Onde fica o botão de reset? Da vida.

Eu não entendi o que ela queria dizer com aquelas palavras, a primeira coisa que entendi é que aquele no chão, sem vida, era meu irmão, meu desespero foi difícil de conter, transbordou em lágrimas por meus olhos, achei que perderia a força em minhas pernas, minha avó, fria, com olhos inespressivos e seu habitual cigarro no canto da boca, não disse mais nada, sequer se deu conta do impacto das palavras, e sequer se compadeceu do resultado delas, sem consolo, sem pedido de desculpas.

— Murilo... — Ele olhou novamente pra ela. — Não quero te magoar... Mas eu não quero ficar sozinha hoje. — Por mim você não ficaria sozinha nunca mais. — Por enquanto, o hoje basta. Trecho de "Rock Star" história completa disponível.

Mais estranho que chegar ao fundo do poço é descobrir que existe um andar abaixo dele, mais escuro e frio.

— Você está vendo o que faz comigo?? eu faço tudo por você, sua ingrata! — Então pegou um cigarro, trêmula, acendeu com dificuldade, fez um último gesto com os mesmos dedos que seguravam o cigarro, em direção a mesa, sem olhar pra Ana. — limpa essa bagunça antes de sair.— Disse num grunindo baixo, e saiu, pedir perdão não fazia parte da sua natureza. Trecho do meu livro "Rock Star"

Sou apatia e euforia. Ao mesmo tempo que quero fincar raízes profundas também quero voar como uma folha ao vento sem rumo. Sou calmaria e tempestade, Mas a tempestade vive presa em meu peito, como um gato preso no saco, arranhando na tentativa de fugir. Prezo por discrição mas meu gosto é extravagante e chamativo. Quero ser despercebida e notada. Quero pouco mas esse pouco é muito. Quero tudo e quero nada.

Sou tão desastrada que começo a pensar que meu instinto suicida está tentando colocar seu plano em ação, mas sem querer, só por acidente, simples fatalidade.

"O 2° espelho era grande e ficava encostado na parede do meu quarto, numa bela noite ele resolveu se jogar sobre mim, acordei no susto em meio a cacos de vidro, quando me dei conta estava no corredor com o pé sangrando. O 3° de fato tinha intenção homicida, estava sentada no chão, ele, na janela acima da minha cabeça, sim imprudente, aproveitando a perfeita oportunidade ele se lançou sobre mim, batendo nos meus joelhos dobrados, se quebrou em cacos pontiagudos mirando meu coração."

"O quê você tem contra espelhos?" "Eu? Nada, mas eles parecem ter algo contra mim." "Como assim, tá louca?" "Vou tentar resumir, o 1° se recusou a refletir minha imagem e em protesto despencou da parede se despedaçando aos meus pés. Parecia algo normal até virar um padrão." Continua...

Muita coisa se passou desde o nosso primeiro contato. Você terminou com a Isabela, ficou noivo da Renata. Eu sofri 6 anos com um relacionamento abusivo. 8 anos depois te encontro com o coração partido, noivado rompido, e eu sem esperança no amor. Descobri que você achava que eu nunca te daria uma chance, e eu me arrependi de não ter demonstrado interesse de forma mais clara. A verdadeira história começou com um beijo de esquimó em baixo de um guarda chuvas de estrelas, numa noite chuvosa.

Não era de estranhar a sua escolha de namorada, Isabela era inteligente, talentosa e gente boa, além de minha amiga. A minha escolha era totalmente infeliz, ele tinha o dom de agradar a todos, menos a mim, era opressor, possessivo, traidor, arrogante e grosseiro, mas de alguma forma construiu uma prisão invisível em volta de mim, e minha pena levaria 6 anos para ser cumprida.

No dia em que te conheci não fui nada educada, tirei sua mochila do banco, joguei pro lado sem a menor cerimônia, como uma almofada velha e me sentei. "Pode tirar a minha mochila do banco pra você sentar" Você disse num tom educado e irônico que me deixou desconfortável e envergonhada, ri mas foi de nervoso. Só então reparei no seu sorriso, mas eu namorava e você também, então ficou só nisso.

Tenho que admitir que a autodestruição tem lá seu encantamento, talvez o conforto da previsibilidade, quando se dá um passo para o abismo você sabe exatamente o que vai encontrar lá em baixo. Enquanto a esperança que move a vida humana de modo geral, é assustadoramente fortuita.

Dizem que quando uma porta se fecha outra se abre em algum lugar, ou uma janela. Acredito que para alguns, é preciso cava-las com as próprias mãos, e isso pode incluir, suor, sangue e lágrimas. Desistir é sim uma opção, não para os fracos, mas para os cansados, atrevo-me a desafiar o infinito, o universo, o carma ou qualquer bobagem do tipo e continuo.

"Meu filho vou te dar um banho e depois a gente caça alguma coisa pra comer." Disse o pai atencioso. "Papai a gente não é homem das cavernas!" Respondeu o menino de 5 anos.

