lara-one Lara One

Continuação da fic anterior. Depois de todas as coisas que aconteceram, os dois resolvem conversar sobre suas angústias. E há apenas um ponto em comum entre ambas... A que ponto está o relacionamento deles? O quão forte e grande?


Fan-Fiction Series/Doramas/Soap Operas Nur für über 21-Jährige (Erwachsene).

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S04#10 - TODAS AS COISAS... PARTE II

INTRODUÇÃO AO EPISÓDIO:

[Som: The Sky is Broken - Moby]

[A luz da lua ilumina o quarto na penumbra.]

[As cortinas do quarto são embaladas pela brisa suave que vem da varanda.]

[Portas abertas, mostrando o céu e as estrelas.]

[Panorâmica para a cama.]

Os dois nus. Mulder sentado sobre a cama. Scully sentada sobre Mulder, comprimindo o corpo dele entre suas pernas e apoiando as costas nas pernas dele. Ele com as mãos apoiadas na cama.

[Silêncio de ambos.]

Ela percorre seus dedos pelo peito de Mulder, suavemente. Ele fecha os olhos.

[Mágica.]

Scully segura-o pela cintura, e o guia de encontro a seu peito. Ele segura-se na cintura dela.

[Pernas enlaçadas. Braços enlaçados. Corpos enlaçados.]

Olham-se nos olhos. Encostam suas testas. Sentem a respiração um do outro. Scully abaixa a cabeça e Mulder beija-lhe a testa, carinhosamente.

[Amor, respeito e veneração.]

Ela olha pra ele. Ele olha pra ela. Perdem-se nos olhos um do outro.

[Olhares enlaçados.]

Ela desliza a ponta dos dedos pelo rosto dele, atenta, como se o estudasse. Ele pega as mãos dela, e as beija, reverenciando-a.

[Tempo que pára.]

Os dois tocam as palmas das mãos, num gesto de cumplicidade. Erguem as mãos ainda coladas palma a palma, e enlaçam seus dedos.

[Almas enlaçadas.]

Panorâmica para a parede, onde a silhueta dos dois parece uma só.

[Vidas enlaçadas]

VINHETA DE ABERTURA: A MAIOR DE TODAS AS VERDADES


BLOCO 1:

7:22 A.M.

Mulder dorme de bruços, com o lençol por cima da cintura. Scully entra no quarto, com uma bandeja de café da manhã. Coloca sobre a cama. Senta-se ao lado dele. Olha-o dormindo. Sorri. Ajeita o cabelo dele. Beija-o no rosto. Pega a bandeja e sai do quarto. Volta pra cozinha.


8:42 A.M.

Mulder sai pra varanda, segurando uma rosa vermelha na mão. Usa uma calça jeans e uma camisa branca, aberta, dobrada até os cotovelos, pés descalços. Apoia-se na amurada. Olha pro horizonte. Sorri. Desce as escadas e caminha até o mar.

Corta para Scully, sentada sobre as pernas, na beira da praia, olhando pro mar. Pés descalços, num vestido branco. Mulder aproxima-se. Senta-se ao lado dela.

MULDER: - (DEBOCHADO) Pensei que tinha ido embora.

SCULLY: - Acha que eu iria embora? Não sou louca!

MULDER: - Pensei que estava com medo de mim.

SCULLY: - Não tenho mais medo de você. Nem luto mais contra meu coração.

Mulder sorri. Coloca a rosa na orelha dela. Ajeita o cabelo de Scully. Os dois ficam se olhando com ternura.

SCULLY: - Hum, fiz um café tão gostoso, mas você dormia como um anjo...

MULDER: - Cansaço.

SCULLY: - (SORRI)

MULDER: - (SORRI)...

Mulder dobra os joelhos. Envolve os braços nos joelhos e olha pro mar.

MULDER: - O que estava fazendo aqui?

SCULLY: - Sentada e pensando.

MULDER: - (DESCONFIADO) Hum...

SCULLY: - E catando conchinhas.

Scully abaixa a cabeça, triste. Derruba algumas lágrimas, enquanto brinca com a barra do vestido. Seca as lágrimas com as mãos. Suspira, angustiada.

SCULLY: - ... Pra dizer a verdade, eu conversei com Deus, pensei em nós dois, no nosso bebê.

MULDER: - (SÉRIO) Estou agora sentado e pensando também.

SCULLY: - Em quê?

MULDER: - Em 500 mil dólares.

Scully olha pra ele. Mulder está preocupado.

MULDER: - Podia comprar aquela casa dos seus sonhos em Virgínia. Podíamos nos mudar. Ter sua mãe por perto. E haveria dinheiro o suficiente pra você tentar aquilo.

SCULLY: - ... Mulder, não. Não vamos nos vender pra ele. Você não está pensando seriamente em usar esse dinheiro.

MULDER: - Sério. Muito sério mesmo. E você tem que concordar comigo que ele não tem nada a ver com a nossa perda. Ele perdeu também, Scully. Mereceu perder, nós é que não merecíamos.

SCULLY: - ...

MULDER: - Definitivamente poderíamos viver juntos. Como uma família.

SCULLY: - (ASSUSTADA) Mulder, não acha que estamos pirando demais?

MULDER: - Qual é o problema? Ou quer passar a vida toda dentro daquele apartamento que só traz lembranças ruins? Não tem vontade de realmente virar a mesa, começar uma vida completamente nova? Scully, pra mim chega. Eu já te disse que sei a verdade e não me interessa mais nada. Minha vida mudou.

SCULLY: - ... (OLHA PRA ELE COMPADECIDA)

MULDER: - (OLHANDO PRO MAR) Estou cansado. Só trabalho porque preciso.

SCULLY: - ... Mulder, eu gosto do que faço e não pretendo deixar mais de 10 anos no FBI para trás. Eu gosto daquela loucura toda, de viajar por aí conhecendo pessoas diferentes, costumes estranhos... É uma coisa boa, diferente, fora do convencional.

MULDER: - Tá, eu gosto do que faço também. Mas eu gosto de você e acho que a coisa entre nós está ficando séria demais pra gente ficar fugindo, mentindo que nada nos afeta, que tudo está maravilhoso. Vamos continuar procurando nosso filho, Scully. Mas ter um lar não vai afetar em nada.

Ele olha pra ela. Ela está cabisbaixa, torcendo a barra do vestido, mãos trêmulas, nervosas.

MULDER: - Vai, fala.

SCULLY: - Não.

MULDER: - Esta decisão afeta você também.

SCULLY: - (OLHA PRA ELE) Me afeta, Mulder, mas eu não quero me intrometer nisso. Sabe o que penso. Sabe que por mim, eu iria até o inferno por você. Sabe que tudo o que mais quero é ter um lar com você. Conhece bem o tipo de vida que eu quero. E tenho medo de dizer isso e motivar você a dar um giro de 360 graus em sua vida. E tenho mais medo ainda que você um dia se arrependa e jogue na minha cara que eu fui a responsável pela sua decisão.

MULDER: - Não jogaria isso na sua cara. Isso vem de dentro de mim.

Ele olha pra ela. Gesticula com as mãos, angustiado.

MULDER: - Eu tô cansado. Cansado de mentir pra mim mesmo que tudo está perfeito, quando tudo não está. Estou de saco cheio dessa vidinha medíocre. Scully, eu mudei e também estou com medo. Tudo é novo pra mim. Olho pro mundo de uma maneira diferente e percebo coisas que antes eu não via. Percebo beleza, suavidade. Descobri o freio. Entende?

SCULLY: - (SUSPIRA) Mulder... E-eu... Eu não sei o que te dizer.

MULDER: - Nem eu sei o que pensar! Queria ter um assessor pra me dizer o que devo fazer. Não quero mais pensar, pensar dói e incomoda.

Ela aproxima-se dele e o abraça.

SCULLY: - Mulder, talvez seja cedo pra isso.

MULDER: - Cedo? Scully, estamos juntos há três anos! Como amigos eu já perdi as contas! Eu vou fazer 40 anos e continuo vivendo como um louco por aí!

SCULLY: - ...

MULDER: - Scully, eu quero parar. Eu preciso parar.

SCULLY: - Mulder, sabe bem que não pode parar.

MULDER: - Não falo dos Arquivos X, nem da nossa busca. Vou morrer ali se preciso for, para encontrar nosso filho, pra fazer justiça, pra mostrar a verdade e expor aquela gente. Eu falo que quero ter uma vida. Quero sair do meu emprego, chegar em casa, dar comida pro cachorro, cuidar do jardim, sentar no sofá e assistir novelas com você.

Ela sorri. Ele sorri também. Abaixa a cabeça.

MULDER: - Ai, Scully... O que você fez comigo?

SCULLY: - Eu? Eu tento me manter o mais longe possível das suas decisões. Eu só acato o que você decide.

MULDER: - Por que se anula?

SCULLY: - Sei lá. Como vou saber?

Os dois se olham. Riem.

SCULLY: - Mulder, eu te disse. Não quero que tome a minha vida como a sua. Pode se arrepender disso.

MULDER: - Mas não tomo a sua vida como a minha. Eu só tô com vontade de viver mais light... Isso não inclui o seu gelado de arroz integral sem gordura.

SCULLY: - (SORRI) Mulder, estamos estressados. Temos um mês aqui, pra admirar o pôr desse sol maravilhoso, esse mar, o cheiro de sal... Vamos relaxar e depois, com a cabeça no lugar, poderemos tomar uma decisão juntos.

Ela afaga os cabelos dele.

SCULLY: - Tá?

MULDER: - Tá. Mas eu tô cansado.

SCULLY: - (SORRINDO) E tá sofrendo.

MULDER: - (SORRI) Muito.

Ela ajoelha-se ao lado dele. O envolve nos braços. Ele fecha os olhos, como se isso o acalmasse.

SCULLY: - Então a gente sofre juntos. Cansa juntos.

MULDER: - ... (SORRI CANSADO)

SCULLY: - Mulder, digo que é cedo porque muita coisa mudou repentinamente. Você e seu pai, os Arquivos X, essa verdade, fiquei grávida, perdemos um filho, me mudei pro seu apartamento, temos um cachorro... Vamos com calma, Mulder. Sei que a gente dá certo juntos, mas é muita mudança pra tão pouco tempo. Não dá pra assimilar tudo.

Ele olha pra ela. Sério.

MULDER: - Eu quero um filho seu.

SCULLY: - ... (FECHA OS OLHOS)

MULDER: - E nós vamos tê-lo.

Ela solta-o. Senta-se ao lado dele, encostada nele. Dobra os joelhos.

SCULLY: - ...

MULDER: - (RAIVA) Juro aqui pra você, diante desse mar, desse sol, que nada, nem ninguém, vai impedir isto.

Ela encosta a cabeça no ombro dele. Olha pro mar. Ele envolve o braço nela.

