atila-titi-senna Atila Senna

De uma lenda anterior, a morada temporária nessa floresta densa e fechada, assim que a bruxa os pediu, o Diabo cedeu-lhes como alimento, corpo e alma.


Horror Monster literature Not for children under 13.

#medo #bruxa #crianças
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O alimento

Depois do fogo, após as crianças correm para o quintal de casa, foi a vez dela, longe dali a bruxa pôs-se a desenhas na terra. Colocou velas ao chão sobs as covas rasas e, encendiou malignamente a estrela de cinco pontas, clamando diante o fogo.

- Oh, senhor das trevas!

Ao redor da arte dançava, comemorava uma fonte de alimento, pedia em devaneios e entre rodopios durante a dança, elevando os braços inclinando-se para lua, silenciosa parava sobre a pouca luz noturna entre as grandes arvores escuras da noite, voltava a dançar e então cantava. Movimentava-se até que, imediatamente, estagnou outra vez. Frente a estrela rabiscada estava a figura deprimente e faminta que era. Desgraça. Seus ossos a vista pela pele fina, sua barriga faminta a roncar alto e seu corpo completamente nu e magro cheio de rugas sofria a beira da morte. Assim dera um passo adiante, entre as velas, gemia como uma pobre coitada, gemia agoniante entre as luzes da grande estrela de fogo da qual curvava-se. Nua, em pele e osso, ajoelhada em louvor seus cabelos escorria sobre as costas e entre os seios enquanto realizava gestos malignos dos quais lançava no ar com as mãos, feitiço invisível, antes de ser possuída, enfim estremecia arrepiada com as mãos para o céu como num chamado, como um abrir de portas em boas vindas, a espera do demônio. Ficara nessa posição durante alguns minutos mudos e, então sua cabeça fora imediatamente para trás em direção ao chão, ainda sem descolar os joelhos da terra, arqueou a barriga entre as chamas e revirou seus olhos e chamou.

— Oh Deus do maligno! Vinde a mim e saciai minha fome, tomai meu corpo como de suas putas e abusai-me em troca de alimento! Dai-me a quem hoje observei, são duas crianças sadias que vos peso.

Novamente um silêncio ocorreu, mas sua cabeça bem como seus joelhos ainda permaneciam em solo quente, sua barriga arqueada para céu sobre a luz noturna da lua finalmente sessara o roncar. E foi assim que toda a dor começou. Contrações involuntárias e rápidas tentavam expulsar a forma que lentamente se locomovia em suas entranhas. Horripilantemente gritava em desespero, mis ainda com satisfação, levantando novamente o tronco até tocar sua testa ao solo quente, deixando assim toda a bunda nua empinada para lua.

Formado das tripas, saia pouco a pouco a cada piscar do olho o Diabo que excitava-se em romper as pregas rosadas da vítima sexual. Surgia devagar, e a cada empurro muscular anal, o corpo da cobra apontava em direção a lua cheia enquanto o fogo da estrela desenhada ao chão se apagava. A bruxa gritava ao queimar, e sabia, estava paralisada, repleta de dor e medo agônico onde o único órgão móvel era seus olhos e alguns poucos músculos. Não podia se mover, mas sentia cada piscar, e a cada um, o romper de uma prega para assim abrir-se mais e mais ao corpo cilíndrico. Chorava em dor infernal, em meio a noite, enquanto seu corpo suava a cobra e subia ruma a esfera clara da noite. Ereta como um membro duro e grosso machucando-a, saia, devagar, até aproxima-se do fim esvaziando o abdômen que se tornara oco.

Quando cerca de dois metros para fora, já com o orifício inchado, estendida em plenitude para lua até que enfim caiu ao chão enrolando-se lentamente em seu próprio corpo a observar ainda paralisada sua escrava sexual. Sentiu mais que a dor insuportável pelo corpo humano. Estava exausta, mal mexia-se enquanto chorava por seu desejo realizado e feliz por esta longe de todos os pudores. Nua, dolorida por se dar ao sexo em troca de um favor, pois já não havia mais alma. Vagarosamente a cobra se arrastou entre as raras chamas e enrolou-se em seu corpo esfregando-se no íntimo melado, passando entre os seios, até tocar sua boca para com ela falar. Sem movimentos musculares sem utilizar da boca animal, sua voz surgia pacifica e grave.

— Guiarei ambas as crianças. Uma guardara em seu ventre, então através ti, saciar-me-ei novamente. Da outra fara o que bem entenderes.

