artemisiajackson Artemísia Jackson

Os jovens do orfanato Konoha resolvem se reencontrar depois de um ano de separação, sob cuidados de um sádico Itachi e alguns adultos nada responsáveis. Em meio a tudo isso, Naruto promete a Gaara mostrar a magia do natal, já que este último é um inimigo declarado da tradição natalina. A ceia que desde o início já estava fadada ao fracasso ainda conta com imprevistos inusitados e no mínimo desagradáveis. E então, quais as chances de Naruto conseguir cumprir sua promessa? *Créditos a imagem de capa; https://www.pixiv.net/member.php?id=2500549


Fan-Fiction Anime/Manga Alles öffentlich.

#desafio-de-natal #especial-de-natal #comédia #naruto #gaara #yaoi #fluffly #ceia-de-natal #itachi #deidara
Kurzgeschichte
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Capítulo único

Olá galera, este é o resultado de um desafio de Natal promovido pela maravilhosa Políbio, espero que gostem!

O plot escolhido foi;
"Jingle Bells é o caralho, por que ele tem que fazer parte dessas tradições mesmo?"
Eu dei uma interpretação um pouquinho diferente para essa frase, mas ainda tá valendo!

Gostaria de dedicar especialmente a uma leitora fiel, oopspotter. Aliás, amada eu pensei em mudar esse casal milhares de vezes, mas lembrei o quanto tu gosta e mantive por ti. Espero que curta o casalzinho no modo master Fluflly on. Feliz natal pra tu e pra quem mais vier ler.

#DesafioNoiteFeliz.

~~~~~~~~~

Naruto observava pela janela os flocos de neve caindo, acrescentando mais maciez e brancura a fina camada que se sobressaía no chão do quintal. Ah, o inverno! Amava o frio, as texturas que o acompanhavam, as datas comemorativas que trazia!

Na verdade, haviam poucas coisas que o Uzumaki não amava.

Infelizmente, Gaara não podia dizer o mesmo. No seu caso, havia poucas coisas que ele não odiava!

Naruto era uma delas, mas não podia dizer o mesmo sobre a neve e o frio – céus, como odiava o inverno! Odiava também as datas comemorativas, portanto não compartilhava da animação do outro para o Natal. Sentado na cama, encarava o teto com uma carranca emburrada, ignorando completamente a empolgação do amigo, que ainda se apoiava no parapeito da janela.

— Ah, qual é, Gaara! Não pode achar tão ruim assim! — Naruto voltou a se pronunciar, ainda revoltado com o ódio que o amigo direcionava a tão bela estação.

— Eu não acho, simplesmente é ruim. — voltou a afirmar, irredutível.

— Mas é tão bonito ver a neve. E tem os bonecos, o natal, papai Noel… E a música do Jingle Bells, a gente vai cantar juntos! Jingle Bells, Jingle Bells...

— Jingle Bells é o caralho! — interrompeu o Sabaku, ainda mais irritado. — Aliás, por que ele também tem que fazer parte dessas tradições estúpidas?

Naruto suspirou indignado, achava que já tinham superado aquele tal ele e sua presença no natal. Pelo visto, Gaara havia apenas engolido o sapo de pernas abertas durante o anúncio, esperando o momento certo para regurgitá-lo em cima de si.

— Gaara, é uma festa de família, ele vai participar. Querendo ou não, fez parte da família enquanto morávamos no orfanato, Sasuke e Itachi nos ajudaram muito e inclusive nos reencontramos depois da adoção graças a eles. — Naruto colocou a mão na cintura incrédulo — Não sei qual é sua rixa com o Sas, mas natal não é pra esse tipo de coisa e não tem choro nem vela. Você vai participar e vai ver os Uchihas sem ser mal educado, porque eu te eduquei direitinho enquanto estávamos em Konoha! – exclamou o Uzumaki, dando um ponto final naquela discussão idiota.

Gaara por sua vez apenas bufou irritado enquanto esfregava o rosto com as duas mãos, em sinal de frustração, ainda deitado na cama. Nem sequer queria lembrar daquele lugar desgraçado e dos piores anos que passara lá. Maldito orfanato Konoha, malditos Uchihas e maldito Jiraya que propusera aquela porcaria de reunião entre os amigos e familiares.

— Não importa o que você diga, eu ainda vou odiar essa tradição ridícula e vou continuar achando essas reuniões péssima ideia. — retrucou, sabendo que havia perdido a discussão, todavia insistindo em dar a última palavra.

Naruto desgrudou-se da janela e rumou em direção a porta, prestes a sair do cômodo.

— Você só fala isso porque ainda não teve a oportunidade de passar um natal comigo. Vai ver como mudará de opinião a partir desse ano. — disse, encarando o amigo sobre o ombro com um daqueles seus sorrisos enormes que iluminavam o mundo. Depois apenas virou as costas e saiu, deixando o outro sozinho com os próprios pensamentos.

Gaara que cuidasse de suas amargas convicções, pois Naruto havia prometido e nada no mundo faria desisti-lo de cumprir com sua palavra.

~~~~~~~~~

— Dá pra aquietar a bunda Naruto? Parece que tá com bichinho cutucando! — resmungou Gaara, mal humorado.

— Bem que podia ser você cutucando! — retrucou rápido como uma cobra a dar o bote, sorrindo satisfeito ao ver as bochechas alheias corarem instantâneamente.

Era sempre maravilhoso provocar o Sabaku e observar sua expressão migrar da mal humorada para extremamente constrangida em questão de segundos.

Estavam ambos sentados na Kombi ridícula de Jiraya, partindo rumo a Los Angeles — local onde iriam passar o natal em família. Gaara se sentia um pateta andando num veículo cheio de luzinhas coloridas em seu interior, "para espalhar assim o espírito de natal" (de acordo com o velhote).

Depois de dois dias de viagem com míseras pausas para usar banheiro e comer, tudo o queria era chegar no destino — mesmo este sendo a casa dos Uchihas. Naruto estava na mesma situação, agoniado e ansioso para a chegada, e por isso, remexia-se incessantemente no banco traseiro ao lado de Gaara.

— Quanto tempo pra gente chegar, velhote? — perguntou o Uzumaki pela milésima vez naquela manhã.

— Em algumas horas, aquieta aí e para de perguntar isso de minuto em minuto, senão logo, logo Gaara te joga pela janela. — respondeu Jiraya em alto e bom som para que ambos ouvissem de forma clara.

Rindo, Naruto meneou a cabeça em negativa, deitando-a sobre o ombro alheio em seguida.

— Gaara nunca faria isso, ele me ama! — exclamou de forma convencida.

O Sabaku odiava contato físico, contudo Naruto era tão desgraçadamente especial, que até aquilo parecia agradável quando feito por ele. Deixou que o Uzumaki se aconchegasse e atreveu-se a acariciar os macios cabelos louros, torcendo para que isso acalmasse-o e o fizesse aquietar o rabo.

— Promete não tratar as pessoas mal, ruivinho? — Perguntou manhoso, voltando seus olhos azuis suplicantes para o rosto sério do amigo.

Após ponderar por uns minutos, o Sabaku suspirou derrotado. Não queria estragar a animação do outro, por mais que odiasse o natal e os amigos que veriam.

Querendo ou não, haviam passado um semestre inteiro no orfanato — fora o suficiente para despertar bons sentimentos em Gaara com relação a Naruto. Depois disso, passara-se um ano sem comunicação, e o encontro arranjado por Itachi em conjunto de Jiraya era uma alegria que devia ser comemorada apesar dos contratempos.

