Taehyung resolveu me arrastar para uma daquelas festas de Halloween doidas, cheias de enfeites e pegadinhas assustadoras, jogos com prendas, casais transando loucamente em quartos de uma grande casa, algumas pessoas se drogando e outras apenas como eu.
Pessoas que não queriam estar aqui.
Sabe, eu não sou muito fã de festas, principalmente com coisas que assustam. Prefiro mil vezes o conforto da minha cama.
Mas parece que meu amado melhor amigo não entende isso e insiste em me levar pra todo lugar. O tanto que ele é festeiro, eu sou caseiro.
Acontece que esse mala me largou sozinho aqui na sala dessa casa horripilante que eu nem sei de quem é, com pessoas desconhecidas e me olhando como se eu fosse comida.
Vamos ser sinceros, eu sei que sou gostoso, mas não é pra tanto.
Taehyung disse que ia apenas buscar uma bebida, mas do jeito que ele é eu tenho quase certeza de que alguém começou a conversar com ele e ele apenas foi indo junto e nem deve se lembrar do que estava fazendo, muito menos saber que o tempo está passando e eu estou aqui SOZINHO com esse povo estranho.
Meu ouvido está zumbindo por conta dessa música alta, as luzes piscando e pessoas bêbadas gritando para falar umas com as outras.
Parece uma balada.
Resolvi sair andando por aí mesmo, não sei nem o endereço de onde estou, meu celular está sem bateria pois esqueci de colocar para carregar e não consigo pedir um taxi. Além de que não quero deixar Taehyung sozinho.
A decoração daqui é maneira, as fantasias das pessoas também.
Mais cedo eu trombei com uma pessoa com a fantasia mais irada e realista que já vi. Tinha um cara com cabelos negros e undercut, ele tinha os olhos verdes com a pupila vertical, pareciam olhos de cobra. Eu quero uma lente assim, achei um máximo. Quando esbarrei nele, percebi que seu braço era áspero, havia algo semelhante a escamas, parecia muito real. Eu quase perguntei para ele o que ele usou pra causar aquele efeito na pele dele, mas um carinha de cabelos loiros e olhos muito escuros, acho que era lente também, porque estava por todo seu olho acho. Estava escuro e não consegui ver direito. Enfim, o carinha puxou o com olhos de cobra e o outro revirou os olhos, passando a língua entre os dentes.
Se não estivesse escuro, apenas com luzes coloridas pra lá e pra cá fazendo meus olhos doerem, eu poderia dizer até que a língua dele era bifurcada. Irado. Eu tinha um amigo com a língua assim.
Acho que aquela fantasia com vibe de anfíbio, não, réptil, foi a mais legal que já vi até agora.
Continuei andando, explorando o lugar, aquilo ali não era casa não, era uma mansão de tão grande. Tinha um estilo clássico, uma aparência antiga, mas bem cuidada.
Avistei uma porta um pouco aberta e entrei imaginando ser outro cômodo vazio.
Assim que entrei logo voltei para o corredor e fechei a porta.
Pessoas deviam fechar as portas quando transam pelo menos.
Ou então colocar uma plaquinha, tipo: "Cuidado, transa selvagem. Não entre". Que nem aqueles avisos de cão bravo nos portões.
Essa casa é tão grande, já passei por muitos quartos, salas, cômodos que no momento eu esqueci o nome...
Me pergunto o que mais teria nessa casa.
Avisto uma porta entreaberta. Tomara que não seja um quarto com pessoas fazendo indecências.
Assim que coloquei minha mão na porta para abrir, alguém se posicionou atrás de mim e a empurrou para que fechasse.
– Aí não, babe. – Uma voz grossa se fez presente e antes de me virar e ver quem era, visualizei os braços estranhamente escamosos.
O cara da fantasia de cobra.
Virei-me rápido e me assustei com sua proximidade.
– Oh! Me desculpe. Eu apenas queria ver o que tinha. – Desculpe-me e encarei suas orbes verdes. Eu não conseguia parar de olhar, era tão... Hipinotozante. – Onde comprou essas lentes?
– O que? – Ele perguntou confuso.
– As lentes que está usando. Que se parecem com olhos de cobra. Onde comprou? – Perguntei realmente curioso. Juro que se eu achar uma, eu compro.
– Não são lentes, babe. – Ele riu fraco e se aproximou. – Quer ver de perto? – Sua pupila aumentava e diminuía, minha mente parecia dublada com aquilo. Assenti devagar e ele se aproximou mais. A língua bifurcada brincava com o piercing nos lábio. Mas não tive muito tempo para olhar, não conseguia desviar a atenção de seus olhos. – Quer ver o que tem dentro do quarto? – Assenti novamente, sem saber exatamente o que fazia. Me sentia inerte.
O de olhos verdes pegou minha mão e abriu a porta, me puxando em passos devagares. Até parar e po as mãos nos ouvidos, como se sentisse uma forte dor.
Foi aí que eu saí de um estranho transe, o qual eu não entendi, e tentei me aproximar dele, mas ele apenas entrou no quarto de vez e trancou a porta, me deixando do lado de fora.
