yuuic Yuui C. Nowill

Emoções são reações físicas à estímulos externos, associadas ao temperamento, à personalidade e à motivação; causam reações neurobiológicas intensas e estendem-se também às experiências subjetivas — sentimentos. Ela não entendia nenhum dos significados. Ele se dizia entender, mas tinha também as suas dúvidas. Na fina linha entre o certo e o incerto, o controle e o descontrole, provavelmente eles descobririam como lidar com aquilo — ou talvez as emoções lidariam por eles.


Fan-Fiction Spiele Nur für über 18-Jährige.

#Nier-Automata #2B #9S #2B-9S #Pós-Final-E #In-Canon #Estudo-de-Personagem
2
4.8k ABRUFE
Im Fortschritt - Neues Kapitel Alle 30 Tage
Lesezeit
AA Teilen

Emoções

Notas iniciais

A arte da capa é da Sula e ela deixou eu usar <3 Obrigada Sula!

___________________


Emoções são proibidas.

Ao menos, era o que eu pensava.

A brisa que chegava até nós era gostosa, fresca. Acariciava as copas das gigantescas árvores com um carinho estranhamente acalentador; o balançar das folhas produzia um som igualmente delicado, o movimento da luz que entrava por entre elas trazendo um solitário, monótono aconchego.

O verde era reluzente, hipnotizante. Quanto mais eu observava, mais difícil se tornava desviar o olhar. Sentia a ponta dos meus dedos formigar dentro das luvas. Abri-os e fechei: uma, duas, três vezes — a sensação não queria desaparecer.

No fundo, muito, muito fundo, algo ainda estava errado.

Emoções são proibidas.

Até aquele momento, eu não precisava delas.

O som dos cascos foi o que fez meus olhos finalmente descerem das copas para o chão. O Alce bramiu baixinho, se aproximando, curioso. 9S não moveu um músculo de onde estava sentado na enorme raiz; deixou que o bicho o farejasse, colocando a mão sobre seu focinho, acariciando-o.

— Olá. Está com fome também? — Ele perguntou. O bicho bramiu novamente, sacodindo a cabeça, parecendo reconhecer o toque e apreciá-lo. Pisquei lentamente, admirando a forma como seus dedos deslizavam, como os miúdos, ralos pelos passavam por seus dígitos.

O momento em que pus meus olhos em você

Foi como se o mundo todo se enchesse

Com algo colorido, porém indecifrável.

Emoções são proibidas.

O Pod moveu-se no riacho, fazendo a água ricochetear de forma violenta. O Alce assustou-se, desvinculando-se dos dedos de 9S e correndo para longe dali, pisoteando agressivamente o local por onde passava.

— Ah! — No mesmo instante, 9S puxou o Pod 153 de volta para si. — Essa foi por pouco. Você está bem?

Relatório: devido a movimentação na água, o peixe em minhas mãos escapou. Adicionalmente, quase fui pisoteado pelo animal abalado. Contudo, nenhum dano visível a ser reportado. — Foi a resposta do Pod. 9S suspirou, meio aliviado, meio preocupado.

— Talvez devêssemos procurar um lugar sem animais? — Foi sua pergunta, provavelmente retórica. O Pod flutuou ao seu lado, analisando e respondendo:

Negativo. Não existe local próximo onde seja possível pescar sem a presença de mamíferos terrestres.

— Foi o que eu imaginei. — Ele atirou novamente o Pod na água, relaxando sobre a raiz. Observei como ele começou a balançar os pés, entediado.

A sensação de dormência na ponta dos meus dedos era insistente. Continuava abrindo e fechando a mão, cada vez mais forte, tentando fazê-la se dissipar. Em vão: era como se algo estivesse perdido. Como se faltasse uma peça.

A necessidade de algo que eu não sabia direito definir.

Emoções são proibidas.

O Pod 042 flutuou sobre a minha cabeça. Estreitei a vista, não desgrudando os olhos de 9S, suas pernas balançando. Sentia o movimento das copas acima de nós, percebia o leve caminho que a luz fazia, o vento acariciando a minha pele, meus cabelos.

E as formigas em meus dedos.

Análise: a unidade 2B está, no presente momento, em um processo de overflow de memória. Recomendação: diminuir a atividade para que o sistema não sobrecarregue. — O Pod 042 anunciou próximo do meu ouvido.

