charmmysulivan Charmmy Sulivan

Em um mundo onde os contos de fadas se tonam reais, não existe somente os "felizes pra sempre". Existem guerras, lutas e combates. As mortes, trapaças, golpes não ficam de lado. Imagine nascer no meio disso, passar 15 anos sem saber muita coisa sobre o mundo ou sobre coisas simples. Bem, essa história vai ser um pouco diferente de um conto de fadas comum. A guerra com os humanos está cada dia mais difícil, Harumi dá um passo importante não só para a sobrevivência, mas para seu povo. Conhecimento é o maior poder que se pode ter em meio ao caos. Aprender tudo do início já é uma tarefa difícil, e essa escola não é qualquer uma. Ser preparada para se tornar poderosa, desejada, inteligente e qualquer coisa que te coloque no topo. Entretanto lidar com o mundo vai um pouco além do que a escola te ensina e nem tudo pode ser ensinado. E fica o questionamento no ar, em tempos de guerra existe tempo e espaço para amar?


Paranormal Werewolves For over 18 only. © Todos os direitos protegidos ao autor, plágio é crime

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Da janela do meu antigo quarto, eu conseguia ver minhas coisas dentro de caixas sendo colocadas em um pequeno caminhão estacionado no canto oposto da rua do prédio do qual um dia chamei de lar. Uma imagem triste devo admitir que me coração estava se partindo em mil pedacinhos. Mas a decisão dificilmente tomada por minha mãe e minha tia nós tirava da situação em que estávamos e com certeza era pior. As coisas de Aaron e Mavie, meus irmãos de consideração e que dividiam o quarto comigo, também eram colocadas junto as minhas.


As lagrimas desciam pelos meus olhos de forma melancólica. De acordo com as mães, elas receberam uma oportunidade única de trabalho e precisaríamos nós mudar. Elas iriam para o lado oposto do país, ao qual éramos mandados sem opção de escolha. Elas iriam trabalha e a gente iria para um internato com bolsas de estudos totais. Teríamos que manter notas e ser obedientes. Essas eram as únicas coisas que nos pediram.


A nossa história sempre foi contada de maneira simples e sem muito detalhes. Imagino porque não há muitos detalhes surpreendentes na vida de pessoas um tanto pobres. A muito tempo, minha mãe e a amiga se juntaram para dividir um pequeno apartamento. Um lugar no mínimo digno para a criação de seus filhos. As duas não tinham situações boas ou melhores que o adjetivo ruim, quase um xingamento que elas nunca se atreveram a nós ensinar. Não que falem muito sobre isso e atualmente estávamos pelo menos dando conta de nós manter. Não havia o porquê se lamentar pelo passado, elas falavam.


Com o pequeno Aaron já aos 3 anos e eu começando a crescer e dar pequenos sinais de vida dentro de minha mãe, que nós mudamos para o pequeno apartamento de dois quartos, na rua de Crequi. Logo depois, mais ou menos um ano, foi a vez de Mavie crescer na barriga da tia. Agora nós 3 estávamos sendo enviados a um internato no Norte do país, onde ofereciam até cursos profissionalizantes pós a escola. Na cabeça das nossas mães tínhamos ganhado a vida com uma bolsa de estudos patrocinada pela empresa delas que as tinham promovido.


Não sei ao certo qual o trabalho delas. As mesmas não gostam muito falar sobre o assunto e eu aprendi da pior forma a não questionar muito sobre essa falta de informação. Sei que elas vão trabalhar viajando constantemente e não teriam como cuidar da gente. Afinal éramos apenas crianças. Aaron com 15, eu 12 e Mavie com 10. Era evidente que não conseguiríamos tomar conta de nós mesmos.


A minha incerteza e insegurança gritavam na minha cabeça sobre essa nova etapa, tinha medo. Não tinha certeza se seria tão agradável quanto elas falavam, além do mais a notícia não veio acompanhada de nenhum papel informativo sobre o lugar. Nada 0 informações ou fotos. Era nossa única escolha. Na verdade, não chamaria bem de escolha.


Durante toda a vida éramos nós três contra o mundo e nossas mães sempre trabalhando. Éramos irmãos de mães diferentes, e se deixar nem isso, afinal tia Arya sempre foi uma segunda mãe para mim. Agora teria que sair desse conforto de ficar sempre na companhia de meus irmãos para dividir quarto com alguém estranho, provavelmente. Me afastaria dos meus irmãos pelos estudos. Teria que aprender a controlar tudo ao meu redor e minha vida, coisa que nunca tinha nem me preocupada de fazer. Serei obrigada a me adaptar mesmo que seja difícil para nós.