— Prometo tentar, Naru. — respondeu de forma sincera, afundando mais os dedos nos cabelos alheios como forma de selar a promessa.

Tentaria pela felicidade do amigo, pois por ele, qualquer esforço sempre valia a pena.

~~~~~~~~

Naruto saltitava pelo quintal, carregando consigo a caixa de pisca-piscas coloridos de várias formatos, inspirando o espírito natalino. Haviam chegado na casa dos Uchihas e as boas vindas tinham sido calorosas por parte dos donos da casa e por parte dos outros hóspedes (Yahiko, Nagato e Konan, que também tiveram seus perrengues no orfanato Konoha). E para a alegria de todos, Gaara tinha se comportado muito bem, mesmo com as provocações de Sasuke — este também nutria uma antipatia natural por si, quase como se disputasse algo que ambos queriam.

Depois de todo alvoroço com a chegada de Jiraya e dos dois jovens que trouxera consigo, haviam decidido começar a decoração mais que atrasada da enorme mansão (não era mansão, mas Naruto considerava-a assim e ninguém mudava sua opinião) Uchiha.

Os irmãos alegavam estar ocupados com estudos e trabalho, e não ter tempo pra decorar. Naruto simplesmente se oferecera para resolver o problema, dizendo que não iria participar de ceia de natal numa casa que sequer possuía decoração adequada.

Por isso ali estava a dupla, Gaara mais atrás meneando a cabeça em negativa ao observar a animação infantil do amigo.

— Nós vamos iluminar o mundo! — exclamou o Uzumaki, olhando-o sobre o ombro e sorrindo abertamente.

— Não, Naru, nós só vamos encher a casa com luzinhas, não chamaria isso de iluminar o mundo. — respondeu rindo descrente.

— Larga de ser chato, deixa eu me iludir em paz. — Resmungou manhoso, jogando a caixa no chão para virar-se totalmente para Sabaku, ostentando um bico emburrado em seus lábios. — E outra, vou iluminar o mundo sim; o meu mundo particular da minha criança interior, oras! É um universo, ué, super conta pra mim. — acrescentou, novamente animado, o sorriso abrindo-se.

— Se você diz… — Gaara ergueu as mãos no ar em sinal de rendição, rindo ainda mais.

Juntos, os dois começaram a tirar os longos fios cheios de lâmpadas de dentro da caixa, jogando-os no chão.

Naruto franzia o cenho de maneira concentrada, observando as formas e analisando quais seriam mais adequadas para cada local. A neve não caía mais e a grama agora só apresentava resquícios da substância branca e gelada que outrora a cobria. Algumas árvores podadas em forma de pinheiro enfeitavam as extremidades leste e oeste do grande jardim, mas sem os devidos acessórios para realmente torná-las natalinas. Naruto decidiu que começariam por ali.

— Vai Gaara! Me ajuda e desenroscar isso aqui. — Pediu ao pegar um pisca-pisca em forma de caixinhas de presente que estava muito embolado.

Os dois levaram dez minutos apenas para desfazer os nós que emaranhavam uns fios nos outros, pois era necessária delicadeza para que não corressem o risco de estragar os enfeites.

Quando os dois pisca-piscas estavam desenroscados, cada um dos garotos foi em direção a uma árvore. Rodeando-a com o objeto iluminado, ambos arrumaram as luzes de forma satisfatória e ligaram na tomada – gambiarra que haviam conseguido sem muito esforço com ajuda do jardineiro. Funcionava perfeitamente e brilhava em cores vermelhas, azuis, verdes e amarelas.

— Que lindo, Gaara! — Naruto exclamou emocionado ao se aproximar, ainda que mal pudessem apreciar devidamente, já que a luz da tarde impedia que as pequenas lâmpadas led brilhassem com a intensidade que lhes eram nata.

— Nem dá pra ver direito, Naru. — resmungou em resposta, sem querer dar o braço a torcer.

— Isso é porque você não tem o espírito natalino correndo nas veias, seu chato! — Retrucou o Uzumaki, mostrando a língua como uma criança mimada.– Agora vamos, ainda temos a mansão para decorar.

Dito isso, virou-se e começou a marchar na direção contrária, ficando de frente para a casa enquanto a analisava com sobrancelhas franzidas e mãos nos quadris, quase como um artista que avalia o esboço da obra antes de aperfeiçoá-la. Aproximou-se com os materiais necessários e aprumou-se, preparando-se para começar.

Decidiu que as luzinhas azuis ficariam ótimas adornando a janela de cada uma das pequenas varandas enquanto estas podiam ser salpicadas com neve falsa.

As colunas, enroladas com festões e azevinho, subindo em direção ao arco frontal. Naruto imaginava uma linda guirlanda pendurada ali. Sua animação crescia enquanto puxava das caixas mais e mais enfeites e luzes, esticando-as pela fachada em ziguezague, arrastando um Gaara cada vez mais cansado consigo enquanto sorria com animação com a obra prima digna de um museu que estavam construindo.

Quando tudo havia sido terminado, já estavam no fim da tarde e o brilho das luzes coloridas podia ser visto com mais intensidade. A casa em seus tons neutros de bege nas paredes e branco nas portas e contornos das janelas pareciam destacar ainda mais os pisca-piscas, pois com suas cores simples não disputavam atenção com os enfeites, dando a impressão de enfatizá-los quase propositalmente — isso se paredes pudessem ter um propósito, claro.

Naruto sorriu, orgulhoso do trabalho. Gaara não pôde evitar acompanhá-lo, pois a decoração estava mesmo belíssima. Encaram-se e os olhares diziam tudo; interior da casa, banho quente, comida e cama era o que precisavam com certa urgência naquele exato momento e naquela exata sequência.

A sincronia entre ambos era tamanha que muitas vezes dispensava palavras.

Naruto foi andando na frente, enquanto o Sabaku se detia uma última vez para analisar a maravilha do trabalho que haviam feito juntos. Sabia que toda a beleza que via estava mais atribuída ao amigo do que apenas a decoração em si, porém não queria mesmo parar para pensar no significado daquilo. Por hora, só precisava manter-se bem ao lado do Uzumaki para desfrutar mais daquela doce paz e alegria que ele lhe trazia.

~~~~~~~~~~~~

No dia vinte e três, a correria era grande. A cozinha estava uma bagunça e de forma alguma parecia com aqueles belos cenários de filme onde todos confraternizavam durante a preparação da ceia, jogando farinha de leve uns nos outros enquanto riam.

Ah, não! Ali de certo o pandemônio se instalara no cômodo e todos pareciam diabos prestes a incinerar qualquer um que atrapalhasse seus afazeres. Principalmente considerando a dificuldade que aquela ceia em específico trazia, pois Itachi havia passado uma temporada no Brasil no ano anterior, e por saudades em demasia do país acalorado, sugeriu uma ceia temática, com pratos típicos brasileiros.

Tal fato fizera todos aceitarem de prontidão o desafio gastronômico. Mas já que era difícil achar tais iguarias a pronta entrega, foram vários os mercados brasileiros que eles invadiram naquele curto período de tempo, todavia com êxito — e um bom tanto de desespero — acharam todos os ingredientes para o preparo regional, realizando o pequeno sonho de Itachi, para o deleite de todos. Porém naquele momento da preparação, o desafio tornava-se maior e com certeza punha a paciência de todos à prova.

