C
C Clark Carbonera


Melissa está faculdade e nunca sequer se apaixonou por alguém! Será que as coisas vão mudar depois que ela conhece um homem charmoso numa festa? P.S.: não espere ler essa história achando que Melissa vai ficar com alguém no final!


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#amor #amizade #autoconhecimento #sexualidade #humor #coisas-da-vida #assexual #assexualidade #ace
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Quando Melissa vai a uma festa e se arrepende



Na sala de aula da Faculdade de Direito da cidade de Amaranto, uma moça de cabelos lisos e castanhos cutucava outra à sua frente.

– Ei, Melissa – sussurrou ela.

A moça de cabelos cacheados e castanhos escuros sentada na frente ignorava o apelo elegantemente, encarando o professor no palco da sala que explicava sobre os intrincados e inúmeros tipos de tributos que seu país tinha.

– Vai. Diz quantos pegou – sussurrou de novo, pegando a caneta da mesa e cutucando com força o ombro da amiga, que olhou irritada para trás antes de voltar a atenção para a lousa.

– Mel, me fala agora quantos você pegou ou cale-se para sempre!

O sussurro foi mais alto dessa vez, fazendo Melissa olhar para o lado constrangida ao ver que alguns colegas de turma olhavam para ela de um jeito sugestivo. Ela deu um falso sorriso e fuzilou Ayla, sua amiga, imaginando dois canhões atingindo-a em cheio.

– Você quer parar – Melissa sussurrou rispidamente. – Eu estou prestando atenção na aula...!

– A-hãm.

As duas olharam para o professor no palco, que ergueu uma sobrancelha na direção delas antes de voltar com sua fala monótona.

Melissa lançou um último olhar para Ayla e se debruçou no seu caderno. Observou as palavras rabiscadas sem se importar com o que lia. Sua mente voou para a noite anterior, uma festa que Guilherme tinha dado na casa de campo dos pais.


Um moço de compleição atraente e lábios finos, com olhos cor de mel e cabelos claros e curtos olhava para ela do outro lado da piscina, enquanto a festa bombava ao seu redor.

– Você não acha que está na hora? – a voz maliciosa de Ayla no pé do seu ouvido era abafada pela música que saía dos autofalantes.

Melissa sorriu para a amiga e olhou de novo para o cara do outro lado da piscina. Tinha muitas pessoas naquela casa, o som estava alto demais, todos estavam se divertindo, então por que ela não deveria se sentir assim também? Por que não podia se sentir livre como todos os outros?

– Certeza que ele está olhando pra alguém atrás de mim.

– Que nada, amiga! Mais fé nessa vida. Se você não aproveitar, eu aproveito – Ayla apontou um dedo para ela em desafio. E virou as costas para abraçar Everton que passava por ali meio capenga com um copo de cerveja na mão. – Só estou dizendo!

Camila viu a amiga e Everton se afastarem alegremente, gritando alto com extrema felicidade, erguendo seus copos de cerveja e fazendo o restante de um pequeno grupo que dançava numa pista improvisada gritar de volta.

Ela olhou para o moço bonito outra vez, percebendo os olhos dele na sua direção e deu uma espiada sem cerimônia por sobre o ombro, notando atrás dela uma menina que rebolava até o chão ao som de um funk. Melissa suspirou, sentindo a incrível sensação de estar certa tomando conta do seu vasto coração. Deixou seu copo numa bancada de granito da churrasqueira e foi para dentro da casa. Talvez se ela saísse de fininho, sem que ninguém percebesse ou sem que Ayla estivesse parcialmente sóbria, Melissa poderia voltar para casa antes da hora que tinha falado que chegaria para os seus pais e poderia terminar a última temporada de Peaky Blinders ou comer um pedaço de bolo. Quiçá os dois, pois a vida, ah! a vida! essa era cheia de intercalços e nada melhor do que um bolo e uma série a maratonar para deixá-la mais colorida.

Desviando-se dos colegas de turma e de outras pessoas que ela não conhecia, mas que já tinha visto andando pelos corredores da universidade, Melissa foi até um corredor a procura de um banheiro. Alguns casais aparentemente fizeram daquele lugar um ponto de encontro amoroso, se é que amoroso fosse a palavra certa ali. Ela olhava para os casais que se abraçavam e se beijavam ardentemente, segurando a língua para não pedir que todos eles procurassem um quarto.

