baskervilles mackenzie

Após a morte do chefe da família Ouma, o sucessor Kokichi assume a liderança de uma família em ruínas e com tudo favorável para uma queda. Com um objetivo claro de ascender o nome "Ouma" e levar a tona todo o potencial que a mesma pode ter, Kokichi começa um jogo de estratégias contra outras famílias em uma possível guerra para o controle do Japão entre os grupos de crimes organizados. [Dangaronpa - Mafia!AU - Vários Shipps/Foco na história]


Fan-Fiction Spiele Nur für über 18-Jährige.

#Danganronpa #Danganronpa 1 #Danganronpa 2 #Danganronpa V3 #Saimatsu #tem outros shipps tá
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Lagrimas ou mentiras sob uma chuva não tão fraca, insignificante e levemente incômoda.

▶ Já era hora, não é mesmo?

▸Esse é um Mafia AU! que eu venho trabalhando faz um tempo, ele vai abranger personagens de todos jogos, animes e mangás de Danganronpa. Então estejam preparados! Também vão ter alguns spoilers da lore do jogo e quem sabe alguma coisa das mortes (não sei ao certo), então, não me culpem por isso :). Mas por enquanto não vai ter nada muito UAU em quesito de spoiler (pelo menos nos primeiros capítulos).

▸ A fanfic terá uma grande variedade de shipps que eu ainda não sei quais vão ser (pretendo começar a colocar depois que trabalhar com o desenvolvimento dos personagens), mas quem me conhece bem sabe que não hesito em colocar meus otps. Terão vários shipps não fixos também.

▸ Em breve vou disponibilizar um glossário com termos da máfia japonesa para ajudar vocês a compreenderem < 3

▸ Desde já eu aviso que o capítulo não se encontra revisado, e desejo a todos: uma boa leitura.


Fanfic também postada no Nyah na minha conta @baskervilles. Aqui está o link

(https://fanfiction.com.br/historia/757951/Ninkyo_Dantai/)

Agora também é postada no spirit.


゚・。.。・゚゚・。  任侠団体  .。・゚゚・。


Uma vasta neblina cobria o território não tão lotado de pessoas trajando preto em vestes relativamente caras. Não apenas o chão mas como também o céu, o sol já tinha se esgueirado há tempo da visão das pessoas dali e nos últimos quatro dias a cidade se encobriu em um cenário mais escuro e céus completamente nublados de uma chuva que ameaçava constantemente a cair, mas nada passava de apenas blefes que nunca viam a se tornar realidade. Uma tempestade está chegando, era o que os mais velhos diziam e que poderia ser levado em consideração por causa de suas altas sabedorias e velhos costumes de prever o tempo. Cada dia que passava parecia tornar pior, as nuvens tendiam a escurecer mais e era estranho pensar em como não desabaram em água até então, talvez fosse algum sinal divino como vários tendiam a pensar.

Uma ventania não tão forte que trazia uma sensação refrescante se alastrou no terreno, chamando a atenção de alguns dos homens de terno que logo tiveram o foco desviado de novo para a cerimônia que se encontrava quase no final de acontecer. Entediante, cansativa e monótona, não era de se esperar muito vindo de um funeral de um corpo que logo seria queimado. Talvez significasse algo profundo para alguma pessoa ali, mas aparentemente a maior parte das pessoas que ali se encontravam, apenas se comprometeram a ir por um sinal de respeito ao nome da família do que realmente ao nome da pessoa que se encontrava deitada em um caixão. E não apenas para demonstrarem respeito pela família, mas para ficar claro que eles o fariam isso para os outros, era esperado de muitos ali que comparecessem, e apenas para não ficar com alguma mancha na reputação, pessoas ligadas de certa forma com o falecido estavam ali.

