shikamaterasu shikamaterasu

Desde muito jovem, Gaara sabia que suas chances com Naruto eram praticamente nulas porque outra pessoa já estava no coração daquele que só podia lhe oferecer amizade — coisa que Gaara considerou preciosa demais para recusar. Nem o fato de ter presenciado a felicidade dele com outras pessoas, além da que amava para valer, conseguiu apagar seu sentimento ou fazê-lo desejar menos que um dia fosse ele no lugar de qualquer uma daquelas criaturas de sorte. Contrariando romances para os quais tinha se voltado na adolescência enquanto sonhava com o seu próprio, manteve seu sentimento em segredo enquanto tentava seguir com a vida e ser o melhor amigo que Naruto merecia, certo de que nunca o viveria ou se livraria dele. Gaara só não esperava que as coisas mudariam a ponto de levá-lo exatamente ao ponto que passou anos tentando evitar.


Fan-Fiction Anime/Manga Nicht für Kinder unter 13 Jahren.

#au #naruto #gaara #gaanaru #shounen-ai #desafiocriativopec
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Capítulo 1

Notas iniciais:

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Olá, trouxe algo que produzi para o Projeto Escrita Criativa. O tema do mês de janeiro é “um livro bom com um final ruim” e o ship que escolhi foi GaaNaru, pois achei que se encaixava melhor. Infelizmente, atrasei a postagem que devia ter acontecido até o dia 31/01, mas a fanfic fluiu bem e será postada normalmente enquanto preparo a do mês de fevereiro. Seria um capítulo único, só que achei melhor dividir.

DISCLAIMER: A história se passa em um universo alternativo que significa: nada de poderes ninja, idades possivelmente alteradas, os personagens podem ser OOC.

Boa leitura.

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Dizem que quando se está à beira da morte, passa um filme da vida na cabeça do quase morto. Para qualquer pessoa, Gaara estava muito longe da morte; o cenário não era o de um acidente ou de qualquer coisa que representasse perigo à sua vida. Pelo contrário, o quarto de Naruto era mais que seguro quanto a esses aspectos. É que Gaara havia tomado uma decisão que considerava uma espécie de morte.

Olhar as fotos no mural do quarto de Naruto era como uma viagem no tempo, um filme da própria vida contada naquelas imagens. O rapaz loirinho que aparecia sorridente em todas tinha roubado seu coração ainda na época da escola. Devia ter pedido transferência logo, quem sabe assim teria esquecido daquele menino de incríveis olhos azuis e alma elétrica. Mas tanto seus pais não teriam lhe dado ouvidos quanto era jovem demais para entender o que estava acontecendo à medida que o tempo passava e ele se sentia estranho — mas de um jeito bom — perto de Naruto ou mesmo quando pensava nele.

Ficaram amigos muito rápido, mesmo Gaara não sendo muito bom em fazer amizade. Parece que Naruto soube direitinho como ultrapassar as barreiras daquele menino tímido. Sentavam perto na aula, brincavam juntos na hora do recreio e até iam na casa um do outro. Dona Kushina, mãe de Naruto, gostava muito da amizade deles e chegou a comentar que Gaara era seu favorito de todos os amigos que o filho tinha. Mais na frente, achou que isso fosse contar pontos a seu favor, mas até que não foi ruim quase desmoronar diante daquela adorável senhora toda vez que Naruto saía com alguém. Se chorasse, ela lhe daria um de seus lenços bonitos e diria que tudo ficaria bem.

A tortura de Gaara começou quando Naruto disse que gostava da Sakura, a menina mais inteligente da sala e uma das mais bonitas da escola. Ela nem ligava para ele porque só tinha olhos para Sasuke, quem disputava com Ino, outra garota que era símbolo de beleza do local. Pouco importava quem ficaria com aquele garoto emburrado, mas era uma pena que Naruto ficasse com cara de tonto para a Sakura que ficava do mesmo jeito para o Sasuke. O próprio Gaara não podia julgar ninguém, mesmo que fosse melhor que qualquer um deles em disfarçar a cara de tonto cujo motivo era Naruto. E ele nem precisava fazer nada para deixá-lo assim, era muito natural.