Lá embaixo, bem ao lado do caminhão que também nós levaríamos a nova escola, estava minha mãe nervosa e ansiosa, quase tendo um treco do coração porque só faltava eu e uma pequena caixa que eu fiquei encarregada de levar. Mas eu continuava naquela janela minúscula olhando para o lado de fora. Tudo que faltava para declarar ela como surtada, era um megafone para gritar para que me apressasse. Saio da janela na maior preguiça do mundo e pego a última caixa que faltava.


No quarto só tinham as camas de ferro sem colchões e um guarda roupa de madeira bem velho e vazio. Na sala Jade, nossa cadelinha, estava ansiosa, mas ela não poderia ficar comigo porque no internato não se aceitava animais de estimação como gatos e cães, o que eu achava uma grande injustiça. Eles nos faziam um bem tão grande.


Tudo mudaria a partir da minha entrada naquele caminhão. Eu sabia disso. Aaron também sabia que nada irá ser a mesma coisa que antes, mas Mavie continuava iludida sobre suas ideias de como tudo parecia um conto de fadas ou uma história de aventura pré-adolescente. Na porta a cena de despedida já estava montada e eu não conseguia me mover, muito menos sentir algo se não uma angustia de ter que fazer aquilo.


Afina era difícil para mim, ter que deixar tudo para trás, toda minha vida está nesse lugar. Mesmo que ali éramos pessoas simples com uma educação um tanto duvidável. Só de saber que provavelmente não iria voltar ali por muito tempo meu coração entrava em depressão. Tudo que faltava era entramos em seus devidos transportes e antes nos despedir.


Não sei o que aconteceu, eu não vi minha despedida da minha mãe e de tia Arya. Quando me dei conta já estava dentro da cabine do caminhão olhando o pouco que conseguia do espelho retrovisor, nele eu via o carro em que minha mãe estava andando na direção oposta e sumindo ao virarmos a rua.


Eu queria chorar e me enrolar nos cobertores, mas não conseguia exatamente, apenas uma lagrima bem gordinha saiu do meu olho e eu sequei rapidamente. Ou eu chorava como um bebê e com a dignidade quase inexistente ou eu me mantinha forte, o que parecia ser mais fácil naquele momento. Aaron estava sentado ao lado do motorista, como se ele estivesse vigiando para que não encostasse em mim ou em Mavie e tudo o que eu sabia era que minha vida já ia para um caminho diferente, agora não tinha mais volta para nada.


A viagem seguia calada e eu acabava dormindo a maior parte do tempo. Não consegui sonhar com nada, o tempo apenas havia passado. Já estávamos na estrada a algum tempo, o caminhão andava mais rápido do que antes e me sentia como se tivesse levado uma pancada bem forte na cabeça. Aaron também parecia ter dormido por algum tempo por causa da voz embargada, mas puxava assunto com o motorista como se fossem melhores amigos a vida toda.


Esse por essa vez, eu não tinha percebido, parecia bem novo e desconfortável assim que viu que eu acordei se virou para trás, ainda dirigindo, eu acabei me assustando com o ato. Ele parecia conferir se eu ainda estava em bom estado como havia saído de casa. Já minha irmã estava escorada do outro lado, tinha o rosto levemente vermelho, mas dormia como um anjinho que nunca deveria ser acordado de tamanha fofura.


– Ei vocês não ligam se eu ligar uma música não é mesmo? – Aaron não teve reação e eu balancei a cabeça em não, até porque uma boa música seria uma distração perfeita nessa situação.


O cara, que mais tarde descobri que seu nome era Mac, colocou músicas padrões de uma rádio que todos éramos acostumados a escutar. Uma rádio que todos no país escutavam, não era como se qualquer outra funcionasse e tivéssemos opções para escolher. Nós não tínhamos uma educação muito boa, para mim ou meus irmãos conseguirmos explicar o porquê dessa atitude, mas todos no país escutavam apenas essa rádio.


Não eram exatamente as melhores músicas do mundo ou como a minha mãe cantando alegremente em seus dias bons. Ela nunca cantava uma das músicas do rádio, era quase como se ela inventasse, e fica cantando coisas que eu não conseguia entender exatamente.