MULDER: - (DECIDIDO) Vamos. Vamos ter um filho, um cachorro, peixinhos, uma casa e uma vida. Nem que eu tenha que me tornar um Canceroso Dois! Mentir, enganar, obstruir. Que se dane os outros, eu quero pensar em nós dois. E quero ver quem vai tentar me tirar isso. Eu agora tô mais esperto. Chega de levar na cabeça.

SCULLY: - E se Deus não quiser?

MULDER: - Bom, se Ele não quiser, o que eu posso fazer? Mas acho que ele quer. Ele me deu umas dicas bem espertas...

Ela sorri.

MULDER: - Aprendi que não posso lutar contra o inevitável. Aprendi meus limites. Mas aprendi também que eu tenho direito de viver. De sonhar, de buscar o melhor pra mim. E o melhor pra mim é você.

SCULLY: - ...

MULDER: - Tá, Scully. Esqueça a casa. Esqueça aqueles 500 mil. Vamos fazer umas economias.

SCULLY: - Pra quê?

MULDER: - Sabe pra quê.

SCULLY: - ... Mulder desista disso...

MULDER: - Se quer desistir, me avise agora, que eu desisto.

SCULLY: - (SUSPIRA)... Não. Não quero desistir.

MULDER: - Então está certo. A gente dá mais um tempo, até as coisas se ajeitarem, até eles se esquecerem quem sou e vamos ter nosso filho. Depois disso, caímos fora daqui.

SCULLY: - (SORRI) Podemos morar numa praia? Numa casinha com varanda...

MULDER: - Podemos morar em qualquer lugar que você queira. Afinal, sou um bom pescador...

Ela abraça-se nele. Os dois caem na areia, olhando um pro outro.

SCULLY: - Mas se for pescador, vai ter de sair de madrugada...

MULDER: - Tenho o dia todo pra compensar.

SCULLY: - Vou ter de limpar peixes?

MULDER: - Você adora retalhar seres vivos...

SCULLY: - (SORRI)

MULDER: - Imagina só, a gente longe disso tudo... Nossa casa, nossa família...

SCULLY: - (FECHA OS OLHOS)

MULDER: - Vivendo como simples mortais... Eu ensino o moleque a pescar...

SCULLY: - (SORRI) Mulder...

MULDER: - O que é?

Ela não fala nada. Apenas beija-o suavemente nos lábios.


11:52 A.M.

Os dois entram na casa. Mulder segurando alguns CDs na mão. Fecha a porta. Ela vai pra cozinha. Mulder aproxima-se do som.

MULDER: - Ainda bem que trouxemos coisas pra ouvir.

SCULLY: - ...

Mulder vai olhando os CDs.

MULDER: - Hum... Vejamos o que tem por aqui... (DEBOCHADO) Bryan Adams, Bryan Adams... Bryan Adams? Ô, Scully, sabia que Bryan Adams enriqueceu às suas custas?

Ela sai da cozinha. Olha pra ele.

SCULLY: - Como Moby e as ‘Sarinhas’ enriqueceram às suas.

MULDER: - Ah, não fala das minhas Sarinhas...

SCULLY: - Mulder, me dá uma ideia pro almoço.

MULDER: - Tá. Que tal um peixe?

SCULLY: - Onde vou conseguir um peixe à essas horas?

MULDER: - No restaurante.

Ele larga os CDs. Vai pra cozinha.

MULDER: - Quer sair daí? Vamos almoçar fora.

SCULLY: - Você? Querendo contato com os seres humanos?

MULDER: - Se não quiser peço algo por telefone.

SCULLY: - Odeia minha comida, não é?

MULDER: - Não. Não quero é você na cozinha. Estamos de férias, sai daí. Pára de encarnar a Maria, Scully. Isso me dá medo.

Ela sorri. Abre a geladeira.

SCULLY: - Que tal empanados de frango?

MULDER: - Que mulher teimosa. Sai daí!

Mulder afasta-a da geladeira. Começa a tirar um monte de coisas e coloca sobre a mesa. Ela olha pra ele, cruza os braços.

SCULLY: - O que está fazendo?

MULDER: - Vou cozinhar pra você.

SCULLY: - (DEBOCHADA) Mulder, não quero ‘almoçar às 3 da tarde’.

MULDER: - Então me ajuda.

Ela sorri.

SCULLY: - Mulder, me dá meus empanados de frango.

MULDER: - Toma.

SCULLY: - Agora coloca tudo isso de volta aí dentro. O arroz é por sua conta.

MULDER: - Sou um expert em arroz. Arroz é comigo mesmo.


12:44 P.M.

Os dois sentados à mesa, na cozinha. Comendo apenas salada e empanados de frango. Mulder olha pra ela.

MULDER: - Eu não disse que era um expert em arroz?

SCULLY: - (RINDO)

MULDER: - Arroz à João Paulo II, arroz papa... E arroz queimado.

Ela solta o garfo. Abaixa a cabeça rindo. Ele sorri.

MULDER: - Prometo fazer mais aulas com o Jeff Smith. Ou vou assistir ao programa da Marta Stewart.

SCULLY: - Mulder, você não existe...

MULDER: - Ou vou patentear o meu arroz. Posso vendê-lo ao FBI como arma.

SCULLY: - Aviso: eu lavo a louça. Seu método de se livrar da louça suja me preocupa. Não quero pagar pratos pra Ellen.

MULDER: - Juro que vou usar detergente, esponja e água.

O telefone toca. Os dois se olham, preocupados. Completamente neuróticos.

MULDER: - Quem sabe que estamos aqui?

SCULLY: - Mamãe. Mas não dei o número do telefone.

Scully levanta-se. Atende o telefone da cozinha.

SCULLY: - ... (RECEOSA) Sim?

Mulder olha pra ela, com medo. Scully abaixa a cabeça e ri. Olha pra Mulder, mais aliviada.

SCULLY: - Ô, Ellen...

Mulder respira aliviado.

SCULLY: - Não, desculpe... Pensamos que fosse alguém atrás de nós... O Mulder? Tá sim. Estamos almoçando...

Mulder abaixa a cabeça rindo.

SCULLY: - Não, não atrapalhou nada não... Tá brincando! Sua casa é linda, eu nem tenho vontade mais de sair daqui... Tudo está perfeito, o lugar é ótimo... Sério? Tá, eu digo pro Mulder...

Ela vira-se para a parede. Mulder a observa. Ela fala baixinho alguma coisa ao telefone. Mulder olha desconfiado. Ela vira-se, olha pra ele, sorri. Vira-se pra parede de novo.

MULDER: - Ai, ai, ai... Por que tenho a sensação de que minha orelha está ficando quente?

Scully aumenta a voz.

SCULLY: - Tá, Ellen... Certo... Um beijinho pra ele também.

Scully desliga. Senta-se à mesa. Mulder apóia os cotovelos na mesa e olha pra ela.

MULDER: - O que estavam cochichando?

SCULLY: - Nada.

MULDER: - ...(DESCONFIADO)

Ela ri.

MULDER: - Tá, nem quero saber!

SCULLY: - Ela mandou dizer que podemos vir pra cá quando quisermos.

MULDER: - ... (DESCONFIADO)

SCULLY: - Ela só queria saber se tudo estava bem.

MULDER: - ... (DESCONFIADO)

Ela começa a rir. Mulder abaixa a cabeça, rindo.

MULDER: - Mulheres...


4:32 P.M.

Scully, deitada na cama, acorda-se. Ergue a cabeça. Olha pro relógio na cômoda. Deita a cabeça no travesseiro. Passa as mãos no rosto. Mulder sai do banheiro, cabelos molhados, de calça social e com a camisa aberta.

MULDER: - Boa tarde, Bela Adormecida.

SCULLY: - Ai, acho que dormi demais... Como terminou o jogo?

MULDER: - 98 a 76. Pra nós.

Ela se espreguiça.

SCULLY: - O que foi fazer?

MULDER: - Tomar um banho. A preguiça tava batendo. Hoje tá um calor infernal.

SCULLY: - Aonde vai?

MULDER: - Preciso sair e resolver uma coisinha.

SCULLY: - Que coisinha?

MULDER: - Uma coisinha.

SCULLY: - Mulder... Que coisinha você vai resolver de paletó e gravata?

MULDER: - Negócios. Mas não vou colocar gravata.

SCULLY: - Ah, negócios. Tem pernas bonitas nessa história?

MULDER: - Não. Sabe que só traio você com a Mistery...

SCULLY: - (PIDONA) Ai, Mulder, não sai não.

Ela senta-se na cama.

SCULLY: - Seus negócios não podem esperar?

MULDER: - Não, Scully. Você já deve imaginar o que eu vou fazer.

SCULLY: - ... (ELA FECHA OS OLHOS)

MULDER: - Eu não te prometi? Preciso tentar. Vou pedir uma outra opinião profissional.

SCULLY: - ... Tá. Volta cedo?

MULDER: - Antes do jantar. E eu trago o jantar.

Ele pega as chaves do carro e o paletó. Aproxima-se dela. Inclina-se e a beija.

MULDER: - Sabe que eu resisto, porque sou teimoso.

SCULLY: - Ainda bem que é teimoso. Quer que eu vá com você?

MULDER: - Não. Tenho de enfrentar isso sozinho.

SCULLY: - (SUSPIRA)... Tem certeza?

MULDER: - Tenho.

Mulder sai do quarto. Scully perde o olhar pro nada, angustiada. Fecha os olhos.


BLOCO 2:

9:42 P.M.

Scully anda pelo jardim, de braços cruzados, de um lado para o outro, olhando preocupada para a estrada. Nenhum movimento. Ela pega o celular. Aperta uma tecla. Olha para a estrada. As luzes de um carro aproximam-se. Ela desliga o celular. Mulder estaciona o carro. Desce. Ela corre até ele e o abraça.

MULDER: - (SURPRESO) O que foi?

Ela começa a chorar.

MULDER: - (PREOCUPADO) Scully, o que foi?

Ela afasta-se dele, seca as lágrimas com as mãos trêmulas. Sorri.

SCULLY: - Desculpe...

Mulder olha pra ela ternamente, entendendo o medo. A abraça. Fecha os olhos, acaricia as costas dela. Lhe dá um beijo na testa.

MULDER: - Vem, vamos pra dentro. Eu estou aqui, está bem?

SCULLY: - Tentei seu celular umas 10 vezes...

MULDER: - Me desculpe, eu esqueci de ligá-lo.

Eles caminham abraçados até a porta. Ele olha pra ela, ternamente.

MULDER: - Deixei o jantar no carro. Posso pegá-lo ou quer ir comigo?

Ela sorri, ainda secando as lágrimas.

MULDER: - (PREOCUPADO COM ELA) Scully...

Ela se agarra nele e desaba no choro.

SCULLY: - Pensei que tinham levado você de novo!

MULDER: - (A ABRAÇA/ FECHANDO OS OLHOS) Eles nunca mais vão me levar. Não chora, tá?

SCULLY: - (CHORANDO) Eu não quero mais que você saia sozinho... Eu tenho medo!