O negócio com Sakura nunca foi para frente; ela não se interessou por Naruto com o passar do tempo, e só conseguiu ficar com Sasuke no ensino médio. Uma pena que foi apenas porque ele queria dar uma lição em Naruto. Sim, eles se envolveram enquanto Naruto tentava conseguir a afeição de Sakura. Como grande amigo — uma função que lhe era preciosa e complicada —, Gaara teve que ouvir tudo sobre o moreno prodígio, bonitão e emburrado; desde como ele era terrivelmente teimoso até como ele beijava muito bem.

O romance deles causou grande impacto na época, um falatório interminável, mas era coisa pequena comparada à relação à dois. O casal estava sempre entre tapas e beijos, e claro, Naruto vinha desabafar com o amigo que tinha zero experiência no assunto; os livros de romances aos quais se apegou para escapar um pouco da própria desgraça de vida amorosa não podiam ser levados à sério, podiam? Naruto achava que sim, que Gaara sabia tudo porque sempre tinha uma coisa inteligente para dizer quando corria para lhe contar algo sobre o furacão que era seu relacionamento. Apesar de tudo, era satisfatório que pudesse ajudar a pessoa por quem seu coração palpitava mais forte. Não ficava feliz com as brigas deles, pois além de deixar Naruto irritado, não significava que lhe notaria de outro jeito e representava muito falatório seguido de algum gasto com remédios para dor de cabeça.

— Nunca mais quero ver aquele safado na minha frente! — Naruto dizia após alguma briga fútil, mas que fazia parecer o fim do mundo.

— Você disse isso semana passada. — o lembrou. — Três dias depois estavam me fazendo de vela.

— Foi um momento de fraqueza. Agora é diferente. — bateu na mesa na qual supostamente deviam estar estudando, mas Gaara não se assustou. Guardou os materiais, entendendo que devia deixar seu amigo se acalmar sozinho. — Se ele não ceder, acabou.

A erva daninha que era a esperança encontrou solo fértil em Gaara, por mais que soubesse que Naruto logo estaria aos beijos com Sasuke. Ele parecia muito seguro do que dizia, mas é porque estava com raiva. Em momentos assim, as pessoas falavam as coisas da boca para fora. Logo Gaara estaria de vela de novo, internamente desejando o lugar do sortudo do Sasuke.

Mas o término veio, e ficaram naquela de quem provocava mais ciúme. Foi nisso que Sasuke chamou Sakura para sair, fazendo questão de ser visto com ela para que todos comentassem, principalmente Naruto. Teve sucesso quanto a isso. Só a divindade sabe o quanto Gaara precisou se segurar para não mandar seu solzinho, como secretamente o chamava, calar a boca que nunca usaria para beijá-lo — ele não falou de outra coisa por dias. Como esperado, resolveu jogar charme para algumas pessoas, entre elas, Hinata — uma garota tímida e de feições angelicais que também gostava dele há tempos. Ela era boa e digna do Naruto, não duvidava de que o faria feliz quando seu solzinho se desse conta de que Sasuke nunca cederia e que o melhor seria investir de verdade em outra pessoa. Por que Gaara não seguia essa linha de pensamento? Naruto nunca lhe veria sem ser como um grande amigo, então deveria tentar esquecer o sentimento sem futuro que tinha por ele, abrir o coração para outra pessoa. Às vezes acontecia nos romances, bem que poderia dar certo em seu caso.

Ele tentou. Tinha um garoto que havia sido transferido de outro estado e rapidamente se destacou no time da escola. Lee. Ele era alto, bonito, tinha o corpo atlético por praticar quase todos os exercícios e era quase tão elétrico quanto Naruto, com quem rapidamente fez amizade e assim foi apresentado a Gaara. Ele também parecia conhecer os segredos de romper as barreiras de sua timidez, simpatizando logo de cara. Até sentavam perto algumas vezes na hora do lanche.