– Eu em. Que cara estranho. – Suspirei e continuei andando pela grande mansão.
Grande. Bem grande.
Eu já disse que é grande???
Duas portas juntas no final do corredor.
E uma escada que dava para o próximo andar.
Porta grande ou escada?
Porta grande.
Empurrei a grande porta de madeira e fiquei encantando. Era uma biblioteca, uma biblioteca imensa. Cabiam vários do meu apartamento ali.
Nossa, se eu morasse aqui, passaria horas nessa biblioteca, imagina quantos livros legais devem ter. Nunca vi tantos.
Resolvi adentrar mais o local, a madeira das estantes estava empoeirada, acho que não mexiam ali a um bom tempo, mas nada que uma boa limpeza não resolvesse.
Andei nos corredores estreitos entre as estantes, olhando os livros e vendo se algum me interessava.
Não se importariam se eu ficasse aqui lendo até Taehyung resolver me procurar e irmos embora, né?
Não estava achando nada de muito interessante. Muitos livros eu já havia lido, outros eram de estudos, muitos pareciam chatos.
Essa biblioteca precisa ser urgentemente atualizada.
Andei por mais uns cinco setores até algo me chamar atenção. Um livro vermelho. O carmesim tinha destaque no meio de todos os livros escuros.
Fiquei na ponta dos pés para tentar alcançar o livro, estava bem no alto. Esticava as pontas dos dedos, tentando pegar o mesmo, mas falhava. Dei um curto pulo, conseguindo puxar o livro, acabando tombando ele no chão.
Abaixei-me para pegar e me deparei com dois pés.
Meu deus, o que é isso.
Me afastei de forma rápida, assustado.
Quando essa pessoa entrou aqui?
– Meu Deus! Você me assustou! – Disse pondo as mãos no coração, que por um segundo achei que sair de meu corpo.
Era o carinha loiro que falou com o de olhos de cobra mais cedo.
– Acho melhor você não ficar dando mole pelos corredores, gatinho. – Falou se aproximando de mim, enquanto eu me afastava. – Agum bicho pode acabar te pegando. – Meu corpo foi prensado na estante e pude sentir sua respiração de encontro ao meu rosto. Ele olhou pra cima, devolveu o livro vermelho carmesim ao lugar de antes, logo se afastando.
– Ya! Eu ia ler esse livro! – Indaguei.
– Acho melhor você não mexer nesse livro, a não ser que queira assinar seu nome com seu sangue e perder a liberdade de sua alma, uhn? – O loiro riu e eu pude ver seu sorriso gengival, seus caninos eram afiados. Ele não estava usando aquelas dentaduras, deve ser aquelas massinhas que colocam quando fazem filmes e tals. O povo aqui se dedica em relação a fantasias.
– Você é um pouco estranho. É só um livro. – Tentei voltar a pegá-lo, mas o loiro segurou meu pulso, impedindo-me. – Aí, quem você pensa que é? – Perguntei emburrado, aquele livro me chamava, eu precisava lê-lo.
– Sou o dono dessa casa e de quase tudo aqui. Confia em mim, você não vai querer pegar este livro. Não importa o quanto ele o chame, o quanto pareça atrativo ou a vontade que você tem de pegá-lo. Lute contra e deixe-o, quieto. Anjos como você não devem perder a alma para o inferno. – Ele disse tão sério que eu resolvi deixar o livro quieto, mesmo sabendo que essas coisas não existem.
– Ok né... Perdão... – Cara estranho.
– Não sou estranho. Você que não acredita no "sobrenatural", como vocês costumam chamar. – Credo, parece até que leu minha mente.
– Se você soubesse metade das coisas que existem por aí... Certeza que estaria morrendo de medo, gatinho... – Não sei se ele está dizendo que sou bonito, se ele apenas costuma usar esse apelido, ou se está apenas fazendo referência à minha fantasia improvisada de gato preto. Eu estava usando uma calça de couro, uma blusa preta acompanhada de uma jaqueta também de couro, um cinto longo que ficava com uma parte solta atrás, semelhante a um rabinho. Taehyung me arrumou uma tiara de gatinho e pintei meu rosto com lápis de olhos. Estou o próximo Catnoir.
– Hm... Beleza, eu tenho que ir, valeu? Desculpe por invadir sua biblioteca, vou andar mais um pouco por aí, preciso achar meu amigo. – Disse e me afastei, indo em direção a grande porta.
– Tenha cuidado com quem esbarra lá fora, existem feras e você é apenas um gatinho perdido no meio de uma caçada. – Escutei ele dizer por último, virei-me para trás para encará-lo mas ele não estava mais ali.
Dever ter se escondido atrás de uma estante para causar um efeito assustador ou sei lá, clássico de Halloween.
Saí de lá e fui procurar Taehyung, eu estava com uma sensação estranha e inexplicável.
Por que eu sentia um pouco de verdade no que o loiro falou?
Deve ser efeito Halloween, as coisas parecem mais assustadoras nesses momentos.
🎃
Foi isso, logo volto com mais, é uma shortfic e essa foi só uma introdução, por isso foi um capítulo curtinho, os próximos capítulos serão mais longos
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