C
C Clark Carbonera


Os protagonistas desta primeira novela de C. Clark Carbonera são: Priscila Nova, uma mulher que tinha como trabalho perseguir lendas e mitos, mas que há alguns anos abriu mão de seu ofício; e Nicolas Galla, um vampiro que está na caça de outros da sua espécie, a fim de pagar sua pena por um massacre ocorrido séculos atrás. Esta novela, que se passa em período indeterminado e numa cidade fictícia, começa com o assassinato da amiga de Priscila Nova, em frente ao Edifício Ártemis. Em busca de vingança, ela se junta ao vampiro Nicolas Galla na caça do assassino.


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Parte I


Afogo olhar em lágrima, tão rara,

Por amigos que a morte anoiteceu;

Pranteio dor que o amor já superara,

Deplorando o que desapareceu.

- Shakespeare - Soneto 30



– Senhorita?

O corpo de Priscila Nova sacolejava em ritmo lento como se flutuasse nas nuvens.

– Senhorita? – repetiu o homem que se sentara ao seu lado, três pontos antes.

Assustada, Priscila abriu os olhos, apertando a bolsa junto ao corpo, e olhou em volta para ver se já havia chegado ao seu ponto. Virou o rosto bonito para o passageiro ao lado e assim que viu o olhar humilde do homem sentiu o sangue subir as bochechas pelo medo tolo (mas não tanto para ser repreendido) que sentira há pouco.

O homem se levantou para que Priscila pudesse sair do bonde e tirou o chapéu simples que usava em cumprimento. Ela sorriu acanhada, agradeceu e tocou seu chapéu vermelho com dois dedos antes de descer o degrau do bonde.

O transporte seguiu seu curso junto do fluxo de carros. Ela viu o vulto do homem que a acordara se sentar novamente e sentiu o asfalto morno refletir os raios de sol. O som de seus tamancos ecoava pela calçada e se perdia em meio ao andar de outros tantos trabalhadores que corriam para o labor.

A mulher de vinte e nove anos, saia e terno vermelho escuro, para combinar com o chapéu Homburg, virou uma esquina próxima, onde o sol não conseguia ainda passar pelos prédios altos e as luzes dos postes ainda se encontravam acessas. Afinal de contas, não eram nem seis e meia da manhã.

Assim que ela atingiu metade do longo quarteirão de edifícios comerciais, um aglomerado de pessoas chamou sua atenção. Várias permaneciam muito próximas do prédio onde ela trabalhava, os rostos quase se tocando, os ternos e vestidos se misturando com o vento de outono.

Uma aflição estranha fez cócegas no coração de Priscila, que apertou o passo. A sensação de que algo estava errado se tornou mais palpável ao ouvir os cochichos dos pedestres.

– ...mas que horror...

– ...é uma calamidade...

– ...e justo aqui...

Ao que lhe parecia, o público tomava toda a frente do Edifício Ártemis. Priscila não conseguia ver o que chamava tanto a atenção daquelas pessoas e perguntou-se se conseguiria chegar até a porta de entrada.

– Com sua licença, senhor?

Um homem de belo porte e barba escura olhou-a de alto a baixo, o semblante sério se suavizando ao notar a beleza clássica, mas ao mesmo tempo exótica pela cor negra de Priscila. Ele tocou o chapéu castanho escuro e caro com uma das mãos, sem o tirar da cabeça.

– Toda, minha senhora.

– Senhorita – corrigiu ela.

Priscila meneou a cabeça, tocando o chapéu com a leveza de uma bailarina e assim foi conseguindo se esgueirar por aquele grupo vigilante, levando consigo não só a bolsa ­­­Gucci e o porte alto, como também os olhares de todas aquelas pessoas.

Ao chegar no limite do grupo, uma fita amarela da polícia impedia-a de avançar e um papel grande, pesado e branco cobria algo que estava bem em frente à porta do seu prédio.

Ela abafou uma exclamação, chamando a atenção de um dos policiais que ali estavam para aplacar os ânimos e impedir que pessoas tentassem chegar perto do corpo.

– Minha senhora, por favor, tenho que pedir que se afaste.

Priscila sentia as mãos tremerem levemente e o coração falhar no compasso ao pressentir como as coisas transcorreriam naquele dia. Ela respirou fundo, endireitando os ombros (o que a fez tornar-se ainda mais alta e majestosa) e fez sua voz profissional, fria e imperiosa.

– Senhor policial, entendo que este é seu trabalho e vejo que o faz muito corretamente, mas eu tenho que ingressar no edifício, de outra maneira estarei atrasada para o trabalho.

O policial piscou duas vezes, um pouco abalado pela altivez de Priscila, e olhou para a porta dupla do edifício, depois para o corpo encoberto que lá jazia. Todavia seu código de conduta falou mais alto.