Sakura, outra convidada que chegara a um dia apenas, estava concentrada em sua grande torta holandesa, encolhida em um dos cantos livres no balcão cheio de ingredientes e pessoas desesperadas. Sempre que alguém esbarrava nela, esta xingava a plenos pulmões enquanto ameaçava "meter o soco e quebrar os dentes" de quem quer que fosse.

No outro extremo da cozinha, Itachi olhava apreensivo para o grande peru no forno, perguntando-se em murmúrios coisas como: "quando essa caralha vai estar pronta? Já está aí dentro a três malditas horas!"

Sasuke próximo ao irmão e cuidando para não tapar a visão do forno, mexia um molho especial na panela, o único que não demonstrava desespero algum em sua tarefa. Com o canto do olho, observava Yahiko na mesa de centro, amaldiçoando todo o planeta Terra enquanto mexia a massa de seu bolo, resmungando algo sobre Konan ter jogado muito açúcar e que se ficasse ruim, a culpa seria dela. Esta última apenas respondia que ele ia agradecer sua intromissão no final, "porque ninguém quer comer um bolo diet, seu boboca" dizia ela enquanto descascava frutas e cortava em formas de estrela, coração e coisas do tipo — tendo auxílio de Nagato. O Uchiha caçula riu discreto com a cena, achando fofa a interação do trio — embora nunca fosse admitir aquilo em voz alta.

No extremo oposto ao que Sakura se encontrava, Gaara e Naruto discutiam sobre o mousse de chocolate.

— Não Gaara! Não é pra botar essa coisa! — Resmungava irritado, olhando com asco para o pacote de gelatina sem sabor.

— Naruto caralho! Tá escrito na receita que é pra por! — respondeu o Sabaku em tom exasperado.

— Qual receita? — Estreitou os olhos azuis de forma desconfiada, duvidando claramente das palavras do amigo.

— Essa aqui! — Disse Gaara enquanto pegava o celular e desbloqueava, esfregando-o na cara do outro enquanto apontava a parte que dizia sobre a gelatina.

— Isso é um site brasileiro, brasileiros não sabem de nada! — resmungou o loiro de forma convicta, não querendo dar o braço a torcer.

Extremamente chocado com a fala do outro, o Sabaku meneou a cabeça e o encarou com um olhar incrédulo.

— Deixa de ser xenofóbico escroto, a culinária deles é muito rica tanto nas comidas não saudáveis quanto nas saudáveis, eles são ótimos no que fazem quando se empenham, não menospreze a cultura dos outros só porque não quer admitir que errou sobre uma coisa idiota!

O Uzumaki arregalou os olhos ao perceber o quão sua atitude tinha soado ridícula, então os baixou em seguida e mordeu o lábio inferior de forma envergonhada. Céus, como havia sido patético! Tudo por uma gelatina. Droga, não era aquele o espírito de natal que queria cultivar.

— Desculpa, fui um babaca mesmo…—– murmurou, sinceramente arrependido. — Pode por a gelatina, com certeza eu ia cagar a receita toda sem ela. Sou um idiota!

— Foi e não vai ser mais porque é um anjo que sempre tenta melhorar os outros, então vai melhorar você também. Sem chororô, vamos terminar essa mousse e arrasar na sobremesa! — Gaara exclamou de forma atipicamente positiva e alegre.

— Você tá certo, ruivinho! Vamos nessa, modo ninja da culinária: ativar! — com um gesto positivo com o polegar, sorriu para o amigo, mostrando-se pronto para voltar ao trabalho.

Afinal, Naruto Uzumaki estava sempre disposto a voltar, pegar os erros para guardá-los na mente e não repeti-los, e enfim, recomeçar e acertar. Era assim que tinha que ser, esse era o verdadeiro espírito ninja-culinário-natalino.

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Naruto encarava o relógio de dez em dez segundos, remexendo-se no sofá enquanto amaldiçoava o mundo e principalmente Itachi por só poderem comer à meia noite. Justo quando havia ficado o dia inteiro sem comer e quando havia se esforçado tanto para cagar o dia todo e liberar espaço para a ceia, lhe submetiam a tamanha tortura!

Céus, o Uchiha mais velho só podia ser um desgraçado sádico!

Ao seu lado no extremo direito do grande sofá de quatro lugares, Gaara encarava o amigo com o canto do olho, sentindo-se aborrecido pelo dançar da bunda alheia no estofado. Mesmo assim, não quis fazer comentário algum sobre os "bichinhos cutucando", temendo que alguma resposta extremamente constrangedora vinda da parte do outro fosse ouvida por todos os presentes.

— Mas que merda de meia noite que não chega logo, porra! — Naruto resolveu enfim abrir seus protestos em voz alta, vendo o relógio marcar dez e meia.

— Itachi, seu fodido de merda, eu quero comer! — Concordou Tsunade, a antiga enfermeira de Konoha, sentada em uma cadeira afastada do centro da sala. Havia enfiado-se perto de uma das grandes janelas que iam do chão ao teto, torcendo para que a visão da noite a distraísse da fome e da vontade de encher a cara. Não dera certo, mas a senhora gostou do lugar.

— Corrigindo, você quer beber. — pontuou Jiraya de forma sorridente, entrando na sala enquanto caminhava na direção da mulher, empurrando-a com a bunda ao chegar perto dela, de modo que pudessem dividir a mesma cadeira. Foi xingado com veemência, mas apesar disso, pôde manter-se no lugar sem ser escorraçado.

— Meu Senhor, parece que vocês são um bando de mendigos famintos, não comeram hoje não seus merdas? — Debochou Itachi de forma altiva, sentado na sua poltrona exclusiva enquanto ostentava um sorriso divertido. Mantinha uma postura que apenas os mais próximos tinham o privilégio de observar.

— Não porra! Nem bosta no meu intestino tem, já que caguei tudo pra abrir espaço pra essa ceia! Mas por algum motivo desconhecido pela ciência, eu só posso comer quando der meia noite. — resmungou o Uzumaki de forma mal humorada, o que era um verdadeiro milagre de natal, já que o garoto não havia demonstrado nenhum sinal de mau humor durante todos aqueles dias.

— É questão de tradição, mas você é tão perdedor que nem isso entende. — Zombou Sasuke sentado no braço da poltrona do irmão, ostentando a mesma postura dele.

— Tradição é um cassete, quem vai se importar com tradições quando eu estiver na UTI por desnutrição, fome e sede de champanhe? — Nagato se pronunciou enfim, sentado no chão junto aos seus amigos, puxando os pelinhos do tapete como forma de descontar sua frustração.

— Meu Zeus, que exagero Gato. – resmungou Konan, rindo discretamente enquanto batia de leve nas costas do amigo.

— Nada a ver, Nan. Eu tô com o Gato hoje, puta que pariu eu só quero comer. — Yahiko resolveu quebrar seu silêncio também, imitando o ato do amigo ao puxar os pelos do tapete de forma frustrada.

— Até tu Hiko? Aí Zeus, vocês são uns maricas mesmo. — debochou a garota, de forma risonha.

Ao redor, os demais não sabiam se davam mais importância para o tal "Zeus" nas frases da jovem ou se para os apelidos até então desconhecidos.

Sakura acabou com a dúvida geral quando enfim perguntou:

— Zeus? Tu é helenística ou algo assim?

— Não, nem sei o que é isso. – Konan confessou, rindo. Céus, ela nunca parava de rir? Era difícil não se perder admirando o sorriso da jovem. — Eu só não quero chamar o nome da Amaterasu em vão, então chamo desses deuses que não acredito que existam.

