Era mais uma noite quente na Califórnia e a mãe colocava sua filha para dormir. Qual livro ela leria essa noite? João e Maria? Pinóquio? Os três porquinhos? Não importava qual seria a história dessa noite, porque dessa vez a pequena Freya não queria ouvir mais contos de fadas. Ela queria a verdade. A verdade sobre a moça que aparecia todas as noites em seu quarto antes de fechar os olhos. Freya precisava saber quem era aquela moça com cachos longos que dizia ser sua mãe. Sua mãe, bom, a que ela tinha certeza que era sua mãe, já estava com um livro na mão, pronta para abrir e contar mais uma bela história.
- Não, mamãe. - Disse a garotinha se sentando na cama. - Cansei de fantasia.
A mulher a sua frente riu, parecendo se divertir.
- Então o que você quer ouvir hoje? - Perguntou enquanto acariciava a cabeça da filha.
- Quero a verdade. - Pediu como se fosse óbvio.
- Ora, mas que verdade? Verdade sobre o que? - Perguntou a mãe sem compreender o estranho pedido da filha.
A pequena Freya revirou os olhos e se jogou na cama, como se o assunto a deixasse cansada.
- É que toda noite, depois de você ler para mim, quando estou quase adormecendo uma moça aparece aqui. Eu não gosto do que ela fala, mamãe... - Desabafa e se esconde debaixo dos lençóis.
- Freya... ninguém entra no seu quarto depois que leio para você. Deve ter sido um sonho. - A mãe tenta acalmá-la.
A menina descobre o rosto que estava escondido nos lençóis e faz um bico, emburrada.
- Eu não estou inventando! É muito real!! Ela conversa comigo e quando eu pergunto ela responde, mas tem vezes que ela vai embora sem responder. - Birra impaciente por ver que a mãe acha que é apenas um sonho.
- Ok.. ok. Mas o que ela fala para você, meu anjo? - Pergunta a mãe com um olhar preocupado.
A mãe temia pela filha. Não era para aquilo estar acontecendo agora. Disseram que ela manifestaria suas habilidades somente quando completasse dezoito anos.
- Ela senta na ponta da minha cama e passa a mão nos meus cabelos. Depois ela diz que me ama, teima que é a minha mãe e diz que minha vida corre perigo. - Responde olhando para os adesivos de estrela colados no teto de seu quarto. - Mas... ela não pode ser minha mãe. Porque você é a minha mãe.
A mulher congelou durante uns minutos, pensando em como explicar que ela e seu marido haviam, na verdade, adotado a garotinha quando ela era apenas um bebê.
- Vou te contar algo muito interessante. - Começou, sentando perto da filha. - Você sabia que algumas pessoas podem ter duas mães? Na verdade, você pode ter muitas mães.
Freya arregalou os olhos em surpresa. Franzindo o cenho ela questionou:
- Não entendo... a gente não tem só uma mãe? Um pai? Como podem ter mais? Eu deveria conhecê-los, não?
A mulher respirou fundo e sorriu. Freya era seu anjo.
- Ah, minha queria... vou te explicar uma coisa. Eu nunca te contei isso, mas eu não conheci a minha mãe. Ela foi para o céu quando eu era ainda muito pequena e quem cuidou de mim foi minha avó. Só que ela fazia tudo por mim. Foi minhã avó que cuidou de mim quando fiquei doente, quando eu não conseguia dormir era ela que ia até meu quarto para me contar histórias e foi ela que me ensinou tudo que aprendi. Eu não faço tudo isso por você? - Perguntou e a garotinha assentiu. - Então, minha avó era a minha mãe. Eu não nasci da barriga dela, mas ela me criou.
- Então você tinha duas mães? - Perguntou a menina com um sorriso doce.
Segurando as lágrimas, a mulher assentiu.
- E você também. Você não veio da minha barriga, Freya. Até onde sei, sua mãe, assim como a minha, também foi para o céu. Não havia ninguém para cuidar de você e como ainda era um bebê, precisava de muitos cuidados e muita atenção. Então, eu e o seu pai pegamos você. Agora, você é nossa filha. - Contou, fitando a menininha.
- Então... eu tenho duas mães. - Sussurou.
- Assim como eu. - Confirmou a mulher enquanto alisava os cabelos da menina.
- Eu tenho dois pais também? - Perguntou arqueando as pequenas sobrancelhas.
- Sim. O seu pai, que era casado com a sua mãe também foi para o céu. Eles estão juntos. Talvez, essa moça que vem aqui antes de você dormir seja a sua mãe. - Respondeu deixando uma lágrima escapar, sencando-a logo em seguida.
- Como? Se ela está no céu eu não tenho como vê-la, mamãe. - Disse a menina enquanto apontava para os adesivos de estrela no teto.
- Algumas pessoas dizem que, quando alguém vai para o céu, elas protejem as pessoas que deixaram aqui na Terra. - Conta sussurando como se fosse um segredo.
- Como anjos da guarda, mamãe? - Sussura a menina com os olhos arregalados.
- Como anjos da guarda. - Confirma a mãe.
Feliz com a história que ouviu, a verdade, Freya bocejou e foi invadida com um sono profundo. A partir desse dia, a garotinha passou a não ter mais medo dos fantasmas que via, porque sabia que eles eram seus protetores.
Vielen Dank für das Lesen!
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