Quando a última palavra foi pronunciada e finalmente pode se considerar o fim oficial da cerimônia, em uma estranha coincidência uma chuva começou a cair, não sabiam ao certo se poderiam considerar realmente uma chuva ou se era apenas uma garoa que logo estiaria até desaparecer completamente. Era fraca, insignificante, mas mesmo assim chamava um pouco de atenção e criava um incômodo ao mesmo tempo que ocupava um espaço. Era assim como a família do homem deitado no caixão a qual dera sua última batida de coração há alguns dias atrás. Fraca, insignificante, um incômodo e tão menosprezada pelas pessoas e pelas outras famílias.

Kuzuryuu não se importava com o chuvisco que apenas deixava algumas gotas em seu terno sem nem ao menos criar um leve incômodo em sua pele. Desviou o olhar do caixão para as pessoas ao redor que também não aparentavam se importar com o clima, ouvia conversas paralelas quase murmuradas o que dificultava sua compreensão, mas algo que realmente chamava a atenção eram algumas pessoas ao redor de um homem com uma expressão melancólica no rosto, mas não importava o quanto a neblina dificultasse a visão de Kuzuryuu ele ainda assim reconhecia aquele rosto não-mais-tão-infantil de uma pessoa pálida com cabelos roxos tão escuros que chegavam a parecer preto, sem sombra de dúvidas se tratava de Ouma Kokichi, que naquele momento não passava de “O filho de Ouma Ryo”, sendo este último, o nome do homem que se encontrava no caixão.

Vendo as pessoas ao redor do mesmo começarem a se dissipar, Kuzuryuu encarou como uma boa ideia deixar suas lástimas expostas para o mesmo uma vez que manter uma boa relação com pessoas de alta importância era essencial para o mesmo e o cargo que ele carregava — mesmo que isso fosse contra a sua vontade em algumas ocasiões. Seu relacionamento com Kokichi nunca foi algo a ser classificado uma vez que se eu contasse a vós que mais três diálogos relevantes — excluindo as clássicas boas maneiras e comprimentos — tivessem sido trocados entre eles, talvez ainda seria muito assim. Ouma Kokichi era um mistério para Kuzuryuu, um completo mistério a qual ele não se importava de descobrir até então, até a morte de Ryo e consequentemente a mudança de liderança da família Ouma, indo direto para as mãos de Kokichi. Kazuryuu tinha de fazer tudo que estivesse em sua mão para impedir que aquela chuva (fraca, insignificante e levemente incômoda) posteriormente se tornasse uma tempestade — e não, não estamos nos referindo aos eventos climáticos que aconteciam no momento.

— Eu sinto muito pela morte de seu pai — As poucas pessoas que estavam ao redor de Ouma, já não se encontravam ali mais, e assim que o jovem se virou em direção a Fuyuhiko, uma leve sensação incômoda contornou toda a mente do louro que por um breve momento, sentiu como se as únicas pessoas a pisar naquele cemitério fossem os dois. Nem mesmo Pekoyama três pés afastada de si enquanto o observava prezando pela segurança de seu chefe como uma boa subordinada iria fazer, nem mesmo as pessoas de alta importância e habilidades reconhecidas pelo governo pareciam estar lá mais. Um vazio, um enorme vazio.

Mas era claro, que tudo aquilo era apenas sentimentos líricos vindo da mentalidade de Fuyuhiko, a sensação, o pressentimento, nada daquilo se tornava real, e mesmo se sentindo em um vazio, ele ainda conseguia saber que se localizava no cemitério durante o funeral de Ouma Ryo.

— Não, você não sente pela morte dele — Uma expressão perfeitamente neutra, não como uma pessoa calma, mas como se tivesse uma ingenuidade em sua voz que provavelmente era inexistente uma vez que vivendo em uma família relacionada a máfia japonesa, seria impossível preservar uma inocência sobre qualquer assunto da vida. Mesmo com a expressão calma (não digamos o mesmo de sua personalidade), as palavras eram duras como a que contava uma verdade terrível sem o mínimo de sensibilidade. “Você não sente, apenas fala por educação, na realidade, você não liga” era o que Ouma parecia estar tentando dizer para ele com aquele olhar tão penetrante — Você sente pela perda do cargo dele, Kuzuryuu — Seu rosto relaxou, tornando uma expressão alegre com um sorriso entreabrindo lentamente fazendo com que ele parecesse uma criança a se divertir. — Não é mesmo?