O som de descarga quase inaudível por conta da música alta, fez Melissa se aprumar e quando uma porta foi aberta logo em seguida e um cara de sunga saiu, fechando a porta, ela correu para entrar no banheiro. Mas antes de conseguir tocar a maçaneta, um dos casais apaixonados e enlouquecidos pela ardência do amor maior rolou pela parede e bateu fortemente na porta do banheiro, bloqueando a passagem e a tentativa de Melissa entrar no seguro recinto.

Os corpos de ambos se entrelaçavam de tal maneira que ela olhava com curiosidade, mas com certo temor de que eles não conseguissem se soltar um do outro depois de terminados o beijo e as carícias.

– Ahhh...desculpa, mas... – ela ouvia os estalidos dos beijos mais alto agora. E se sentiu levemente enojada. Talvez ela não devesse ter tomado aquela cerveja sem ter posto nada no estômago, apesar de não ter tomado nem meio copo. – Eu só quero entrar no banheiro...

Ela tentou segurar a maçaneta, mas o casal foi ainda mais para o lado, quase empurrando Melissa. Com um suspiro alto o suficiente para o casal ouvir, ela pensou em falar algo, mas desistiu. Saiu irritada do corredor e subiu as escadas que levavam ao andar de cima, que também estava com algumas pessoas e casais.

– Vocês sabem se tem algum banheiro livre por aqui?

Um menino de cabelos brancos e piercing no lábio inferior deu um sorriso simpático e apontou uma porta parcialmente aberta.

– Obrigada.

Melissa entrou no banheiro e trancou a porta. Se sentindo mais calma agora sem a música tão alta e sem as pessoas perto dela. Ela se apoiou na porta e pensou duas vezes antes de abaixar o tampo da privada e se sentar.

Como ela podia estar ali naquele estado enquanto todo mundo se divertia do outro lado da porta? Por que ela não podia ter dado a volta na piscina e começar uma conversa com o cara bonito de olhos cor de mel?

Mas algo dentro dela a fazia se sentir tão distante, tão...tão...diferente? Ela sentiu vontade de ir ter com o cara bonito? Ela sentiu tesão quando viu o casal se pegando no corredor debaixo? Não, com certeza não...

Melissa suspirou pesadamente e repousou o queixo na mão, bem deprimida. Ayla sempre queria que a amiga saísse com ela para se divertir, conhecer caras novos, se apaixonar, mas quando isso acontecia, quando elas saíam, Melissa sempre se sentia deslocada, meio quebrada por dentro. No fundo, ela queria ser como Ayla, animada, atirada, com inúmeras possibilidades para namoros. Por que ela não podia ser assim também?

Levantando-se da privada, ela ergueu o queixo destemida. Era isso! Naquela noite isso iria mudar. Melissa iria encontrar um cara qualquer e ficar com ele. Sim, era exatamente isso que ela precisava para se sentir menos quebrada e mais parte de...parte de...ah, que fosse, parte de alguma coisa!

– Ei, você vai demorar aí?

Uma voz abafada saiu do outro lado da porta e Melissa abriu o sorriso. Pronto, aquele era o momento. Aquele seria o cara com quem ela ficaria. Abrindo a porta com uma confiança que não estava bem nos 100%, mas estava quase lá, ela deu de cara com o moço bonito de olhos cor de mel.

Antes de a porta ser aberta, ele olhava irritado para o lado, mas assim que viu quem estava no banheiro, seu semblante se amainou e ele deu um sorriso, mostrando dentes perfeitos e uniformes, o que fez Melissa soltar um graças a deus mental.

– Oi.

– Ãh...oi.

Os dois se encararam por vários segundos, sustentando os sorrisos de maneira amigável. Ou pelo menos era isso que Melissa tentava fazer, apesar de ela achar que o cara fazia isso melhor do que ela.

– Desculpa a demora.

– Não, não. Imagina... – ele colocou uma mão no bolso da calça e passou a outra nos cabelos antes de sorrir de novo. – Eu achei que você tivesse ido embora.

– Ah! Não. Não – Melissa riu sem graça. – Eu só vim ao banheiro mesmo. O debaixo estava bloqueado...