Lee meio que fazia parte da elite da escola, sempre paparicado pelo treinador, muito elogiado pelos colegas de time, o qual prosperou nitidamente após sua chegada. Até as garotas da equipe de torcida jogavam charme para ele, claramente interessadas no status de namorada do prodígio do time. Mas Lee era meio bobinho e nunca percebia as segundas intenções, ou fingia que não. Agradecia os elogios com um sorriso largo e sincero, mantinha com o time um contato muito profissional; se saía gentilmente das garotas da torcida, apenas confiando em Tenten, que mandava o resto deixá-lo em paz.

Quando não estava com ela, estava com os meninos do time para falar de alguma partida importante. Se não fosse o caso, preferia ficar recluso, no canto do refeitório, de fones. Se alguém quisesse lhe fazer companhia, retirava um dos fones para não ignorar ninguém nem parecer tão desesperado por atenção. Assim, Gaara pode se aproximar, aproveitando para se distanciar um pouco de Naruto e Hinata, a atual namorada do amigo. Ela era muito legal, sempre gentil com ele, tinha até o convidado para seu aniversário, e justamente por ser um anjo é que não merecia indiferença ou alguma involuntária cara de nojo toda vez que fazia um carinho em Naruto. Seus esforços para não sentir ciúme não adiantaram; Gaara só conseguia ficar tão vermelho quanto seus cabelos e tentava arrumar desculpas para sair de perto deles. Lee veio em boa hora, representando a oportunidade perfeita para que desse mais privacidade ao casal enquanto podia renovar a lista de amigos.

A simpatia mútua permitiu que ficassem juntos no intervalo quando ele não estivesse com o time ou com Tenten. Gaara esperava que o deixasse quando alguém do time reivindicasse sua atenção, mas Lee apenas dizia que falaria mais tarde, pois eles nunca aceitavam conversar na presença de alguém que não era do time. Quanto à Tenten, convidava que sentasse com eles, e contrariando a regra de todas as garotas da equipe de torcida serem meio nojentinhas, ela rapidamente tomava um lugar e interagia com Gaara também.

— Você vai ao jogo, não vai? As turmas vão ser liberadas.

— Não sei. Não entendo muito.

— Lee vai jogar. — pareceu usar aquilo como um incentivo. — Já viu ele em campo? É in-crí-vel! Certeza que você ia passar a gostar de futebol depois de ver uma partida dele.

Até que foi interessante escutar aquela menina animadamente tecendo elogios ao envergonhado Lee. Ele tentava dizer que ela estava exagerando, mas só ganhou em resposta que não precisava ser tão modesto. Assim eram os intervalos dos três juntos, bem melhor que ter que presenciar tão de perto o quanto Hinata era uma pessoa de sorte.

— Ela é sua namorada? — Gaara uma vez perguntou a Lee sobre Tenten, querendo saber se os rumores sobre eles eram verdade.

— Não, é só uma amiga. É que ela sempre me salva quando as garotas da torcida me cercam. — explicou.

— Uau! Perigoso você, hein! — Gaara curtiu com a cara dele. — Ainda bem que não tenho namorada, senão já podia me considerar trocado.

— Eu não estava me gabando.

Lee se enrolou na explicação e Gaara riu.

Naruto os interrompeu para reivindicar a atenção do amigo, provavelmente por ter tido algum problema com Hinata. Deu tchau a Lee quando o sinal tocou, já se preparando para ouvir o que quer que Naruto tenha feito para aquela santa. Sentaram perto, como de costume, e então ele soube que seu amigo estava prestes a cair na tentação chamada Sasuke.

— A Hinata não merece isso. — a defendeu por ser a coisa certa a se fazer.

Naruto garantiu que seria justo com ela, que faria o que era certo. Mas ele fez o errado. Inclusive com Gaara, seu grande amigo de longa data.

Nunca imaginou que daria um flagra nos dois no quarto, quando o próprio Naruto tinha solicitado sua ajuda para pensar em como conversar com a Hinata sem magoá-la muito, e lá estava o safado aos amassos com o ex.

Foi notado, apesar de ter voltado pelo mesmo caminho. Nunca imaginou que Naruto fosse aprontar algo assim. Seu solzinho era destrambelhado, mas não um traidor. Estava decepcionado demais para ouvir as desculpas dele, só queria ir embora.

