_rebeccajorge Becca Jorge

Por 49 dias, Baekhyun invadiu a vida de Chanyeol. Por 49 dias eles souberam como era a sensação de encontrar sua alma gêmea. chanbaek | fio vermelho | soulmate!au | plot doado por yixiuminn


Fan-Fiction Bands/Sänger Nicht für Kinder unter 13 Jahren.

#exo #chanbaek #fiovermelho #soulmate #soulmateau #baekhyun #chanyeol #byun_re
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Notas:

Olá meus amores, eu estou fazendo essa fanfic a pedido da @pcyooon que me marcou em um plot da yixiuminn, que amei demais, espero que goste anjo! O plot é esse aqui!

Falem comigo no twitter @jr__becca

Boa leitura ;)


~X~


Dia 1

— Então é você.

Chanyeol não sabia ao certo o que estava acontecendo.

Bem, era um sonho, mas não entendia que sonho mais estranho era aquele. Parecia que estava em todo lugar, mas ao mesmo tempo, em lugar nenhum. Não via seu corpo especificamente, era como se fosse feito de luz.

Olhou na direção da voz, nada viu também.

Estava confuso.

O que havia acontecido?

Quando acordou naquele dia, mais uma vez atrasado para o trabalho, Park Chanyeol não sabia o que pensar.

— MALDITO DESPERTADOR!

Ele saiu correndo, arrancando a roupa pelo caminho e escovando os dentes ao mesmo tempo que passava o sabão em partes estratégicas do corpo. Nem tentem entender como isso é possível, muito menos repitam em casa.

Colocou aquela roupa apertada, a qual o irritava. Blusa de botão, gravata, calça social, sapatos lustrados.

Adorava ser um advogado.

Odiava usar roupas formais.

Ossos do ofício, Junmyeon falava. Seu melhor amigo e sócio, por sinal.

A vida de Chanyeol era um tanto… preto e branco.

Ele acordava, xingava o despertador, trabalhava, trabalhava e trabalhava, às vezes lembrava de comer, então trabalhava, trabalhava e trabalhava.

Ao chegar em casa depois de um dia conturbado no escritório, trabalhava mais um pouquinho.

Gostava disso.

De ter o poder da própria vida em suas mãos.

— Está precisando amar. — Junmyeon falava.

— Está precisando foder. — Sehun dizia, esse era o conselho do marido de seu melhor amigo.

Almas gêmeas.

Não acreditava muito nisso. Nessa bobagem de fio vermelho, em que, magicamente, uma pessoa estaria te esperando do outro lado.

Besteira, em sua cínica opinião.

Naquele dia, em específico, ficou ainda mais concentrado no trabalho. Não que isso fosse novidade, mas quando ouvia aquela voz ecoando em sua cabeça ao dizer: “então é você”, algo estranho se agitava em seu peito.

Algo… morno, como chocolate quente e marshmallow derretido naquele inverno que se mostrava cada vez mais rigoroso.

Gostava do frio.

Junmyeon dizia que o motivo era por seu coração ser tão gelado quanto.

Uma mentira descarada, todos sabiam. Chanyeol amava os amigos, só nunca havia… se apaixonado.


Dia 2

Chanyeol andava por uma rua longa e arborizada.

Bonita, parecia um bairro residêncial.

Estava sonhando novamente.

Ao fim da rua, uma praça se estendia. Estava vazia, exceto pelo belo homem usando touca vermelha e óculos redondos. Ele se virou em direção ao Park e deu dois tapas ao seu lado, no banco. Chanyeol foi, pois era um sonho, afinal, qual o problema?

— Eu gosto da neve. — disse o homem.

— Eu também. — respondeu, ainda intrigado com aquele sonho estranho. Era a mesma voz da noite anterior. — Quem é você?

— Quem é você?

— Esse é o meu sonho, não acha que eu deveria fazer as perguntas?

Era um vício do trabalhado, ficar na defensiva, sondar a área, entender o outro e depois atacar.

— Não, esse é o meu sonho, você que está nele. — o menor sorriu. — Posso dizer que você é o meu sonho, talvez, ainda não tenho certeza.

— O que quer dizer?

— Não sei também, queria que me respondesse.

— O que devo falar se você não pergunta o que quer saber?

O homem riu, era uma risada bonita, baixa e que deixou seus olhos ainda mais brilhantes.

— É sempre tão durão? — ele falou com deboche, inflando as bochechas e engrossando a voz em uma tentativa falha de imitar o Park.

— Hey, como alguém pode caçoar de mim no meu próprio sonho?

— Já disse, esse é o meu sonho. — respondeu. — Como se chama?

— Park Chanyeol. — o maior decidiu ceder, mas apenas pois estava curioso demais com aquele homem. — E você é?

— Não precisa saber ainda, mas pode me chamar de Bae.

— Bae? Isso não é íntimo demais?

— Hm? Você é o tipo de pessoa que demora para se soltar? — o homem virou o rosto de lado, parecendo incrivelmente adorável aos olhos do Park naquele momento. — Ah, é sim, olhe esses ombros tensos, precisa relaxar, Park Chanyeol.

— Não me conhece para saber o que eu preciso.

— Não mesmo, mas eu posso?

— O quê?

— Conhecê-lo? Queria muito isso.

— Por quê?

— Ainda não percebeu? — Bae sorriu para o maior, que engoliu em seco, sem entender como poderia se sentir tão afetado por um sonho. — Por isso.

Em seu dedo estava amarrado um fio vermelho, Chanyeol acompanhou o fio em um emaranhado no chão, e outra ponta se erguia até sua mão. Seu próprio dedo.

— O que é isso?

— Ah, nada demais… Só o destino. — Bae suspirou, e olhou ao redor com um bico chateado. — Você logo vai acordar…

— Como sabe?

— Ainda não respondeu minha pergunta, Park Chanyeol, eu posso conhecê-lo?

