Agora percebo que estou pior que ontem, que semana passada, que mês passado, que há um ano atrás. Só gostaria de saber, como me tornei esse tipo de pessoa? Não é legal ser assim, é cruel e doloroso, para mim e para os outros. Também gostaria de saber aonde eu me perdi, onde deixei aquela eu e me tornei isso. Eu queria ouvir das pessoas, porém não existe mais ninguém ao meu lado. Então, eu faço-me uma pergunta: você reconhece que tudo o que aconteceu é sua culpa?

Muitas vezes já disseram-me que eu devia demonstrar mais carinho às pessoas, expressar o quanto são importantes para mim, mas parecem que elas não entendem. Realmente não parecem entender que é difícil para uma pessoa fria se expressar. Não compreendem o quão difícil é dar um simples abraço ou até mesmo manifestar alguma preocupação sem sentir-se "seca". Eu queria saber falar meus sentimentos e não ficar me "auto impedindo", contudo, infelizmente essa é a sina de uma pessoa fria.

Hoje me sinto um pouco melhor, talvez até meio esperançosa. Tudo o que ocorreu nos últimos dias é difícil de ser esquecido, mas não impossível. Atualmente tenho tido alguns sonhos e esperanças, meu principal é me casar com o homem dos meus sonhos. Não vejo a hora desse dia chegar, encontrar um homem que me ame e esteja disposto a dizer o "sim" à frente da igreja. Quando acontecer será perfeito. Contudo, como ainda não o encontrei, terei que lutar muito para acha-lo. Então, boa sorte, querida eu.

Neste exato momento eu não tenho o mínimo conhecimento de como devo me comportar ou o que devo sentir. Com meu coração quase saindo pela boca, sei que tudo isso é culpa minha. Tudo culpa dos meus pensamentos. Eles me sufocam sem ao menos me darem chance de um salvamento. Creio que se continuar assim, não existirei mais. A única coisa que sobrará é um reflexo. Um reflexo frio e vazio lutando para não ser consumida, porém falhando miseravelmente.

A cada dia que passa, eu sinto que enlouqueço excessivamente. Muitas vezes me falta o ar para conseguir respirar, em meio as minhas crises me perco pouco a pouco. Todos os dias pego-me lembrando daquela fase despreocupada, o que não me faltava era felicidade e eu não percebia. Atualmente, meu único desejo é poder voltar para aquele tempo. Aquele gracioso tempo despreocupado. Porém, infelizmente, terei que me perder gradativamente até que não sobre nada.

Na dor de milhares, eu me agarro, mas e quanto a minha?

Os pequenos bichanos se enfiavam dentro dos cobertores macios e calorosos, queriam se esconder do gélido amedrontador. Estes, possuíam alimento, um lugar quente, proteção e pessoas que usavam muitas camadas de roupa, enquanto falavam a hipérbole “morrendo de frio”. Lá fora, beirando os 5°C, um sem-teto e seu cachorro, tentam se esconder do gelo belo e mórbido com alguns tecidos doados, mesmo que saibam que com o fim daquela noite, suas almas não estarão mais em seus corpos.

Uma caixa, uma enorme caixa. Pensamentos. Eu os trancaria lá, eles me machucam sem nem pensar duas vezes. Constantemente ferida e massacrada, os mataria sem pensar, mas como devo matar algo que está dentro de mim? Que vive dentro do meu eu? Fazendo isto, estou sendo tão ruim quanto? Ou são apenas os pensamentos querendo o meu fim?

Eu as feri, machuquei as duas únicas pessoas que me amam. Tento permanecer sorrindo e continuar a agir como se nada ocorresse, no entanto, em meu redor, o mundo se desfaz em um enorme caos. É como se me afogasse, só que ninguém virá me salvar. Assim, afundo. E a única coisa de que me lembro é meu último sussurro: “salve-me".

Uma gota, duas gotas, três, quatro e o infinito. É mais uma vez que a tristeza se apossa de mim. Desde que isso teve início, gotas transparentes saem de meus olhos, eu sempre penso que vão parar na terceira ou quarta vez, porém, elas nunca têm fim. Após um longo tempo percebi o porquê de nunca pararem: as gotas amam ao infinito, e o infinito ama a mim.

Desanimação. Uma palavra grande com significados ainda maiores. Desânimo, abatimento, tristeza. Na teoria, hoje era um dia feliz. Na prática, hoje é um dia no qual eu gostaria que tudo sumisse. É um dia em que meu desejo de ficar sozinha com meus pensamentos conflitantes, mesmo que por um breve momento, é maior do que guerrear contra os mesmos.

Não importa o quanto eu lute, o tempo continua passando e a loucura me consome continuamente. Tenho certeza que ela já faz parte de mim, cada vez mais sádica e sanguinária, está sedenta para se apoderar do que um dia já foi uma boa alma. Para detê-la, a luta dentro de mim é constante, mas como posso fazer isso se já fui quase inteiramente consumida?