Depois de alguns minutos calados somente ouvindo as músicas, todos nós estávamos cantando como se fossemos loucos que as conhecessem e se conhecem a muito tempo. O engraçado era que por mais que eu não reconhecia a música nem a letra, as palavras saiam instantaneamente da minha boca. Eu até que gostei de tudo, o tempo passava como foguete e eu havia me distraído realmente. Era tudo o que eu precisava. E aposto que Aaron também estava gostando apesar de ser bem mais tímido do que as outras pessoas.


Em uma parte do caminho comecei a reparar no lado de fora, mesmo sem grandes visões ou uma janela ampla. Mas era estranho, na beirada da grande estrada tinham algumas pessoas andando lentamente na direção oposta à que estávamos indo. Pessoas sujas, com os corpos quase caindo aos pedaços assim como suas roupas. Quando eu não via as pessoas eram algumas marcas de acidentes feios pela estrada. Carros velhos capotados, motos e caminhões virados ou abandonados. A maioria estavam enferrujados ou faltando pedaços de sua carcaça. A estrada não era bem movimentada a não ser por essas pessoas estranhas, era apenas nós e eles.


Eu não tinha uma boa ideia de geografia para saber onde nós estávamos, também não tinha ideia do que estava acontecendo do lado externo daquele caminhão. Mac parecia não se importar, como se aquilo ali fosse normal e já tivesse visto muitas vezes. Não ousei questionar também, quase certeza que seria como minha mãe, a pergunta seria ignorada. Entretanto, eu sabia que já estávamos bem longe de casa.


Quando eu era pequena, vivia reclamando que não queria ir para a creche. Eu já tinha 6 para 7 anos e estava com a maioria das crianças naquele lugar, que não passam dos 5. Mas era a opção que tínhamos, alguém tinha que tomar conta enquanto nossas mães trabalhavam e não podiam se revezar... As escolas tradicionais eram estranhas e não tinham vagas com bolsas para certas classes mais baixas. Então um dia minha mãe me ensinou a olhar o sol para saber quanto tempo ainda faltava para ir logo para casa.


Ela disse que era nosso segredinho. Naquele dia o sol estava baixo e frio, conseguia ver ele entre alguns prédios e ela me disse que para o horário que fosse me buscar o sol tinha que estar do outro lado e que em vez de tudo com cores frias estaria tudo pintado em laranja. E que isso indicava o fim do dia, que naquele momento era o início e por fim me explicou que quando ele estivesse bem lá no topo estaríamos no meio do dia. Sorri ao me lembrar desse fato, quando saímos de casa o sol estava quase no topo. Pelo menos já estávamos alimentados, ou uma hora dessas já estaríamos com fome porque o sol já começava sua descida lenta para o fim.


Quando a noite parece tomar conta e a estrada começa a ter uma aparência um tanto medonha, acho que devo ter acabado dormindo um pouco em meio ao tempo que se passou, começo a sentir fome. Cutuco o ombro de Aaron de leve, e olho com uma carinha de cachorrinho pidão. Acho que ele entende e me passa uma mochila.


Quando abro a mochila minha barriga ronca em resposta, estava com alguns pacotes de biscoito que tínhamos comprado na semana passada com o dinheiro que ganhamos ajudando a dona da creche com algumas crianças. Pego um pacote e passo para Mavie, que olha para o pacote com os olhos brilhando como se estivesse com sua comida favorita nas mãos. Tiro outro para mim e passo a mochila de volta para Aaron.


Eu já não tinha ideia de que horas eram, e nem consegui ver a lua no céu. Pelo menos ele era lindo, tão estrelado. O biscoito foi embora em alguns poucos minutos, mas pelo menos ajudou e a minha barriga agradeceu com aquilo. Fazia muito tempo que não comia um bom biscoito e mesmo que sem recheio parecia dos deuses. Não passávamos fome, mas naquele dia em especifico não parecia ter lugar onde parar e comer, então durante o dia eu fiquei quieta nessa questão e duvido que tínhamos algum dinheiro para tal.


– Estamos quase chegando, vocês vão conseguir chegar na melhor hora daquela escola, no jantar. – Um tempo depois o motorista anunciou, com um certo gosto na voz. Como se conseguisse sentir o gosto da comida na boca e esse gosto fosse maravilhoso.

Sept. 21, 2021, 12:49 a.m. 0 Report Embed Follow story
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