Chanyeol acordou sobressaltado, olhou para a mão, mas não havia fio nenhum ali, balançou a cabeça afastando aquele sonho estranho e se virou para o relógio. Estava ficando maluco.

— MERDA DE DESPERTADOR!

E atrasado como sempre.


Dia 3

Ao dormir, Chanyeol se viu novamente aquela praça.

Todo o seu dia havia se transformado em confusão. Por algum motivo, ele não conseguiu tirar da cabeça a pergunta de Bae. E não pôde deixar de pensar em diversas outras coisas, era um curioso de nascença.

Quando parou para refletir sobre o sonho, entendeu o que era aquele fio.

Uma linha vermelha que sempre o liga a pessoa que está destinada a conhecer, a se apaixonar.

A maldita história de almas gêmeas.

Tentava convencer a si mesmo que não passava de uma baboseira inventada por seu subconsciente depois de uma conversa sem sentido de Junmyeon lhe propondo férias e, quem sabe, tentar encontrar um amor.

Amor, Chanyeol não tinha tempo para perder com algo tão sem sentido como amar. Muito menos para férias.

Contudo, naquela noite, assim que se viu na praça novamente, vendo o mesmo homem bonito de touca vermelha lhe sorrindo, se questionou se era tudo apenas um sonho mesmo.

— Pensou sobre minha pergunta, Park Chanyeol?

— Sim.

— Sim? É sua resposta?

— Sim, mas com uma condição.

— O quê?

— Tem que me explicar o que está acontecendo.

— Eu vou, no momento certo.

Quando Chanyeol acordou naquela manhã, viu que tinha uma hora para se arrumar. Até estranhou, pois foi dormir quase duas da manhã e ainda eram seis. Seu corpo sempre implorava por descanso, por isso estava constantemente atrasado.

Virou-se na cama, olhando o teto e pensando em seu sonho. Quem era aquele homem? Quem era Bae?

— Isso está ficando realmente estranho. — sussurrou para si mesmo.

— O quê?

— AAAAAAH!

O Park levantou-se rapidamente, olhando a ponta da cama. Ele estava ali, e ao mesmo tempo, não estava. Parecia uma imagem holográfica, conseguia vê-lo, mas ainda assim, ele não parecia estar ali.

— Bom dia, Chanyeol.

— O que é isso? O que é você?

— Eu sou Bae, estou aqui para te conhecer.

— Estou ficando maluco? Será que Junmyeon está certo e eu tô começando a alucinar por causa do trabalho?

— Ah, é um workaholic?

— É o que dizem.

Bae sorriu, observou o homem grande, apenas de cueca, e com o cabelo todo embolado. Chanyeol foi até a escrivaninha e pegou um cigarro, logo recebendo um olhar reprovador de Bae, o que quer que ele fosse.

— Não acredito nisso.

— Não me julgue, você nem está aqui.

— É claro que estou, você me vê, certo?

— Sim… Quer dizer, mais ou menos. Você é um fantasma?

— Estou mais para uma personificação.

— De quê?

— Do meu desejo mais profundo.

— E o que seria isso?

— Irei te falar na hora certa, Chanyeol.

— Só poder ser brincadeira.

Bae continuou com cara feia, até o maior virar de costas e seguir para cozinha, ainda fumando. O menino-fantasma-que-não-é-fantasma o seguiu.

— Você descansa?

— Como assim?

— Está com olheiras, e cigarro no café da manhã é como uma bomba de câncer.

— Eu geralmente não fumo, só quando estou estressado, e não tenho tempo para descansar.

Bae revirou os olhos.

— E viver?

— Não estou vivo?

— Sim, mas o que faz pra viver? Pra se sentir vivo? Pra ser feliz?

— Eu sou advogado.

— E?

— É isso.

— Você… não faz nada?

— Eu trabalho, esse é meu sonho.

Bae seguiu o maior pela casa, respirando fundo. Não conseguia entender como ele poderia estar do outro lado de seu fio. Eram tão diferentes. O maior colocou o café para fazer, e logo depois encheu uma xícara para si.

— Trabalhar não conta. O que mais você faz?

— Você não cansa de fazer perguntas?

— Você não cansa de fugir das minhas perguntas?

Chanyeol grunhiu irritado, olhou o relógio da cozinha e xingou.

— Merda! Como acordei tão cedo e tô atrasado?

Correu para o banheiro e o menor assistiu mais um dia comum na vida do Park, sentindo-se exausto e confuso em apenas observá-lo.


Dia 7

Bae andava alguns passos atrás de Chanyeol, estava com um olhar reprovador, mas o maior ignorou-o deliberadamente. O Park ainda não havia se acostumado com aquela presença, personificação, como ele disse, ao seu lado todos os dias.

Ultimamente estava distraído, fazendo com que errasse com frequência e o deixando muito irritado, assim, fumava mais do que de costume. O menor conseguia ver o fio vermelho os ligando, e só por isso acreditava que eram, de fato, almas gêmeas. Mas não sabia o motivo para isso, pareciam tão diferentes!

Achava que eram de mundos opostos. Naqueles dias viu o maior trabalhar até quase a exaustão, dormir, acordar, e repetir o processo.

Chanyeol olhou sobre os ombros, para ver se o homem ainda estava ali. Eles se encaram. Algo dentro dos dois sempre parecia certo ao se olharem, deixando o advogado mais confuso, e por isso acendeu outro cigarro

— Por que tem fumado tanto?

— Não sei, deve ser porque tem um fantasma me seguindo por dias?

— Não sou um fantasma.

— Claro que não, mas só eu te vejo.

— Só você está conectado a mim.

Chanyeol bufou, não acreditava que aquele tipo de coisa estava acontecendo consigo. Foi praticamente expulso do escritório por Junmyeon, pois estava muito disperso e fez diversas besteiras, então decidiu terminar em casa a papelada do dia.