— Por que Amaterasu e não Tsukuyomi? — indagou Gaara, que até o momento mantivera-se calado.

— Oh, o Gaara adora ser do contra, não dê bola pra ele! — interviu Naruto, temendo um início de discussão por crenças em divindades diferentes. Eram todas da mesma cultura, afinal, não havia porque brigar por algo tão bobo.

— Porque gosto do sol, ele me aquece e mantém a luminosidade do mundo. — respondeu Konan, ignorando completamente o loiro. — Tsukuyomi também tem meu respeito, eu amo a lua e seu esplendor, mas ainda prefiro a deusa do sol.

— Os deuses gregos ficariam ofendidos por você banalizá-los assim. — Sasuke intrometeu-se.

— Antes banalizar o que não acredito e não temo do que o contrário, não é? — novamente sorrindo, Konan encarou o caçula Uchiha de forma desafiadora.

— Eu só quero saber como a gente saiu da questão "eu vou morrer de fome" pra questão deuses. Quem liga pra isso nesse momento? Eu tô morrendo, cassete! — voltou a lamentar-se Nagato, vendo Naruto acenar em concordância de forma veemente.

E então todos começaram a interagir em uma discussão acalorada sobre tradições, reclamações sobre elas serem idiotas e sobre a hipocrisia de tais reclamações — "afinal, todo o ritual de natal consiste em tradição, e se há lamúrias de quem diz gostar tanto da festa, então há hipocrisia desse mesmos ao se lamuriarem das partes da tradição que não lhes convém!"; essa havia sido a linda e intelectual palestra de Sakura em relação a discussão.

Nesse ritmo, os pobres famintos nem perceberam a hora passar, dando-se conta da meia noite somente quando o pêndulo do relógio chique da sala começou a tremular de forma barulhenta — tic, tac, tac, tic, balançando da esquerda para a direita e transmitindo um barulho mais agudo por ter sido programado para isso.

— Meia noite, porra! — Gritou Naruto pulando do sofá enquanto jogava os braços para o alto e corria sala afora, dirigindo-se para a enorme sala de jantar.

Na grande mesa retangular de vidro, os pratos já estavam dispostos em frente às cadeiras, e no centro o banquete estava exposto em sofisticadas travessas de vidro. Peru, arroz à grega, feijão preto, frango assado, farofa, salada de alface e tomate, salada de maionese… As belas cores da culinária brasileira enchiam os olhos e enfeitavam a mesa quase que com brilho próprio.

Depois que o Uzumaki deu a largada, nem os portões do inferno liberando seus demônios escravizados podiam ser comparados com a muvuca que tomou a sala. Tsunade levantou em um tranco, empurrando Jiraya com a bunda e jogando-o no chão com o impulso. Sem ligar a mínima, disparou para a porta, sentindo a boca salivar ao sentir o cheiro da comida. O velhote apenas riu resignado, levantando e correndo atrás apenas para não perder o lugar ao lado da sua querida e bruta amada.

Nagato e Yahiko eram os próximos demônios que corriam como condenados, esquecendo-se de Konan enquanto se atropelavam mutuamente tentando passar pela porta. Atrás, sua amiga xingava-os a plenos pulmões, desejando que morressem engasgados com sua afobação.

Gaara e Sakura não correram, apenas se entreolharam exasperados e resmungaram algo como "imbecis" enquanto andavam tranquilamente pela sala, seguidos pelos irmãos Uchiha, que riam como os grandes sádicos que eram.

Pararam na frente da grande mesa da sala de jantar, para um minuto de contemplação silenciosa. Os urubus já atacavam ferozmente, brigando entre si pelas grandes colheres que serviam para transferir o alimento das travessas para os pratos. Tsunade era a única que não brigava com ninguém, pois seu principal foco eram as taças de vinho e champanhe. Ao seu lado, Jiraya ria alto enquanto tentava roubar uma das grandes colheres de Naruto, que enchia seu prato de arroz, achando lindo o colorido das cenouras e pimentão contrastando com a brancura dos grãos.

Enfim, os atrasados resolveram sentar-se. Gaara foi para o lado do Uzumaki, encerrando assim os lugares vagos no lado esquerdo da grande mesa. Sakura sentou-se ao lado de Yahiko, encerrando assim também o espaço no lado direito, já Konan estava na ponta com Nagato ao seu lado.

Ao todo haviam dez lugares; quatro nos lados "leste e oeste" e um no "sul e norte". Sasuke sentou-se na ponta do sul, ficando perto de Gaara e Sakura, enquanto Itachi se viu preso perto de uma quase bêbada Tsunade e uma esfomeada Konan.

Alguns minutos de silêncio se instalaram na grande sala de jantar, interrompidos somente pelo raspar desesperado nos pratos. Enquanto o grupo de esfomeados já terminava sua primeira pratada, os recém chegados sequer haviam terminado de servir-se. Gaara meneava negativamente a cabeça enquanto observava Naruto encher o prato novamente, mesmo quando ainda mastigava um enorme bolo de comida.

— Acho importante ressaltar que há um motivo para toda essa espera, amigos. — pronunciou-se Itachi, solenemente.

— A tradição idiota, já sabemos disso, Tachi. — resmungou Naruto, ainda com a boca cheia.

— Na verdade, não foi esse o motivo. — intrometeu-se Sasuke (e céus, como ele era intrometido!), sorrindo maliciosamente ao encarar o irmão do outro lado da mesa.

— Foi qual então? — indagou Sakura ao seu lado, com o cenho franzido em confusão.

— Nenhum. — respondeu o anfitrião Uchiha de forma simples, embora ostentasse um sorriso sádico nos lábios.—– Só queria ver o quão engraçado seria assistir vocês se matarem pela comida. Infelizmente não foi tão caótico ou assassino quanto imaginei que seria, não teve nem dedos espetados com garfos ou coisa do tipo… — ponderou Itachi, agora denotando certo desapontamento.Seu queixo apoiava-se no antebraço esquerdo, e este apoiava-se na mesa. A outra mão brincava de espalhar e juntar a comida do prato com o garfo.

— Está mesmo dizendo que ficamos iguais a retardados mongando na porra da sala sem motivo algum? Eu quase desmaiei de fome e fui parar no hospital por caralho nenhum? — indagou Nagato indignado. Enquanto falava, o bolo de carne em sua boca podia ser visto, e Konan ralhou por aquilo, resmungando sobre ele ser nojento.

No entanto, ninguém podia imaginar que tal comentário seria o gatilho para uma ideia tão gosmenta como a que tomou a mente de Nagato naquele momento. Itachi não teve tempo nem de desviar do bolo de carne e saliva voador que veio certeiro em sua direção, pousando bem no seu rosto. Nagato havia cuspido e acertado em cheio seu alvo — uma das peculiaridades do jovem consistiam em seu constante treino de cuspe alado, algo que aprendera com o filme "Titanic".

Naruto, que até então não conseguira protestar por ter muita comida entupindo a boca, não pôde segurar as gargalhadas que vieram instantâneamente.

Em meio ao seu ataque risonho, engasgou com um pequeno grão de arroz e começou a tossir. No início, havia sido algo bobo, uma espécie de tosse misturada com risadas. Mas com o tempo, as risadas deram lugar somente ao som estrangulado de engasgo e a face do Uzumaki começou a tornar-se roxa. Gaara se desesperou e levantou as pressas, indo de encontro ao amigo enquanto batia nas suas costas.

