Nas memórias do esquecimento, Hilgo se fez luz. Sua claridade riscou o céu escuro, com incontáveis estrelas, e foi nomeada Leonora.
Surgiu como um sonho em que ninguém saberia dizer se estavam adormecidos ou despertos, se estavam vivos ou mortos, se era real ou imaginação. Todos viram sua luz e se surpreenderam.
Todos a desejaram. Surgiram os bons pensamentos, como também, os pravos e, sedentos por aquela luz, foram até Leonora. Ela era como o céu estrelado e deixou que todos a alcançassem.
Aconteceu o silêncio.
A magia desceu sobre aqueles que tinham boas intenções, fazendo-os conhecer os segredos da vida e, para os maus, houve tormento e desatino.
Ela escondeu o pranto e as lágrimas; contristou, porque nem todos compreenderem sua sabedoria, e poucos se aproximaram do seu coração. Ainda sim, doou para todos da mesma forma, tornando-se parte de cada um, sabendo que seria esquecida.
Leonora consertou o que estava errado, sanou a mente, destruiu o tormento. Abriu as portas do entendimento e voltou ao silêncio.
Na Era das Sombras, era a visão de luz, enchendo até onde a vista alcançava. Escolheu uma forma feminina; como a mulher que dá à luz ao novo ser, Leonora dava à luz as novas magias.
Houve um tempo de silêncio novamente e, quando seus escolhidos abriram os olhos, Leonora lhes mostrou o livro no qual escrevia a história de todos. Nesse livro, também estavam escritas todas as antigas e as novas magias, além dos selos de muitos outros poderes.
Leonora permanece eternamente. É a sabedoria de fluorita, feita de todas as cores. Radiante.
A mais antiga das Musas: Leonora, a esquecida.
É parte da alma, é a noite estrelada.
É o vento gelado na colina, o eterno abismo, a visão que faz tremer. A sapiência, a doce magia, os loucos pensamentos; a melancolia dos saberes causados pelo seu poder.
É o conhecimento de todas as coisas.
É tudo o que há de belo e terno no mundo, as lembranças do passado e as ideias do futuro. Parte da alma e muito de cada um. Está presente, mesmo nas memórias do esquecimento, como parte de tudo o que se sabe e tudo o que virão a saber.
A precursora de tudo, Raiinah. O sol que primeiro nasceu depois da noite estrelada, a luz que iluminou o dia, o poder que cresceu e se expandiu: nomeada Kursora.
Sua magia brilhou como o sol; gloriosa também, orgulhosa e altiva de sua resplandecência. Nasceu suprema, e Kursora tornou-se arrogante e prepotente.
A primeira que desenvolveu a voz, em forma de canto, para criticar e julgar. Ela falou aos seus e sua voz soou maviosa, persuasiva e, quase hipnótica.
Na Era das Sombras, trouxe da morte à vida e as glórias para combater o mal. Escolheu uma forma feminina luzente, também com asas de ouro e vestes de muitas pedras preciosas. Era esbelta, prepotente e eloquente. Era o desejo de ser maior e melhor, de crescer e desenvolver, de possuir e compartilhar.
Kursora é o pensamento que antecede a ação. Destemida, dela vem a solução para tudo. Seus atributos maiores são a coragem e decisão. O braço forte, a liderança, Kursora é eterna, o tempo do início ao fim.
Está nas estações, é primavera e verão; a fonte de energia que faz a vida florescer.
É a honra de pirita, cor de ouro resplandecente. Altiva.
Tomou para si parte do mundo e tornou-se parte de tudo o que nasce, cresce, floresce e morre. Kursora é o ciclo da vida honrando toda a existência.
É a magia que está em todos os lugares, onipresente e universal. Doa, mas também toma de volta.
No coração das batalhas, Mihá sempre à frente. A vitória, a força e a justiça, nomeada Ventura.
Aquela que aniquilou as dúvidas, Ventura nasceu na magia das conquistas e certezas. Irredutível com o mal e sem misericórdia para com aqueles que se desviavam do caminho benéfico.
Com uma delicada consciência, seu coração doía pelos erros alheios. Por isso, era violenta. Ventura era a que se magoava mais facilmente e se vingava sem piedade.
Na Era das Sombras, era o calor das batalhas, a chama da vitória. Não se importava com a visão que os outros tinham de si; escolheu uma forma disforme, ora donzela, ora dragão.
Causadora dos tormentos, seu poder é invasivo à mente, sua luz eternamente quente. Uma beleza capaz de queimar.
Ventura é tudo o que há de forte e vencedor no mundo, os desejos ocultos e as conquistas para o futuro.
Ventura é a justiça de proustita, fogo e chama em tons incandescentes. Esplêndida.
Intensa demais para ser vista. Cega e queima, mas quem ousar olhar, e suportar o tormento, ela mostra um novo caminho. Dá escolhas corretas e final grandioso, no qual muitos desejam seguir e dedicam suas vidas, pois ela irradia confiança.
Ventura, eternamente queimando o mal, destruindo o erro, refazendo o bem. Acalenta o sofrimento, motiva a alma, limpa a mente e dá novos sonhos.
É parte da vida, magia em movimento, parte de cada um presente no calor do corpo, o sangue nas veias e a glória das conquistas.