— O que você gosta de fazer? Sempre me lota de perguntas, mas nunca fala sobre você, Bae.

— Só porque não perguntou. — o menor disse com um sorriso. — Eu gostava de lugares calmos, era biólogo, apaixonado por borboletas e venenos de sapo.

— Sério isso? — Chanyeol quis saber, rindo baixinho, mas não de forma debochada.

— Sim, é engraçado, somos o típico garoto da cidade grande versus garoto do interior.

— O silêncio me deixa nervoso, gosto da agitação da cidade.

— Talvez não goste do silêncio, pois ele te lembra que está sozinho.

— Talvez eu não goste, porque é entediante. — sua resposta saiu ríspida.

— Por isso se afoga em trabalhos?

— Você não cansa de fazer perguntas, Bae?

— Não, eu já disse, quero te conhecer.

Chanyeol respirou fundo, olhando para o homem bonito atrás de si querendo saber o motivo para aquilo estar acontecendo, então balançou a cabeça e continuou andando. Nada fazia sentido.


Dia 11

— Hoje é sábado, por Deus!

— Eu tenho muito o que fazer, não importa que seja sábado. — Chanyeol respondeu, na cadeira giratória de seu escritório em casa. Bae estava no chão, as costas apoiadas na lateral da mesa enquanto via o maior debruçado sobre uma pilha de papéis.

— Não têm amigos? Família? Mais o que fazer?

— Não.

— Não? Como não?

— Eu não tenho família, hoje meu sócio e melhor amigo deve estar aproveitando sua folga com o marido, não vou atrapalhá-los, além disso, tenho muito o que fazer.

— Não tem família?

— Eu cresci em abrigos e lares adotivos, lutei muito para chegar onde estou, não tem motivo para fazer corpo mole agora.

O menor ficou quieto, observando Chanyeol perdido em folhas, livros e completamente apático ao que acabou de falar. Suspirou pesado, ele não é uma pessoa fácil de lidar.

Por outro lado, naqueles dias que esteve observando-o, percebeu que era um homem fechado. Frio, ouviu de algumas pessoas, contudo, havia calor no olhar do Park. Sempre que se encaravam, conseguia enxergar aquela centelha em seu ser. Suspirou.

Conseguia entender parte de Chanyeol, de sua solidão e amor pelo trabalho, e depois de ouvir sua declaração percebeu algo. Ele não sabia compartilhar sua vida com as pessoas. Geralmente estamos tão acostumados a isso em ambientes familiares que fica difícil imaginar como seria a vida se não houvesse alguém para lhe abraçar a noite, para fazer o almoço ou simplesmente perguntar como foi seu dia.

Como deve ser crescer sem ter ninguém?

Facilmente nos tornaríamos fechados, reclusos e até um pouco apáticos.

Bae se levantou, vendo o nome de uma reserva florestal em que trabalhava nos papéis, arregalou os olhos.

— Hey, eu conheço esse nome.

— Sério?

— Sim, já trabalhei lá.

— Ainda bem que não trabalha mais, Bae.

— Por quê?

— Uma empresa entrou com um pedido judicial para comprar parte da reserva, e se depender de mim, é uma causa ganha.

— Não! Chanyeol, não pode fazer isso! Existem árvores que são mais antigas que nossos avós, que nossos tataravós, são muitos anos de flora para deixar uma companhia destruir tudo por dinheiro.

— Sinto muito, Bae, é a vida.

— Não acredito. — o menor riu sem humor. — Se as coisas fossem diferente, seria assim que eu o conheceria, certo? Em uma audiência para proteger a reserva?

— Ainda podemos nos encontrar, a audiência é em um mês. — Chanyeol se virou para a personificação de seu sonho, quem estava o seguindo há dias. — Então, vai me ver de verdade?

— Chanyeol, me ouça, não pode deixar uma empresa destruir toda uma área florestal só para lucrar, pense nisso, sua consciência não pesa?

— Claro que não, quem decide é o juiz, não eu, apenas mostro os argumentos.

— E quais são?

— Bem, a reserva florestal tem um gasto absurdo por mês, mal consegue se sustentar, não tem voluntários o suficiente tomando conta dela, então uma grande parte está abandonada, não é melhor vender para alguém que vai usar o espaço da forma correta?

— Se uma pessoa está doente, você acha melhor matá-la de uma vez? Ou cuidar para que volte a viver?

— Não é a mesma coisa, Bae.

— É exatamente a mesma coisa, Chanyeol, estamos com deficiência porque ninguém sabe que existimos, se as empresas certas, aquelas com consciência ambiental, fizessem parceria conosco, se pudéssemos cobrar ingressos para visitação, existem tantas coisa a serem feitas nessa reserva…

Chanyeol olhou o rosto bonito daquele homem, havia lágrimas cristalinas em seus olhos. Bae parecia terrivelmente triste. Quis tocá-lo, secar seu rosto, mas não conseguia, era como se ele fosse feito de algodão doce, derretendo na ponta de seus dedos.

— Às vezes ainda acho que estou sonhando com você.

— Estou aqui, Chanyeol.

— Você é bonito demais para ser real, Bae, não chore por causa de algumas plantas.

— Eu não choro só por causa de árvores, Park, eu choro por temer o fim da vida.


Dia 18

Estava nevando. Chanyeol sempre gostou do frio. Sua empresa ficava a poucas quadras do prédio em que vive, no centro comercial. Muitos odiariam morar em meio ao caos, como Bae, mas o Park sentia-se acolhido pelo tumulto, por tudo aquilo que era tão rejeitado quanto ele.

Ambos estavam debaixo do guarda-chuva andando até o apartamento de Chanyeol, era tarde, quase onze da noite, e o maior passou o dia todo enfurnado no escritório.

Porém, logo na entrada do prédio havia uma caixa de papelão, dentro dela uma bolinha de pelos se encolhia de frio. Era um filhotinho.