Vendo que não surtia efeito, colocou o outro de pé e envolveu seu tronco por trás, pressionando os braços no abdômen alheio, como via em filmes naquelas mesmas cenas de engasgo.

Infelizmente, quando Naruto conseguiu expelir — graças a pressão dos braços de Gaara que acometia seus membros — não expeliu somente o grão de arroz. Botou pra fora um bolo nojento de arroz e feijão preto, regurgitando bem em cima do Peru de natal.

A comoção foi geral; Nagato quase teve um enfarte de desgosto, Konan se dividia entre acudir ao ruivo dramático e rir junto de Yahiko, Sasuke e Sakura tentavam encontrar ar em meio as gargalhadas, Itachi xingava alto, Gaara acudia Naruto e Tsunade simplesmente resolvera dar um banho de álcool em todos —"para acalmar os ânimos"— dizia enquanto jogava a garrafa de champanhe para o alto, espirrando seu conteúdo no ar, molhando principalmente Jiraya e boa parte da comida na mesa.

Passada as primeiras emoções causadas pelo espetáculo circense improvisado, Itachi mantinha-se impassível em seu lugar. Havia limpado o bolo de carne do rosto e já agia como se nada tivesse acontecido. Ao seu redor, os convidados já estavam mais calmos, embora Sasuke e Sakura ainda rissem ocasionalmente, ao passo que Nagato ainda choramingava audivelmente pelo desperdício do grande e belo peru de natal.

— Essa foi a ceia mais desastrosa que já presenciei. — Comentou Jiraya enquanto limpava o rosto molhado de champanhe com guardanapo. O bom humor permanecia, apesar de tudo.

— Tá brincando? Foi a melhor de todas, isso sim! — Exclamou Sasuke, sem poder conter as risadas que não queriam cessar de modo algum.

— Realmente! — Sakura concordou enfática com um aceno de cabeça. — Pra que essas festas sem graça de família? O negócio tem que ser assim mesmo: dedo no cú e gritaria.

A fala desencadeou ainda mais risos em Sasuke, a ponto de deixá-lo vermelho e sem ar. Aquele era sem dúvida um fenômeno raríssimo na natureza, e os presentes não podiam deixar de se espantar. Naruto com certeza comentaria algo, mas estava desorientado demais para tal, pois ainda não havia se recuperado totalmente do engasgo e do vômito.

— Sasuke, meu querido, não morre não! Eu queria caos, mas nada de mortes, não tô a fim de gastar dinheiro com defunto, porra. — debochou Itachi, segurando-se para não gargalhar também. A risada do caçula Uchiha era surpreendente contagiante.

— Tudo isso é culpa sua, não devia reclamar. — resmungou Nagato, ainda indignado e sem um pingo de vontade de rir.

— Ora, não seja tão mal humorado Gato. Foi engraçado. – comentou Yahiko de forma risonha, limpando algumas lágrimas que escorriam graças ao seu acesso de riso anterior. Konan concordou ao seu lado, sem poder se conter e já farta de lidar com os dramas de seu amigo.

— Engraçado pra vocês. — resmungou Gaara, mal humorado. Era o mais quieto do bando todo, portanto quando falava, todos paravam para ouvir.

— Não fique assim só porque quase perdeu o amor da sua vida. Pensa que foi um só um quase. — debochou Sasuke de forma maliciosa, sorrindo perversamente ao notar as bochechas rosadas do outro.

— A única coisa que sei é; o tiro meio que saiu pela culatra, mas pelo menos alcancei a discórdia desejada. — Itachi pronunciou-se, brincando com o seu rabo de cavalo enquanto encarava o teto de forma aparentemente satisfeita.

— Não sei o que deu em mim de pensar que tu tava querendo reunir a gente pra celebrar o natal. — comentou Naruto, finalmente saindo do seu silêncio — Eu devia ter lembrado do sádico do caralho que você é, e me preparado para a desgraça.

— Ora, não menti. Eu reuni vocês todos e estamos celebrando, não? Eu realmente senti saudades do caos que era viver com vocês, seus pirralhos fedorentos. Mas criar um evento cheio de paz e harmonia não iria lembrar em nada os velhos tempos, e aí não teria graça. — defendeu-se o anfitrião Uchiha, agora encarando os olhos azuis com intensidade.

Ninguém poderia refutar àquelas palavras. Realmente, no orfanato eles estavam longe de serem da paz, embora fossem muito amigos e amassem muito uns aos outros. Qualquer evento pacífico e calmo jamais poderia fazer com que relembrassem os velhos tempos, e apesar dos pesares, no final todos tinham rido ao menos um pouco — como sempre acontecia quando estavam juntos.

— Se o plano era relembrar a bagunça de Konoha, parabéns meu amigo. — Sakura comentou rindo enquanto se levantava da cadeira. — Bom, se vocês ainda quiserem esse peru maravilhoso temperado com toque especial do Naru, boa sorte. Eu já perdi a fome depois dessa, só vou querer as sobremesas.

Konan e Yahiko imitaram-na, e os outros pretendiam fazer o mesmo, até serem detidos por Itachi.

— Nananina-não, mocinhas. Vocês ajudaram na baderna, agora vão ficar e ajudar a guardar tudo.

— Quem começou foi o Nagato, ele devia limpar tudo sozinho! — acusou Naruto enquanto apontava o dedo na direção do cuspidor profissional, um bico emburrado tomando suas faces.

— Mas você riu da cara do Itachi e ainda por cima estragou o peru de natal! — Nagato devolveu a acusação energicamente.

— O que eu, Tsunade e Jiraya temos a ver com isso? — perguntou Gaara, visivelmente aborrecido.

— E eu também, o que tenho a ver? — Sasuke protestou, injuriado.

Itachi apenas ostentava sua típica expressão meramente sádica e satisfeita. Céus, como ele amava infernizar a vida dos pirralhos!

— Bom… — Começou, levantando-se da cadeira e apoiando os braços na mesa. –—Nagato começou o fuzuê, Naruto riu da minha cara igual a um panaca e quase se matou, Gaara tentou salvar o imbecil e desgraçou meu peru de natal que levou horas pra assar naquele caralho de forno. — esta parte foi pronunciada em um rosnado. — Tsunade fez uma bagunça e sujou meu lindo e polido chão e Jiraya não fez caralho nenhum pra impedir. — Enquanto pronunciava os nomes, encarava os respectivos donos deles, sorrindo ao ver a revolta tomando as faces. — E… bem, você, meu querido irmãozinho, não fez nada além de rir, não botou ordem nas coisas e ainda quase morreu de tanto caçoar de mim. Quero que você tome no centro do seu cú, vai ajudar eles sim e irão servir a sobremesa na sala pra todo mundo. E quanto a mim, vou esperar todos vocês termi…

Itachi foi interrompido pelo som estridente da campainha. Fez uma careta de surpresa, não gostando muito da interrupção. Sasuke encarou-o confuso, engolindo suas reclamações sobre a punição estúpida para perguntar se ele havia convidado mais alguém de última hora. A resposta foi um menear negativo de cabeça seguido de sobrancelhas franzidas.

— Talvez seja um pedinte. — opinou o Sabaku.

— Então vamos lá abrir ruivinho, oferecer parte da comida pra não desperdiçar e ajudar! — exclamou Naruto, subitamente animado.

— Não vão a lugar algum. — cortou Itachi, de forma autoritária. — Fiquem aqui e arrumem a bagunça, eu me viro com quem quer que seja.