MULDER: - Tá, eu não saio mais sozinho. Vem comigo até o carro.

Ele dá a mão pra ela. Eles voltam pro carro. Mulder abre o porta malas.

MULDER: - Trouxe algo pro jantar e trouxe algumas coisinhas. Tem gelado de arroz aqui pra você.

Ela sorri.

MULDER: - E tem outra coisa...

Ele tira um embrulho de presente enorme.

MULDER: - Leva isto que eu levo os pacotes.

SCULLY: - O que é isto?

MULDER: - Pra você.

Ela brilha os olhos, derrubando lágrimas.

MULDER: - E pára de chorar. Eu não valho uma lágrima sua.

SCULLY: - Não. Vale mais do que uma. Vale todas as que eu tiver e ainda assim faltaria.

Ele sorri. Pega os pacotes. Fecha o carro. Caminham um ao lado do outro. Ela mal consegue segurar a caixa.

MULDER: - Tá pesado?

SCULLY: - Não, é leve, mas é grande demais.

MULDER: - Do tamanho do seu coração.

Eles entram na casa. Mulder fecha a porta com o pé. Vai pra cozinha. Ela coloca a enorme caixa sobre o sofá. Vai pra cozinha. Ele guarda as compras. Ela olha pra ele, apreensiva.

SCULLY: - Então?

Mulder olha pra ela. Sorri.

MULDER: - Tenho 50% de chances.

SCULLY: - (SORRI) Sério?

MULDER: - São bastantes para a situação.

SCULLY: - Sim, são mesmo.

MULDER: - Ele disse que não preciso me preocupar. Temos tempo, o quadro pode se reverter... Embora eu não acredite que isso aconteça... Exposição à radiação é irreversível. Acho que ele estava tentando me animar.

Os dois se abraçam.

MULDER: - Então, Scully, podemos comemorar... Não vai abrir seu presente?

SCULLY: - Desculpe, estava querendo saber o que o médico lhe disse.

Ela volta pra sala. Ele atrás dela. Scully começa a abrir a caixa. Mulder escora-se no marco da porta e a observa, sorrindo.

MULDER: - Acho que vai gostar. Você gosta dessas coisas...

SCULLY: - Ai, Mulder, tem papel demais aqui. Esse laço tá apertado.

MULDER: - Aplique um golpe de Scully Lee...

Ela sorri. Abre a caixa. Olha incrédula, num sorriso.

SCULLY: - Não... Isso não é o que estou pensando que é.

MULDER: - É.

SCULLY: - (EMOCIONADA) Mulder... E-eu...

MULDER: - Não diz nada. Quando estiver pronta pra usá-lo, me avise. Eu te disse que não tenho mais tempo pra perder.

Ela põe as mãos sobre os lábios. Derruba lágrimas de felicidade. Mulder sorri.

MULDER: - Eu sabia que você o queria.

SCULLY: - Como sabia?

MULDER: - Eu sou um agente do FBI, Scully. Eu analiso o comportamento das pessoas. E todos os dias, quando a gente saía pra almoçar, você sempre disfarçava e parava na frente daquela loja e olhava, com tanto desejo pra isso... Você não sabe mentir, Scully. Eu sei que é o seu sonho. E não me custa realizá-lo. É muito pouco o que me pede.

SCULLY: - (SORRI) Foi até Washington buscar isso?

MULDER: - Disse que tinha negócios pra resolver.

Ele vai pra cozinha, sorrindo. Ela olha pra caixa. Retira o vestido branco de noiva e o abraça, emocionada.


11:32 P.M.

Scully, sentada no sofá, lê uma revista. Vestida com uma camiseta de Mulder, dos Knicks, que mais lhe parece um vestido. Mulder olha pela janela. Olhar distante. Camisa aberta, escorado com a palma da mão na parede. Mulder abaixa a cabeça. Respira fundo. Caminha até o bar. Scully olha com o rabo dos olhos pra ele. Mulder serve um uísque. Scully larga a revista sobre a mesa de centro.

SCULLY: - Tem certeza de que não quer conversar?

MULDER: - Não.

SCULLY: - Alguma coisa errada?

MULDER: - Não.

SCULLY: - Então por que está bebendo isso?

Ele sorri. Larga o copo.

MULDER: - Estou nervoso.

SCULLY: - Tudo vai dar certo. E não deve precipitar as coisas Mulder. Ainda é cedo pra se preocupar com isso.

MULDER: - Estou preocupado com isso. Não pode pedir que não me preocupe.

SCULLY: - ...

MULDER: - Desculpe. A gente veio pra se divertir e eu fico falando de problemas.

SCULLY: - Vem aqui, vem. Pára de ficar imaginando coisas.

MULDER: - Eu tô nervoso com isso.

SCULLY: - Mulder, relaxa. Se ficar imaginando que não vai superar isso, realmente nunca vai superar. Precisa ter fé, Mulder. Olha pra mim! Acha que perdi minha esperança quando vi o que fizeram comigo?

MULDER: - É, mas você tinha a chance ali.

SCULLY: - Quem sabe eu não negocio a sua chance também? Sabe se ela não existe?

MULDER: - O Fumacinha foi embora, Scully.

SCULLY: - Eu o encontro. Quero dar uns tapas naquela cara cretina e deslavada dele. Uns bons tapas.

MULDER: - ...

SCULLY: - Sabe de uma coisa? Nem pode imaginar o que eu descobri.

MULDER: - O que descobriu?

SCULLY: - Aquele Fumacinha desgraçado esteve na casa da minha mãe! Passaram a tarde juntos, tomaram café e ela até fumou com ele!

Mulder olha pra ela em pânico. Scully sorri, debochada.

SCULLY: - Até que seria bem engraçado.

MULDER: - (PÂNICO) Scully, não fala isso nem brincando...

SCULLY: - (DEBOCHADA) Meg gostou dele... Afinal, é o pai do Mulder... Se o Mulder é maravilhoso, o pai dele também deve ser... Acho que na verdade, ela quer um Mulder pra ela também.

MULDER: - (CATATÔNICO/ BOQUIABERTO)

SCULLY: - Ela disse que achou ele bem interessante. Um homem educado, refinado... Ele é sozinho, ela sozinha. Ele acredita em discos voadores, ela não... Ele não acredita em Deus, ela acredita... Ele tem teorias caóticas sobre as coisas, ela é mais racional... Bom, assim fica tudo em família...

Mulder passa as mãos pelo rosto, incrédulo. Olha pra ela.

MULDER: - (ASSUSTADO) Meg disse isso?

SCULLY: - (RINDO) Não.

MULDER: - Scully, se quer que eu tenha um enfarte, você tá conseguindo.

Mulder caminha até ela. Anda de um lado para o outro, mais tenso ainda. Scully olha pra ele.

SCULLY: - Mulder, por favor, quer relaxar?

MULDER: - É esse o jeito que você encontra pra me ajudar a relaxar? Por um momento imaginei os feriados na companhia do Canceroso... Abraçado na Meg... Fazendo churrasco! (PÂNICO) Eu teria de andar armado, sem desgrudar de você por um momento! Imagina trocar presentinhos de natal com ele! Poderia receber uma bomba... Outro transplante cerebral! Um feto alienígena! Ele poderia abduzir sua mãe! Nunca encontraríamos seu corpo!

Scully olha pra ele, boquiaberta com tanta neurose.

MULDER: - Não, nunca poderíamos ter filhos! Eu teria medo de deixar as crianças perto dele... Seu irmão iria me matar! Ou na pior das hipóteses, Bill iria brigar com ele e desapareceria misteriosamente... Homens engravatados frequentando a casa da sua mãe... A sede do sindicato toda iria parar ali, com direito a chazinho e bolo de laranja... (NERVOSO) Acho que preciso de uma bebida.

Scully abaixa a cabeça e ri. Ele continua nervoso. Anda de um lado pra outro.

SCULLY: - ... (OLHANDO SÉRIA PRA ELE)

MULDER: - Eu tô tenso.

SCULLY: - ... Desliga.

MULDER: - Não consigo me desligar!

SCULLY: - Mulder, o que nós dois prometemos?

MULDER: - Que não falaríamos nisso.

SCULLY: - E o que você está fazendo?

MULDER: - Falando nisso.

SCULLY: - Tá vendo?


11:32 P.M.

[Som: Tu – Sarah Brightman]

Mulder continua nervoso, de um lado para o outro. Ela sentada no sofá o observa. Olha-o de cima a baixo. Ele não percebe, está tenso demais. O caminhar dele faz a camisa aberta lentamente mover-se com a brisa que entra pela janela. Scully admira-o. Admira a sensualidade que ele transpira por natureza. Fecha os olhos, inebriada com a presença dele. Com o seu perfume, que a brisa espalha pelo ambiente, iluminado apenas pelos abajures. Scully está alheia ao nervosismo de Mulder, perdida em seus devaneios mais profundos. Cega de paixão. Cega de desejo. Tempo que pára. Conflitos internos. Coração que deseja, corpo que quer. Ela abre os olhos. Olha-o com um desejo incontido. Larga novamente a revista.

SCULLY: - Mulder.

MULDER: - ...

SCULLY: - Mulder, pára!

MULDER: - Não dá.

SCULLY: - Vem aqui.

Ele aproxima-se dela. Ela ergue a cabeça, ainda sentada no sofá. Olha pra ele.

SCULLY: - Tá nervosinho, não é?

MULDER: - Tô. Bem nervosinho. Dos nervos mesmo, não do jeito que você pensa.

Ela o puxa pela cintura das calças, num impacto. Ele arregala os olhos, assustado.

SCULLY: - Vou te fazer ficar bem calminho.

MULDER: - ???

Ela afasta a camisa aberta dele com as mãos, segurando-o pelos quadris. Aproxima seus lábios lentamente e distribui beijos suaves por sua barriga, mordiscando-o, com desejo, enquanto desliza uma das mãos por sobre sua calça. Ele fecha os olhos. Fica mais tenso.

MULDER: - Scully, não...

SCULLY: - ...

Ela passa a língua pela barriga dele. O afaga com o nariz, inebriada em seu perfume. Desata seu cinto. Mulder olha pra baixo. Nervoso, sentindo em sua pele, a respiração quente de Scully.

MULDER: - Scully... Scully, não... Por favor... E-eu tô tenso demais.

Mulder tenta se afastar. Culpa. Scully o segura pelas calças. Desejo. Ela desliza uma das mãos pela barriga de Mulder, estudando-o com os olhos. A outra, por sobre suas calças, suavemente, sentindo sua excitação. Ele fecha os olhos, não pode se conter. Ela beija-lhe novamente a barriga, com ternura.

SCULLY: - (MURMURA) Se não quer, por que me deseja?

MULDER: - ... (OFEGANTE)

SCULLY: - (SÉRIA/ DESEJANDO-O) Eu quero você. De todas as maneiras. Todas as coisas. Com perdão das que não faltam.

MULDER: - Vamos fazer o seguinte... Que tal umas pipocas, um filme, eu posso relaxar assim, hein? Que tal?