— Não tem necessidade. — Murmurei. — Eu estou bem.

Negativo. A unidade 2B está claramente em overflow de memória. Recomendação: diminuir a atividade para que o sistema não sobrecarregue.

— Eu só–! — Mordi o lábio, engasgando as palavras na garganta, como se estivessem entaladas.

Emoções são proibidas.

— Eu só estou absorvendo e pensando. — Comentei por fim, olhando para o Pod de soslaio. Ele continuou flutuando, um pouco para baixo, depois para cima, analisando.

Entendido. — Foi seu veredito. Ergui uma sobrancelha, mas não aprofundei em sua conclusão.

Lentamente caminhei até a raiz onde 9S estava, subindo com dificuldade por ela devido aos saltos. Percebi quando ele virou o rosto para me observar, seu olhar analisando cada movimento do meu corpo até que eu estivesse sentada ao seu lado.

— Aconteceu algo? — Ele perguntou, o brilho em seus olhos azuis denunciando algo. Preocupação, anseio, insegurança? Não sabia definir.

— Não. — Respondi pura e simplesmente, jogando as pernas para fora da raiz, imitando-o.

— Sabe, 2B... — Ele começou, voltando o rosto para o riacho, apoiando o rosto em uma das mãos de maneira preguiçosa. — Às vezes, falar sobre o que estamos sentido pode ajudar a clarear nossos pensamentos. É por isso que eu costumeiramente falo muito; alinhar o raciocínio e o processamento de dados. — Dividia-me em observar seu semblante e tentar procurar a linha de seu olhar, entender o que ele observava. — Mas eu não posso e não vou te obrigar a partilhar nada. Eu acho que, para que exista o efeito, é necessário que você mesma queira fazer isso. Entende?

Nossos olhos se cruzaram naquele instante em que ele se virou. O azul das suas íris estava ainda mais brilhoso, mais intenso, mais cheio de tudo o que eu não entendia — ou não percebia ou não aceitava. Era preocupação, acalento, esperança ou talvez piedade.

Qual era o significado de cada uma?

Emoções são proibidas.

Percebia que seu lábio estava levemente curvado para baixo, seus olhos meio baixos, solitários, tristes. Inclinei a cabeça para o lado, sentindo meus cabelos tocarem nos ombros, tentando processar o que seu semblante queria me dizer — em vão, outra vez.

Os dedos formigaram mais fortes agora, por alguma razão.

9S suspirou, voltando seu olhar ao riacho. Finalmente entendi onde seus olhos estavam: no Pod, na água em volta do Pod, no Alce mais ao fundo que nos observava; era um misto entre os três, uma linha sutil que se traçava nessa reta.

— Eu ouvi sua conversa com o Pod 042. — 9S comentou. Os músculos dos meus braços repuxaram, a fibra retorcendo, incômoda. — Só isso, mesmo.

De soslaio, percebi que ele não se mexeu um palmo. A monotonia em seu tom era alheia — parecia que ele próprio queria esconder algo. Ou talvez fingir um sentimento. Eu não entendia.

Voltei meu olhar para as minhas botas. Elas estavam praticamente tocando o pequeno riacho. Tomei nota, naquele instante, que 9S havia tirado os sapatos — e, também naquele momento, enquanto arrastava o olhar por seu corpo, percebi que suas luvas também foram esquecidas.

Pisquei, lentamente absorvendo a informação. Percebia que seus pés resvalavam na água — era uma forma de se arrefecer? A constante do Sol era de fato um problema. Continuamente precisávamos resfriar — isso exigia demais dos circuitos.

Porém sob a sombra das árvores o calor não era intenso. Talvez fosse a... sensação da água tocando a sola? Se fosse isso, as luvas significavam as sensações dos dedos tocando a raiz, a pele do seu rosto?

O formigamento estava no meu pulso agora. Era irritante. Apertei fortemente as mãos, praticamente fincando as unhas nas palmas — queria que elas transpassassem o tecido da luva e chegassem à minha carne.

Assisti o Pod 153 boiar, tedioso, seguindo o fluxo da água. Estava praticamente à minha frente agora, afastando-se lentamente, acompanhando a correnteza. Pela visão periférica, podia perceber o Pod 042, flutuando próximo de mim; suspeitava que ele iria dizer algo.