A bruxa nada disse, somente a sentia pelo seu corpo, pois ainda alucinada pela dor e prazer tremia de excitação pós coito, mas sorria, de tanto desejado, o alimento conseguira.

Correm em desespero, Maria e João. Corem sem olhar para trás, deixando gradualmente, com seus pezinhos de criança, a aberração que ilumina a escuridão atordoando as pobres almas da própria família. Talvez a criatura estivesse logo atrás em galopes rápidos, mas não sabiam ao certo, não arriscavam perder tempo para olhar para trás. Longe da proteção familiar, agora a própria sorte, descalças pela floresta úmida por caminhos estranhos e lúgubres, Maria e João. Canções diabólicas naturalmente feitas pelo Diabo sob a permissão de Deus, desesperava-os. Fecham-se num aperto claustrofóbico que endurece os bateres dos corações inocentes. Dificultando cada passo cada respiração, até desacelerarem gradualmente, cercado pela aglomeração sonoras dos animais invisíveis, ordenados em gritos diabólicos que os acolhe num abraço de medo. O pequenino então parou, forjado já em sua mente pelo o medo e angústia, chorou. Maria logo forcado por ele parou a questiona-lo em pânico.

— Porque não quer vir?

— Mas, para aonde iremos? — Questiona com medo o pequenino.

— Corra, vamos em direção a vila!

— Mas não sei em qual direção fica a vila...

Maria também tão pouco sabia, estavam perdidos, fugindo de uma aberração que um dia tanto amaram.

— Uma estrada, catorze casas! Vamos, não deve ser tão difícil encontra!

Mais João muito temia, chorava com medo e, Maria refletia o mesmo tipo de pavor. Com isso, os gritos pavorosos acumulavam-se rodeando-os com num abraço sonoro. E como um coitado, logo necessitado, chorava estendendo as mãos em direção ao consolo da irmã, que irada por estagnarem ali, também chorou e com uma mão ao desviar do abraço ofertado o empurrou para trás derrubando-o ao úmido chão. Não queria jamais que ele tivesse parado. Precisava continuar, fugir do bizarro. E foi assim, ali sentado, que o pequenino João viu sua irmã partir pela escuridão da floresta sem olhar para trás, deslizando sob um tronco velho coberto de lodo e cair de queixo a ralar, mas ainda sim, sem parar, fugiu até desaparecer na noite. João sem Maria agora era solidão, jogado ao chão, iluminado levemente pela luz lunar, lentamente levantou-se. Imundo, uma última vez ainda chamou pelo nome, com timbre tremulo, por Maria, mais não viera e cada vez mais acolhido pelos tumultos sonoros dos animais empossados do Demônio, vieram abraça-lo. — Entre os galhos e buracos inesperados a pobre criança ria em lágrimas, mau sabia onde estava, agora nem mesmo sabia onde se encontrava o outro que tanto amava. Agora aquele som assustador da floresta parecia erradicado, sem risco real a oferecer o medo e a adrenalina havia atingido o pico, agora estava abrindo seus pensamentos para refletir que era somente seu medo que causava isso: pânico. De qualquer forma agora estava longe de casa, sua irmã, de seu irmão que a pouco deixara. — João sem Maria encolhia-se entre as pernas e chorava com roncado forte e cada vez mais perturbado a medida em que a luz escondia-se atrás da nuvem negra e ninguém a cuida-lo. Que horrível, a noite mau havia começado. E todos dos quais convivia junto provavelmente estavam mortos e por fim separados.

E para o descanso, para se aliviar do cansaço agônico, arrastou-se com agradecimentos ao Diabo. Se esgueirando da melhor forma das folhas que provocava queimadura e das formigas gigantes que picavam-na com força até chegar em sua horrível e humilde casa. Pobre era, escura e úmida como carvão em água, cercada por raízes e nebrina, como se ali abriga-se o mal, jogou-se pela velha porta que escancarou para que seu corpo novamente caísse ao chão. Mas com tudo, ainda não era o fim, prosseguiu seu arrastar com mãos e cotovelos sujos e inchados até seu aposento onde, ao agarrar-se nos lençóis manchados de sebo, enrolou-se cobrindo o nu. Sua cama se posicionava logo abaixo da janela, foi ai na luz noturna que brilhava através da fresta que ficou a arder em frente e dor intestinal. Mais as horas mau fluía, delirava devido a agonia e saber na real, que não sentia suas próprias vísceras. A madrugada era fria e molhada, mas seu corpo avermelhava-se e suava, pensava durante este tempo somente naquelas crianças. E suas mãos locomovia-se e apertava o vazio do abdômen. Ainda sim a noite mau se aproximava do seu fim.