Encontrei na invisibilidade a segurança que buscava, pensava sempre que, quanto menos me vissem menores seriam as chances de atrair sua fúria. Mas, a invisibilidade tem dois lados, a segurança e a solidão.

Gosto dos dias cinzentos, enevoados, com garoa fina. São um convite a introspecção, ninguém te julga pela solitude ou solidão. Gosto de caminhar sentindo a goroa molhar o rosto com suavidade e o vento frio no cabelo. O contraste louco com o calor fornecido pelo casaco pesado e o exercício. Quente e frio. Calor e alívio.

5° dia O ranger de dentes se mantém persistente e a ansiedade mostra leves sinais de melhora, mas ainda fortemente presente. Efeitos benéficos ainda nulos.

A urgência de encontrar um objetivo na vida ficou sufocante, afinal o que raios estou fazendo aqui? O que antes era apenas um debate filosófico existencialista de fato depende agora de resposta urgente, pois existir por existir ficou insuficiente e ouso dizer, desesperador.

Seu cheiro é tão bom e suave, queria descrever em palavras. Encontrar no mundo algo que pudesse descrever ou comparar, mas não consigo, talvez isso te torne único... Aquele cheiro seguido de uma vontade de morder, provar, beber. Um misto de tortura e prazer.

Constatei recentemente que a esperança não é a última que morre. Na verdade é a primeira, junto com a fé, em seguida os sonhos. O que é a esperança afinal? Segundo o dicionário "sentimento de quem vê como possível a realização daquilo que deseja; confiança em coisa boa; fé " Não posso afirmar quem realmente morre por último, mas o caminho até esse fim é o vazio, e no vazio o eco do fracasso ressoa perturbador.

Que história é essa de humilhados serão exaltados? Uma força suprema no momento da minha crianção pensou: "Serás cheia de sonhos, e lutarás bravamente por cada um eles, e depois de muito, muito esforço não recompensado, triturarei seus sonhos e jogarei aos porcos." Um crônica sobre desventuras, leia na íntegra, o capítulo único "Moedas para Caronte" de Quando morrem os sonhos.

Os dois se olharam, Marcus acariciava o rosto de Ana, tão próximos, os rostos tão próximos, os narizes se tocando, suas bocas quase se tocaram, foi preciso uma grande força para não ceder, o calor crescia entre seus corpos, mas agora existiam outras pessoas envolvidas, Helena e Murilo, não era certo, não podiam. -- Preciso ir. -- sim, vc precisa, não sei se suporto mais. (Trecho de Rock Star, confere lá os capítulos publicados.)

As vozes na minha cabeça ofereço-lhes um brinde! Se o vosso objetivo for criar conflitos inexistentes e diálogos infinitos sobre a minha incapacidade, parabéns, a missão está cumprida. Vocês provam diariamente a insuficiência dessa pobre alma moribunda e sem esperança, nunca fui bom em argumentos, então perco todos os debates, no fim me retiro, tomo algumas gotas de alívio, aquele que cabe num vidrinho, caíndo em sono nada tranquilo e despertando como se já estivesse morto

A vida é cheia de surpresas, umas boas, outras nem um pouco, sobreviver nem sempre é fácil, o baque pode ser muito duro, fazendo a esperança sumir, mas como dizem, o mundo dá voltas, e uma surpresa inesperada pode mudar todo rumo da história, já a cura, ah... esta, é o passo mais difícil, pois é preciso se permitir, é preciso se achar digno dela.

"Os dois se olharam em silêncio por alguns minutos, Marcus desceu o olhar para a boca de Ana, e mordeu o lábio inferior. Ana sem perceber abriu um pouco os lábios e respirou fundo, como se lhe faltasse ar, Marcus se aproximou, levantou a mão para retirar uma mexa de cabelo que caía sobre o rosto de Ana e colocando delicadamente atrás de sua orelha, essa aproximação repentina fez Ana respirar fundo novamente, aquele toque arrepiou cada pelo do seu corpo."

"Marcus estava ao fundo conversando com os amigos quando viu Ana entrar, ele a notou desde o primeiro instante que passou pela porta, e não conseguiu desviar o olhar, parou de prestar atenção no que diziam os amigos, deixou a cerveja esquentar, seu olhar se perdeu naquela mulher, nos contornos do seu corpo, na forma como ela mexia no cabelo, ela tinha uma beleza expressiva, os olhos escuros como os cabelos, que eram longos e levemente ondulados, como que estrategicamente desarrumados..."

Viver estava insuportável, a cada dia, os sonhos não faziam mais sentido, os objetivos foram esquecidos, deixados de lado, como uma peça de roupa que não cabe mais. O cansaço, não era um cansaço físico, era um cansaço de carregar a sua própria existência, como se a alma pesasse ao corpo, e dalí quisesse fugir, a sensação de fracasso crescia a cada palavra de ânimo, a cada conselho que não conseguia pôr em prática, o erro só podia ser ela, insuficiente, não suportava mais ser quem era.