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-Prólogo-

-É melhor você me dar esse dinheiro!_ Falei firmemente enquanto apontava a ponta da espada na garganta do maldito comerciante.

-Hey! Hey! Capitã, já pegamos o necessário, vamos antes que os navios da capital cheguem._ A voz conhecida de meu subordinado me chama, meu rosto se contorceu em uma careta que eu fazia muito bem, afastei rapidamente a lamina fria da espada manchada de sangue, limpei a mesma em minha calça marrom que estava um pouco larga na parte do joelhos, agora a coloquei para descansar na bainha em minha cintura, mas ela não era a única arma junto a mim, a mosquete presa em minhas costas não estava lá apenas de enfeite, e sem contar que Dimitri, meu subordinado que me mantem na linha, ele com certeza é capaz de matar vários guardas da capital, mas ele evita massacre.

Virei meus olhos âmbar para o mesmo, ele sorriu, já sabia o que eu estava pensando, ele sabia muito bem, melhor do que ninguém, que eu preciso, na verdade, necessito deixar minha marca registrada para o povo da capital, e logo ele abre a boca e diz em meio de um sorriso lindo branco.

-Os fogos já vão começar capitã, temos um minuto._ Ele mesmo disse enquanto colocava o saco de joias em seu ombro forte, a espada em sua bainha parece intocável, não me surpreendo, eu sei muito bem que, ele não precisa de uma arma branca para fazer um bom serviço e cumprir com suas obrigações.

Observei bem quando seus cabelos castanhos dourados balançaram com o vento, seus olhos verdes, cativantes, eu com certeza pegaria algumas daquelas joias verdes e daria uma para ele, bom, eu darei um para cada um dos meus amigos, em falar em amigos, vejo todos correndo para o barco, todos sorridentes e satisfeitos com os resultados de hoje, as crianças dançam e pulam felizes por ver todos os lindos brinquedos que os mais velhos conseguiram para eles.

Dou um passo para a frente logo seguido de outro, sorrio radiante antes de sair da cabine aonde estava o comerciante se tremendo, logo, logo ele não irá mais tremer.

Um minuto.

Estreito meus olhos e abro mais o sorriso, o que fez Dimitri duvidar do meu humor, eu posso ler ele como um mapa, fácil demais.

Agarro seu braço direto com o meu esquerdo e os entrelaço, abaixo meu chapéu para tampar meus olhos do sol escaldante, o mar está mais claro hoje, nosso barco está cheio de pessoas sorridentes e felizes, as três únicas crianças abordo, estão dançando de tanta felicidade, hoje eles poderiam comer doces depois de jantar, o que mais deixa uma criança feliz a não ser doces? Bom, quando mais nova, a madre do orfanato que me acolheu, sempre me alimentava amais, escondido é claro, a vista dos outros, ela era o próprio cão chupando manga, ou como a chamavam ‘’A bruxa sem coração.’’ Me dá vontade de rir apenas por lembrar.

Ele guiou o caminho com uma enorme delicadeza, ele pode ser um homem forte e bonito que está carregando as joias roubadas que seriam colocadas na mais nova e mais luxuosa coroa da Rainha, mas ele continua o Dimitri, o adolescente que eu encontrei em meio a ladrões, um menino que não sabe de nada, mas mesmo assim, prefiro ser sua amiga do que sua inimiga, morro de medo apenas por imaginar suas mãos ao redor de meu pescoço igual a como o mesmo faz com quem ele luta contra.

A madeira que foi colocada para conectar os navios facilitou na mudança do navio do burguês para o nosso, agora olhando delicadamente o navio do comerciante pintado de manchas vermelhas em todo canto, não me surpreenda que talvez apenas tenha sobrado ele, bom para ele, talvez reze por perdão, já que um burguês safado que só liga em encher aquela barriga gorda dele com certeza não vai para o céu.

30 segundos, meu corpo arrepia.

Não largo o braço de meu amigo por nada, ele também fica animado com a minha felicidade, nosso barco começa a navegar rápido, muito rápido, mas dava para aproveitar a vista.

Dez segundos.

Nove.

Oito. Já consigo ver os barcos da capital imperial vindo, não vão chegar a tempo, igual a todas as inúmeras vezes que fizemos a mesma coisa.

Sete.

Seis.

Cinco. Levanto um pouco o chapéu para ter uma vista maior.

Quatro.

Três.

Dois.

Um.

E BOOM, o navio do burguês explode, diversos fogos de artifício pintam o céu de diversas cores azul, roxo, vermelho, verde e muito outros, o navio se despedaça em vários estilhaços, me senti um pouco incomodada em pensar que deixei lindas moedas de ouro afundar, mas apenas ver bem de longe, os guardas da capital pularem em seus botes para tentar salvar alguma coisa, qualquer coisa que pudesse estar boiando, já me deixa mais contente.

Sorrio satisfeita, muito satisfeita, as três crianças se aproximam de mim, com um olhar tímido, disfarço meu olhar, finjo que não as vejo, elas fazem várias coisas para ter minha atenção, mas sabem que não vai funcionar, logo, desistem desse jogo e puxam levemente a barra de minha calça larga nos joelhos.

Abaixei meus olhos e as encaro de canto de olho, elas encolhem com minha cara séria, mas logo sorrio e corro para cima delas, tentando fazer cócegas, elas correm animadas tentando fugir do ‘’Monstro’’ que as persegue, Dimitri apenas encara de longe, indo guardas as ‘’conquistas’’, logo de longe avisto Matria, ela sorri para mim e observa as crianças correrem, aceno para a mesma e ela ri mais alto, como se estivesse falando, ‘’Essa é a capitã que eu vi a segundos atrás ?’’, ignoro sua piada e volto a focar nas pequenas e alegres crianças que corriam pelo deque, ver elas assim me aquece o coração, ver todas essas inúmeras pessoas presentes aqui felizes, me aquece o coração, mas eu guardo e protejo essas crianças de maneira especial.

Não parecem mais as mesmas crianças que resgatei em um mercado de escravos que roubei e destruí, antes elas eram quietas e reservadas, tentavam ser úteis para tudo, afinal, foram criadas para obedecer ordens, mas eu mudei esse destino, agora elas são livres e sadias, assim como deveriam ser todas as crianças.

Felizes, e encantadoras como anjos do céu.

Quero mostrar a essas crianças que essas aguas infinitas podem ser um céu, um paraíso que deve ser cuidado bem, não quero mostrar a elas o inferno.

Não, me recuso a sequer pensar em deixar elas verem o que eu vi e vejo.

O inferno que eu presencio, é a morada dos mortos, um grande buraco negro para as almas que o Deus do amor, não quis mais amar.

E esse mar, nas mãos do imperador, esse lindo oceano infinito entrará em decadência se eu deixar ele no comando, por isso me rebelo e faço um escândalo que ele é incapaz de ignorar.

Duas cabeças, uma coroa.

Apenas um de nós pode governar esses mares.

Eu sou a líder de um novo mundo, mas, agora estou curiosa para saber, quem é você? Não me importo com o título ridículo de ‘O Imperador’, quero saber, qual seu nome de guerra.

Me diga, assim poderei escrever em sua lápide quando te enterrar.

Eu serei aquela que vai carregar a coroa na cabeça.

Eu serei a Rainha dos mares.

Sept. 9, 2023, 2:17 a.m. 0 Report Embed Follow story
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