Dito isso, o anfitrião Uchiha saiu da sala de jantar e dirigiu-se para o hall de entrada, pronto para escorraçar quem quer que fosse. O problema é que Itachi havia se preparado para expulsar a pessoa, mas não parou para pensar em quem pudesse ser.

Antes de abrir a porta, ouviu uma voz forçada a cantar "hou, hou, hou, papai Noel chegou!", E apesar de achar que conhecia o dono daquela voz, ainda assim revirou os olhos e abriu a porta sem se preparar nem um pouco. O resultado foi que pela segunda vez naquela noite, não houve sequer chance de desvio; um saco enorme de papai Noel acertava-o no rosto antes que Itachi sequer soubesse o que estava acontecendo.

— Seu filho da puta, poc safada, cretina e traidora, não me mandou felicitações e nem sequer me convidou pra sua ceia, caralho Itachi! Não me assumir não significa necessariamente me tratar como um nada! — esbravejou Deidara, ainda batendo no outro com o saco, fazendo o maior escândalo do mundo.

A gritaria havia alardeado os outros, e Sasuke viera correndo ao encontro do irmão, temendo estarem sendo assaltados. Porém quando viu Deidara espancando o anfitrião Uchiha, pela segunda vez naquela noite desabou em risadas, sem poder se conter. Ajudar que era bom, nada, até mesmo porque não queria que seu motivo de diversão acabasse tão rápido.

Quando cansou de dar sacoladas em Itachi, Deidara simplesmente jogou o objeto para o lado e agarrou o outro pelo colarinho, colando as bocas em um beijo necessitado. Naruto —

que correu para a confusão quando ouviu as risadas de Sasuke — observou a cena sem saber como reagir.

— Como é aquela música brasileira, mesmo? Entre tapas e beijos… — comentou, desconcertado. Aquele pedaço da música resumia bem a situação dos dois pombinhos agora assumidos. Os espectadores resolveram sair do hall quando perceberam a empolgação de ambos crescendo. Mãos descendo pelo corpo, rosnados baixos, gemidos e puxões de cabelo eram demais para os pirralhos assistirem.

— Seu desgraçado, infeliz e gostoso! — ralhou Deidara entre um beijo e outro, mordendo os lábios alheios com força como uma forma de punição.

— Calma, loirinho, porra! — resmungou Itachi em resposta, empurrando os ombros da poc revoltada para poder encará-la nos olhos. — Foi você quem disse que não queria compromisso.

— Mas comer não é assumir compromisso e você nem me convidou pra ceiar contigo, seu mesquinho pão duro! — choramingou Deidara manhoso.

— Deixa de ser dramático e dengoso. Minha ceia foi um desastre, vomitaram no Peru de natal. — revelou, trazendo o outro para perto, abraçando-o com carinho.

— No Peru de natal? Puta que pariu, que desperdício! — exclamou Deidara, com os olhos arregalados numa expressão chocada e indignada.

— Pois é, tô com um bando de pirralhos aqui.—– resmungou repentinamente pegando a mão do parceiro e arrastando-o hall adentro. — Vamos, ainda tem as sobremesas para salvar você, seu esfomeado.

Passaram pela sala de jantar, onde os garotos arrumavam tudo, enquanto Jiraya segurava Tsunade para que ela não fizesse uma bagunça maior.

— Não esqueçam da sobremesa, seus fedelhos. — Resmungou Itachi enquanto passava pelo local sem sequer olhá-los, ainda junto de Deidara, ignorando a indagação que provavelmente se fazia presente nos rostos deles.

Resmungando, Naruto voltou a passar pano no chão, com Gaara atrás de si carregando um balde com água e sabão, para que lavasse o pano ao acabar de limpar.

Sasuke e Nagato se concentravam na mesa, recolhendo os alimentos e guardando na geladeira ou jogando no lixo (no caso do Peru vomitado).

Quando finalmente haviam terminado a organização, pegaram as duas grandes travessas de mousse, a de bolo de prestígio e a de torta. Jiraya se encarregava de levar as pequenas e chiques taças de sobremesa junto dos talheres. E bom, Tsunade estava cheia de garrafas de vinho em seus braços, carregando-as como se fossem seus bebês. Para um leigo, aquilo pareceria perigoso, mas entre os experientes, sabia-se que ninguém além de um bêbado era o mais confiável para carregar as bebidas — afinal, não eram comuns os casos de embriagados que caíam mas mantinham intactos os copos em mãos?

Ao chegarem na sala, se depararam com um Deidara completamente relaxado, sentado no chão coberto pelo tapete enquanto sentia as habilidosas mãos de Konan arrumando seus belos cabelos loiros.

— Aí, que mãos de fada! Sabe, se as cabeleireiras fossem assim, eu tava feliz. Aquelas mocréias não tem o menor cuidado, e até pra lavar são brutas! Deve ser inveja da minha cabeleira linda, só pode! — tagarelava o intruso, gesticulando com as mãos enquanto fazia caretas de desgosto. Konan ria abertamente, adorando o jeito engraçado do convidado extra.

— Está aqui a sobremesa, agora se sirvam porque ninguém aqui é quadrado. — resmungou Naruto enquanto largava a travessa de mousse na mesa de centro da sala de estar.

— Você tá usando umas expressões estranhas e sem sentido. — comentou Yahiko, enquanto observava com atenção Sasuke trazendo seu bolo e pondo ao lado da mousse.

— Ah, é que eu meio que comecei a ver umas coisas brasileiras, mas não é sem sentido, é só uma questão de costume. — respondeu o Uzumaki enquanto coçava a nuca, desconcertado.

— Chega de tagarelice, vamos comer pra esquecer o fiasco da ceia. — resmungou Itachi, levantando da poltrona enquanto agarrava uma taça de sobremesa e um talher, servindo-se indiscriminadamente com bolo de prestígio.

— Fiasco causado por você mesmo, seu idiota! — exclamou Nagato, largando a torta holandesa em cima da mesa de qualquer jeito, somente para ser acertado por um chinelo voador em seguida, que foi tacado pela produtora da sobremesa em questão. O objeto acertou sua cabeça em cheio, ocasionando gargalhadas nos presentes, com exceção de Sakura, que ainda estava puta.

— Achei que não gostasse de doces, Tachi. — observou Deidara, depois de se recuperar do acesso de riso causado pelo episódio da chinela.

— Normalmente, não curto, mas hoje abro exceções. — respondeu simplista, sentando em sua poltrona exclusiva.

— Verdade, nem lembrava disso. Uma vez Itachi fez a maior desfeita com um doce que eu tinha feito pra ele no orfanato. — Naruto comentou, indignado, já sentado em seu lugar no sofá.

— Aquilo tava horrível! — Sasuke fez uma careta só de lembrar.

— Não é verdade, fala pra eles, Gaara! — exclamou Uzumaki, com um bico emburrado se formando.

— É verdade sim, Naru. Desculpa, mas aquilo tava uma porcaria. — O Sabaku confirmou, e as exclamações chorosas e manhosas começaram. O trio YaNaTo começou a rir, e logo todos começavam a jogar na roda todas as vezes que haviam fingido gostar das receitas de Naruto apenas para deixá-lo feliz.

— Por Kami, vocês são uns falsos! – o Uzumaki exclamou, profundamente chocado e ofendido.

Deidara, se sentindo meio excluído da conversa na qual todos pareciam perfeitamente introduzidos, resolveu que iria se enturmar.

