sara-pinheiro1535860942 Sara Pinheiro

Essa livro conta a história de dois professores e escritores tentando avaliar os altos e baixos do relacionamento em um ano de cartas. Dentre algumas definições do que seria o Amor, eles recorrem a essas cartas como um meio de extravasar seus sentimentos, vendo o que ficou de positivo e negativo, para assim decidirem qual o significado e o sentido da felicidade em suas vidas.


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#amor #amizade
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Pedro

Luiza, como nossa história começa? Na verdade, ela começa pelo fim e não pelo começo na espera de que esse fim no futuro se torne um recomeço, de que possamos reconstruir todo um outro amor. Mas vamos lá... vou te propor uma coisa diferente: vamos juntos achar respostas para o que nós somos em um ano de cartas, um ano de nós, mas separados, assim poderemos ver nossas falhas, e avaliarmos onde foi que erramos. Pode ser assim? Como reconstruir o que foi desconstruído? Deixe-me explicitar meus sentimentos em relação a nós, tudo bem?

Minha querida, você não tem curiosidade para desmistificar o que fomos juntos? Pois eu tenho. Já faz mais ou menos 1 semana do nosso fim... eu não estou contando, é só que tudo isso é ainda muito novo para mim. Eu não pretendia ir embora da nossa relação, as coisas foram tomando um rumo inesperado, agora você me pergunta se eu poderia ter evitado. Claro que sim, mas tá tudo tão complicado, tão confuso... que infelizmente nossos sentimentos chegaram a um ponto em que eles ficaram sobrecarregados demais, difícil de ser compreendido, me entende?

Vou ser franco com você, está bem? Pois bem, vou continuar

Preciso dizer, meu bem, sinto muito por tudo, é só que eu não sabia como reagir. Achei que o melhor seria fugir de nós, dos sentimentos doloridos, mas acontece que fugir não era a resposta certa... então, estou aqui sozinho nesse apartamento com meus pensamentos misturados e arrependido de todas as palavras que foram ditas em momentos de turbulências e também daquelas palavras não ditas. Mas infelizmente não dá pra voltar para o antes e começar com o que tínhamos. Acontece que o Amor que tínhamos foi dando lugar a um círculo contínuo onde prevalecia apenas os nossos medos, dúvidas e foi ficando tudo concentrado em nós. O que restou? Restou apenas as incertezas do que éramos e se ainda existíamos para nós. Me entende?

Agora te pergunto: o limite do nosso Amor já chegou ou ele ainda é suficiente para ultrapassar todas as fronteiras do que sentíamos? Nós simplesmente nos tornamos desconhecidos, deixamos de ser e permanecer juntos. Minha linda, fomos muitos verbos no Infinitivo durante tanto tempo, né? Ao mesmo tempo que fizemos verbos incríveis no pretérito perfeito, nós os descartamos de nossas vidas sem nenhum porquê. Então te pergunto: o que fizemos de nós nesse estado presente? Ainda não sei. O que sei é que estouramos a nossa bolha da paixão, do amor, do fogo e jogamos fora por meras inseguranças. Estou certo?

Vou além agora do que sentimos, poder ser?

Minha aurora, tínhamos essa atração que impulsionávamos a ser melhores e a expressar o nosso amor de todas as formas, éramos intensos demais, íntimos demais...cada curva do seu corpo remetia a cada linha que compunha minha estrofe. Era uma simplicidade, uma leveza que nos ligava todos os dias... mas de repente, as pétalas das rosas vermelha que representava o nosso Amor foi desfalecendo bem lentamente... e sabe o que aconteceu depois? O nosso jardim que tinha uma beleza esplêndida se tornou triste, cinza, sujo, vazio, e consequentemente assim deu origem a um fim. O nosso fim para ser mais preciso, dá pra me entender?

Luiza, não sei ao certo, tudo permanece na dúvida, mas esse verbo querer me traz tantos questionamentos sobre nós dois, é mais ou menos assim: Ainda quero ser os teus sinônimos e anônimos, ainda quero correr riscos com você, sentir aquela ardência novamente quando a gente se beijava, quero aquelas faíscas brotando de nossos olhares a todo instante, o encaixe perfeito de nossas mãos em momentos de paixão e ser teu parágrafo completo em meio a nossa bagunça... enfim, quero a junção de todos os elementos no teu conjunto. Quero nós, quero a gente, procurando sempre os significados dessa nossa insignificância.

Mas para esse depois acontecer é preciso paciência, sabedoria e calma nas nossas vidas. Se tivermos isso até o final do ano, quem sabe o destino nos dê uma segunda chance, concorda comigo?

Meu bem, a próxima carta é sua. Vamos ficar intercalando palavras, sonhos, confissões...ou seja, tudo aquilo que ficou faltando ser dito enquanto estávamos juntos. Temos a oportunidade de falar tudo para o outro sem segredos, sem objeções. Você pode me contar, Luiza, tudo que tiver vontade, não se preocupe. Pode jogar frases e orações em cima de mim sem nenhuma regra. Se quisermos melhorar a nossa relação, precisamos sim nós apropriar do que sempre nos manteve completos e únicos que são as palavras. Se jogue em cima de letras, vogais e consoantes, não tenha medo, você verá que é um processo libertador...agora vou te ensinar um pequeno exercício que faço toda vez que vou escrever. Vamos lá... feche os olhos, inspire e expire profundamente e sinta todas as palavras absorvendo o seu corpo e sua mente. Não pense muito, apenas escute os seus sons, sinta os cheiros e tente imaginar todas as formas que resultam nessa combinação mágica e se deixe levar por esse mar infinito de poesia, ok? Simplesmente, dê sua alma e seu coração a essa arte de construir palavras, tenho certeza que em poucas semanas você irá notar uma mudança em si, irá se sentir mais leve. Então, minha querida, posso contar com você para juntos irmos desbravando os caminhos insolúveis de nós mesmos, se é que podemos nos definir assim...

Aguardo uma resposta sua.

Pedro.

March 28, 2021, 1:24 p.m. 0 Report Embed Follow story
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