Ela ajoelha-se na frente dele. Mulder em pânico.

MULDER: - (NERVOSO) Ou a gente pode sair, ir dançar, hum? Vá vestir uma roupa, você gosta de gente, não é? E-eu posso relaxar assim e...

Ela abre o zíper dele. Ele respira, fundo, ofegante, a desejando, mas com medo.

MULDER: - Scully, por favor... Isso não.

Scully olha pra ele.

SCULLY: - Por que isso não?

MULDER: - ...

SCULLY: - Por quê?

Ele fecha os olhos.

MULDER: - (ANGUSTIADO)... Culpa.

SCULLY: - Pois me diga que culpa existe aqui?

MULDER: - Respeito demais... Sentimento demais.

SCULLY: - ...

MULDER: - (RELUTA PRA DIZER/ COM MEDO) Amo tanto você que acredito não ter direito a nenhum prazer... Meu direito é te dar prazer. É te venerar. Você é o que importa... Eu não. O resto é só medo e culpa.

Ela olha pra ele, ternamente.

SCULLY: - Mulder, olha pra mim.

Ele reluta.

SCULLY: - Mulder.

Ele abaixa a cabeça e olha pra ela.

SCULLY: - Sou uma deusa, é isso? Pois eu amo tanto você, que caí para ser uma mortal. Me deixa ser mortal, Mulder. Eu serei mais feliz.

Ele sorri. Meigo.

SCULLY: - Sem medos, Mulder. Sei como expulsá-los daqui. Ambos sabemos como.

MULDER: - ...

SCULLY: - (DEBOCHADA) Ora de ‘você’ revirar os olhinhos, Mulder.

MULDER: - (SORRI) Não!

SCULLY: - ...

MULDER: - Eu e a minha maldita boca! O feitiço... Vira contra o... (OFEGANTE) feiticeiro... Hum, Scully...

Ele fecha os olhos. Respiração tensa. Mulder envolve as mãos nos cabelos dela. Inclina a cabeça pra trás, soltando um gemido. Agarra-se nos cabelos dela, ofegante, respiração descompassada.

MULDER: - ... Hum, Scully... Ai, céus, mulher... Você me deixa maluco...

SCULLY: - ...

MULDER: - ... Scully pára com isso... Hum... Ai, Scully!

SCULLY: - ...

MULDER: - Scully, por favor... Não me provoca... Eu tô passando mal... isso deixa meu cérebro entorpecido...

Mulder olha pra ela, afagando seus cabelos. Fecha os olhos, em êxtase. Sente que ela o puxa contra si. Solta um gemido. Respiração tensa.

SCULLY: - ... Relaxa, Mulder...

MULDER: - (OFEGANTE) Acho que estou prestes a desabar no chão de tão relaxado...

Ele enlouquece com os movimentos da boca e língua de Scully. Tenta se controlar, mas não consegue. Move seu corpo contra ela, agarrando-lhe os cabelos. Ofegante. Respiração descompassada.

MULDER: - (SUPLICA) Hum, Scully... Não me provoca... Não quero te machucar... Pára, eu não aguento mais.

SCULLY: - Quer mesmo que eu pare?

MULDER: - Quero. (OFEGANTE/ INEBRIADO) Eu tô explodindo, doido pra sentir você.

Ela levanta-se. Suavemente, com os dedos, afasta a camisa de Mulder por seus ombros. Desliza mãos e língua pelo peito dele. Mordisca seu mamilo. Suga-o. Mulder respira com dificuldades, a pele arrepiada. Completamente excitado. Ela olha pra ele, o provoca.

SCULLY: - Tá mais calminho?

MULDER: - Não. (OFEGANTE) Agora tô mais ‘nervoso’.

SCULLY: - (DEBOCHADA) Que peninha... É, fazer o quê, Mulder? Você não se anima com nada mesmo. Nada que euzinha faça...

MULDER: - (OLHANDO-A COM DESEJO, RESPIRANDO COM DIFICULDADES)

SCULLY: - (PROVOCANDO/ DESLIZANDO AS MÃOS PELO PEITO DELE) Melhor ir dormir. Você nunca reage como euzinha espero. Você não comete loucurinhas. E logo hoje, que eu queria fazer um enorme escândalozinho por aqui, já que não temos vizinhos mesmo... Tô precisando de um bom exorcismo... Sabe? Acho que tem muita maldade e coisas pervertidas dentro de mimzinha... Eu só queria revirar os olhinhos... Gritar um pouquinho...

MULDER: - Eu... (OFEGANTE) Eu vou te fazer revirar os olhinhos... Pode acreditar nisso. Você vai gritar e muito!

SCULLY: - (ERGUE AS SOBRANCELHAS)

MULDER: - (DEBOCHADO) Hora do exorcismo, Scully... Vem aqui que eu vou tirar toda essa maldade que existe dentro de você...

Ele a agarra pelos cabelos, colocando a língua em sua boca, devorando os lábios dela. Ela agarra-se nele, erguendo sua perna, esfregando-a nele. Mulder a vira de costas, bruscamente. A faz ajoelhar-se sobre o sofá, deitando-a por sobre o encosto, enquanto inclina seu corpo junto com o dela. Ela fecha os olhos, sem reagir. Ele desliza as mãos por baixo da camisa dela, massageando sua barriga, agarrando-lhe os seios, beijando-lhe as costas, subindo, devorando sua nuca. Scully agarra-se no encosto do sofá. Ofegante. Mulder levanta a camisa dela. Scully fecha os olhos.

MULDER: - Scully, eu não quero te machucar... mas você tá me deixando maluco...

SCULLY: - Eu te quero como um louco dentro de mim...

MULDER: - ...

SCULLY: - (MANHOSA/ PROVOCANDO-O) Eu me rendo! Não machuca euzinha...

MULDER: - Nem posso... Você disse que não sentia nada, não é?

Ela grita ao senti-lo entrar nela bruscamente. Agarra-se mais no sofá. Ele ergue-se. Inclina a cabeça para trás, a segura pela cintura com uma das mãos, movendo seu corpo contra o dela, enlouquecido. Com a outra mão, agarra os cabelos dela, puxando-os pra trás. Ela solta um gemido, ofegante.

SCULLY: - Hum, Mulder... Ai!

MULDER: - Não queria... Revirar os olhinhos?

SCULLY: - (GEMENDO) Posso gritar?

MULDER: - ... Deve.

Ela grita enlouquecida de prazer.

MULDER: - Aviso... Scully...

SCULLY: - (MORDENDO OS LÁBIOS)

MULDER: - Quanto mais... Você grita... Mais eu... Fico empolgado.

Ela grita de novo pra provoca-lo. Ele move o corpo mais rapidamente contra o dela.

SCULLY: - Ai, Mulder, você... me deixa louca quando me agarra... desse jeito... Assim, Mulder... O, céus! Assim!... Selvagem... Eu quero você selvagem... bem selvagem...

Scully respira com dificuldades, ofegante. Ele inclina-se sobre ela. A puxa pelos cabelos. Os dois trocam um beijo de língua. Com a outra mão, ele a segura pela cintura. Ele roça seus lábios pelo rosto e pescoço dela, enquanto segura seus cabelos.

MULDER: - (MURMURA) Você me deixa doido, Scully... Fora de mim.

Ela solta gemidos, envolvendo sua mão no pescoço dele. Fecha os olhos.


11:58 P.M.

Mulder sai da cozinha, com um copo de leite na mão. Olha pro sofá. Ri.

MULDER: - Ainda está aí?

Scully deitada no sofá, completamente enebriada. Respira com dificuldades.

SCULLY: - Cala a boca, Mulder... Ainda estou... Sentindo coisinhas...

MULDER: - Puxa, que inveja!

Mulder olha pro relógio em seu pulso.

MULDER: - Scully, está aí há mais de 10 minutos.

SCULLY: - (DE OLHOS FECHADOS) Hum... E não quero... Parar de sentir... O que estou sentindo...

MULDER: - Ah, Scully, não exagera!

SCULLY: - (ABRE OS OLHOS) Vem aqui.

Mulder aproxima-se. Ela pega a mão dele e a coloca sobre seu peito. Ele arregala os olhos.

MULDER: - Credo, parece que seu coração vai saltar fora!

SCULLY: - Ai, que sensação boa...

Mulder senta-se do lado dela. Rindo. Liga a TV.

MULDER: - Se você colocar seus pés no meu colo, eu posso me sentar mais confortavelmente...

SCULLY: - Não dá. Não consigo me mexer. Estou sentindo uma corrente elétrica percorrer todo o meu corpo.

Ele sorri.

MULDER: - Quer um leitinho?

SCULLY: - Me dê 10 minutos...

Ele mostra o copo.

SCULLY: - Ah, não. Obrigada...

Mulder segura o riso, balançando a cabeça negativamente. Coloca o copo sobre a mesa de centro. A observa. Olha pro relógio.

MULDER: - (ASSUSTADO) 11 minutos... Isto é recorde internacional!

SCULLY: - Acredite... Realmente é.

MULDER: - Tem certeza de que não quer que eu chame um médico?

SCULLY: - Não.

Ela senta-se no sofá. Mulder olha debochado pra ela.

SCULLY: - Nossa, Mulder, você me deixou zonza. Tontinha...

MULDER: - Passou?

SCULLY: - Infelizmente... Mulder, não sei o que você fez, mas, por favor, faça sempre.

MULDER: - Eu? Não foi você quem disse que as mulheres são responsáveis por seus próprios orgasmos?

SCULLY: - Retiro o que disse. Esse eu não conhecia ainda.

MULDER: - ...

SCULLY: - Acho que era um orgasmo alienígena.

Mulder começa a rir. Ela olha pra TV, suspirando.

SCULLY: - Preciso de um banho.

MULDER: - Pra quê? Vou te molestar a noite toda.

SCULLY: - Me moleste, Mulder, mas não exagere. Meu coração pode não aguentar outro daqueles.

Ela deita-se com a cabeça no colo dele. Encolhe as pernas. Mulder afaga seus cabelos. Ela fecha os olhos.

SCULLY: - Tô mortinha.

MULDER: - Dorme.

SCULLY: - Não consigo.

MULDER: - Eu te ajudo.

SCULLY: - Não quero dormir. Não quero perder essa noite. Já dormi a tarde toda pra ficar acordada.

MULDER: - (DEBOCHADO) Dorme. Eu te acordo, não se preocupe. Pode acreditar que eu te acordo.

SCULLY: - Hum... Vai me acordar daquele jeitinho?

MULDER: - Eu tenho que te incomodar no meio da madrugada...

SCULLY: - Então me leva pra cama. Aqui não vai dar.

Ele sorri. Levanta-se. Desliga a TV. A toma nos braços. Leva-a pro quarto.

Mulder entra no quarto e a coloca na cama. Cobre-a com o lençol. Ela bate no colchão.

SCULLY: - Vem.

MULDER: - Vou verificar as portas.