O Park parou, e só então Baek percebeu a caixa, observando o maior seguir até lá. Ele fez carinho no pelo negro do cachorro, ouvindo um choro baixinho. Deixou seu guarda-chuva sobre a caixa, para protegê-lo da neve, e entrou no prédio.

— Vai deixá-lo lá fora?

— O que quer que faça, Bae?

— Cuide dele.

— Não tenho tempo para ter um animal de estimação.

— Ele vai morrer de frio, Chanyeol.

— Não é problema meu.

— Não era problema seu, mas a partir do momento que pode fazer algo para salvá-lo e não faz, se torna sua responsabilidade também.

— Você é insuportável algumas vezes, sabia? Está falando isso por causa da reserva? — quis saber, apertando o botão do elevador com força.

— Também, mas não acho justo deixar um pobre filhote no frio, pelo menos trago-o para dentro, dê um pouco de comida e amanhã leve-o para um abrigo.

Quando o elevador parou no térreo, Chanyeol olhou para dentro dele, depois encarou a entrada do prédio, onde estava a caixa de papelão. Grunhiu de raiva e se virou, voltando para entrada, pegando seu guarda-chuva e o filhotinho. Ele estava tremendo de frio, por isso o colocou dentro do sobretudo, para esquentá-lo um pouco, e entrou no elevador que ainda o esperava.

Bae sorriu ao ver Chanyeol apertar o botão da cobertura com raiva. Era tudo fachada, percebeu, esse jeito estressadinho e falsamente indiferente.

Ele se importava, só precisava de alguém para lhe mostrar a razão algumas vezes.

— Estou feliz por ter feito isso. — Bae disse, parando em frente ao maior, que revirou os olhos.

— Eu estou ficando louco, só pode… Vendo minha suposta alma gêmea que ninguém mais vê e levando um cachorro para casa.

— Não acho que está ficando louco, sabe o que eu acho?

— Hm? — Chanyeol o encarou, vendo o homem sorrir de forma grande, reparou nas bochechas coradas, os olhos brilhantes, os dentes brancos com as presinhas aparecendo, ele era tão bonito que às vezes lhe tirava o fôlego.

— Acho que está vivendo.

Chanyeol riu. Definitivamente estava ficando louco, mas também, naqueles dias estranhos e conturbados, também sentia-se estranhamente feliz.


Dia 22

Era domingo, e Toben, o cachorro, corria pelo apartamento enquanto Bae gargalhava, fugindo do animal que jamais conseguia pegá-lo, pois ele não estava ali, de fato.

— O cachorro te vê? — Chanyeol perguntou, de forma irônica, seguindo até a cozinha depois de passar a manhã toda enfurnado no escritório de seu apartamento.

— Animais são sensitivos, ele não me vê, mas ele me sente.

— O que eu não vejo é… — o Park começou, enchendo a caneca com café, já pronto para voltar ao escritório. — Sentido nisso! Por quê não aparece na minha porta? Por que não está aqui?

— Eu estou aqui!

— Não está.

— Chanyeol, feche os olhos, deixe essa caneca aí em cima do balcão. — pediu com um ar brincalhão e o maior olhou-o de forma séria, até Toben ficou quieto, sentado entre os dois, olhando-os com interesse.

O advogado bufou, fazendo o que foi pedido. Cruzou os braços e fechou os olhos, não via nada, mas todos seus pelos se arrepiaram quando uma sensação gelada subiu por seu braço, contornando o pescoço e dedilhando o maxilar.

Não era uma mão, mas pareciam dedos fazendo carinho em sua pele.

Deixou um suspiro escapar, era gostoso, como se estivesse sendo envolto de sensações boas.

— Você me sente, se me sente, eu estou aqui. — sussurrou e o filhote latiu. — Viu? Toben concorda.

— Toben?

— É, penso que é um nome legal para uma bolinha de pelos, o que acha?

Chanyeol abriu os olhos, vendo o rabo curtinho do animal balançando, assim como o sorriso grande de Bae.

— Isso não prova nada! — respondeu irritado, esticando a mão sem conseguir tocar ao rosto do menor, como queria. — E não coloque nome no animal, ainda não tive tempo de ir no abrigo, mas isso não quer dizer que ele vai ficar.

Chanyeol saiu pisando duro, depois de pegar sua caneca, e trancou-se mais uma vez no escritório.

— Não se preocupe, Toben… — Bae se abaixou, encarando o filhotinho, que virou o rosto de forma fofa. — Ele não vai ter coragem de te mandar embora, eu sei disso.


Dia 29

— Chanyeol? Qual seu problema? — Junmyeon perguntou, ambos sentados um de frente para o outro na mesa grande da sala do Park, os dois vendo os detalhes para o julgamento da reserva florestal.

— Nada… — bufou, olhando de esguelha para o sofá onde Bae estava jogado, brincando com os próprios dedos. Acabou sorrindo de leve ao reparar no bico em seus lábios, ele estava entediado.

— Do que está rindo?

— Quê? Não estou rindo!

— Está sim… Se eu não te conhecesse, diria que está apaixonado.

— O-o quê? Sehun tem colocado o que na sua comida, Junmyeon?

— Sei lá, está disperso, às vezes sorri olhando para o nada, nunca o vi assim…

— Eu estou ótimo! — rebateu, olhando de canto para Bae, que agora estava sentando virando na sua direção, parecendo bem interessado na conversa.

— Então, o que acha disso? É quase uma causa ganha, mas não sei… — o Kim afrouxou a gravata, e o maior sabia que isso significava um dilema interno. — Acha isso certo? — sussurrou, tentando tirar um pouco do peso nos ombros.

— Se não fizermos, outro advogado vai fazer.

— Outro advogado vai levar a culpa.

— E o dinheiro. — Chanyeol respondeu, ouvindo um arfar indagando, não precisou se virar para saber que era Bae.