— Do que vocês estão falando? São todos órfãos aqui? – perguntou, encarando todos os presentes. Viu que todos se entreolharam, como veteranos preparando-se para palestrar sobre sua experiência de vida.

— Nem todos. Eu não sou. – comentou Jiraya, sorrindo. – Na verdade, eu sou o que teve a sorte de adotar um desses órfãos, vulgo o destrambelhado loiro ali. – apontou para Naruto. – Ah, e Tsunade não é também, era a enfermeira de Konoha.

— E você, Tachi? – perguntou Deidara, subitamente curioso e incomodado pelo pouco que sabia do anfitrião Uchiha.

Um ar pesado e nostálgico tomou todos na sala, pois a história de Itachi era o que os havia levado a melhor época de suas vidas no orfanato, e todos se sentiam culpados por estarem tão felizes quando algo tão triste acontecia na vida do Uchiha mais velho.

— Eu sou, sim. Eu e Sasuke, obviamente. – respondeu, suspirando alto. Não contaria para qualquer outra pessoa fora do círculo de Konoha, mas Deidara era especial, embora nem ele soubesse nem o porquê. – Ficamos órfãos quando eu já era maior de idade, meus pais morreram em um acidente de avião. Depois de uns dois anos vivendo sem saber o que era ter um pai e um mãe, resolvi que queria ajudar de alguma forma os que passavam pelo mesmo, então assumi o comando de Konoha depois de oferecer uma boa quantia por isso. Foi um inferno passar pelas burocracias, mas consegui.

— Ele melhorou tudo lá! – começou Yahiko, com um brilho especial no olhar. – Depois de Itachi, nós realmente formamos uma família, porque ele se preocupava com os órfãos e não deixava todos largados como normalmente fazem nesses lugares.

Deidara estava chocado e encantado. Se soubesse que havia encontrado um anjo na Terra, teria se permitido apaixonar antes. Talvez agora fosse até tarde demais, visto que começara a se relacionar com o outro passando uma ideia de não querer namoro. Resolveu guardar os pensamentos para si.

— Verdade. Apesar de ser meio desgraçado sádico e ficar assistindo as brigas enquanto ria, ele foi um bom diretor. – comentou Nagato.

— Não é diretor, é outra coisa… Esqueci… – Konan comentou, distraída com as pequenas tranças que ainda fazia no rabo de cavalo alto de Deidara.

— Pai é uma ótima definição. – Naruto decretou.

— Não exagera, seu puxa saco. – resmungou Sasuke no braço da poltrona do irmão, meio enciumado.

— Não é exagero, realmente o Ita foi um pai para todos no orfanato. – comentou Sakura, enquanto devorava mais uma taça cheia de sua torta, (modéstia a parte, para a Haruno estava deliciosa).

— Você também é órfã? – perguntou Deidara, subitamente curioso sobre a garota de cabelos rosa.

— Não, eu era assistente voluntária do orfanato. Eu oferecia ajuda nos serviços necessários, mas principalmente na enfermaria. Esses imbecis viviam brigando, principalmente o trio dos machinhos aí. – apontou Gaara e Naruto com o queixo, depois para Sasuke com o polegar.

— Machinhos que você gostava até demais. – resmungou Gaara, implicando. Gostava de Sakura, embora jamais fosse admitir. Sua forma de demonstrar era irritando-a.

— Na verdade, eu gostava só de um. – comentou, enigmática.

— Gostava, Sakura? Que porra é essa agora? – perguntou Sasuke, indignado.

O alvoroço começou a se instalar, pois os amigos não entendiam nada, e a curiosidade tomava todos. O Sabaku sentiu medo de que o tal "machinho" fosse Naruto e que aquilo acabasse em declarações.

— Ainda gosto, por isso estamos namorando, né! – ela respondeu em tom de obviedade, revirando os olhos enquanto enfiava uma colherada de sua sobremesa na boca.

O alvoroço se instalou de verdade naquele momento, com as vozes se alterando, sobrancelhas erguidas, mãos agitadas no ar e corações aliviados, mas esse último sintoma só era sentido por Gaara, e mais uma vez ele resolveu ignorar aquele sentimento estranho que tomava conta de si.

— Vocês estão namorando e não me contaram? Seus filhas da mãe, que droga de amigos fazem isso? – Naruto gritava, indignado, enquanto levantava-se do sofá com as mãos apoiadas no quadril.

— Estamos contando agora, animal. E segura o surto aí, não precisa ter ciúmes não. – retrucou Sasuke, em puro deboche.

— Mas olha, dessa nem eu sabia… Aliás, não imaginava sequer que tu fosse hétero, maninho, vivia correndo atrás do Naruto em Konoha. – comentou Itachi, encarando-o de perto enquanto ria das bochechas coradas do caçula.

— Verdade, Tachi, eu também fiquei surpresa com o pedido de namoro dele. Eu jurava que ele era gay! – a própria Sakura comentou, sem se abalar nem um pouco com a insinuação.

— Cara, ainda acho suspeito. – comentou Yahiko, rindo alto.

— Já chega de gracinhas, seus merdas. Eu gosto de garotas e estou com uma, o casal gay aqui que vocês tem que cogitar é Gaara e Naruto, porque eles estão sempre perto um do outro, e o ruivo aí falta surtar com qualquer aproximação alheia. – soltou Sasuke, querendo tirar o foco de si.

Todos riram e começaram a concordar, deixando o Sabaku constrangido. Naruto apenas ria, no fundo apreciando as insinuações – não que fosse dizer isso em voz alta, claro.

O gaydar de Deidara nunca falhava, e apitava de forma incessante quando estava perto do casal agora cogitado por todos. Apesar disso, não quis incitar a algazarra, pensando que seria melhor que os jovens decidissem se declarar sem aquela pressão e atenção toda. Sendo assim, intrometeu-se na conversa com o propósito de aquietar aqueles ânimos maliciosos.

— Tá, tá, mas enfim, vocês começaram a história e não terminaram. Como todos acabaram aqui? E o que aconteceu com o tal orfanato Konoha?

Aos poucos, as risadas foram cessando e o ar tornou-se sério . Dessa vez, o Sabaku resolveu tomar a frente das explicações.

— Fomos adotados e separados, e quase não conseguimos manter o contato. Não fosse Itachi movendo seus pauzinhos por saber quem adotou quem e os endereços, jamais teríamos esse encontro. Ele precisou se esforçar muito pra convencer os novos pais do pessoal para que eles abrissem mão de um natal para conceder esse encontro. Inclusive, eu acho que fui o único que não agradeceu como deveria . – encarou Itachi, envergonhado. – Obrigado, se não fosse por você, talvez nem nos veríamos mais… Obrigado mesmo por sempre fazer o melhor para melhorar nossas vidas, Tachi…

E a comoção foi geral. Todos exclamaram um "oooownt" em adoração à cena, surpresos. Gaara nunca havia sido de agradecer, muito menos de dar ou usar apelidos. O anfitrião Uchiha sentiu-se feliz por tamanho reconhecimento.

— Bom, agora é minha vez de chocar todos com uma notícia. – Jiraya anunciou, pigarreando. – Eu e Tsunade iremos finalmente nos casar.

— O quê? Como não me contou isso, velhote? Vocês são todos traidores! – exclamou o Uzumaki, indignado.

— Naru, é que queríamos todos esperar a reunião em família pra compartilhar as boas notícias juntos. Eu mesma também tenho uma novidade: Nagato é meu namorado. – revelou Konan, animada. O rapaz citado apenas sorriu sem graça.

