca… — resmunguei, meio sem graça.

— Está ficando vermelho, nervosinho? — indagou, malicioso. — Olha só, acho que as perguntas estão dando certo.

— Não seja ridículo. Agora me dá esse celular, você é muito lento fazendo isso.

Tomei o aparelho de suas mãos, abrindo a lista de perguntas para ver qual seria a próxima. Com o meu direcionamento, conseguimos manter mais o foco. Mas, quando chegamos na oitava pergunta eu travei.

— Cite três coisas que você e seu parceiro parecem ter em comum… Hum... — Coloquei a mão no queixo, fingindo estar pensativo — O que eu poderia ter em comum com alguém tão chato quanto você? Deixe-me ver.

— Você também é chato. Pronto, já temos algo em comum. — Sorriu, irônico. — Mas agora é sério. Pensa com calma que você vai achar algo, nervosinho.

Suspirando, tentei fazer o que ele disse, esforçando-me para achar algum ponto em comum. Um sorriso animado apareceu em meu rosto quando vi a sua mão.

— Nós dois gostamos de anéis — comentei, mostrando para ele a minha mão, também cheia de acessórios entre os dedos.

— Viu? Eu falei que não era tão difícil.

— Ok, deixa eu ver… Faltam mais duas coisas…

— Eu sei uma: nós dois gostamos de música. Eu estava escutando e você também antes de começarmos a nos falar.

— Verdade — considerei. — Bom, e última coisa que temos em comum é que somos teimosos, tanto é que estamos em uma aposta para ver quem está errado.

— Justo. Somos os dois competitivos. Então já temos três coisas em comum agora.

Ri, e mais uma vez meus olhos foram em direção ao celular de Yoongi. Fomos soltando respostas objetivas até que Yoongi pegou o seu celular para fazermos o que uma das perguntas pedia.

— Conte a seu parceiro, em quatro minutos, a história de sua vida da maneira mais detalhada possível — murmurei. — Você vai cronometrar?

— Uhum. Eu sei que vai ser difícil pra você, nervosinho, já que você fala pelos cotovelos, mas tente.

Sem me afetar, apenas esperei ele indicar que estava contando antes de começar.

— Certo. Meu nome é Park Jimin, tenho 24 anos e nasci em Busan, Coreia do Sul. Err… cresci lá com os meus pais por boa parte da minha vida e só recentemente me mudei para os Estados Unidos, para estudar na Universidade Columbia. Eu estou fora de casa fazem dois anos e essa é a primeira vez que eu vou ver meus pais depois disso e… ah… Meu Deus, é difícil lembrar o que eu preciso dizer com você apontando esse celular na minha cara!

— Rápido, rápido. Já se passaram 35 segundos.

— Meu Deus, que pressão!

— 40 segundos!

— Yoongi, calma! Eu tô pensando no que eu vou dizer — resmunguei, chateado. — Bom, meu melhor amigo se chama Kim Taehyung e ele também veio comigo para cá. Nós dividimos um apartamento e graças a ele eu me sinto um pouco melhor, por não estar completamente sozinho em um lugar novo… Fora isso, eu não sei muito o que falar… Ah, já sei! Eu e o Taehyung sempre vemos filmes de natal juntos, todo ano. Só que essa é a primeira vez que a gente não faz isso, já que eu tô passando o natal em um avião.

— Hum, então você tem amigos tão iludidos quanto você, nervosinho.

Revirei os olhos.

— Cala a boca. Você tá me atrapalhando. Agora já passou 1 minuto e 20 segundos.

— No lugar de reclamar, só fala logo o que você ainda precisa dizer.

— Não é tão simples assim, parece até que tudo que eu já fiz na vida sumiu da minha cabeça só por eu saber que você tá marcando o tempo!

Yoongi pouco se importou, colocando o celular em frente ao meu rosto enquanto eu falava sobre os amigos que havia feito na universidade e sobre o meu irmão mais novo, o qual eu estava indo visitar.

— Nossa, isso foi mais difícil do que eu pensei.

— Isso por você ser lento. Agora aprende como se faz. — Ele me deu o celular. — Meu nome é Min Yoongi, tenho 26 anos. Não sou formado em nada e nem tenho interesse de ir para a universidade. Escrevi o meu primeiro best-seller com dezenove anos e era sobre uma investigação criminal. Moro nos Estados Unidos desde sempre, apesar de ser descendente de coreanos, e esse é o motivo de eu ter um nome coreano, apesar de assinar meus livros como Agust. E é isso. Gosto de viajar e pesquisar sobre coisas aleatórias na internet, e foi assim que eu descobri essas perguntas que agora estamos fazendo. O que eu mais gosto de fazer quando não estou escrevendo é ouvir música, passear com o meu cachorro, e fazer carinho no meu cachorro. Isso quando os doidos do Namjoon e do Seokjin, meus melhores amigos, não invadem o meu apartamento para me forçar a parar de trabalhar.

— Esse é você? — perguntei, chocado. — Você acabou de me dizer tudo isso em menos de 40 segundos, sem gaguejar.

— Impressionado? Eu sei que eu sou bom falando.

— Convencido.

— Tenho razões para isso.

— Enfim, não vai falar mais nada, não?

— Eu não faço a menor ideia do que falar. Você tinha razão, parece que tudo some da cabeça quando você precisa falar sobre você mesmo.

— Eu disse! Eu falei que isso era mais difícil do que parece. Mas vamos nessa. Próxima pergunta.

Ok, talvez eu esteja me empolgando com isso mais do que eu esperava.

Mas, ainda assim, isso não significa nada. Deve ser apenas curiosidade. Como eu disse a Yoongi, é impossível eu me apaixonar por alguém como ele. E até o fim da nossa viagem, eu provaria isso a nós dois.

Dec. 23, 2021, 7:53 p.m. 0 Report Embed Follow story
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