— Gaara, por favor! Não vá embora! Eu juro que só ia conversar com o Sasuke, mas as coisas saíram um pouco do controle... — Naruto se colocou no caminho para barrar sua saída, mas Gaara não estava ligando para o drama dele. — Não posso perder meu melhor amigo, uma das pessoas mais importantes! Por favor!

Estava se sentindo tão mal que nem conseguiu sentir certa vaidade por Naruto estar desesperadamente implorando para que não o abandonasse. Aquelas súplicas eram apenas para que não contasse à Hinata o que tinha visto, não porque gostasse dele. Que importava tudo aquilo? Nada parecia fazer Gaara gostar menos dele. Então, apenas disse para se desculpar com a Hinata e foi embora.

Não se meteu naquele assunto mais do que lhe cabia. Embora Naruto não tenha feito mais que a obrigação em ter sido sincero com Hinata, ficou orgulhoso que seu solzinho não tenha sido um cafajeste total; reconheceu o próprio erro, esclareceu as coisas para ela e também quis saber se seu amigo lhe desculpava. Não tinha sido justo pedir ajuda e depois aprontar uma daquelas.

Enquanto Naruto reatava com Sasuke, Gaara tinha resolvido que queria ficar o mais distante possível dos rolos dele. Já não saíam mais juntos e achou mais útil dividir o tempo de folga dos estudos entre ler um romance cujo mocinho tivesse o perfil de Lee, bonito e fofo, e pesquisar um pouco sobre futebol para entender melhor o que o prodígio do time da escola queria dizer quando esse era o assunto deles. Gaara nem gostava de futebol, mas aprendeu muito e ia assistir Lee jogar; até tinha a camisa do time. Também era legal acompanhar os treinos, que muitas vezes acabavam tarde e Lee se oferecia para acompanhá-lo até em casa. Ele sempre aceitava só para poder conversar com ele mais um pouco. O assunto nunca acabava.

— Obrigado por ir assistir, mesmo sem ser muito fã.

— É bem legal, percebi que gosto mais disso do que eu imaginava. E finalmente entendi o que Tenten disse sobre você.

Ele corou e riu sem graça. Parece que não sabia reagir a elogios sem fazer uma cara fofa. Viu mais daquilo quando foi assistir aos próximos jogos, nunca perdendo a oportunidade de elogiá-lo. O que ele não sabia é que Lee estava levando tudo como flerte, embora tivesse demorado para tomar a iniciativa. Assim, só o chamou para sair quando o time foi campeão.

— Sair? — não conseguia acreditar que o momento havia chegado, mesmo que não fosse com quem sempre sonhou.

— É, tipo um encontro. — Lee explicou, aparentemente lutando para não gaguejar enquanto dizia que ele podia escolher o local por conhecer a cidade há mais tempo.

Gaara ficou tentado a aceitar. Um garoto interessante lhe chamou para um encontro, mas não era correto fingir que estava totalmente livre. Naruto ainda era dono do amor dele.

— Eu queria dizer que sim. Mas não posso te enganar.

— Você não estava flertando comigo? Era só brincadeira? — Lee ficou muito desconfortável.

— Eu gosto de outra pessoa há muito tempo.

Isso não era o mesmo que ser comprometido, mas Lee entendeu assim. Gaguejou desculpas mais vezes que uma pessoa comum faria naquela situação e nem conseguiu olhar nos olhos de Gaara por um tempo. Estava agindo como se tivesse o ofendido profundamente, sendo que apenas o chamou para sair. Um tempo depois é que Gaara conseguiu explicar que gostar de alguém com quem não tinha um relacionamento não o impedia de aceitar o convite, ele só quis ser sincero. Obviamente, Lee poderia não querer levar aquilo adiante, já que suas expectativas não podiam ser grandes. Mas o encontro deu certo, teve até reprise. Naruto é quem ficou bastante incomodado, porque supostamente havia sido trocado.