Ainda delirava e se contorcia lenta e macabra. Enrolava-se sob os panos e seu olhos reviravam loucamente contrastando com o silêncio lacônico da casa e os ruídos que criava. Seu corpo já nem se quer parecia o mesmo, o que antes era velho agora tomavas aspectos mais suavizados. O Diabo parecia locomover lentamente sua pele áspera sobre os ossos do corpo, pela casa, a cobra também se locomovia. Seus delírios piorava ao passo das horas, chamava por alguém irreconhecível enquanto dormia e, depois da abdução diabólica, pela manhã, ao primeiro soar magnífico do canto matinal da criatura de Deus, enfim acordou. Sentou-se entre os lençóis, seu seios a amostra agora pareciam fartos e no lençol, entre as pernas, manchas de sangue que não mais escorria e a ausência de dores corporais a aliviava , nasceu um meigo sorriso.

— Não deveria me brigar nesta casa, mas andei a noite toda, se for abandonada, devo descansar.

Ah belo clima da manhã, brisas frescas e cantar de pássaros em abundância ditava o tom. Entre nuvens mansas e raios dourados de sol e um verde esplendido e vivo ainda via-se no fundo uma densa neblina que fugia. Ao abrir da porta mostrava-se em sua melhor face uma caridosa e boa pessoa. Límpida e roupas longas e bem comportadas a sorrir encantadoramente com as mãos ao peito caminhou de forma repetitiva e assustara aproximou-se da criança.

— Pobre criatura de Deus. Deves tu esta perdida! Talvez cansada demais para continuar.

— Quem é você? — Disse Maria, muito debilitada e desconfiada. — Você sabe o caminho para a vila?

— Vila...

— Sete casa de um lado sete casa do outro, uma estrada! Você conhece?

— Ah não. Não posso lhe dizer sobre isso... — Disse sucintamente a bruxa.

— Como veio parar aqui?

— Não sei — Disse surpresa — as vezes parece que fui guiada por algo ruim...

A receptora levemente sorriu analisando a pobre criatura. A essa altura Maria acumulava, para além do cansaço, muito medo e desconforto físico, por isso ao passo em que a bruxa caminhou em sua direção, a criança retrocedia, assim até recostar seus pés em raízes grossas e tua costas terminar em um tronco forte duma árvore.

— Meu irmão, você viu?

— Há criatura de Deus! — Revelou espantada. — Então é de você que ele tanto fala.

Quando Maria percebeu então que seu irmão estava presente deu então um passo destemido a frente limpando uma lágrima que escoria pelo rosto.

— Onde ele está?

A bruxa então a estendeu a mão de forma mecânica, sem se quer deixar de observar a menina. Estava feito o convite. Na casa encontrou João diante a mesa, pequenino, com a face frente a comida não farta posta a mesa. Demasiadamente aliviada Maria então correu ao irmão que comia e apertou-lhe num forte abraço e ao afastar fixou seus olhos e lamentou-se por eles.

— Isso nunca mais vai acontecer! Eu tive medo! Eu tive medo e sei que não devia ter abandonado você. Você esta me ouvindo? Está me ouvindo?

Uma lágrima escoria da menina. Um tapa viera em sua face, mas um abraço quente afagou ambos da triste trajetória que os levaram até esta casa isolada. O tempo todo estava ali, observando-os, parecia contente em tê-los unidos novamente. Um leve barulho de arrasto surgiu pela casa, as crianças procuraram, para distrair, lhe foram perguntados.

— Qual a historia de vocês?

— Nossa casa foi incendia... — Maria sabia bem, mas omitia o motivo.

— Pobrezinhos! Quem fizera essa tamanha maldade?

— Nossa irmã... — Disse João a entristecer.

— E você, quem é? — Perguntou Maria a bruxa que sorria serenamente as crianças. — Onde estamos? – Persistiu a pobre criança.

E, ao mesmo tempo que sinistra, silenciosa de uma calma contagiante, era também afável e delicada afim de transmitir uma confiança a seus inquilinos famintos. Quando respondida às perguntas o quadro se formava de forma estranha e de certa forma fora da realidade. Aquela que lhes acolheram chamava-se Mannula e vivia ali por décadas esquecidas. Solitária, arrumou tal abrigo e ali passou a viver seus dias calmos e serenos, afim da morte. Nutrindo-se da mata tinha pouco o que comer, pois pouco a natureza produzia. E por mais absurdo que lhes parecesse, por mais que o comum fosse correr daquele local, nada disso acontecia, na contra mão, fitava seus olhos arredondados como se fosse hipnotizados. Observavam ali estáticos enquanto fabulosamente a casa, como que boiasse em águas de temperamento tenso, rangia lentamente de um lado para o outro como um velho barco. Até mesmo um pequeno objeto rolava sobre a mesa conforme as ondas tocavam a estrutura. Para lá e para cá... Lentamente. As crianças nada se moviam, escutavam o som do oceano, sentiam o clima úmido, enquanto gotas caiam ao som turvo da chuva em pleno céu aberto a luz dourada solar.