– É, nem me fala – outra risada constrangida.

– É...

Melissa não conseguiu mais sustentar o olhar dele e nem ele o dela, então ambos começaram a olhar para outros objetos ao redor. Aquilo era tão constrangedor que ela sentia como se uma pedra enorme e pesada estivesse agora dentro do seu estômago.

– Olha... eu não estava olhando a menina atrás de você lá embaixo.

– Quê? – ela ergueu o rosto para ele, sentindo os olhos se arregalarem ao ver que os olhos cor de mel pareciam lançar outra coisa além de curiosidade. – É mesmo?

Ele mexeu a cabeça e ergueu os ombros como quem diz fazer o quê?.

– Certeza? Porque aquela menina lá sabia dançar...

A risada dele fez Melissa se sentir mais à vontade e o peso no estômago diminuiu um pouco.

– Pois é, mas acho que não daria muito certo entre a gente. Eu não sei dançar daquele jeito.

– Ah, bom, nem eu!

– É mesmo?

– Pois é...

– Bom, então pelo visto temos algo em comum!

– É mesmo?

– Pois é!

Apesar da ótima conversa descambar para uma rua sem saída e apesar de Melissa sentir no fundo, bem lá no fundinho, a vontade de querer ir embora para casa, os dois voltaram a se encarar, e era como se um certo magnetismo entre eles aumentasse a cada segundo. De repente, os olhos cor de mel se aproximaram dos dela, tão próximos estavam que ela conseguia ver os risquinhos negros das íris deles. Uma mão suave pousou na sua cintura e com a respiração presa na garganta, Melissa desviou o rosto no último milésimo de segundo antes dos lábios macios beijarem seu pescoço.

Aparentemente ela achou que ele achava que ela queria ser beijada justamente ali e não em outro lugar, já que ele continuou seu trabalho no pescoço. Arrepios subiam pelo corpo de Melissa e ela sentiu a respiração acelerar. Seu coração batia alucinadamente. Mas algo, algo estava fora de lugar dentro dela...

O corpo dele se aproximou ainda mais, colando inteiramente no de Melissa. Ele gentilmente a encostou no batente da porta e foi nesse exato momento que a vontade que ela sentia de ir embora cresceu como um pé de feijão mágico, a única diferença era que ela não era nenhum João.

Sem que pensasse no que fazia, as mãos de Melissa empurraram o moço para longe dela, o que o fez tropeçar na ponta do tapete, cair atabalhoadamente em cima de uma mesa baixa encostada na parede e levar consigo ao chão alguns enfeites de pedra branca, que felizmente não se quebraram.

Como se ele saísse de um encanto, os olhos dele a encararam com estranheza, um pouco de irritação e um leve constrangimento também. Muitos dos que estavam naquele corredor passaram a olhá-los um tanto quanto curiosos.

– Desculpa. Isso... – ela lambeu os lábios secos, sem conseguir manter contato visual com ele. – não vai dar certo... E-eu nem quis te empurrar...

Ela fez menção de ajudá-lo a se levantar, mas ele fez isso sozinho, colocando os enfeites de qualquer jeito na mesa. Ele tentava ignorar os olhos de todos no corredor.

– Ãh... o quê? Eu fiz alguma coisa errada...?

– Não! Não! – Melissa ergueu as mãos como se fosse tocá-lo, mas ela as baixou e juntou ao lado do corpo como um bonequinho de madeira. – Não. Você não tem nada a ver com isso... é... sou eu... eu acho...

A última parte ela disse em voz baixa, sentindo-se confusa. Ela engoliu com dificuldade e sentiu seu coração apertar ao ver a forma como os olhos cor de mel a olhavam. Era algo mais do que constrangimento. A irritação que ele tinha demonstrado depois que ela o afastou já tinha sumido de todo e até a estranheza. Algo parecido com tristeza talvez?

– Uh... se você quiser, eu posso fazer de... outro jeito? – ele perguntava com uma enorme pausa entre as palavras e fazia uma careta diferente ao pronunciar cada uma delas.

Céus, isso não devia estar acontecendo!

– Desculpa, mas eu tenho que ir...Com licença...

Sem conseguir ficar ali nem mais um segundo, Melissa andou a passos largos para fora da casa o mais rápido que conseguiu.