— Não precisamos do dinheiro.

— A reserva vai continuar sendo vendida, qual a diferença ser nós dois defendendo essa empresa?

— Será que não existe um meio termo, Chanyeol? Eu não estou me sentindo bem em destruir uma reserva de forma tão banal.

O maior levantou o olhar, e Bae tinha uma sobrancelha arqueada em uma expressão petulante. Enfiou as mãos grandes no cabelo alinhado, bagunçando-o.

— Vamos pensar, ok? Ainda temos alguns dias, podemos tentar amenizar os danos, fazer uma contraproposta para empresa. Agora vai, está tarde e Sehun deve estar te esperando.

— Ok, vou tentar pensar em algo vantajoso para todos. — o melhor amigo se levantou, mas antes de sair se virou para o Park e sorriu. — Eu queria muito que soubesse o que é se apaixonar, Chanyeol, lhe faria muito bem.

— Junmyeon, sinceramente, peça para o seu marido controlar as substâncias químicas que tem usado como tempero, está afetando seu cérebro.

Ambos riram, na verdade, Bae também soltou uma gargalhada, observando Chanyeol de uma forma diferente, pois ali, ele percebeu todo o carinho contido do olhar do maior ao observar o Kim sair da sua sala.


Dia 34

Bae ligou o som, colocando uma música agitada. Ambos estavam na sala de Chanyeol, o maior, como sempre, perdido em pilhas e mais pilhas de processos. Ele começou a pular de uma lado para o outro, rodando em volta de si mesmo enquanto o maior olhava-o do sofá, com um sorriso bobo brincando no rosto. Bae conseguia distraí-lo facilmente. Toben estava preguiçosamente jogado no sofá, olhando de um para o outro.

— Vamos, Yeol.

— Não.

— Vem, dança comigo!

— Primeiro, você está parecendo um maluco, não dançando. — o maior começou, rindo de Bae que deu de ombros com aquela constatação. — Segundo, estou trabalhando. Terceiro, eu não sou bom nesse tipo de coisa.

— Que tipo de coisa? Ser feliz?

— Exatamente isso.

— Deixa de ser idiota, todo mundo merece ser feliz, ser espontâneo, vem, não aceito não como resposta.

— Bae, deixa disso.

— Chanyeol!

— Não!

— Park Chanyeol! — Bae falou seriamente, rindo um pouco logo em seguida e colocando o som no último volume. — Feche os olhos, assim não vai ficar com vergonha.

— Abaixa isso, os vizinhos vão me matar.

Ele acabou levantando, pois o menor fingiu não escutá-lo, continuando sua dança louca que envolvia mover os braços e quadris cada um em um ritmo diferente. Chanyeol não conseguiu conter o sorriso em seu rosto ao ver o outro tão… livre. Acabou fazendo o que ele disse, fechou os olhos e moveu o corpo de forma desengonçada, primeiro timidamente, ganhando energia aos poucos.

— É isso aí! — o menor falou, fazendo Chanyeol abrir os olhos e rir ao vê-lo pulando de um lado para o outro. Acabou entrando no ritmo de Bae, deixando-se levar pela música.

Os dois riam e dançavam, como se fossem capazes de tudo.

De conquistar o mundo.

Toben se escondeu debaixo de uma almofada, como se sentisse vergonha de assistir aquela cena ridícula. Chanyeol não se lembrava de já ter sentido-se tão ele mesmo, como naquele momento.

Depois de mais duas músicas, ambos se jogaram no sofá, o menor gargalhava e mesmo que o riso do Park fosse contido, havia um brilho jamais visto em seu olhar. O filhotinho pulou no chão, decidido a se esconder debaixo da cama, seu lugar preferido na casa.

— Merda. — Bae falou em um sussurro, encarando os fios desgrenhados de Chanyeol, o rosto começando a suar mesmo que fosse inverno e aquele sorriso bonito brincando nos lábios. — Sinto que, se tudo fosse diferente, poderia me apaixonar perdidamente por você.

Aquilo fez o maior se sentir feliz por um lado, pois ele também tinha a sensação que Bae poderia ser alguém muito especial em sua vida, mas ao mesmo tempo, não entendia todo o mistério por trás de sua aparição repentina.

— Onde está você? — sussurrou, fazendo o sorriso no menor ter uma sombra triste.

— Longe.

— É sempre tão vago, não é justo! Me diga alguma coisa, Bae… Qual o seu nome?

— Byun Baekhyun, mas pode me chamar de Bae o quanto quiser.

Chanyeol sorriu com aquilo.

Byun Baekhyun, era seu nome.

O nome de sua alma gêmea.


Dia 37

— Eu tive uma ideia!

— Sobre?

— A reserva florestal! — Baekhyun sentou na mesa de Chanyeol, estavam no escritório. — E se vocês proporem a empresa, ao invés de comprar, investir?

— Eles não vão querer investir!

— Não, me escute. É bom para empresa ter seu nome associado algum tipo de ação social, e o ajuda a diminuir os impostos! Então eles podem organizar a visitação a reserva, cobrar entrada, restaurar os nossas amostras arqueológicas e entre milhares de outras coisas! Acha que uma empresa vai lucrar mais como? Desmatando e com vários ativistas difamando-a ou investindo em um lugar que ninguém acreditava e lucrando com a visitação?

Chanyeol franziu o cenho, era uma boa ideia.

— Sabe que eles iriam usar parte da reserva, mesmo assim…

— Antes uma parte do que destruir anos de pesquisa, Chanyeol.

— Isso é muito inteligente.

— Eu sei, obrigado.

— Preciso conversar com Jun, mas podemos tentar convencer a empresa a repensar, sim… Só não posso te dar certeza.

— Chanyeol, apenas de tentar, você já me mostra que é o tipo de cara por quem eu teria lutado.

