A vida se esvazia de nós de forma rápida com o passar dos tempos, as vezes estamos tão mergulhados em problemas do dia a dia que esquecemos de realmente viver. E quando menos nos damos conta tudo já passou, se foi como pó jogado ao vento, o que deveria ser vivido e aproveitado não se foi. Quando se pára um minuto, e se pensa em tudo o que passou, talvez venha o arrependimento ou talvez aquele sentimento de que poderia ter feito mais ou de forma diferente.
Era exatamente assim que Naruto pensava e se sentia. Esteve sempre atrás de suas ambições, sempre querendo mais e mais, e por isso acabou esquecendo - se de viver realmente. Acabou deixando aqueles que amava de lado.
“ Nem sempre o dinheiro compra tudo.” Nunca havia realmente concordado com essa frase até aquele momento. Vê - la em uma cama de hospital, imóvel, doía. E como doía ver sua mãe assim, em coma. Já haviam se passado duas semanas desde que Kushina havia sofrido um grave acidente de carro e desde de então ela estava ali, imóvel.
Já havia procurado os melhores médicos, de todos os lugares do mundo, e nada. Todos diziam que teriam que esperar. Esperar…. Não tinha paciência para isso, não mesmo. Ver aquela mulher ruiva que sempre sorria, que nunca desistiu mesmo após a morte do marido assim era de partir o coração.
Naruto pegou uma das mãos da ruiva, sentindo - a fria — como se as poucos a vida se despedisse dela — e depositou um beijo.
Arrependido. Era assim que se sentia por nunca ter ido visitá - la depois que saiu de casa, por ter negado os inúmeros convites dele para almoços e jantares. Sempre fora filho único, sempre ele e sua mãe desde que Minato, seu pai, morreu em um assalto. Ela deveria de se sentir sozinha, devia de sentir sua falta. Como queria voltar no tempo e mudar tudo.
Quando foi a última vez que disse a ela um “ eu te amo”? Não se lembrava, talvez fosse na infância. Mas ainda lembrava - se com clareza de sua mãe dizendo que o amava sempre depois de uma ligação, dizendo que tinha orgulho dele. Queria que ela acordasse logo para lhe dizer como era a mulher e mãe mais maravilhosa de todas. Queria dizer a ela o quanto a amava.
— Mãe, vamos, acorde.
Nada. Assim como nos últimos dias, nas últimas semanas, nenhuma reação. E aquilo era o que mais o assustava. Sentia - se uma criança outra vez, pois quando criança tinha vários pesadelos com a morte de Kushina, e agora eles haviam voltado e pareciam cada vez mais realistas, cada vez mais horrendos,fazendo com que o medo dentro de si de perder aquela mulher crescesse cada vez mais. E agora, logo depois de acordar de um pesadelo, ela não estava lá para o acalmar e dizer que estava tudo bem como quando era mais novo.
Inútil. Inútil. Inútil. Essa palavra vinha o atormentando a dias. Tudo o que fazia não adiantava de nada, ela não acordava ou ao menos dava um sinal de que poderia sim, acordar. Agarrava - se a um fio de esperança, era a única coisa que não havia o feito desistir de tudo. Faria de tudo para que ela acordasse, daria toda a sua fortuna se fosse necessário.
Nunca havia acreditado em um ser divino que rege nossas vidas, nunca acreditou em Deus e santos. Se considerava ateu. Mas o sentimento de medo e desespero em perder sua mãe havia o feito entrar em uma igreja depois de anos e rezar a ele. Implorou para que se realmente existisse um deus, que ele o ajudasse, que ele a ajudasse.
— Senhor Uzumaki, o horário de visitas acabou. — Uma jovem enfermeira anunciou, ela sorriu pequeno, com certeza comovida com a cena.
Apenas concordou com um maneio de cabeça, tinha vontade de ficar ali, ao lado de sua mãe até que a mesma acordasse.
Do lado de fora do hospital o frio castigava a todos, mesmo com o grosso casaco que usava podia sentir o frio penetrando em seus ossos. Seu celular vibrou, tinha uma nova mensagem e era de Sasuke, seu noivo. O moreno estava preocupado consigo, e talvez, só talvez, ele tivesse motivos de sobra para isso.
Sorriu, queria que sua mãe estivesse ali para lhe contar que iria casar - se, para compartilhar junto dela essa felicidade.
♥♣
Eram três horas da madrugada quando seu celular tocou, a música extremamente alto o fez acordar. E foi aquela ligação que o fez sair do apartamento do noivo desesperado e angustiado. O estado de sua mãe havia piorado. Estava tão aflito que mal explicou a Sasuke o que estava acontecendo.
Dentro dos próximos dias com certeza iria receber várias multas por cometer infrações de trânsito, havia dirigido o mais rápido que pode, sem se preocupar com os semáforos. Mas isso era a menor de suas preocupações agora.
— Como ela está? — Perguntou para a enfermeira que havia acabado de sair do quarto onde sua mãe estava.
— Sabia que hoje é o dia das mães?
— Enfermaria, eu não entendo o que isso tem haver com o estado da minha mãe. Me responda, como ela está?
— Hoje é o dia das mães. — A enfermeira continuou, ignorando as perguntas do outro. — Eu tenho dois filhos lindos, tenho certeza que quando eu chegar em cada hoje eles terão me comprado um presente. Mais sabe, não e exatamente o presente que vale e sim o eu te amo deles, o abraço e a ótima sensação que nos traz quando eles dizem que eu sou a melhor mãe do mundo. Por isso jovem, entre lá e diga a sua mãe o quanto a ama e o quanto ela é maravilhosa...
A enfermeira disse mais algumas coisas na qual Naruto não prestou atenção pois toda a sua mente estava focada naquela palavras “entre lá e diga a sua mãe.” E ignorando a enfermeira, entrou no quarto. Foi inevitável conter as lágrimas de felicidade ao vê - la ali, sentada na cama lhe sorrindo.
— Por que esta chorando, Naruto?
— Ah mãe, não sabe como estou feliz que esteja bem.
A abraçou forte, escondendo o rosto na curva do pescoço dela. Diferente de antes dela emanava um calor bom, aconchegante.
— Eu nunca havia reparado na sorte que tenho de ter uma mãe tão maravilhosa como a senhora. Eu sinto tanto por não ter ido a ver, por ter a ignorado por tanto tempo. Eu tive tanto medo de te perder, mãe.
— Shiiiii. Eu estou aqui agora, não precisa mais ter medo. — A ruiva começou a lhe afagar o cabelo, assim como fazia quando era criança.
— E antes que eu me esqueça, feliz dia das mães.
— Muito obrigada, Naruto.
E agora quem estava chorando não era só ele e sim sua mãe também. Mais não era um choro triste e sim emocionado. Kushina estava emocionada. Fazia anos que seu filho nem se lembrava dela e muito menos do dia das mães.
— Meu pequeno, eu te amo tanto.
— Eu também, mãe, eu também.
♥♣
O Uzumaki acordou de repente com o barulho de seu celular tocando. Havia tido um sonho bom, diferente dos outros dias onde só pesadelos o atormentavam. Talvez aquilo fosse um bom sinal.
Ainda meio sonolento, atendeu ao celular. E com aquela simples chamada, todo seu mundo desabou em questão de minutos.
— Sinto muito senhor Uzumaki, mais sua mãe acabou piorando essa noite não restituiu, acabando por falecer.
Desligou o telefone, jogando com toda força contra a parede. O calendário pendurado na parede indicava que hoje era realmente o dia das mães, o pior dia das mães para Naruto. Ele nunca mais conseguiria se esquecer dessa data.
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