— Tudo bem me trocar por livros de romance clichê. Ler é importante, muito útil, inclusive. — lhe dava razão num primeiro momento e logo falava como se tivesse feito o pior dos absurdos. — Mas por um jogador de futebol? Por favor, né, Gaara!

— Me distanciei de você porque não gosto do seu namorado. — respondia calmamente — Lee não tem nada a ver com isso.

Ele fez bastante drama sobre não considerar Lee um amigo por supostamente ter tirado Gaara dele. Aquilo talvez tenha envaidecido um pouco Gaara, mas ele preferia achar que não. Pela primeira vez havia outra pessoa em seu foco, lhe fazendo bem, oferecendo o que Naruto não podia. Devia preservar o que estava construindo, e assim, não podia se apegar a migalhas de ciúme que sabia bem que eram por conta de amizade.

Apesar da desaprovação de Naruto, a incrível relação com Lee chegou ao fim pelos próprios motivos de Gaara. Felizmente, percebeu que estava levando aquilo adiante mais para afrontar Naruto do que porque realmente acreditava que podia prosperar com Lee. Era inegável que se divertiam juntos, que um pedaço de seu coração de alguma forma já era dele, mas nunca esquecia de Naruto completamente; ficava enciumado quando o via com Sasuke e seu ego inflava em também causar certo ciúme. Lee merecia mais que a leviandade da relação com Gaara.

Ele fez muita falta. Gaara não tinha mais por quê sair de casa com frequência, preferia a biblioteca por saber que poderia ler em paz sem perigo de tombar com o casal que queria evitar. Mesmo depois que terminaram, achava melhor não ficar tão próximo de Naruto. Não parou de falar com ele, só tinha escolhido fazer por mensagens; inventava alergias, dever de casa difícil demais e até saídas com a irmã mais velha que voltava para casa em certa época do ano. Talvez não fosse justo com Naruto, mas não podia dizer a verdade. Estava longe de ser um personagem clichê que confessava seu amor por não poder suportar mais o segredo. Precisava suportar. A outra opção soava infinitamente humilhante.

Não conseguiu afastar Naruto tanto quanto tinha intenção. As desculpas foram sumindo aos poucos toda vez que vê-lo sorrir ou contar animadamente algo que acontecera revigorava Gaara como uma noite bem dormida. Passou até a suportar Sasuke só porque Naruto ficava feliz demais quando aceitava sair com a turma.

Uma era de sossego aconteceu no período da faculdade. A distância e a dinâmica da vida de cada um impedia constantes rolês. Gaara escolheu ficar distante das redes sociais, apesar de Ino, antiga colega de escola e atual colega de quarto junto com outra pessoa, insistir em lhe manter informado do que acontecia com as pessoas conhecidas em comum. Ele se xingou por muito tempo por ter aceitado morar com aquele furacão de mulher, mas até conseguiram ser amigos. Fingiam ser um casal para participar da promoção que uma pizzaria local fazia aos casais, além de que Gaara surpreendentemente era muito bom em colocar ex-namorados canalhas dela para correr quando a perseguiam na faculdade; os pais dela gostavam dele e pararam de encher a paciência dela com comentários sobre estar encalhada. Por isso, todos acharam que eles eram um casal, inclusive os amigos dos tempos de escola. Ino lhe convenceu a aceitar os convites para reunir a turma, agindo como se o destino tivesse os unido como acontecia nos romances clichês que ela lia e ele também. Até que era divertido ver todos caindo naquela conversa, mostrando empolgação por um casamento que nunca aconteceria e sugerindo nomes de filhos que não nasceriam.

E de novo, Naruto não gostou muito de Gaara estar vivendo um suposto romance.

— Você esquece seu amigo quando começa a namorar.

— Eu falo com você praticamente todo dia.

— Mas nunca aceita sair quando eu chamo. Só veio porque Ino insistiu, tenho certeza.

Felizmente, fazia a sábia escolha de não alongar discussão descabida. Mas pelo menos não era errado se divertir com a reação do seu solzinho ciumento. Ino estava lhe ajudando a pregar uma peça na turma e sabia que ele gostava de alguém, só não de quem. Os rolês seguintes nos quais marcaram presença contaram com um Naruto menos emburrado, talvez porque Gaara ia sozinho na maioria das vezes e tinha toda a sua atenção.