SCULLY: - Deixe as portas. Eu verifiquei.

MULDER: - Posso ao menos tirar a roupa? Tomar um banho?

SCULLY: - (SORRI MALICIOSA) Banho? Hum, claro que pode.

Ele vai pro banheiro. Ela salta da cama e vai atrás dele correndo. Fecha a porta.

Close da porta se fechando. Escuta-se a voz dos dois.

SCULLY: - Tá mais calminho depois daquilo?

MULDER: - Bem mais calminho.

SCULLY: - Ótimo. Por que eu estou agitada agora... Tá um calor horrível, não é?

MULDER: - Já pra aquele chuveiro, mulher! E não discuta comigo!

SCULLY: - (RINDO) Chuveiro? Oba!

MULDER: - Scully, sua depravada.

SCULLY: - (DEBOCHADA) Enigma pra você, Mulder: sabe qual a utilidade de um porta toalhas dentro do box?

MULDER: - (DEBOCHADO) Não se preocupe, Scully. Eu sou perito em enigmas. Descubro rapidinho...


BLOCO 3:

12:49 A.M.

Scully, deitada nua, puxa o lençol pra cima de si. Mulder deita-se ao lado dela, usando a calça do pijama. Beija-a no rosto. Apaga a luz do abajur. O quarto fica na penumbra. Mulder encosta-se nela.

MULDER: - Deus, que pé frio!

SCULLY: - Eu sou toda fria.

MULDER: - Credo! Tá horrível de quente!

SCULLY: - Mas o que posso fazer se eu tenho frio? Você é que tem muito calor pro meu gosto.

MULDER: - Vem, vou te esquentar. Pelo menos acabo me refrescando.

Mulder agarra-se em Scully, colocando a perna por cima dela. Ela ajeita a cabeça no travesseiro, sorrindo. Vai se chegando de costas contra o corpo dele.

SCULLY: - Hum, que saudade de sentir você me esquentando assim...

MULDER: - Não chega muito não, Scully. Ou a coisa por aqui vai esquentar realmente.

SCULLY: - ... (SORRI) Adoraria isso. Sabe que adoro.

MULDER: - Temos que perder essa mania de dormir grudados um no outro. Ou vamos ter sérios problemas musculares. Casais normais costumam dormir bem longe um do outro. No máximo, encostadinhos. Não agarrados desse jeito.

SCULLY: - Não somos um casal normal, Mulder. Preciso do teu abraço pra poder dormir. Se não sinto seu calor, eu fico com insônia.

MULDER: - Quer trocar de lado da cama? Eu estou com dor nesse braço hoje.

Scully passa por cima do corpo dele. Vira-se de costas pra Mulder. Ele a agarra. Coloca a perna e o braço por cima dela. Ela se aconchega nele e fecha os olhos.

SCULLY: - Melhorou?

MULDER: - Bastante.

SCULLY: - Se quiser eu te agarro hoje.

MULDER: - Não tá bom assim. É que eu tô meio mal intencionado.

SCULLY: - Sei...

MULDER: - Posso acordar no meio da madrugada...

SCULLY: - Você ou o Raposão?

MULDER: - (RINDO)

SCULLY: - Liga a TV, Mulder. Me acostumei a dormir com a TV ligada por sua causa.

Mulder ergue-se. Pega o controle. Liga a TV bem baixinho.

MULDER: - Algum canal preferido?

SCULLY: - Discovery. Gosto de dormir ouvindo coisas sobre bichinhos...

Mulder troca de canal. Deita-se. Agarra-se nela de novo. Fecha os olhos. Apenas a TV quebra o silêncio e a penumbra do quarto.

TV (OFF): - ... De todos os mamíferos. Entretanto, de acordo com pesquisadores, a raposa...

Ela solta uma risada de Gillian. Ele ergue a cabeça e olha pra ela, debochado. Ela fecha os olhos, mantendo um sorriso debochado no rosto. Ele acena negativamente com a cabeça. Recosta-se no travesseiro, contra a nuca de Scully. Fecha os olhos.

TV (OFF): - Ao contrário do que as pessoas pensam, a raposa não é um animal tão esperto...

SCULLY: - (RINDO) Realmente...

TV (OFF): - As pessoas costumam associar a raposa à esperteza, diz o cientista e biólogo, professor Calvin Bermann. Há 15 anos ele vem estudando o comportamento das raposas no sul dos Estados Unidos...

Os dois de olhos fechados.

TV (OFF): - A raposa é um animal dócil se domesticado.

Scully ri.

MULDER: - (SEGURANDO O RISO) Vai, vai dormir, vai.

TV (OFF): - Algumas pessoas costumam criar raposas em suas casas, como animais de estimação. São animais dóceis, companheiros.

SCULLY: - (DEBOCHADA) Verdade... Bem mansinhos!

MULDER: - (DEBOCHADO) Esse ‘mansinho’ me soou bem pejorativo... Se me tirar pra corno, Scully, mansinho é o que eu não vou ser.

Ela ri.

TV (OFF): - ... Raros acidentes envolvendo homens e raposas aconteceram. Como em toda a natureza, a raposa só torna-se agressiva se for ameaçada. Sempre aconselhamos as pessoas a não tentarem meter a mão na toca da raposa...

Scully dá uma gargalhada.

MULDER: - Do que está rindo?

SCULLY: - (DEBOCHADA/ RINDO) Por que eu sei onde fica a toca da raposa...

Mulder começa a rir. Senta-se na cama. Acende o abajur.

MULDER: - Ah, não dá. Com você não dá mesmo! Scully, você tá impossível hoje!

Scully vira-se, olha pra ele.

SCULLY: - (RINDO) O que eu fiz? Eu só disse que sei onde fica a toca da raposa...

MULDER: - (RINDO) Pára! Como cabe tanta perversão num corpo tão pequeno?

SCULLY: - (RINDO) Quer que eu te mostre?

MULDER: - (ASSUSTADO) O quê vai me mostrar?

SCULLY: - (RINDO) A perversão, Mulder! A perversão.

Mulder suspira. Apaga a luz. Apaga a TV. Agarra-se nela de novo. Quarto na penumbra.

MULDER: - Chega de TV pra você, Scully, sua menina má. Vá dormir. Pelo seu próprio bem. E não mexa com a minha mente tarada e doentia. Ou da próxima vez vai ficar 20 minutos naquele sofá tentando adivinhar o que te atropelou.

SCULLY: - (RINDO) Um raposão? Hum... (RINDO) Bem grandão?

MULDER: - (RINDO) Pára, Scully!

SCULLY: - ...

MULDER: - ...

SCULLY: - ... (RINDO)

MULDER: - ... Você não presta mesmo, sabia?

SCULLY: - Demorou tanto tempo pra descobrir isso?

MULDER: - Bem que me diziam... As comportadinhas são as mais quentes!

SCULLY: - ...

MULDER: - ...

SCULLY: - ...

MULDER: - ... Scully?

SCULLY: - Hum?

MULDER: - Tá com sono?

SCULLY: - (RINDO) Não. Por quê?

MULDER: - ... Acho que quero fazer amor com você.

SCULLY: - Acha?

MULDER: - ... (DEBOCHADO) Não acho mais... De repente, tenho certeza.

Ela começa rir. Vira-se pra ele. O enche de beijinhos no rosto.

SCULLY: - Eu te amo. Amo, amo, amo, amo!!!!

MULDER: - Isso é eco ou é confirmação?

Scully aproxima seus lábios dos dele. Trocam um beijo. Ela olha pra ele.

SCULLY: - Isto sim é confirmação.


3:26 A.M.

O quarto na penumbra. A brisa sacode as cortinas.

Corta pra cama. Os dois dormindo. Mulder vira-se de costas pra Scully. Empurra o lençol todo pra cima dela. Scully vira-se, ainda dormindo, procurando por ele. Coloca a mão em sua cintura, deslizando pra seu peito, enquanto dobra a perna por cima dele. Recosta o rosto em sua nuca.

Tempo.

Scully abre os olhos. Ergue a cabeça e olha por cima do ombro de Mulder. Vê o despertador pulando pra 3:28. Ela deita a cabeça no travesseiro, recostando o nariz na nuca de Mulder. Esfrega-se nele, aconchegando-se contra seu corpo. Mas não consegue dormir. Fica deslizando a mão pelo peito dele, brincando com seus pelos. Roçando a perna pela perna dele. Mulder dormindo. Ela inspira profundamente o perfume da pele dele. Inebriada. O cobre com o lençol. Desce o corpo pela cama, agarrada nele, deslizando sua boca pelas costas de Mulder. Sobe. Morde seu ombro sensualmente, com vontade, como se devorasse uma maçã. Mulder dá um sorriso, ainda de olhos fechados.

MULDER: - (DEBOCHADO) O que você quer, Scully?

SCULLY: - Adivinha...

MULDER: - (DEBOCHADO) Eu tô cansado.

SCULLY: - Adoro quando você se faz de difícil, Mulder...

MULDER: - (SORRI)

SCULLY: - (JOGANDO) E eu te perguntei se está cansado? Não me interessa se está cansado. Eu quero. Você não tem direitos nessa cama, Mulder. Só o dever de satisfazer meus desejos mais secretos.

Ela desliza os lábios pelas costas dele, indo pra baixo dos lençóis. Mulder ainda de olhos fechados.

MULDER: - Ai!

SCULLY: - Adoro seu bumbum, Mulder...

MULDER: - (RINDO) Sai daí, sua canibal!

Ela volta pra cima, lambendo as costas dele.

MULDER: - Tá quente hoje.

SCULLY: - Eu estou quente, Mulder. Muito quente. Pegando fogo por dentro... Acho que estou no cio...

MULDER: - Então chega pra lá, porque já tá quente demais por aqui...

Ela desliza a mão pelo peito dele, encostada em suas costas. Esfrega os seios contra as costas dele. Mulder sorri.

MULDER: - Sorte sua, Scully. Não dou minhas costas pra ninguém.

SCULLY: - (DEBOCHADA) Não tem perigo, Mulder... Sou inofensiva.

Ela fica brincando com a língua na nuca dele. Mulder abre os olhos.

MULDER: - Ai, ai, ai, ai, ai... Scully, não provoca. Você tá me molestando, sua tarada pervertida! Isso é crime! Abusar de um cara bobo como eu.

Ela desce a mão pra dentro das calças do pijama dele. Mulder arregala os olhos. Ela continua brincando com sua língua no pescoço dele e a mão dentro de seu pijama.

MULDER: - (OFEGANTE) Scully... Realmente você não tem noção do perigo...

SCULLY: - (MURMURA) Hum... Não... Você me provoca, Mulder... Você me deixa atentada... Você é um homem que exala muita sensualidade...

MULDER: - ... Você é louca, né? Tá falando do estranho Mulder?

SCULLY: - (MURMURA) Eu preciso dizer isso. Não vá se chocar...

MULDER: - ... (DEBOCHADO) Sabe que eu não me choco com mais nada que venha de você.