Minha resposta, contudo, foi um zumbido baixo e insistente. Aliviei o aperto dos dedos, focando novamente a copa da árvore onde estávamos — o zumbido parecia vir dela. Não era o som do vento fazendo o farfalhar — era outra coisa. Talvez fossem insetos.

Voltei o olhar à 9S, seus olhos agora fechados, a cabeça tombando mais insistentemente sobre sua mão. A luz que entrava por entre as folhas banhava seu rosto, seus cabelos, reluzindo docemente sua figura. Era possível ouvi-lo ressonar se eu me concentrasse somente nisso.

Estiquei uma das mãos, levando-a até seus cabelos. A dormência nos meus dedos ficou mais forte, mais insistente, presente. Subia para o braço, repuxando e tencionando meus músculos com voracidade; parei a milímetros dele, a respiração descompassada, a black box ressonando com insistência dentro do meu peito.

Emoções são proibidas.

Foi o que me disseram.

Emoções são proibidas.

Eu acreditei

Que não tinham necessidade

Que eu nunca iria senti-las

Que eu poderia reprimi-las.

O ar entrava devagar para os meus pulmões — como se o sistema estivesse com alguma falha na hora de filtrá-lo, mas não era isso. Dentro do peito, a cacofonia que a black box fazia estava ecoando até os meus ouvidos, afogando minha audição num som que era assustador. Meus dedos estavam duros, como se os músculos tivessem definitivamente parado de funcionar — as formigas insistentes, apertando por baixo das minhas unhas, correndo pelo meu braço.

Sentia o Pod 042 próximo de mim — nenhum som, sequer zumbido partido dele. O 153 continuava na água, o único barulho sendo quando ele levemente afundava e retornava, inerte, guiado pela corrente.

E, à minha frente, 9S: o ressonar baixinho, a cabeça tombando mais, o sol graciosamente acariciando sua pele em um véu de luz que enaltecia seus cabelos, tocava singelamente seus olhos, marcava seu nariz, deslizava por sua bochecha, desenhava seu maxilar, resvalava em seu pescoço. Sentia meus olhos encherem-se com a imagem, a garganta secar sem uma razão aparente.

Levantei o olhar para minha mão: bastava um, um único movimento e meus dedos poderiam encostar em seus cabelos. Eu conseguia praticamente sentir o calor de seus fios, ainda que não sentisse a textura, sob meus dedos. Era pouco, muito, muito pouco.

Então, por quê...?

Emoções são proibidas.

Desci a mão de uma única vez. 9S deu um pulo, assustando-se com o movimento brusco. Pisquei, percebendo ele devolver-me o olhar, suas íris surpresas me encarando com uma mistura peculiar de sentimentos que as faziam brilhar como a água límpida do rio — talvez encanto, talvez espanto, talvez anseio.

— Err... — Ele começou, processando a informação. Sentia o formigamento da minha mão diminuir progressivamente, a cacofonia se dissipar lentamente, os zumbidos dos ouvidos esvaindo-se como a brisa que passava. — 2B?

Movi vagarosamente os dedos por seus fios, sentindo o calor do seu couro mesmo com a luva — provavelmente por conta do Sol que o aquecia. Fui fazendo gestos circulares, bagunçando seus fios, assistindo a forma como eles deslizavam por entre meus dígitos, imaginando sua textura — talvez macio como o algodão da roupa? Ou como seda?

Assisti os olhos de 9S fecharem-se lentamente, parecendo deleitar-se no toque. Pisquei, continuando com os movimentos, um pouco mais insistentes agora, passando por quase toda a sua cabeça. Ele foi inclinando-se mais na direção dos meus dedos, um som meio abafado, manhoso, escorregando por sua garganta, a black box aquecendo mais o meu peito, incentivada por sua voz.

As formigas em meus músculos pareciam uma sombra distante ante o calor de suas mechas. Abria e fechava os dedos por elas, deixando os fios deslizarem por cada um dos meus dígitos, às vezes solitários, às vezes em pequenos tufos. O som que 9S fazia com a garganta estava cada vez mais alto — eu não entendia o que era; uma vibração insistente de suas cordas vocais? Por qual razão?