Tudo ia bem até o anúncio do casamento entre Naruto e Sasuke. Enquanto os amigos brindavam e parabenizavam os noivos, Gaara sentiu como se tivesse levado um soco ou recebido o diagnóstico de uma doença terminal. Nem conseguiu prestar atenção no largo sorriso de Naruto, o alvoroço da turma pareceu tão distante como num sonho. Não foi embora de imediato, automaticamente parabenizando os noivos ao repetir o que todos devem ter dito. Culpou a queda de pressão para poder ir embora quando julgou que ninguém acharia estranho e foi rápido para casa. Na época, já não tinha colegas de quarto que pudessem chegar e vê-lo chorar intensamente como poucas vezes fazia. Os choros no final do dia se tornaram frequentes depois que aceitou ser padrinho de Naruto ao lado de Ino, sua falsa namorada que já não engolia o rosto inchado como culpa de um conjunto de alergias que Gaara disse ter.

Conseguiu cumprir sua função de padrinho, vencendo a tentação de roubar o noivo no dia do casamento. Na verdade, achou que Sakura faria isso com Sasuke, já que seria madrinha dele. O casal achou de bom tom encarregá-la de uma função tão importante, apesar do alto risco de tudo dar errado. Mas até que Sakura lidou bem com a situação, e fez de tudo para que as coisas saíssem perfeitas como se o casamento fosse seu. Ela deve ter pensado assim, pois tudo ficou maravilhoso, desde à despedida de solteiro à festa de casamento. Gaara só focou em passar logo por isso e depois tentaria ficar o mais longe que pudesse, talvez até mudando de cidade, estado ou país; que morresse antes de Naruto lhe dar o primeiro filho como afilhado.

Ficou curiosamente doente no dia da despedida de solteiro e bebeu um chá diferenciado antes da cerimônia que o deixou mais quieto do que normalmente era. Esteve no automático até boa parte da festa, posando para fotos com os noivos e com os colegas de turma e de faculdade, arriscando dançar com Ino e algumas das primas de Sasuke — o tiraram para dançar e ele foi —, depois sumindo da vista de todos para pensar em como ir embora sem lhe encherem de perguntas.

O jardim do local da festa estava todo arrumado e deserto. Faria hora ali, apesar de que a presença da madrinha de Sasuke quase o fez mudar de ideia e sair correndo. Não precisava de uma bêbada que disfarçava o choro com piadas sem graça.

— Sabe, eu olho pra você e me pergunto se é assim que eu sou. — Sakura comentou de um jeito maldoso.

— Acho difícil. Pra começar, eu sou um homem e namoro a Ino.

— Não precisa mentir para mim. — começou a rir descontroladamente. — Tem que ser muito trouxa para cair nessa história de namoro que vocês inventaram, e eu sempre fui a mais inteligente da turma.

Gaara estava impressionado, mas ficou quieto antes que falasse besteira. Ela ria como se soubesse exatamente o que estava pensando. Como poderia saber? Nunca tinha lhe dito nada, e ela não era amiga da Ino.

— Foi difícil, não foi? Esse casamento...

— Nunca mais quero ser padrinho. — brincou.

— É uma função complicada, principalmente se você ama um dos noivos. — tocou na ferida olhando intensamente para ele, então Gaara entendeu o que estava querendo dizer. — Você se segurou a cerimônia inteira. O que tomou? Pode chorar na minha frente, não vou contar pra ninguém. Na verdade, tô meio bêbada. Nem vou lembrar.

Ele ficou calado, quase cedendo à permissão que ela lhe deu. Preferiu fazer isso no silêncio de seu apartamento, indo embora sem ligar se soaria grosseiro.

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Notas finais:

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Obrigada quem leu. Até mais ❤

Link do projeto: http://projetoescritacriativa.blogspot.com/2020/01/desafio-criativo-2020.html

1. Februar 2020 17:13 0 Bericht Einbetten Follow einer Story
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