— Lutado? Por que isso? Estou bem aqui, não precisa lutar...

O maior sorriu de lado, olhando-o daquela forma que fazia Baekhyun se culpar por estar ali, por ser o brilho no olhar de Chanyeol.

Antes que pudesse falar algo, Junmyeon entrou na sala do amigo, e os dois começaram a conversar sobre aquela possibilidade. Em todo momento, o Park voltava a olhar para Baekhyun, que tinha um sorriso orgulhoso ao vê-lo tão empenhado, mesmo que isso não fosse o suficiente para ter certeza que impor sua presença ao outro havia sido a melhor escolha.


Dia 42

— Almas gêmeas são engraçadas, já pensou nisso? — Baekhyun perguntou.

— Todo dia! — o maior olhou-o de forma inquisitiva, ambos deitados na cama de Chanyeol, em uma manhã de atraso, a qual Baekhyun conseguiu convencê-lo a não correr.
Os dois encaravam o teto, e seus dedos estavam entrelaçados, ou algo parecido com isso, sentiam o toque, apesar de não estar ali, de fato.

— Bobo, não falo de mim… Mas por exemplo, imagine nosso primeiro encontro sem nos conhecer? Acho que teríamos brigado.

— Tenho certeza que eu não iria com a sua cara, talvez o chamasse de algo que fosse me arrepender depois.

— Mesmo? — Baekhyun riu. — Como o quê?

— Não sei…

— Fale, o que vem a sua mente?

— Hippie maconheiro? Caipira idiota? Não sei!

Baekhyun gargalhou, porque já havia ouvido algumas coisas parecidas de outras pessoas.

— Eu te chamaria de engomadinho de merda, acéfalo fruto da sociedade capitalista.

— Me sinto quase ofendido. — Chanyeol rebateu, ainda rindo.

— Mas depois, eu respiraria fundo e pediria desculpa, porque não gosto de guardar raiva de ninguém, é um sentimento corrosivo em nós e não naqueles que o causam. Te chamaria para um café.

— Provavelmente ficaria curioso, e aceitaria, mesmo sem acreditar no seu arrependimento. Tentaria te fazer ser honesto.

— Eu acharia graça disso, e tentaria te deixar mais confuso ainda.

— E eu gostaria, nada me deixa mais animado do que um jogo complicado. Talvez eu te chamasse para o segundo encontro.

— Talvez eu aceitasse.

Os dois sorriram, e logo o “soneca” do telefone de Chanyeol tocou. Ele deu um sorriso culpado e levantou, precisava se arrumar.

Já Baekhyun precisou conter todas as lágrimas traiçoeiras que queriam colocar para fora toda a sua dor por imaginar aquele primeiro encontro, que nunca aconteceu.

Que nunca aconteceria.


Dia 47

Era o dia da audiência, Junmyeon estava a frente, mas Chanyeol quis assistir, pois ele sentia que poderia estar mais perto de Baekhyun se fosse ali. Seu sócio preparava os papéis e ambos haviam convencido a empresa a repensar sobre o acordo com a reserva florestal, eles estavam dispostos a investir.

Ao adentrar o local, Baekhyun sentiu-se ansioso, e Chanyeol, esperançoso.

O Park seguiu até os representantes da reserva, sentiu-se um pouco decepcionado ao não ver o Byun, mas como ele falou que não trabalhava mais lá já havia imaginado essa possibilidade.

— Com licença… — chamou a atenção de um dos homens.

— Chanyeol? O que está fazendo? Vamos nos sentar!

O maior ignorou-o com um sorriso divertido nos lábios, olhando o outro homem virar-se para si.

— Sou Park Chanyeol, prazer.

— Eu sei quem você é… — o olhar acusatório deixou claro que o homem não confiava em si.

— Vamos com calma, acho que vai gostar da proposta do meu sócio, mas não é sobre a audiência que eu quero falar. Como se chama?

— Chanyeol, é sério, deixa disso! — Baekhyun voltou a sussurrar, vendo os homens apertaram as mãos. Seu melhor amigo a sua frente sequer conseguia enxergá-lo.

— Acho difícil me surpreenderem… Me chamo Kim Jongdae, o que quer?

— Gostaria de saber se pode me dar o endereço, ou um telefone… — começou.

— Chanyeol, por favor, pare! — o Byun agarrou suas vestes.

— De Byun Baekhyun.

O olhar que recebeu do homem foi um misto de surpresa, dor e desconfiança.

— O que disse?

— Bem, foi ele que me fez mudar de ideia sobre os termos dessa negociação, queria agradecer… — sua voz era fraca, sem entender o motivo para tanto espanto do homem.

— Você não sabe?

— Senhores! Atenção, a audiência vai começar.

Chanyeol se afastou quando Jongdae deu um último olhar cheio de pena em sua direção, e então seguiu em frente.

— O que eu não sei? O que foi isso? — Chanyeol sussurrou, saindo apressado do local, para não atrapalhar negociação.

— Por que tinha que fazer isso? Hein!

— O que não está me contando? Baekhyun?

— Temos dois dias ainda, por que… — o menor suspirou sofrido e o Park sacou o celular. Não havia feito nenhuma busca antes, pois acreditava que veria Baekhyun em breve, que logo o mistério seria resolvido. — Não, Yeol. Não!

Mas já era tarde, ele já havia jogado seu nome na barra de pesquisa, já olhava as notícias, e sentia o coração ruir. Fechando e abrindo várias matérias, na esperança de ter lido errado, na esperança de ser uma mentira, na esperança…

Olhou para Baekhyun, que tinha o rosto bonito manchado por lágrimas.

— Baekhyun, por que… por que apareceu assim para mim? Por que não posso te ver de verdade? — sussurrou, quase sem forças. E sem querer, de fato, ouvir a resposta.

— Porque eu estou morto, Chanyeol.