Ao se lembrar dos acontecimentos da noite passada, ela sentiu uma nova onda de enjoo e colocou a mão na barriga. Pensou seriamente se iria vomitar, mas respirou fundo. Ela tinha passado o restante da noite e da manhã rezando para que aquele cara lindo não estudasse na universidade, rezando para que eles nunca mais se vissem.

E pensar que ela teria que contar isso para Ayla...

Mas por que diabos tinha que contar isso para Ayla? Ah, é. Porque Ayla era sua única amiga.

O sinal tocou, tirando a atenção de Melissa e a caneta cutucadora voltou a entrar em ação.

– Ow, você pegou a última característica da taxa?

– Não...eu não peguei – Melissa olhou o caderno e depois a lousa, soltando um suspiro pesado ao ver que suas anotações estavam bem incompletas, ela mostrou o caderno para Ayla que notou a feição pálida da amiga.

– Você está legal?

Melissa agitou a cabeça, fazendo os cachos da franja balançarem. Ayla alongou os braços, segurando o encosto da cadeira da frente e fazendo uma dancinha com os ombros, o tom de voz saindo mais maliciosamente que o normal.

– Entããão...? Quem foi o sortudo da noite passadaaaa?

Melissa rolou os olhos, tentando disfarçar para ver se algum dos colegas estava ouvindo a conversa.

– Não houve nenhum sortudo.

Os olhos de Ayla se esbugalharam e ela contraiu as sobrancelhas escuras.

– Amiga, sério isso? Você vai mentir pra mim?

– Como assim? Eu não estou mentindo pra você...

Ayla jogou um maço de papel amassado no rosto de Melissa.

– Que mentira! Eu vi você com o gato da piscina no andar de cima! Filha da mãe, vai começar a mentir pra mim agora, é? – ela cruzou os braços, irritada, mas no fundo estava bem satisfeita com a amiga por ter finalmente dado seu primeiro beijo, ao menos era isso que ela pensava.

Melissa abriu a boca, mas não conseguiu dizer nada. Ela sentiu as bochechas esquentarem. Não era para ninguém ter visto o que aconteceu noite passada, mas pensando bem, o corredor de cima estava cheio de gente. Cheio de gente vendo Melissa dar seu primeiro quase-beijo. Cheio de gente vendo Melissa empurrar o cara lindo de olhos cor de mel para longe dela e fazendo-o cair de bunda no chão.

Ela sentiu o peso da pedra no estômago de novo e tentou dar uma risada, fazer como Ayla fazia depois de ficar com alguém.

– Uh, o que exatamente você viu?

– Dã-ã! Vi vocês dois juntos na porta do banheiro! Não é o melhor lugar pra se ficar com alguém, mas tudo bem, a gente não acerta tudo logo da primeira vez.

– Ok. É, eu... o cara da piscina...

Ayla deu um gritinho animada e jogou a cabeça para trás. Melissa a olhou com certo medo, sem entender muito bem o entusiasmo da outra.

– E como foi? Foi incrível, né? Ele era um gato!

– Ah, sim, sim. Foi incrível... Eu me senti incrível, porque... – ela engoliu, sentindo a garganta seca. Não queria ter que explicar para Ayla algo ela nunca tinha sentido por si mesma. Era bem mais fácil dizer o que ela queria ouvir da boca de Melissa. – porque ele era um gato!

Ayla mordeu o lábio inferior, super animada pela amiga e se debruçou na mesa.

– Então, o que você acha de hoje a gente fazer uma noite só de mulheres?

Melissa soltou o ar com alívio pelo novo assunto. Ela sabia o que seria uma noite só de mulheres e se sentia muito bem com essas noites, em que faziam brigadeiro, viam Friends pela enésima vez e jogavam conversa fora.

Sim, certamente era disso que Melissa precisava depois da noite passada.


29. Oktober 2018 17:55 1 Bericht Einbetten Follow einer Story
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Saah AG Saah AG
Nossa, tadinha da Melissa. Na época da escola ninguém sabia nada sobre assexualidade e, infelizmente, eu era uma Ayla na vida pra cima da minha amiga ace. Tenho que dizer que fiquei com pena do menino bonito. Ele não parecia ser um desses caras babacas.
June 13, 2020, 21:01
~

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