A visão que se tornou uma miragem. Er, o poder da busca pelo existir e sentir, nomeada Esteh.
Brilhante e fria, fugaz compaixão. Quando ela abriu os olhos para os seus, ouviu muitos sons, palavras boas e gritos de clamor. Esteh foi a primeira a dar ouvidos às súplicas e se comoveu com os lamentos, teve piedade, e com sua magia preencheu o coração de fé e saudades; congelou o mal e resfriou a ira.
A estrela mais cintilante no céu, longínqua, brilhando eternamente noite e dia. Quando toda a fé se vai, ela é a esperança.
Na Era das Sombras, recuou e esperou. Como apenas ouvia as súplicas e nunca ia à frente consolar, ficou conhecida como insensível e indiferente; gélida e estática.
Escolheu uma forma cristalina, adornada de prata e brilho; igual a diamantes cintilando como as estrelas de onde nasceu.
Não julga, não abandona e não trai. Seu poder é de união e afeto, está enlaçada ao coração como uma presença que ilumina e elimina a tristeza.
Nunca se aborrece nem desiste. Está no sopro da vida, na brisa que conforta, na mágoa esquecida, no amor que vai além do tempo. É a saudade e a espera.
Também é a que melhor esconde seus pensamentos, nunca demonstrou plenamente seus sentimentos.
A pureza de brilho gélido. É tudo o que há de calmo e inocente, a voz que tranquiliza e a expectativa dos desejos a serem atendidos.
É a espera e o último recurso para aqueles que perdem a fé.
Esteh é a esperança de uvarovita, de cor alva e cintilante. Cândida.
Permanece como parte do coração de cada um, presente no repouso depois de um dia de grande labor. Nos dias tristes, é a ânsia por dias melhores; a esperança que sempre fica e os sentimentos que não são esquecidos.
A música que governa o mundo, Merré se fez melodia e permaneceu na mente, mesmo depois do fim, nomeada Daopra.
Todos ouviram a melodia e se entorpeceram com o som. Consoante, Daopra deu as ordens e ditou as verdades. Tornou-se a magia capaz de realizar os sonhos. Canora argúcia, fez-se sussurro no coração, uma ode ao poder, equilíbrio e discernimento.
Sua magia desceu sobre poucos e sua graça invadiu a essência de cada um. Pura em simpatia, mas, também, austera nas decisões.
E na Era das Sombras, elaborou os planos. Soou melodiosa e causou felicidade. Seu poder trouxe ledice e nostalgia, alento e conforto.
A mente que mais pensava. O poder que mais cresceu e superou os outros. Escolheu uma forma esbelta, como as sílfides. Daopra, a mais vaidosa e de espírito livre.
Daopra, uma delicada vibração, os ludibriantes sons que eternamente dão força e coragem.
Sua fala é suave e benéfica, seu coração é doce e harmonioso.
É o poder de sogdianita, em tons violáceos. Deslumbrante.
É a música da vida, vivenciada em apanágios. Grandiosa, impossível não desejá-la ou invejá-la. Pois é a busca pela felicidade, a razão para fazer o bem.
É parte da alma, magia em expansão, parte de cada um como os propósitos, a liberdade e o poder.
No encanto e na ternura Roana, nasceu em amor, uma presença sublime e inesquecível, nomeada Bellepo.
Todos desejaram vê-la, era como uma pintura perfeita, feita com esmero e dedicação. Sempre bem-vinda, porque sua presença emanava bem-estar e segurança. Bellepo era o segredo, como as emoções guardadas no fundo do coração.
Também era o mistério que deu cor ao céu, de um azul ritmado e contagiante, de muitos tons e auras.
Na Era das Sombras, não tomou parte da batalha. Observou atenta, aprendendo e escrevendo todas as magias. Bellepo fazia o registro dos dias. Era a mais jovem das Musas, o futuro e a história.
Quando lhe foi permitido escolher uma forma física, encantou-se pelo azul do céu, do mar, da alma, da magia. Escolheu a forma de um pavão, exuberante e gracioso. Posteriormente, quando retornou em forma física, adotou uma forma feminina, pois sua missão exigia maiores talentos.
Bellepo, magia encantadora, gentil e lânguida. Nunca se revelou completamente, guardiã dos segredos do coração.
É tudo o que há de sincero e gentil no mundo, a temperança, as mais puras virtudes e a perfeita tranquilidade. Está presente como o outono e o inverno, em tons frios e suaves.
É o amor de azurita, num azul infinito. Apaixonante.
Está entre o povo, enviada como os olhos das Musas, para ser parte do reino, registrar os fatos e escrever novas histórias. O que fora antes função de Leonora, a mais antiga, agora é função de Bellepo, a mais jovem.
Bellepo faz parte do mundo, está junto para viver, sentir e agir. Sua forma física está ligada ao segredo do amor e magia. Anda livremente, capaz de fazer suas escolhas, pensar, auxiliar, rejeitar e amar.
Ei aqui o registro das divindades responsáveis por difundir a magia no reino de Les Marcheé, desde as Eras antigas até os dias atuais. Divas do reino de Inspirah, chamadas aqui de Musas.
Vielen Dank für das Lesen!
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