Havia um nome para isso de fato?

Deixei que meus dedos deslizassem para o seu rosto, acomodando perfeitamente sua bochecha em minha palma — ela estava quente, muito mais que seus cabelos. Era o efeito do Sol com certeza. Ele reclinou-se ainda mais, usando a minha mão como um travesseiro praticamente. Puxei o ar com um pouco mais de força — queria poder sentir a textura da sua pele sob meus dedos, não somente a temperatura que se esgueirava astutamente por minhas luvas.

Arrastei-me lentamente sobre a raiz, sentindo minha coxa tocar a sua, 9S fazendo um som um pouco mais agudo agora, porém não se movendo um músculo — talvez só para encostar-se mais à minha mão, esfregar com mais insistência sua bochecha em minha palma, permitir que meus dedos desenhassem seu maxilar com cautela.

Emoções são proibidas.

“Sua unidade não tem necessidade delas”

Foi o que uma voz pronunciou certa vez

Tão morta e desinteressada que me fazia questionar

Por que, exatamente, não havia necessidade?

O que elas são capazes de fazer, afinal?

 — 2B? — Os azuis das íris de 9S surgiram diante de mim, perto, pertíssimo. Pisquei, rápido o suficiente para não perder aquele instante, não o deixar se esvair pelo fluxo do tempo.

Sentia nossos narizes se roçarem, o ar se misturando conforme o puxávamos, moroso. Levei minha outra mão à sua bochecha, encaixando ambas perfeitamente em minhas palmas, apertando-as de levinho. 9S piscava mais insistente, um vermelho surgindo e tomando toda a maçã do seu rosto, refletindo em seu olhar como um tom de cor-de-rosa.

Institivamente, senti minha língua passar pelos lábios, permitindo que meu olhar saísse de suas íris para a sua boca. Levei o dedal até ela, acariciando-a gentilmente, percebendo-o separar os lábios conforme o movimento do meu dígito. Subi novamente o olhar para encontrar o seu — ansioso, esperançoso, desejoso.

A black box voltou a vibrar em meu peito, o zumbido retornando aos meus ouvidos, insistente, mas não desagradável — era quase como um incentivo. Atentei-me quando os dedos de 9S tocaram meus cotovelos, subindo pelos meus braços. O instante permaneceu, congelado, enquanto encarávamos os olhos, os lábios, alternando entre um e outro.

Emoções são proibidas.

Inclinei um pouco o rosto e, sem mais esperar, juntei meus lábios com os seus, respirando fundo quando finalmente o calor, a textura, invadiram meus sentidos. Fechei os olhos, absorvendo cada instante, pressionando com insistência sua boca contra a minha.

Emoções são proibidas.

9S suspirou, o ar quente acariciando meu rosto conforme ele também pressionava a boca contra a minha. Senti que ele queria dizer algo, porém não permiti. No lugar, deixei que minha boca fosse escorregando pela sua, sentindo cada pedaço de seus lábios contra os meus, canto à canto. Seus dedos estavam inquietos em meus braços, acariciando-os para cima, para baixo, buscando aconchego em algum ponto.

Emoções são proibidas.

Lentamente, prendi seu lábio inferior entre os meus, puxando-o com delicadeza, permitindo que eles escorregassem para longe e, em seguida, voltei a pressionar minha boca contra a sua. 9S quis me imitar e eu permiti, suspirando fundo conforme sentia a pressão que seus lábios faziam no meu.

Fui pressionando mais nossos corpos, fazendo-o se inclinar na raiz até que estivesse totalmente deitado nela. Ajeitei-me sobre seu corpo, uma perna em cada lado, sentindo suas mãos saírem de meus braços e buscarem aninho em minha cintura, os dedos escorregando pela curva das minhas costas.

Puxei outra vez seu lábio, percebendo a forma como ele separava-os no movimento. Antes que pudesse fechá-los, juntei nossas bocas, permitindo que minha língua escorregasse para dentro da sua — o som que ele fez com as cordas foi presente, ecoando de sua garganta para o fundo da minha, fazendo-me mimicá-lo.