— Nascida distantes dessas terras, conhecia Baba Yaga... mais fui capturada! Trazida por navegantes europeus... Então jogaram meu grimórios, tive que começar do zero... E há muito tempo, me jogaram nesta terra, expurgada...

E onde estava a vila, segundo a mesma, mau sabia, mas garantira:

— Talvez não devam ir, ninguém gosta de estrangeiro, pois, não sabem o que trazem de ruim na mente. E nesta condição, levara dias a fios até que se aproximem dela.

Maria e João, sozinhos da vida, estavam decididos.

— Bem iremos logo então. A viagem é longa.

Mais a velha bruxa, que desde o início, sorria frente a porta virou-se tranquila e calada trancando as velhas taboas que servia como porta. João e Maria logo arregalaram os olhos e colocaram-se em estado de alenta, mais logo o mau veio a acalma-los.

— Não, não, não se assustem. Vocês devem estar famintos, fiquem, comam e bebam o pouco que lhe ofereço. – disse somando mais um pouco a mesa. — A jornada será longa. Começarão amanhã de manhã.

As barrigas então olharam a comida, que mesmo feia, ainda pareciam capazes de manter a vida. Em clima misto sentaram-se a mesa de forma tensa e, com as próprias mãos sujas, passaram a levar a boca o de comer. E como o pouco foi se acabando a vergonha de pegarem o último pedaço de carne seca e dividirem aumentou visivelmente aos olhos da tutora.

— Não tenham vergonha, se acabarem e quiserem mais, o peito é farto para sustentar os dois.

Maria e João mastigaram logo a massa que tinham em suas bocas e se olharam num pausar de movimentos. Pensavam em quem era essa que mau ao conhecia e já oferecia os seios.

Abrigados em um pequeno quarto escuro e sujo discutiam em cochichos o que planejavam em segredo. Sonolentos, pela fresta da janelam analisavam a vista de fora.

— Olhe essas terras, parecem amontoados granulados por vermes. — Disse Maria

— Parecem túmulos...

— Porque não vamos embora?

— Eu não sei... Acho que não deveríamos voltar a vila, toda nossa família foi expulsa de lá uma vez! — Reclamava João.

— Mais onde viveremos então? Aquela coisa horrível destruiu nossa casa.

— Não fale assim dela!

— Shh — Ordenou Maria pelo tom elevado de João.

— Você viu os seios dela? Parecem mesmo cheios. E já estamos com fome de novo.

— Vamos esperar que distancie-se, roubaremos então sua comida e partiremos para longe! Vamos para a cidade!

Maria era claramente mais astuta e desconfiada, sentia algo no ar, mas não tirara conclusões precipitadas, pois contra a desconfiança havia o trato dela, que certamente os tratavam tão bem. Agora tinham comida e aposento. Mais ainda pensava de relance que algo precisava ser feito, mas debilitados da noite pavorosa e em branco, trancaram a velha porta e caíram no sono. logo atrás da porta, a espera desse momento, enfim iniciou um delicado e longo processo de sinais e palavras estranhas direcionada as almas puras. Vencidos pelo sono naquela tarde, lentamente uma sialorreia apossou-se em suas bocas, espumando como cães raivosos, porem adormecidos, babavam a molharem-se. Estava feito o que era preciso. Calma e simpática a bruxa percorreu todos os cômodos da casa, onde entre esses a serpente rastejava silenciosamente a morada. Mannula trancou todas as passagens da casa evitando no futuro uma fuga. Estava calma e preparada, como que numa felicidade estampada em um rosto paralisado por ser quem era. Colocou ao lado da cadeira, no chão mesmo, tesoura, linha e uma grande agulha. Arrastou uma das crianças derrubando-a, que ao cair da cama acordou num abrir de olhos, mais nada mais que isso pode mexer, arrastou-a pelos cabelos e sob a mesa desnudou-a enquanto lágrimas escoria dos seus pobres olhos infantis. Mannula limpou-lhe o corpo incluindo a genital e marcou o pobre e delicado corpo inocente que, dopado, nada podia fazer a não ser sentir a cruel dor do corte e livremente pensar. Sentada à velha cadeira a bruxa estava preparada. Despiu-se da própria veste superior deixando os seios farto e o abdômen completamente amostra. Era hora. Simplesmente, devagar mais se hesitar, perfurou sua pele entre os seios, abrindo de pouco em pouco, com extrema dor e água nós olhos, dos quais não deixou derramar, seu tórax, finalizando a um dedo da genital. Estava feito. Sentia seu corpo adormecido, logo, sentiu a própria mão do Demônio apertar seu coração para manter os batimentos cárdicos, afim de mantê-la viva. Via-se agoniada.