— E eu namoro um garoto! – contou Yahiko, sorrindo apaixonado. – Ele não pôde vir porque tá com a nova família dele, mas vocês já conhecem o Sai, né?

— Tá brincando? Tu namora o esquisito afeminado que não sabia sentir? – Naruto perguntou. Céus, era uma revelação bombástica atrás da outra! Não que o Uzumaki tivesse problemas com garotos afeminados. Aquela era uma descrição normal para si, como loiro, ruivo, magro ou gordo. Um adjetivo normal que ajudava a reconhecer uma pessoa nas conversas. Seu estranhamento era devido a personalidade estranha e difícil do garoto em questão.

— Ah, isso… – Yahiko coçou a nuca, sem saber bem como explicar. – Ele é mesmo complicado, mas acho que ele só precisava de ajuda pra suas questões.

— O que importa é que estamos todos felizes. – Sakura falou, levantando-se do chão enquanto sorria. – E juntos.

— Isso, vamos fazer um brinde! – exclamou Tsunade, que só se manifestava para falar sobre beber. Sua face estava extremamente corada pelo excesso de álcool, mas todos ali já estavam acostumados.

— Sim, vamos. Aproveito pra anunciar agora que se o loirinho quiser, temos mais um casal confirmado para esse natal. – anunciou Itachi, levantando-se também enquanto deixava seu olhar encontrar o olhar de Deidara.

— Sua poc safada, sabe bem como contornar uma situação. – sorrindo e levantando-se do chão para ir de encontro ao outro, jogou-se em seus braços. – Eu aceito, e na próxima ceia, quero participar do hora do Peru. E se alguém vomitar em cima de novo, eu arranco o esôfago fora! – anunciou de forma ameaçadora.

— Ele definitivamente serve pra ser parte da nossa família, pessoal! – Naruto gritou, pegando uma garrafa de vinho e servindo à todos. Quando enfim já havia terminado, ergueu sua taça junto as outras e brindou pela família, pela saúde e felicidade de todos.

Isso que eram, afinal; companheiros de vida, uma verdadeira parentada que não se reunia por pura falsidade, mas sim pela saudade que sentiam, pois as dificuldades que haviam vivido tinha servido apenas para fortalecerem seus laços. Aquela era a família que possuía mais que laços de sangue – possuía laços de alma, do tipo que jamais seriam rompidos.

Eles eram a encarnação do espírito natalino, pois não importavam as dificuldades, a união reinaria sempre. E no final, nada mais importava.

~~~~~~~~~~~~

Parados na varanda, Gaara e Naruto observavam os flocos suaves de neve descerem do céu em encontro ao teto das casas ou ao chão. A neve voltara a cair apenas algumas horas antes, mas já fazia as casas ao redor brilharem ainda mais graças ao polimento gerado pelo gelo, e em conjunto com os pisca-piscas, tornava a pintura ainda mais bela.

A família de Konoha pulara a parte dos presentes embaixo da árvore de natal por dois motivos; não havia uma árvore, e também quase não haveria troca de presentes, visto que quase todos estavam duros e tinham gasto o pouco que possuíam na viagem. Os que tinham algo para dar o fariam provavelmente no particular, assim poupando os zerados de possíveis constrangimentos.

Gaara achava tudo aquilo perfeito, de certa forma odiaria dar o que possuía na frente dos amigos. Era algo muito particular para exibir à todos. Enfiando a mão no bolso na grande jaqueta, começou a pescar o embrulho vermelho em forma de cubo, que tinha o tamanho de sua palma da mão.

Sem querer quebrar o silêncio agradável, apenas esticou o braço e tocou o ombro do amigo, vendo-o virar-se para encará-lo. O Sabaku sorriu sem graça e entregou o presente, encantando-se secretamente com o brilho nos olhos alheios.

— Ei, ruivinho, não precisava. – comentou Naruto, embora abrisse o embrulho com ansiedade e extrema animação.

— Eu sei que não, mas eu quis. – deu de ombros, tentando disfarçar o nervosismo que sentia.

A caixinha foi aberta e seu conteúdo revelado com pressa. E céus, Naruto achou que iria enfartar!

Era um daqueles pequenos e graciosos globos de neve, que faziam os flocos de isopor agitarem-se ao serem balançados. O Uzumaki sempre havia achado aquele tipo de presente perfeito, e havia um quê a mais no seu pequeno globinho. O enfeite do meio se resumia a uma minúscula miniatura de biscuit representando um gatinho atrás de um cachorro, aparentemente cheirando seu fiofó em um daqueles cumprimentos estranhos dos animais.

Qualquer outra pessoa acharia tal presente estranho, ou mesmo ofensivo, mas Naruto achou incrível a singela analogia que Gaara fazia à bela amizade que nutriam. Quando achou que não podia melhorar, notou um pequeno cartão no fundo da caixa onde o globo viera embalado.

"Parabéns, você conseguiu cumprir sua promessa. Acima de tudo, obrigado por me mostrar a magia do natal e por iluminar meu mundo; não com pisca-piscas, mas sim com seu sorriso."

Ao terminar a leitura, Naruto sentiu algumas lágrimas de emoção escaparem dos seus olhos, descendo cálidas por seu rosto. Havia amado tudo, desde o presente até o cartãozinho.

— Eu sei que é meio simples demais e idiota, mas… — Gaara começou a se desculpar, porém foi interrompido de forma inesperada pelo amigo; com um leve selar de lábios totalmente impulsivo e desesperado.

O Sabaku arregalou os olhos tamanha foi a surpresa que o tomou naquele momento. Por alguns instantes, não soube reagir e acabou por gerar frustração em demasia no Uzumaki, que já preparava-se para separar-se do outro e se desculpar quando um braço envolveu sua cintura de forma firme e decidida.

Ao se recuperar da surpresa, Gaara havia resolvido agir — afinal, aquela era uma oportunidade única que não pretendia perder de modo algum! Assim sendo, pressionou a boca alheia com a sua própria, desejando aprofundar o contato. Levou algum tempo até que ambos conseguissem superar a vergonha e seguir com o beijo, mas quando enfim abriram os lábios e deixaram suas línguas se encontrarem, o mundo explodiu em novas sensações.

Borboletas voavam em ambos os estômagos, revirando-se em piruetas enquanto causavam arrepios por todo o corpo. As línguas enroscavam-se em uma lenta e suave valsa, e o vento ao redor tentava esfriar os garotos que subitamente haviam sidos acometidos por um calor intenso — nada como o calor carnal do desejo — mas sim uma queimação na alma, como se enfim ela se fizesse presente e viva.

Céus, finalmente os jovens sentiam-se cheios, completos — com aquele sentimento que muitos demoram décadas para descobrir, ou mesmo morrem sem saber que existe. O verdadeiro milagre de natal acontece quando um amor floresce em algum lugar, como acontecia naquele exato momento na varanda dos Uchiha.

E enfim, o mundo havia se iluminado. Pequenas revoluções acontecem assim, afinal; quando um ser humano em conjunto de outro consegue se tornar um pontinho luminoso de esperança no mundo, ao descobrir o código sagrado do amor, fazendo-o florescer e contagiar as pessoas ao redor.

24. Dezember 2019 16:49 0 Bericht Einbetten Follow einer Story
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Das Ende

Über den Autor

Artemísia Jackson Afogando as mágoas na escrita!

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