SCULLY: - (MURMURA/ PROVOCANTE) Gostoso... Mulder, você é muito gostoso... Tenho vontade de devorar você inteirinho... Louca eu seria se não fizesse essas loucuras todas com você...

MULDER: - (OFEGANTE) Scully... Au, Scully! Tira a mão daí.

SCULLY: - (MURMURA)... Sabe o que admiro num homem?

MULDER: - (OLHOS FECHADOS) Hum?

SCULLY: - (MORDENDO A ORELHA DELE, MURMURA) Respostas rápidas... E você ‘responde’ bem rapidinho.

Mulder dá um sorriso. Vira-se pra ela. Tira a mão dela de suas calças, a segurando pelo pulso.

MULDER: - (DEBOCHADO) Entenda que você é a séria agente Scully. Não pode ficar dizendo besteiras nem me molestando sexualmente. Isso não é da sua índole. Isso é coisa de Mulder.

SCULLY: - (COLOCA A LÍNGUA NA ORELHA DELE/ MURMURA) Tá bom. Não vou dizer besteiras. Vou fazê-las.

Ela escorrega pra baixo do lençol.

MULDER: - E de pensar que todos esses anos eu achava que você... (FECHA OS OLHOS) Ah, céus!

SCULLY: - ...

MULDER: - (OFEGANTE) Esse é o tipo de coisa... Que faz um cara enfartar.

SCULLY: - ...

MULDER: - Scully, você não devia agir desse jeito... Hum... Isso não é pra uma moça de família e isso... (GEMENDO) ... Isso... (SORRI) isso é muito bom... hum, Scully... tô gostando disso...

Mulder abre os olhos, espantado. Ergue o lençol. Abaixa-o. Fecha os olhos. Agarra-se nos lençóis da cama.

MULDER: - (GEMENDO) Não... oh, céus... eu não acredito...

SCULLY: - ...

MULDER: - (OFEGANTE) Scully... você... conseguiu!


4:39 A.M.

Scully apoiada na amurada da varanda. Usa um robe longo de seda que se move com a brisa. Os cabelos dela também. Olha pro mar ao longe, iluminado pelos postes. Mulder entra na varanda, de pijamas, com o casaco do pijama aberto, segurando dois copos de vinho. Entrega um pra ela.

MULDER: - O que está olhando?

SCULLY: - A lua, o mar... Combinação perfeita.

Ele apoia-se na amurada, ao lado dela.

MULDER: - A minha ideia de combinação perfeita somos nós dois.

Ela sorri.

SCULLY: - Um brinde a nós.

Os dois brindam. Ela olha maquiavélica pra ele.

SCULLY: - E um brinde a mim.

MULDER: - Por quê?

SCULLY: - (RINDO) Consegui a minha endoscopia completa...

Mulder abaixa a cabeça, rindo. Brinda sem olhar pra ela, tímido.

SCULLY: - Tá, agora é sério, sem galinhagem.

MULDER: - Quem está galinhando?

SCULLY: - Nós. Nós dois quando podemos ficar sozinhos, ficamos galinhando.

MULDER: - (DEBOCHADO) Scully, suas penas estão caindo.

SCULLY: - Voaram com as suas Mulder.

MULDER: - (RINDO) Tá. (SÉRIO) O que ia me dizer.

SCULLY: - ... Ia falar sobre aquilo.

MULDER: - (DEBOCHADO) Scully, o que prometemos um ao outro?

SCULLY: - (SORRI) Nunca mais falar naquilo.

MULDER: - E o que está fazendo?

SCULLY: - Falando.

MULDER: - Viu?

Ela dá um tapinha nele.

SCULLY: - (RINDO) Pára! Eu quero falar.

MULDER: - Tá, fala.

Ela olha pro mar, pensativa. Mulder fica olhando pra ela.

SCULLY: - Fico olhando pra nós dois. Penso em minha vida. Vejo o rumo que as coisas tomaram e fico imaginando.

MULDER: - ...

SCULLY: - Imaginando que destino deve ser o elemento mais real, talvez o maior mistério, sem explicação alguma.

MULDER: - Scully, o destino somos nós que fizemos.

SCULLY: - Não, Mulder. Ainda acredito que deve haver em algum lugar, o destino de cada um escrito. Como num livro...

MULDER: - ...

SCULLY: - Penso no meu passado. As respostas que eu não tinha, as dúvidas, as decisões que tomei sem sentido aparente algum. Agora eu tenho todas as respostas que não conseguia enxergar diante dos olhos. E daqui a alguns anos, eu me lembrarei deste momento, e terei as respostas pra ele também.

Mulder olha pro mar. Pensativo.

SCULLY: - Ir pro FBI. Trabalhar com você. Ter chances importantes de subir na minha carreira, mas optar mesmo sem saber porquê, em ficar ao seu lado. Confessar meus sentimentos. Passar o que passamos, nos escondendo de todos em nome de um sentimento tão forte. Ter tido um filho com você.

MULDER: - ...

SCULLY: - Não, Mulder. Tudo deve estar escrito em algum lugar. Mas eu não ousaria mudar isso. Eu... Eu percebo que tudo o que questionei, foi apenas uma ingratidão da minha parte com o destino. Porque ele me foi bom. Ele me deu você. Eu posso olhar pra você agora e te dizer: Mulder, mesmo com todos os problemas que temos, eu sou feliz. Eu nunca fui tão feliz em minha vida.

Ele olha pra ela. Sorri. Ela olha pra ele. Segura sua mão por sobre a amurada, enlaçando seus dedos nos dele.

SCULLY: - Se eu achava que não tinha um amor e invejava isso, agora eu sei que não eram os amores certos. Que mesmo sofrendo o que sofri, foi para chegar um dia a ter o maior de todos os amores. A ter o melhor de todos os homens que eu já tive em minha vida. O amante, o marido, o colega, o amigo, o cúmplice. Você é um mundo completo pra mim. Pode entender isso?

Mulder olha pra ela.

MULDER: - Posso. Só não entendo aonde quer chegar com isso.

SCULLY: - Naquilo.

Ele fecha os olhos. Sorri.

SCULLY: - Nós temos um mundo maravilhoso. O nosso mundo. Nós temos uma vida maravilhosa. A nossa relação, Mulder, é uma coisa tão sublime que é até bom que pouca gente saiba, porque é de dar inveja.

MULDER: - ...

SCULLY: - Você é o meu mundo, Mulder. A minha paz. A minha fortaleza.

MULDER: - (SORRI/ ENCABULADO)... Ora, Scully...

SCULLY: - E definitivamente, Mulder, hoje eu sei, e tenho toda a certeza, de que é você. De que vou estar aqui te dizendo isso daqui à 10, 20, 30 anos... Até quando Deus permitir que estejamos juntos.

MULDER: - ...

SCULLY: - Eu te amo, Mulder. E isto é a maior de todas as verdades.

Ele fica emocionado. Aperta firmemente a mão dela.

SCULLY: - Eu só quero me sentar, pensar nas coisas que você me disse, analisar os riscos, o tanto que implica, as pessoas que envolveremos e depois eu te dou uma resposta. Mas eu só quero um tempo. Um bom tempo pra me refazer. Depois, eu prometo que pensarei nesse assunto.

Os dois ficam escorados ali, segurando a mão do outro por sobre a amurada, olhando pro mar. Encostam suas cabeças.

MULDER: - (IMITANDO A VOZ DO DROOPY) Sabe de uma coisa, Scully? Eu estou... Feliz.

Ela sorri.

SCULLY: - Quando posso usar aquele vestido?

MULDER: - Quando quiser.

SCULLY: - E lua de mel?

MULDER: - Acha que eu ia deixar a única parte que me interessa de fora?

Ela dá uma risada.

SCULLY: - Latinhas atrás do carro?

MULDER: - (RINDO)

SCULLY: - Tá, só não quero o arroz. Quero sementes de girassol.

MULDER: - Por quê?

SCULLY: - Porque o arroz vai pra panela, Mulder, e termina. Sementes germinam. E quero que nosso amor germine cada vez mais.

MULDER: - Mas sem festinha de noivado. Já tivemos uma. Bem tumultuada por sinal.

SCULLY: - Tá, sem festinha de noivado. E o FBI?

MULDER: - Dane-se o FBI! Eu não nasci ali dentro. Não vou morrer de fome.

Os dois riem. Olham um pro outro. Trocam um beijo suave.


BLOCO 4:

5:47 A.M.

Os dois caminham de mãos dadas pela praia. Pés descalços. Roupas leves.

SCULLY: - Pena que o sol nasce do outro lado...

MULDER: - Viu? Eu disse que devíamos ter ido pra Califórnia.

SCULLY: - Mulder, impressão minha ou automaticamente estamos tendo uma vida notívaga?

MULDER: - A noite é mais calma, Scully.

SCULLY: - ... Minha mãe diz que a noite é dos amantes... É quando o mundo pára, o ar fica limpo, a magia toma conta da realidade e corpos e almas passam a ser apenas um.

MULDER: - Santa Meg. Mulher sábia. Aposto que seu pai espera ansioso por ela. Porque perdeu um grande amor. Fico imaginando as coisas que me diz sobre eles e pensando... O quanto foram felizes. Então entendo o seu desespero pela felicidade, Scully. Não dá pra te condenar por isso. Você provou dela. Você nasceu do amor. Você é amor puro.

Ela sorri. Aperta a mão dele. Continuam caminhando.

MULDER: - Olha pra essas estrelas. Os dias passam, anos passam, pessoas passam... Mas elas continuam ali, brilhantes, aguardando o momento certo de explodirem e tornarem-se várias novas estrelas.

Scully solta a mão dele e pára. Olha pro céu. Abre os braços. Fecha os olhos e respira fundo.

SCULLY: - Amo este mundo, Mulder... Este planeta. E quero lutar por ele.

Mulder olha pra ela, ternamente, a admirando.

SCULLY: - Daria minha vida, se isto pudesse resolver todos os problemas da humanidade.

Ela abaixa os braços. Suspira. Mulder a abraça por trás. Ela segura-se nos braços dele. Ficam se embalando, olhando pro céu.

MULDER: - De pensar que toda a tranquilidade que vemos é apenas momentânea. Que existe algo lá em cima e que não temos a chave total desse segredo.

SCULLY: - ... Olhar pra cima e imaginar quantas civilizações existem. Talvez alguns mais perdidos e errantes do que nós.

Mulder olha pra ela, num ar de surpresa. Ela continua olhando pra cima.

SCULLY: - De pensar que nosso filho pode ser uma daquelas estrelas. Estar em alguma delas...

Uma estrela cadente passa. Os dois observam a estrela, até ela desaparecer. Olham um pro outro.

MULDER: - Já sei o que pediu.

SCULLY: - (TRISTE) Também sei.

MULDER: - (TRISTE) A única coisa que falta para completar nossa felicidade...

SCULLY: - O nosso pedacinho.