O sol erguera-se ao ponto mais elevado então. De pé com todo aquele grotesco buraco aberto, olhando para dentro de si mesma, via apenas aquele grotesco vazio e fétido, analisava ali como encaixaria dentro daquela carcaça dura. Não era nada difícil, pois havia ali apenas um grande oco interno sem estruturas comuns quaisquer. Era o que no início a cobra havia feito. Aquele animal que dela saíra era os próprios órgãos transformados em cobra, possuídos pelo Ruim que de seu corpo saíra para dar espaço a alma ainda vida que sobre a mesa sofria paralisada a vivenciar esta terrível cena. Dolorida ao estremo ainda se olhava em gemidos e respingar de saliva, essa sensação surreal a dominava e fazia paralisar em dor, queria dobrar o joelho e cair em dor, talvez para a morte, mais por outra opinião, por estar ligada ao Diabo que lhe mantinha vida, agarrou a mãozinha da criança e arrastou para junto dela caindo ambas ao chão, onde o corpo menor veio por cima, depositando-se no grande buraco que era aquele mostro.

Aquela cobra, a maldita cobra, ainda deslizava pelos quantos das paredes a observa-la enquanto a bruxa jogada ao chão em plena dor e espasmos musculares esticou sua mão tremula até a linha e a agulha que a pouco deixara ao lado e passou a costurar em tremor e agonia o grande rasgo que criara em seu corpo. Em pouco tempo a cobra se enrolara em seu corpo a espera do término para assim entrar pela boca e saciar como o combinado a alma pura que agora aos poucos morria sem pecar. Pobre criatura, seu único músculo ativo era seus pulmões e a massa do cérebro que, rezava a Deus para que sobrevive-se a esse horror onde estava agora confinada. Mais não importa o quão real era sua reza, suas súplicas, devagar a costura ia fechando-se e presenteando-a com a escuridão. Para ela, Deus havia a abandonado nessa barriga lúgubre e úmida. — Enquanto isso, entre as gigantescas árvores da densa floresta, gritava a procura de seus irmãos, gritava socorro a uma pessoa boa que fosse para lhe ajudar.

— Por favor! Onde estão?

Mais não importa o quão gritasse não importa por onde fosse, nada nem ninguém a respondia. Estava sozinha.

— Não quero machucar vocês! Vejam, não sou mais um mostro!

Ainda sim não respondiam, não importava a juras que fazia, além disso, precisava esconder o nu feminino. Percorreu entre árvores e pastagem que arranhava e coçavam suas genitais e pernas e, devido ao sol, sua palidez tornava-se a cada instante mais avermelhada e suas cicatrizes realçavam-se a mesma medida. Mais em meio a floresta onde encontraria roupas? E como poderia chegar até a vila de forma despercebida, como voltar e relembrar o lugar onde sempre viveu e que a tão pouco fora amaldiçoada e condenada a morte por todos sob a cruz? Como faria, estava nua em meio a mata selvagem, esperando por um único dia da semana com a cabeça a baixo da luz da lua cheia para só então transformar-se na lenda de fogo outra triste vez.

Pobre e pecadora, condenada ao inferno, correu e apresou-se entre vales e minas, beleza e solidão até então chegar nas proximidades da maldita vila. Quando lá mantinha-se calma, mesmo após os acontecimentos atrozes de condenação e expulsão de sua família, onde todos foram punidos pelo pecado de dois malignos. — Nesses dias de pesares via-se que continuavam na mesma, trabalhavam com grande afinco e perseverança nas pequenas lavouras e pastagens, sol após sol, sofridos e calado acima da terra dura e desnutrida que mais lhes parecia que o Diabo ia sugando os nutrientes aos poucos. Triste eram e mais cabisbaixo ficaram após os acontecidos, marcados no pesado da história dessas almas a crucificação de um pessoa antes viva, hoje morta a alma foi levada ao inferno. Para além disso, era aquela mesma vida, acanhada sem grandes acontecimentos, muitos esforços físicos e ignorância intelectual diariamente, dia após dia, a rotina desanimadora e feia que todos criavam em torno das catorze casas. Sempre e sempre. Uma velha carroça sendo puxada por quatro patas, moçoilas em seus afazeres coberta por longos panos precários e sujos devido o enfadonho serviço enquanto caminhando com trouxas pela estrada seca ou pelas pastagens a alimentar bodes e vacas estavam seus pares masculino.