Suas mãos pressionaram mais firme minhas costas, um gesto para que eu me abaixasse mais. Deixei que nossos peitos se encostassem, aquele som sendo mais insistente agora, produzido de maneira uniforme entre nós. A sensação dos meios seios pressionados em seu peito era estranhamente cômoda, requerida. Ajeitei melhor meu quadril no seu, sentindo a forma como seus braços passaram totalmente pelas minhas costas agora, prendendo-me em um abraço firme junto de seu corpo.

Emoções

               São

                      Proibidas.

Meus dedos saíram de seu rosto para o seu cabelo, passando agressivamente pelos fios, desordenando-os. Minha língua em sua boca enroscava-se insistentemente com a sua, o quadril se esfregando com força, o peito se arrastando por cima do seu. Suas mãos subiam aos meus ombros e desciam, nunca passando da linha da minha cintura, arrancando um som grave e desgostoso das minhas cordas.

Eu queria mais.

Parei um instante para morder seu lábio, puxá-lo lentamente, permitir que ele recuperasse o fôlego. E, no tempo entre ele escorregar, eu voltava a me aprofundar e buscar aconchego em sua língua, seus suspiros sendo a minha principal fonte de ar.

O zumbido dentro do meu ouvido era ensurdecedor, a black box ressonando tão alto, tão insistente que fazia todo o meu peito vibrar e aquecer — era bom, era viciante. Eu queria mais daquela sensação.

Eu queria mais dos dedos nus dele passeando pela minha pele, exatamente do modo que ele fazia quando os deslizava pela abertura do meu vestido nas costas. Queria que ele descesse mais um pouco, passasse pela abertura da minha saia, corresse pelos lados da minha coxa — mas, quando eu pensava que ele o faria, os dedos retornavam, indo desesperados aos meus cabelos.

Senti uma corrente passar por toda a minha espinha quando eles resvalaram na pele do meu pescoço, antes de perderem-se nos meus fios. O som que saiu das minhas cordas foi agudo, vibrando com as suas em uma eufonia que ecoava no fundo do meu peito, harmônica com o som da black box, com o zumbido em meus ouvidos, o farfalhar, a brisa, o riacho.

Tudo era um uníssono compulsivo e extasiante.

Emoções são proibidas

Emoções sã­o proibi—

Emoções são pro——

Emoções —————

Emo——————

E——————

———————

E–M–O–Ç–Õ–E–S

Separei-me dele em um único movimento, endireitando meu corpo e jogando a cabeça para trás, puxando o ar em jorros. A vista estava turva, escurecendo. O zumbido ecoava dos meus ouvidos para todos os pontos do meu corpo, meu peito tão quente que parecia estar em combustão.

9S, entre minhas pernas, parecia estar no mesmo estado. Sentia a forma como sua barriga subia e descia, acompanhando seu peito, forçando seu diafragma para poder vencer o meu peso. Sentia as gotas de suor escorrerem por dentro da minha roupa, correndo por cada centímetro do meu corpo.

Aviso: a unidade 2B está com o sistema em sobrecarga devido ao processo de overclocking. É de recomendação extrema que as ações sejam reduzidas para evitar danos nos sistemas gerais e nos músculos.

— Aviso: a unidade 9S está com o sistema em sobrecarga devido ao processo de overclocking. É de recomendação extrema que as ações sejam reduzidas para evitar danos nos sistemas gerais e nos músculos.

Apertei os olhos, a brisa que antes era fresca chegando gelada e passando pelo meu corpo, intensificando o arrepio que descia pelas minhas costas. Senti quando os dedos de 9S voltaram a minha cintura e, lentamente, fui abrindo os olhos para fitá-lo.

Percebia como suas pupilas estavam dilatadas, seus lábios separados para que o ar entrasse em maior quantidade — apesar de não puxá-lo com desespero, nem em jorros. Vagarosamente fui inclinando-me em sua direção, apoiando os braços um de cada lado de sua cabeça, mergulhando dentro do — agora minúsculo — azul de suas íris.

Seus dedos foram subindo pelas minhas costas morosamente, o arrepio tão intenso que chegava até minhas coxas e descia por elas também. Senti quando eles pararam em meu pescoço, esgueirando-se para a minha nuca, fazendo leves movimentos circulares. Fui fechando os olhos outra vez, sentindo os músculos irem relaxando, os processos diminuindo, resfriando.