MULDER: - (SORRI) O pedacinho de nós dois...

Os dois ficam ali, daquele jeito, se embalando, em silêncio, olhando para o céu.


7:37 A.M.

Scully sentada na cama, apoiada no travesseiro, nua, segurando o lençol contra o corpo. Olhar distante. Mulder entra no quarto, apenas de calças, segurando uma bandeja. Coloca sobre a cama.

MULDER: - O que foi?

SCULLY: - Estava pensando.

MULDER: - Sei. Naquilo que prometemos não falar. Mas que continuamos falando.

Ele senta-se na beirada da cama. Olha pra ela ternamente.

SCULLY: - ...

MULDER: - Fala, Scully. Sabe que não vamos conseguir tirar isso nunca da cabeça.

Ela olha pra ele, segurando lágrimas.

SCULLY: - Me abraça?

Ele levanta-se. Ela afasta-se e deixa espaço pra ele sentar. Ele senta-se, coloca as pernas sobre a cama. Recosta-se no travesseiro. A puxa de encontro a si. Ela senta-se no colo dele. Mulder a abraça, como se embalasse uma criança. Ela segura o lençol contra o peito e recosta a cabeça no ombro dele, segurando lágrimas.

SCULLY: - ... Imagina se as coisas fossem diferentes.

MULDER: - ...

Ele a escuta, tentando confortá-la, segurando sua própria dor. Olhar distante. Sim, ele imagina.

SCULLY: - Se eu pudesse ficar grávida e você pudesse ter filhos...

MULDER: - Eu ainda posso ter filhos. Fica mais complicado, mas...

SCULLY: - Imagina eu chegar pra você e dizer que estou grávida.

MULDER: - Vai me dizer isso um dia.

SCULLY: - Mas você já saberá desde o início. Não será natural, não vai haver surpresa.

MULDER: - ...

SCULLY: - Mulder, não há como reverter isso?

MULDER: - Você é a médica por aqui.

SCULLY: - ... Pensei que tivesse uma resposta paranormal, Mulder, porque na ciência a pergunta encerra a resposta. E a minha esperança morre com ela.

Mulder a abraça. Beija-lhe o ombro. Ela agarra-se nele, chorando convulsivamente, apoiando a cabeça no ombro dele. Ele sente as lágrimas dela em sua pele. Mulder afaga os cabelos dela, com o braço e a mão que mantém a aliança, apoiando as costas e a cabeça de Scully. Como se ela fosse uma criança. Apóia sua cabeça no ombro dela. A mantém agarrada contra seu peito, fortemente. Ela chora. Mulder move seu corpo pra frente e pra trás, a embalando. Olhar distante, não contendo lágrimas que caem pelas costas nuas dela.

MULDER: - Eu amo você, Scully. Nunca conheci uma mulher que merecesse tanto ter filhos quanto você. Quando sinto suas lágrimas caindo é que aquele ódio que eu tenho volta forte, querendo vingança pelo que aquele canalha fez com você.

SCULLY: - (CHORANDO)

MULDER: - (REVOLTADO) Onde estão os milagres, Scully? Onde está a paranormalidade quando se precisa dela? Onde está Deus, Scully? Se ele exige tanto de nós, que nos desse algo tão grande em troca. Porque não nos dá isso?

Ela chora, um choro de dor, que sai do fundo da alma.

MULDER: - Pelo amor de Deus! Assassinos têm filhos, espancadores e estupradores também! Tanta gente que aborta, que abandona, que não quer... E a gente... (COMEÇA A CHORAR) a gente que se ama tanto, que vive na justiça, que nunca deixa de ajudar ninguém, não tem...

SCULLY: - (CHORANDO)

Mulder segura as lágrimas. Segura-a pelo rosto e olha em seus olhos.

MULDER: - Scully, meu amor, escute o que eu digo: Os milagres somos nós quem fizemos. Apenas nós. Quando vai dar ouvidos ao que eu digo?

Ela se abraça forte nele. Os dois choram abraçados um no outro.


7:56 A.M.

Scully entra na sala. Vê Mulder, olhando fixamente pela janela. Scully pára. Olha pro lenço de papel sujo de sangue que ele segura contra o nariz. Fecha os olhos. Olha pra ele, com cumplicidade. Aproxima-se. O abraça por trás. Ele retira o lenço, disfarçando.

SCULLY: - Me desculpe. Estava trancado, eu... Eu precisava pôr pra fora.

MULDER: - Você segurou isso por muito tempo. Nem sei como conseguiu.

SCULLY: - Deixei você deprimido.

Mulder vira-se pra ela, olhos inchados de chorar.

MULDER: - Scully, não há como separar mais a nossa vida desse assunto. Agora entende o que estou lhe dizendo?

SCULLY: - ...

MULDER: - A que ponto chegou o nosso relacionamento de que ter um filho é uma necessidade?

SCULLY: - ...

Mulder caminha pela sala. Passa as mãos nos cabelos.

MULDER: - Deus, eu vou enlouquecer com isto!

Ela olha pra ele, com remorso.

SCULLY: - Eu iniciei esse assunto. Me desculpe, eu...

MULDER: - Não, Scully. A obsessão não é apenas sua. É minha também!

SCULLY: - ... Mulder... Seu nariz... Está sangrando de novo.

Ele passa o lenço no nariz. Indiferente.

MULDER: - Scully, eu preciso de um filho! Eu tenho você, mas eu preciso de um filho! Isso me falta, é um vazio imenso na minha vida!... (SEGURA AS LÁGRIMAS) Deus! Sou em quem estou dizendo isso? Fox Mulder, o insensível?

Ele abaixa a cabeça. Ela aproxima-se dele.

SCULLY: - Mulder... Não dormimos ainda, estamos cansados...

Ele acena a cabeça negativamente. Reluta em acreditar.

MULDER: - (INCONSOLADO) Eu preciso... Eu mereço... Eu passaria por toda aquela tortura de novo, por agulhas, por brocas, por radiações, chips... Por toda a dor que senti... Se isso o trouxesse de volta... Aquela dor não foi nada em vista da dor que carrego por não tê-lo aqui com a gente... (DERRUBA LÁGRIMAS)

Ela pega na mão dele.

SCULLY: - Hora de desligar do mundo, Mulder. Vamos dormir.

MULDER: - Eu não quero me desligar do mundo, Scully. Eu...

SCULLY: - Eu quero, Mulder. Pelo menos por algumas horas, eu preciso.

Ele olha pra ela. Passa a mão em seu rosto, ternamente. Ela olha pra ele.

SCULLY: - Pelo menos vamos fingir. Como temos feito nos últimos tempos. Como num faz de conta, que a qualquer momento pode acabar, nos deixando lúcidos e caídos com a dura realidade.

MULDER: - ...

SCULLY: - Vem, Mulder. (TENTANDO SE CONSOLAR) Vamos fazer amor e imaginar que algum milagre possa acontecer disso... Afinal de contas, são dois a desejarem esse milagre. Você não diz que quando alguém deseja algo com muita intensidade consegue materializá-lo? Não sou boa nessas coisas, Mulder. Me perdoa, eu não entendo muito, mas se não me engano chama-se aporte. Estou certa?

Ele olha ternamente pra ela. Ela tenta se iludir. Ele se emociona. A abraça. Scully com o olhar perdido. Mulder fecha os olhos, beija-a na testa. Ela o puxa pela mão. Ele fica imóvel. Ela olha pra ele.

MULDER: - Não, Scully.

SCULLY: - ... (ABAIXA A CABEÇA)

MULDER: - Olha pra mim.

Ela olha nos olhos dele.

MULDER: - Eles não vão nos destruir, Scully. Eu não aprendi a me render. Você também não. Vamos lutar. Vamos reagir. Lembra-se do que combinamos? É a hora, Scully. Chega de tomar tapa na cara e dizer obrigado.

Ela abraça-o. Afaga seus cabelos.

SCULLY: - Por nós dois, Mulder, eu faço qualquer coisa. O que me pedir, por mais insano que seja. Tudo o que decidir eu vou acatar. Tudo o que mentir eu confirmarei. Tudo o que esconder, manterei em sigilo. Por nós, Mulder. E pelo nosso filho.


8:27 A.M.

Os dois deitados na cama. Nus, entre os lençóis. Ele agarrado nela. Ela de costas pra ele. Ele beija seu ombro. Ela afaga o braço dele com a ponta dos dedos.

MULDER: - Queria ver você rindo.

SCULLY: - ...

MULDER: - Estava tão engraçadinha ontem...

SCULLY: - (SORRI)

MULDER: - Adoro quando dá aquelas risadas espontâneas.

SCULLY: - ...

MULDER: - Pensei em te contar a piada da médica ruiva e sua endoscopia completa... mas parece que já está ultrapassada.

SCULLY: - (SOLTA UMA GARGALHADA)

Ele a beija no rosto. Recosta sua cabeça na cabeça dela. Fecha os olhos.

MULDER: - (MURMURA) Eu amo você, Scully. Amo você...

Ela vira-se e recosta-se no peito dele. Fecha os olhos. Ele a envolve nos braços.

SCULLY: - (MURMURA) Também amo você, Mulder... Mulder, me faz rir, vai? Eu tô precisando.

Ele sorri. Beija seus cabelos. Ela olha pra ele.

MULDER: - (DEBOCHADO) Alguma piada em especial?

SCULLY: - Hum... (RINDO) Só essa sua cara debochada já me faz rir. Hollywood jogou fora um ótimo comediante...

MULDER: - Ah, tá me chamando de palhaço agora, é?

SCULLY: - (DEBOCHADA) E pode fazer o favor de me acordar hoje? Ontem eu te acordei. Hoje é a sua vez. E quero café na cama!

MULDER: - Sim senhora. Seu humilde servo vai obedecê-la.

Ele sorri. Os dois fecham os olhos. Dormem, abraçados um ao outro.


4:14 P.M.

Mulder entra no quarto, apenas de calças jeans, com a camiseta largada sobre o ombro. Pés descalços. Olha pra ela. Scully usa uma blusa verde de alcinhas, bem decotada e bermudas. Recostada num travesseiro, deitada, nem nota a presença dele. Olhar distante, triste. Ele a observa. Ela se dá conta. Olha pra ele e abre um sorriso.

MULDER: - Pensando naquilo de novo, né? Eu vou ter que puxar suas orelhas?

Ela abaixa a cabeça, sorrindo. Ele atira a camiseta no chão. Senta-se ao lado dela, recostando-se no travesseiro também. Envolve o braço nas costas dela.

SCULLY: - Onde foi?

MULDER: - Abastecer a geladeira de guloseimas que engordam.

SCULLY: - (RINDO) Já?

MULDER: - Não. E fiz uma mousse pra você.

SCULLY: - (INCRÉDULA) Você? Fez uma mousse pra mim? Realmente, acho que agora posso acreditar que me ama.