Enfim, novamente ao antigo lar de crentes e famílias rigorosas com o respeito multo. Felipa observa-os de longe, escondida entre grandes moitas de mato, seus pés sujo de areia suava e transformava os minúsculos grãos em barro negro. Suas coxas e poupas coçavam com insistência e, tanto o corpo nu quando a garganta, lhe pediam água em abundância. Do mais, igualmente estava faminta. Outra vez chorava em sussurros a morte da família e a perca dos irmãos que dela correram espantados para floresta. Aterrador tanto quanto medonho os soluços e choro de uma desalmada nua em pleno dia em meio a pastagem alta e seca. — Um velho e imundo lutava contra um palanque á muitos metros de distancia, na rua, algumas crianças brincavam com alguns bonecos feitos a mão e todos que estavam ali próximos de suas casas, com seus afazeres, simplesmente pararam para escutar. Algumas moças até mesmo se assustaram com o estranho barulho, que outra vez, tornou a repetir. Forte, como se trombasse a porta em desespero por abrigo o terceiro impacto, podem ouvir, quebrou algo.

O que poderia ser aquilo, três estrondos em uma das casas, todos que ouviram se perguntava em pensamentos: o que seria? Queriam descobrir. E foi assim que aos poucos todos foram se aproximando a passos secos e temerosos em direção a casa. Enfim sete almas e uma única desconfiança do que seria? Como poderia se todos logo foram expulsos. Maldição? Perguntavam uns aos outros. Justamente nesta casa que fora trancada para que nada dela pudesse sair ou entrar. Estavam ali, paralisados por medo escutando de relance o que lhes parecia alguns passos apresados sob o chão. Outras pessoas estavam se aproximando. Um velho entre as pastagens alta pelo fundo da casa, donde podiam ver a porta que fora aberta, vinha aproximando-se com aperto no coração. Todos estavam em choque e mal conseguiam raciocinar, pensavam que o mal viera para assombra-los. Quando arrumaram um ferro, o que habitava do lado de dentro ninguém sabia, e ao passo em que arrombou a porta dum lado, do outro o velho que se aproximava-se da porta para espiar assustou-se e cresceu os olhos ao ver surgir da escura o corpo feminino nu, correndo e segurando alguns panos, a fugindo em disparada pela pastagem, mais uma fez a lenda deixara para trás a casa que outrora obrigara a família. E foi assim, que pela segunda vez viram o corpo que queimaram antes do inferno, crucificado, agora correndo com o nu traseiro completamente exposto pela pastagem em direção a mata.

Já era tarde, ao acordar, meio sonolento ainda, de forma angelical e inocente João percebeu a ausência de sua queria irmã. Estava sozinho novamente, isolado no quarto, permeado pelo medo e um som ruidoso de um triste choro próximo da noite que se iniciaria. Ele não queria ir e, talvez por isso, ela o abandonou novamente. Odiou-a novamente, aquela miserável. Mais ao certo tão pouco sabia, sentia-se faminto, solitário e lacônico. Decidiu que o melhor seria se orientar na direção da moléstia que lastimava, e quando aproximou, pode ver por de trás da mesa sentada à cadeira, ainda a pobre mulher que padecia entre as sombras escuras, exceto pelos seios belos e fartos iluminado pela luz noturna que atravessava os buracos do teto podre.

— Desgraçada, — E remoía-se em lágrimas – ela nos abandonou!

João de início pouco fez, até que então raciocinou, Maria havia abandonado persistindo na ideia de voltar a vila. E segundo por segundo seu rosto se modificou, estragou a suavizes da pele formando enfim lágrimas medonhas nos olhos das quais despejou em abundância em silêncio. Ela então sorriu em lágrimas e pediu para que ficasse e, que diferente da outra, não a deixa-se assim sem avisos.

— A floresta é perigosa. Pobrezinha. Criança, tenha fé que a qualquer momento sua irmã voltara. Agora se apronte, antes de partirmos arranjarei novas roupas para você e leite.