O som do aviso dos Pods ainda permanecia insistente, porém eu não conseguia decifrar suas palavras. Somente o farfalhar e a correnteza, o barulho dos insetos e a forma como nossas respirações iam sincronizando. 9S foi guiando-me gentilmente, até que eu me deitasse sobre seu corpo, a cabeça encostada em seu peito, o topo dela encontrando seu maxilar. Senti quando ele levou a outra mão para descansar no fim da minha coluna, fazendo também movimentos lentos e circulares.

— De tudo o que poderia acontecer, a última coisa que eu esperava era isso. — A voz de 9S estava rouca, muito diferente do costumeiro. Ouvi-o pigarrear, tentando voltar ao tom original. — Eu sei que você não é acostumada com palavras e se expressa melhor com ações, mas­– Oh, wow. Eu acho que ainda não consegui processar tudo.

9S continuou falando, sem cessar o movimento dos dedos. Fechei os olhos, absorvendo o timbre da sua voz, conectando-o com a carícia de seus dígitos no meu pescoço e nas minhas costas, leves e sutis como a brisa. Os Pods haviam silenciado — sabia que estavam flutuando entre nós, sua sombra fazendo um contraste diferente daquelas feitas pela copa da árvore.

Era tudo acalentador de uma forma estranha. Como um sonho bom.

O encanto se quebrou no instante em que eu comecei a processar o que 9S tagarelava:

— Sabe, o processo de overclocking normalmente acontece quando–

Abri os olhos e ergui uma sobrancelha. 9S continuou matracando sobre o overclocking e como o sistema dos Androides da YorHa conseguiam assumir esse processo, em quais situações, os possíveis danos...

Suspirei e, com um movimento único, levantei-me, apoiando meu peso nos braços, novamente um em cada lado da sua cabeça. Percebi a forma como seus olhos se arregalaram em espanto. Estreitei o olhar.

— 2B? O quê­–?

Nines. — Chamei, pontual. Ele arregalou ainda mais os olhos, as pupilas dilatando instantaneamente ao ouvir o apelido. — Eu acho que você podia colocar essa boca para fazer outra coisa ao invés de tagarelar sobre processos de overclocking.

Reparei, no instante em que a frase processou em seu cérebro, como o vermelho foi nascendo em seu pescoço e subindo muito rápido para o seu rosto, chegando até as suas orelhas. Ergui as sobrancelhas — ele deve ter pensado outra coisa.

— 2B­­... Vo–você...

— Me beija.

— Ah!

Não perdi tempo para que ele tomasse atitude: eu mesma voltei a beijá-lo, fechando os olhos, começando a me dissolver na sensação da textura da sua boca contra a minha — úmida, úmida, quente, macia, deliciosa.

Sentia suas mãos voltarem às minhas costas, à minha cintura, acariciando todos os pontos. Encostei meu corpo contra o seu novamente, voltando a esfregar meus seios em seu peito, minha cintura na sua.

Ainda tínhamos de pegar os peixes para levar de volta ao Campo da Resistência — mas naquele momento, não era prioridade. O importante era que o formigamento de antes parecia uma alucinação e a cacofonia de outrora tornou-se uma eufonia deliciosa dentro do meu peito.

E acima de tudo: dessa vez, eu iria fazer as mãos de 9S chegarem às minhas coxas, se possível ainda em outros lugares — e eu faria isso custe o que custar.

Emoções são

PROIBIDAS. |

PROIBI|

PRO|

P|

PER|

PERMI|

PERMITI|

PERMITIDAS. |


Notas finais

Não sei o que eu fiz, somente fiz. Uma vida eterna de tortura. Isso vai ser uma coletânea de oneshots, talvez conectadas, talvez não, depende? No mais, é um estudo de personagem principalmente da 2B — talvez eu acabe fazendo um ou outro POV do 9S, mas como na vida eu sou mais 9S... não seria estudo rs Enfim!

10. Januar 2019 06:27 0 Bericht Einbetten Follow einer Story
121
Lesen Sie das nächste Kapitel Angústia

Kommentiere etwas

Post!
Bisher keine Kommentare. Sei der Erste, der etwas sagt!
~

Hast Du Spaß beim Lesen?

Hey! Es gibt noch 2 Übrige Kapitel dieser Story.
Um weiterzulesen, registriere dich bitte oder logge dich ein. Gratis!