MULDER: - Hê-hê-hê... Engraçadinha. (DEBOCHADO) Perca suas esperanças, Scully. Eu nunca vou te amar. Amanhã cedo pego minha roupa e vou embora. Quanto te devo pelos ‘serviços’?

Os dois trocam um beijo. Ela escorrega o corpo e deita-se, virada de frente pra ele. Ele faz o mesmo. Apóia o cotovelo no travesseiro. Olha pra ela. Debochado.

MULDER: - Nem pode imaginar o que está se passando na minha cabeça...

SCULLY: - (SÉRIA) Algum problema?

MULDER: - (RINDO)

Ela olha pra si. Percebe que a blusa decotada deixa os seios bem a mostra. Dá um tapinha nele.

SCULLY: - (RINDO) Mulder, como pode ser tão tarado?

MULDER: - Sou. O pior é que eu não resisto a um belo par de seios dentro de uma blusa verde.

Ela sorri. Ele afaga o braço dela com a ponta dos dedos, a admirando. Ela envolve a mão na cintura dele. Ele desce os dedos para o peito dela, afagando-lhe um dos seios suavemente. Ela fecha os olhos.

SCULLY: - Hum... Isso é bom.

MULDER: - Tá ‘mais calminha’?

SCULLY: - (RINDO)

Ele desce a alça da blusa pelo braço dela. Ela abre os olhos. O observa. Ele continua a tocar-lhe o seio com a ponta dos dedos, em movimentos suaves, pra cima e pra baixo. Percebe o mamilo dela enrijecido através da blusa.

MULDER: - (DEBOCHADO) Scully, você tá arrepiada. Tá com frio?

SCULLY: - (RINDO) Não. Esse seu jeito de me tocar é que me causa arrepios... Mulder, realmente você sabe como enlouquecer uma mulher.

Ele desce um dos dedos e afasta a blusa que lhe cobria apenas o mamilo. O contorna delicadamente com o dedo. Ela olha pra ele. Ele olha pra ela. Continua a brincar com seus dedos. Ela fecha os olhos.

SCULLY: - Hum, Mulder... Isso tá me deixando excitada... Isso é gostoso.

MULDER: - Gosto de brincar com seus seios, Scully. Será que Freud diria que isso é fixação oral?

SCULLY: - (RINDO) Talvez isto explique sua necessidade de comer sementes de girassol...

Mulder sorri. Desce o corpo pela cama e aproxima sua boca do seio dela. Segura-o. Suga-o, com força e desejo. Ela geme, de olhos fechados. Envolve as mãos nos cabelos dele, os revirando, ajeitando-se na cama. Ele brinca com a língua, contornando o mamilo. O puxa com os dentes. Ela solta um gemido. Respira com dificuldades, excitada. Ele ergue a cabeça. Olha pra ela. Ela olha pra ele, respirando pela boca. Ele apóia o braço no travesseiro, o rosto na mão e a observa. Ela o observa também. Mulder lambe seu dedo indicador e olha pro seio dela. Contorna o mamilo com o dedo molhado de saliva. Ela fecha os olhos, ofegante. Ele observa a respiração tensa dela. Olha-a, como questionando seus limites. Ela olha pra ele, com um olhar de quem não quer ter limites. Ele olha pro corpo de Scully. Desce suavemente sua mão, dos seios dela pra dentro da bermuda dela. Scully fecha os olhos, mal respirando, comprimindo a barriga de prazer. Sente o toque dele e começa a gemer, movendo o corpo suavemente, angustiada. Roçando suas pernas dobradas, uma contra a outra. Ele continua a acaricia-la, a admirando. Ela morde os lábios.

MULDER: - Eu quero te ver sentindo prazer. Isso me dá prazer.

Ela, num impulso, desce a mão pela barriga, a colocando dentro da bermuda, por cima da mão dele, o guiando. Mulder continua a admira-la apaixonadamente, enquanto ela entra em êxtase.

SCULLY: - (GEMENDO)

MULDER: - ...

Scully tira sua mão de dentro da bermuda. Agarra-se ao travesseiro. Move seu corpo contra a mão dele, gemendo, sentindo seu toque.

SCULLY: - (MURMURA) Pára, Mulder! (ÊXTASE COMPLETO/ OFEGANTE) Pára! Oh, céus, pára, eu não aguento mais!

Ele retira a mão de dentro da bermuda de Scully e a desliza subindo por sua barriga, fazendo-lhe carícias. Ela continua de olhos fechados, ofegante, corpo tenso. Olha pra ele. Ele aproxima os lábios dos dela. Trocam um beijo. Ele afasta o rosto, olhando-a nos olhos. Silêncio de cumplicidade. Ela continua respirando com dificuldades. Ele sorri. Ela sorri. Ele a puxa e envolve os braços nela. Ela deita a cabeça em seu ombro. Ele afaga os cabelos dela. Ela fecha os olhos, sorrindo.


6:21 P.M.

Close no rosto de Mulder, coberto com o lençol até o pescoço.

Som da TV ligada.

Dois pés surgem pra fora do lençol, ao redor do pescoço dele. Scully, debaixo do lençol, nua, deitada de bruços sobre o corpo de Mulder, com a cabeça virada para os pés dele. Os dois assistem TV. Ela desliza as mãos pelas pernas nuas dele.

SCULLY: - Adoro pernas peludas. Contanto que não sejam as minhas.

Ele ri. Ela segura os pés dele pela ponta dos dedos, massageando-os. Ele segura um dos pés dela.

MULDER: - Tem cócegas?

SCULLY: - Ai, Mulder, não faz! Isso é covardia!

MULDER: - (SORRI) Tá bom, Scully.

Ele beija o pé dela.

MULDER: - Não resisto aos seus dedinhos.

Ele chupa o dedão dela. Ela começa a rir.

SCULLY: - Ai, Mulder, você tem que estar sempre com alguma coisa na boca, não é?

Ele segura os pés dela, massageando-os.

MULDER: - Que culpa tenho eu se você é perfeita?

SCULLY: - Eu não sou perfeita. Ainda não viu minha celulite?

MULDER: - Adoro sua celulite. É perfeita.

Ela abaixa a cabeça e ri. Desliza os dedos por sobre os pelos das pernas dele.

SCULLY: - Sabe que há três coisas que me chamam atenção num homem?

MULDER: - E o que seria?

SCULLY: - Pernas, braços e mãos.

MULDER: - (CURIOSO) Pernas, braços e mãos? Isso por acaso é resultado da lesão cerebral sofrida por ficar vários dias trancados num quarto, estudando pra última prova de anatomia da universidade?

Ela sai de cima dele. Arrasta-se pela cama e se aproxima dele, olhando em seus olhos.

SCULLY: - Pernas porque são peludas e fortes, torneadas... Você tem pernas bonitas... coxas grossas...

Ela pega o braço dele, o examinando. Mulder olha pra ela rindo.

MULDER: - Ô, Dra. Scully, eu estou vivo, só pra constar, se não percebeu...

SCULLY: - (SORRI) ... Homens têm braços diferentes. Mãos diferentes.

MULDER: - Como assim? Fala do fato de que temos músculos mais desenvolvidos?

Ela continua a estudar o braço e a mão dele.

SCULLY: - Também... Mas o que me deixa excitada são as veias dos braços masculinos que são mais salientes e expostas... Nas mãos também... mãos grandes e fortes...

MULDER: - Tudo bem, Scully. Entendo que a medicina afetou a sua vida...

SCULLY: - (RINDO) É sério, Mulder. Braços masculinos são fortes, bonitos... sensuais... peludos... mãos grandes... Você tem braços e mãos perfeitos, excitantes, provocantes...

MULDER: - Eu vou morrer e não ver tudo...

Ela se abraça em Mulder, deslizando seus dedos pelo braço dele.

SCULLY: - Não tenho razão? Braços de homens são lindos. Homens são lindos. São perfeitos...

MULDER: - (DEBOCHADO) Olha Scully, espero que não se ofenda, mas eu tenho que contestar suas teorias. Eu discordo. Não gosto de braços, mãos ou pernas masculinas, nem de homens. Prefiro mulheres.

SCULLY: - (DEBOCHADA) Ora, Mulder, que mania você tem de achar que sempre estou errada. Não pode concordar comigo uma única vez? A gente nunca gosta da mesma coisa!

Os dois sorriem. Mulder olha pra ela.

MULDER: - Vem aqui.

Ela senta-se em cima dele, envolvendo o corpo de Mulder entre suas pernas. Com as pernas dobradas sobre a cama. Mulder fecha os olhos. Desliza a mão pra baixo do lençol. Ela ajeita-se sobre ele, soltando um gemido.

SCULLY: - (GEMENDO) Adoro essas suas atitudes repentinas...

Ela move o corpo contra o dele. Mulder ergue-se, envolvendo as mãos na cintura dela. Beijam-se apaixonados. Ela inclina o corpo pra trás, deitando sobre as pernas dele. Agarrando-se em seus pés. Mulder inclina-se sobre ela, envolvendo os braços em seu corpo, beijando-lhe o abdômen. Ela geme baixinho extasiada. Move o corpo contra o dele. Mulder respira ofegante, gemendo com ela.


6:48 A.M.

Os dois sentados na areia. Fazem um piquenique de café da manhã. Ela entre as pernas dele, comendo uma maçã, olhando pro mar. Ele tenta fazer um penteado nela, erguendo seus cabelos. Ela ri. Ele a envolve pela cintura. Ela envolve os braços nos braços dele. Olham para o mar. Conversam. Riem. Ele ajeita o cabelo dela pra trás das orelhas. Ela se afasta dele. Bate nas pernas.

SCULLY: - Vem. Deita aqui.

Ele deita a cabeça no colo dela. Ela oferece a maçã.

MULDER: - Hum, Scully... Os pecados do mundo começaram assim...

SCULLY: - (RINDO) Não quer?

MULDER: - Confio em você. Não vai fazer Deus me expulsar do paraíso...

Ele morde a maçã. Ela dá outra mordida. Faz carinhos na cabeça dele.

SCULLY: - Precisamos deixar de ser vampiros. Ainda não dormimos. Fizemos amor a noite toda, como dois malucos...

MULDER: - Sem horários, Scully. Estamos de férias. Podemos vampirar por aí e ninguém tem nada com isso.

SCULLY: - (DEBOCHADA) Prefiro brincar de Adão e Eva...

MULDER: - Não vai vir com aquela história da ‘folhinha verde’, né?

SCULLY: - Não. Eu não faço folhinha verde, Mulder. O que está pensando que eu sou? Sou uma mulher de família!

Os dois riem.

Corta para as montanhas ao longe. O sol está nascendo. Anunciando a vida, a vitória sobre as trevas e que as tempestades hão de ir embora.


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30/09/2000

7. August 2019 03:06 0 Bericht Einbetten Follow einer Story
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Das Ende

Über den Autor

Lara One As fanfics da L. One são escritas em forma de roteiro adaptado, em episódios e dispostas por temporadas, como uma série de verdade. Uma alternativa shipper à mitologia da série de televisão Arquivo X.

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