Durante alguns minutos João mal sobe o que fazer, sentia-se perdido, e o único comando que tinha era aquele cujo o dedo apontava para um cômodo úmido o qual chamava-se lavatório. Sentada à cadeira por de trás da mesa era somente o que ela fazia. Depois de algumas lágrimas acomodou-se, no lavatório, retirou seus trajes e nu pôs-se a banhar-se com tamanha delicadeza e inocência o seu corpo num silêncio lacônico, há imaginar mil fugas, mil abandonos, e infinitas tragédias. Limpou-se perfeitamente e, completamente nu, esgueirou-se mudo até a porta semiaberta e acanhadamente cresceu seus olhos e paralisou ao observar a sofreguidão que todos aqueles fios de cabelo provocava ao raspar pela garganta dela. Era horrível, seus músculos, mau continha forças para continuar puxando os longos fios de cabelos louros que da boca vinha. Quando por completo, era cerca de um metro engrenhado um uns nos outros, e todo aquele sebo com mistura rala de sangue fora jogado ao chão.

— Deliciosa... - Sussurrou em meio a sombra noturna.

E por mais que horrendo fosse sim, João sem Maria, sentia que seu corpo estava com sensações estranhas desde que acordara, como quase que dopado, e desde o momento que esteve pela floresta, parecia, algo guiar até aqui misteriosamente muita de suas atitudes. Além disso tudo sentia muita fome. Muita mesma. E aquela a quem o pacto inchou os seios, alisou exitosamente diante os olhos da criança com um apalpar sedutor, mas para a fome, e mostrou-lhes lindos e fartos a ponto de uma gotícula se formar no bico rosado. Com isso a vontade de João crescia, tocar com a boca o seio claro que tanto lhe chamava enquanto a detentora desses suavemente sorria a oferece-los. Assim foi, silencioso e faminto matar a dor que as tripas lhe causava. Em meio as sobras tocou seus lábios de forma lasciva e sugou, de pé ao seu lado mamou logo apertando gentilmente com uma das mãos saciando sua fome. Estava delicioso aquele farto e belo seio que bem fazia a ambos, aponto dela segura-lo pela cabeça afim de mantê-lo sugando forte, mas de repente um estrondo.

— Deixe-me entrar! – gritava sofridamente do lado de fora.

E João afastou-se do seio farto e olhou a porta a gritar esperançoso e feliz com sangue na boca.

— Felipa!

— João! – Exclamou num acender de esperança milagroso. Finalmente havia o encontrado.

— Não! – Gritou com a voz rouca a bruxa e levantou-se sofridamente pela primeira vez desde que João acordara então.

Só assim a criança compreendeu definitivamente o que ocorria. Visto pela primeira vez a luz rala da noite a barriga estava grotescamente grande, cicatrizando sob os remendos de linha velha que se afundava no inchaço facilmente notável da pele. João assustou e mau resistiu e seu chorou soou nos ouvidos da irmã que, algo tentava forçar a velha porta para adentrar a casa finalmente, fracassou. Era noite. Tochas em chamas perseguiam a criatura que uma vez antes pensavam tê-la matado e dado ao demônio. Mas ainda viva, tentava arrombar a porta para abriga-se dos inimigos. — Maldita a vida! Exclamava a bruxa tentando como podia agarrar a criança que se debatia em seus braços tentando alcançar a porta. E a cada contato com aquela pele inchada João se enojava.

E numa última tentativa antes que os moradores mais vorazes da vila a alcança-se Felipa afastou-se, e momentos antes de chocar-se com a velha porta, uma lança de madeira atravessou-lhe a paleta direita e ambos, tanto lança quanto corpo, chocassem-se a porta derrubando-a para dentro. — Estava ali, seminua agarrando a força a criança que tentava uma fuga daquela miserável e horrendo besta barriguda. Acuada pelo intruso que fugia dos inimigos católicos e, que almejava destruir essa alma vendia ao diabo, viam-se ambas ameaçadas pelos católicos. E para defender o que havia sido consagrado pelo Diabo, a bruxa ameaçou assassinar a pobre criança que chorava agarrada em seus braços. Gritava, como se pudesse em certo nível, modificar sua voz para amedrontar as vítimas, mais na real era que sua voz se modificava pelo medo e ira que deles sentiam. E quanto mais disso mais seu corpo fadigava, ficando a cada instante mais difícil manter uma digestão pura e demostrar forças para intimidar os demais. Tudo isso fora tão rápido, tão logo, que posta de pé, mesmo com tamanha ferida, ainda com o objeto atravessando a paleta, Felipa fora de encontro com a besta, agarra-la para livrar o pobre menino.