Dia 48

A neve se acumulava na janela da cobertura.

Era a primeira vez na história da empresa que Park Chanyeol havia faltado. Apesar de Junmyeon estar radiante com resultado bastante satisfatório da audiência no dia anterior, o amigo não consegui sentir essa euforia.

Não conseguia sentir nada.

O Park andou de um lado para o outro, no dia anterior, voltou para casa correndo, ligou o computador e tentou de todas as formas possíveis encontrar uma saída para o que estava sentindo, para a dor, a sensação de perda de algo que jamais foi seu.

As notícias estavam lá, todas com o mesmo resultado. Ficou tão possesso que quebrou o rádio na sala ao se lembrar de Baekhyun dançando, olhar para ele doía. Doía tanto que ele se perguntava como o outro poderia estar morto, se aquele sentimento era tão real.

Tomou seus calmantes e dormiu, apagou, acordando apenas naquela madrugada gelada.

Andou descalço, sem se importar com a dor nos pés, abriu a porta da sacada e pegou um cigarro, o olhar reprovador de Baekhyun veio junto de um suspiro triste.

— O que faz aqui? — a pergunta foi rude. — Que porra está fazendo aqui? — Chanyeol se virou para o menor, que mordiscou os lábios, sentando-se no parapeito.

O roupão do Park estava aberto, mostrando o peito nu e a calça de moletom larga. Os flocos de neve se prendiam nos poucos pelos em seu peitoral e alguns no rosto, que estava tão duro quanto gelo.

É uma fachada para dor, Baekhyun sabia, havia visto tantas vezes naqueles dias que esteve ao lado dele.

— Eu nunca gostei da cidade grande, gosto do campo, sabe… Mas precisava resolver alguns problemas aqui, por isso estava instalado em um hotel, no centro. Eu encontrei uns amigos, na sexta à noite, nós comemos, rimos e nos despedimos, então voltei andando para o hotel. Eu entrei em uma loja de conveniência para comprar leite, pensei no gosto artificial, e como sentia falta de um leite fresco, mas tinha mania de dormir só depois de uma caneca quentinha de leite com mel. Eu parei no sinal, esperando fechar para atravessar a rua, menos de uma quadra do meu hotel. Estava começando a chover. — Baekhyun virou o rosto para cima, sentindo a sensação de frio, mas ao mesmo tempo, não sentindo nada. — E um homem perdeu o controle, a pista estava escorregadia, ele estava bêbado e eu na calçada no exato momento em jogou o carro para o lado.

— Não quero ouvir isso! NÃO QUERO SABER DISSO!

— Me perguntou o que eu fazia aqui, estou contando, Chanyeol… Me desculpe, eu fui egoísta. — Baekhyun se inclinou para frente, encostando sua testa na do maior. — Eu morri com um desejo muito forte em meu coração, tão forte que eu tive a opção de tentar saciá-lo antes de partir.

— O quê?

— Sempre quis saber quem estava do outro lado do meu fio, minha alma gêmea, me falaram que eu poderia descobrir, mas que partir seria mais doloroso, eu escolhi a dor. Não entendi que estaria escolhendo a sua dor também, eu só pensei no meu desejo em te conhecer, em me apaixonar por você… Esqueci de cogitar como isso iria te fazer sofrer. Eu tentei ao máximo me manter afastado, para depois você pensar que era apenas um sonho louco, mas não consegui evitar querer contar mais de mim para você, não pude evitar querer que você me amasse também… Eles me deram 49 dias com você.

Os soluços de Baekhyun vieram baixinhos, enquanto todo o corpo pequeno tremia. O céu escuro e sem lua só deixava aquela conversa ainda mais pesada. Chanyeol sempre adorou o frio, mas aquela foi a primeira vez que o sentiu de verdade. O gelo em sua pele, como se houvessem injetado em suas veias e agora era bombeado para o coração. Todo o corpo parecia frio. Ele fez as contas e percebeu que lhe restava apenas um dia, um mísero dia.

— E o que eu faço agora? — Chanyeol sussurrou, sentindo os próprios olhos cheios de lágrimas. — O que faço agora que te amo e não está aqui? Como eu convivo com esse sentimento? Com a sua falta?

— Você pode me encontrar sempre, Chanyeol, pode me ver em tudo aquilo que eu amo. No bater de asas suave de uma borboleta, naquela reserva que eu amei tanto tomar conta, toda vez que olhar para Toben… Vai doer, mas isso apenas vai te mostrar que está vivo, e que você precisa viver! E eu digo viver de verdade, ser feliz… Precisa viver por mim tudo aquilo que não pude, e onde quer que eu esteja, sentirei seu amor, porque estamos ligados, independente do tempo e da distância, nada consegue arrebentar esse fio. Nosso fio. Nosso amor.


Dia 49

De forma a honrar o que Baekhyun pediu, Chanyeol decidiu fazer tudo o que o menor mais amava, conhecer tudo dele naquele dia que lhe restava. Passaram a tarde anterior andando em praças, visitando museus e fingiram, naquele momento, que tinham todo tempo do mundo.

Ou talvez tenham feito ao contrário, usado cada segundo restante como se fosse o último.

Chanyeol foi feliz, não era mentira.

Ele tentava não pensar no depois, no amanhã, ele não queria que a culpa de Baekhyun fosse maior, porque, ao entrar em seu carro naquela manhã, com o menor ao seu lado, um pensamento pareceu mais do que certo em sua cabeça.

Doía, doía demais.

Mas, ao mesmo tempo, não se arrependia. Algo em seu coração estava em paz, mesmo em pedaços. Era ambíguo, contraditório, mas simplesmente não poderia deixar de lado o pensamento que insistia em sussurrar no seu ouvido o quanto valeu a pena conhecer Baekhyun.

Mesmo daquela forma.

Mesmo por poucos dias.

Mesmo que nunca mais o visse.