– Lamento, minha senhora. Isso só será possível depois que retirarmos o corpo...

Uma movimentação à esquerda dos dois cortou a fala do policial, que foi ter com dois sujeitos que tentavam transpassar a faixa amarela para tirar fotos, os flashes explodindo alto, junto ao som dos vidros das lâmpadas das câmeras que estouravam na calçada.

– Ao menos me diga quem é essa pessoa! – exclamou ela em voz alta, mesmo já tendo ideia de quem seria aquele corpo sem vida.

Um outro policial se aproximou de Priscila, temendo que ela avançasse. Ela ia insistir uma segunda vez, mas foi gentilmente empurrada para o lado por um sujeito tão alto quanto ela, vestido de casado e chapéu cinza, o qual escondia parcialmente seu rosto, deixando à mostra apenas um lado coberto com uma fina barba castanho-claro.

– Deixe-me passar, por favor.

O policial encarou o olhar do homem por alguns segundos, acenou a cabeça e levantou a fita amarela.

Priscila acompanhou a cena se sentindo humilhada e injustiçada. Quem seria aquele sujeito? Ela não o vira mostrar nenhum distintivo e ele com certeza parecia tão civil quanto os outros que por ali passavam.

O homem alto se aproximou do corpo e levantou uma parte do papel branco. A ação levou apenas alguns segundos, mas foi o suficiente para arrancar gritos das mulheres e maldições dos homens. Para Priscila, aquilo foi apenas a constatação de um fato. Ela sempre soube que Lúcia seria uma vítima da vida muito antes dela.

Apesar do rosto negro, fino e de maçãs altas mostrar enfado e tédio diante da visão do corpo morto de Lúcia, sua face não conseguia expressar o sentimento de revolta e repulsa que tomava conta de seu corpo.

Apenas um mostro poderia fazer aquilo com um ser humano.

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30. Juli 2018 13:27 2 Bericht Einbetten Follow einer Story
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Amanda Luna De Carvalho Amanda Luna De Carvalho
Olá, tudo bem? Faço parte do Sistema de Verificação e venho lhe parabenizar pela Verificação da sua história. Seu livro é deveras interessante e mostra como a morte pode ser cruel e perversa. A morte, em qualquer situação que seja, é algo que pode ser aterradora para qualquer ser humano. A coerência está adequada. A estrutura utilizada está boa e lembrei de um próprio personagem meu que vê o corpo da esposa numa situação tão terrível, que se sentiu muito ruim realmente. A brevidade da vida é tocante sempre. Os personagens são bastante humanos e passam seus sentimentos com muita veracidade ao público leitor. A cena em que o corpo da personagem é mostrada, chega a ser impactante para qualquer pessoa. Acho que não deve ser uma sensação agradável. A gramática está boa, mas notei alguns deslizes e indico umas mudanças. "apertando a bolsa junto ao corpo, e olhou em volta para ver se já havia chegado ao seu ponto" — Nesse caso, seria mais indicado retirar a vírgula depois de "corpo". "Virou o rosto bonito para o passageiro ao lado e, assim que viu o olhar humilde do homem" — Nesse caso, seria mais indicado retirar essa vírgula depois de "e". "e um papel grande, pesado e branco cobria algo que estava em frente à porta de seu prédio" — Nesse caso, seria mais indicado colocar uma vírgula depois de "branco". Esses são meus apontamentos e espero ter sido útil em mencionar isso. Seu livro causa um choque de realidade muito grande para as pessoas compreenderem como tudo pode acabar repentinamente. Espero que continue escrevendo seus livros e tenha muito sucesso em seus escritos futuramente. Até mais!
July 16, 2020, 14:26

  • C C C Clark Carbonera
    Olá, Amanda! Obrigada pela verificação e pelos elogios. Fiz as devidas correções que apontara no texto, todavia acredito que na parte "apertando a bolsa junto ao corpo, e olhou em volta para ver (...)" a vírgula não deva ser retirada por conta dos tempos verbais serem diferentes e a vírgula facilitar essa distinção. Obrigada pelas suas críticas, serão sempre bem-vindas ^^ Até mais o/ July 17, 2020, 13:02
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Bordas da Escuridão
Bordas da Escuridão

Como um eco das sombras do passado, a Escuridão tece uma teia através do tempo, criando laços entre lugares e personagens que nem sequer sabem das existências uns dos outros até que sua presença tenebrosa se manifeste. *Todas as artes utilizadas nesse universo foram criadas com Artbreeder* ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Como un eco de las sombras del pasado, la Oscuridad teje una red a través del tiempo, creando vínculos entre lugares y personajes que ni siquiera saben de las existencias de los demás hasta que se manifiesta su oscura presencia. *Todo el arte utilizado en este universo fue creado con Artbreeder* Erfahre mehr darüber Bordas da Escuridão.