E como chuva, como uma residência infernal localiza em um espaço determinado lugar nem um, começava, como gotas violentas caindo sobre o teto, barulhos, também pelas paredes que acuava a criança, que observava às duas pactuadas com o mal lutar pela vida. Pedras e pequenas santas e crucifixos partiam das mãos, adentrando por brechas e caindo pelos buracos do teto, para dentro. Enquanto isso, entre tapas e murros lutavam, e lutavam mais violentamente conforme o som da multidão furiosa aumentava se aglomerando ao redor da casa. Os mais corajosos homens com suas tochas, ao pensarem que a casa era uma ruina abandonada, tocaram as paredes com suas tochas flamejantes, transformando toda aquela desgraça em um forno macabro que aos pouco começava a destruir aquela forma.

João sem Maria pouco podia fazer, em escândalos e lágrimas, a multidão o escutava, observava Felipa sofrer pela dor que a estaca de madeira provocava em seu corpo, sangrava deixando seu braço inútil, enquanto com a outra mão tentava, devido à dor e cansaço, tentava não mais lutar contra a horrível bruxa, mas sim defender-se do que também se via fadigado por estar costurada digerindo uma criança. Em torno dos três o fogo comia toda a estrutura, crescia conforme novas chamas eram lançadas. E no centro dessa luz a bruxa se debatia lentamente com as mãos na face de Felipa, esbarando em objetos velhos, tocando em parede ferventes e destruindo tudo o que podia pela frente com o intuito de machucar o corpo rival. Foi com um empurrão, com seu peso acima do comum pela barriga, que a bruxa levou Felipa até a parede e fez com ela desfalecesse com a pancada que tomou na cabeça. Dera certo. Felipa havia deixando para trás João, seu irmão e a inimiga para fazer o que bem entendesse com ele. Estava de olhos fechados, queimando aos pouco sua pele unto a parede e nada mais havia o que fazer. Havia sido derrotada.

Segundos depois, apenas alguns, como que milagrosamente Felipa retornava a consciência, estava terrivelmente acabada, mau podia enxergar e tudo girava. O choro da criança em meio aos gritos caóticos e sua vida se esvaindo gradualmente não significava mais nada, olhava languidamente para o pequeno João morrendo aos poucos pobre. E aos poucos, de pouco em pouco, ainda estava vida para sua sorte, tomou conta de que a estaca que estava atravessando em seu corpo, quanto tocou a parede durante o empurrão se deslocou para baixo fazendo a parte frontal ergue-se para cima de modo que se abrigou na garganta da bruxa que havia empurrado Felipa. Assim os segundos se passaram. Enquanto ainda estava consciente que estava morrendo a outra, a bruxa, desesperava-se pavorosamente em seus últimos momentos de vida levando as mãos ao pescoço encharcado de sangue escuro, tentando se afastar, arrancar a ponta aguda que lhe matava afogando-a aos pouco. Quando desgarrada, pelo buraco o sangue jorrava, ainda de pé olhava para a criança e afastando-se praguejou.

— Eu juro que comi sua pura irmã! - Gabou-se

Se afastando lentamente com os olhos fixo e com uma piscada rápida quase paralisar em dor com as mãos na garganta caiu finalmente de joelhos sem vida, momento em que o impacto dos joelhos estouraram as amarras da barriga escoando algo bizarro para fora, de odor horrendo, que ainda parecia respirar forçadamente embrulhada por uma grande cobra gosmenta. Filipa nada podia fazer, escoria pela parede em brasas, deixando um grande rastro de sangue enquanto via o que restava de sua irmã. João, novamente com Maria, espantava-se com a cena que fazia seu coração bater e pausar em dor, perdido em pensamento tocou-a lastimando por tudo e chorou. O que ficara daquilo era apenas uma criança comida em partes por uma diabólica cobra que lentamente se afastava do pequenino corpo e logo partira em fuga do fogo que, fervente, crescia e se espalhava pela casa devido aos pedaços do teto que caíam. Felipa estava morta e, carbonizado, João também morreria com os restos que sobrara de sua irmã junto da velha bruxa. Ao redor da velha casa todos observavam, finalmente escutavam do centro da luz, gritos e um choro languido e aterrador de uma alma infantil.

May 2, 2021, 4:37 a.m. 0 Report Embed Follow story
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The End

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Atila Senna Imagino cenas, faço delas contos e histórias.

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