“Prefiro amar por um único dia, e ter as lembranças desse sentimento, do que passar toda a vida sem saber o que é amor.“

Junmyeon lhe disse isso uma vez, anos atrás, antes de encontrar Sehun.

Nunca fez sentido para Chanyeol. Amar apenas por um dia, por quarenta e nove dias, era desperdício. No entanto, ao ver os prédios serem substituídos por árvores e casas pequenas, conseguiu entender o amigo.

Não que fosse mais fácil, não que doesse menos.

Só o fazia repensar sua forma de viver, de ver o mundo.

— Hey, estamos quase lá.

Baekhyun sorriu, olhando ao seu redor. Sua casa.

Viu o lugar que nasceu, a escola que estudou, a praça em que mostrou para Chanyeol em seu sonho, a reserva que trabalhou e, enfim, pararam onde seu corpo repousava.

O cemitério era pequeno, como a cidade em si, e Chanyeol sorriu ao perceber que mais de um mês depois da morte de Baekhyun, ainda havia flores em seu túmulo.

Ele era muito amado.

Sentou-se perto da lápide, sentindo as lágrimas em seu rosto antes mesmo de entender que estava chorando. Doía, céus, como doía.

— Você pode vir aqui sempre que quiser conversar comigo, não vou ser capaz de responder, mas tenho certeza que te ouvirei. Sempre ouvirei. Além disso, aposto que se daria bem com Jongdae se aparecesse mais vezes.

— O que conheci no tribunal?

— É meu melhor amigo.

Chanyeol sorriu, gostando de conhecer um pouco mais de Baekhyun. Um último detalhe de Baekhyun.

Olhou bem para ele, querendo gravar cada curva de seu rosto, o brilho no olhar, a sensação morna que seu sorriso lhe dá.

Pensou que quando ele fosse embora, sua imagem desapareceria aos poucos, mas não, quanto mais olhava para ele, mais parecia firme. Baekhyun franziu o cenho, olhando as próprias mãos, sentindo a neve em seu rosto e sorriu para Chanyeol, não perdendo tempo em se jogar nos braços dele pela primeira, e última, vez.

O Park segurou-o com força, com medo de soltar. Os dedos passeando na tez delicada, antes de puxá-lo para um beijo cheio de saudade, uma saudade sempre faria morada em seu peito.

Baekhyun se afastou um pouco para olhá-lo, então tocou seu rosto, o nariz vermelho, fez carinho nas orelhas grandinhas — algo que tinha achado um charme e quis fazer desde o primeiro dia — depois sorriu.

— Não ache que é o fim, Yeol, como eu disse, nosso fio nunca se romperá… Me espere em sua próxima vida, é uma promessa, eu vou te encontrar no momento certo e não deixarei que escape mais dos meus braços.

Aquilo fez o Park sorrir, sentindo-se ao mesmo tempo ansioso o culpado. Ansioso por querer aquilo com todas as suas forças, culpado por não querer desistir de sua vida justamente quando começou a viver.

— Estarei esperando por isso.

— Viva o hoje, nos encontramos amanhã, meu amor.

— Nos encontramos amanhã, meu pequeno.

Novamente os dois se abraçaram com força, Chanyeol fechou os olhos, absorvendo a sensação morna e acolhedora de ter Baekhyun tão perto de si, e quando abriu, viu mil borboletas ao seu redor.

E os braços vazios.

Caiu de joelhos, tentando controlar toda a dor que o inundou ao entender que não veria mais Baekhyun, seu fantasma, sua personificação… nada. Não teria nada dele.

Uma borboleta pousou um seu dedo, e ficou ali, mesmo quando as lágrimas grossas começaram a manchar seu rosto. Chanyeol não conseguiu medir o tempo que chorou.

Foram minutos? Horas?

Apenas sentia os membros gelados, o nariz vermelho a borboleta parada, na ponta de seu dedo. “Pode me ver em tudo aquilo que eu amo”, Baekhyun lhe disse.

Talvez nunca houvesse vivido de verdade, até o menor aparecer em seus sonhos, invadir sua vida e virar seus dias de ponta cabeça. Talvez, nunca mais consiga ser como o Chanyeol de 49 dias atrás. Talvez nem queira isso.

Talvez, mudar seja uma coisa boa, a dor seja uma coisa boa. Para tirá-lo daquela inércia de um mundo sem cor, sem alegria.

Ergueu o dedo, e a borboleta voou, redeando-o uma vez antes de partir.

Chanyeol se levantou, secou o rosto e tocou a lápida.

Talvez pareça pouco tempo para o tanto de sentimentos e tumulto dentro de si, mas qualquer um que visse Baekhyun, mesmo que apenas uma vez, saberia que o homem era capaz de milagres com seus sorrisos sinceros e olhos cheios de inteligência.

Chanyeol estava disposto a cada dia viver um pouco mais, por si, por Baekhyun e por tudo que ele não pôde ver. Esperava que ele pudesse sentir do outro lado daquele fio vermelho o quanto havia mudado sua vida. O quanto queria ser melhor. O quanto o amou, mesmo que apenas por 49 dias.

1. November 2018 23:20 3 Bericht Einbetten Follow einer Story
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Das Ende

Über den Autor

Becca Jorge _rebeccajorge em todas as redes sociais, sobre minhas crises diárias como escritora, eu atualizo um blog aqui semanalmente ;)

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Riku Absolem Riku Absolem
Uma dose de dor nunca faz mal, não é?
November 21, 2018, 01:20
GS Gislaine Cristina Sousa
Mano que merda não consigo parar de chorar Que fic linda amei de mais, como tudo se desenvolveu Parabéns você escreve muito 👏👏😍
November 04, 2018, 21:44

  • Becca Jorge Becca Jorge
    aaaaaaa obrigada pelo carinho meu anjo! fico feliz em saber que gostou >< November 05, 2018, 13:43
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