Kuzuryuu imaginava se Ouma sabia que choveria em Kyoto nessa tarde.

— O que eu quero dizer é que… — O significado de suas palavras eram brutos, mesmo com a voz mansa e olhar desleixado desviando para um dos lados dando a impressão de não ligar muito para conversa enquanto contínuas pausas tornavam o diálogo um tanto quanto torturante — A pequena formiga em cima do trono foi esmagada e agora é hora do rei se sentar ali — O louro arregalou o olho e cerrou o punho, mesmo não tendo uma total clareza da metáfora usada por Kokichi, a situação não muito favorável a qual ele se encontrava o fazia ter uma ideia do que o dono dos cabelos escuros parecia querer dizer com tanta soberba em sua ideologia. E não havia uma única forma se quer de Fuyuhiko ignorar todo aquele convencimento junto a falta de respeito notável.

— Você não deveria falar assim de seu pai e da morte dele, mais do que tudo, ele merece seu respeito — Era ridículo em níveis extremos, Kuzuryuu não podia dizer que ele em si era uma pessoa educada e que respeitava os outros, mas ele podia afirmar que pelo menos era isso que ele deixava transparecer por ser alguém maduro e agir como o garoto birrento que o mesmo era no auge de sua adolescência seria imperdoável, e mesmo que Fuyuhiko não gostasse realmente de sua família e nutrisse um certo ódio por seus pais, seria desrespeitoso ele falar daquela maneira tão ignorante como Ouma fazia, mesmo que pensasse, falar em voz alta era imperdoável em sua opinião.

— Hum? — Uma expressão de ingenuidade contornava seu rosto outra vez, enquanto o mesmo aproximava o dedo de sua face e o posicionava perto a sua boca como se estivesse pensando profundamente sobre suas palavras — Ele era fraco, pessoas fracas morrem e os fortes sobrevivem, é a lei da natureza, Baby Boss.

Sim, talvez Kokichi Ouma soubesse que acabaria chovendo em Kyoto nessa tarde.

Sem saber como se dirigir ao homem a sua frente enquanto via pelo canto de seu olho Pekoyama se aproximando mais do seu lado (quando ela havia chegado lá?). A jovem de cabelos brancos tinha uma noção de quando sua interferência era necessária ou não, mas em momentos como aqueles ela preferia ficar em um estado de alerta enquanto esperava algum sinal de seu chefe para que ela agisse, com as mãos posicionadas de forma com que pudesse pegar a espada com facilidade e encarando Ouma na tentativa de achar alguma brecha, Pekoyama sempre se encontrava preparada para atacar.

Kuzuryuu de nada falou, apenas rangeu seus dentes e cerrou o punho percebendo que seu silêncio seria o melhor caminho a ser tomado, continuava um pavio curto como sempre foi, mas o amadurecimento foi o suficiente para saber quando deveria transformar seus pensamentos em atos e fazer o que viesse a sua cabeça em momentos como aqueles poderiam trazer consequências trágicas, sendo assim, ignorar Ouma era definitivamente sua melhor opção.

Para a infelicidade de Fuyuhiko, o mesmo chegava a passar longe de ser bom escondendo seus sentimentos e não abrir a boca ou gerar atos violentos fisicamente era o máximo que ele conseguia fazer. Tanto suas expressões quando o modo tenso que seus ombros se encontravam parecia contribuir para indicar o quanto ele achava o comportamento de Ouma ridículo, fazendo com que o herdeiro de tal família sorrisse ao perceber o desconforto que criava em Fuyuhiko, esgotar a paciência do mesmo parecia divertido, mesmo que tenha chegado um pouco tarde. Se fosse tratando do Fuyuhiko imprudente de dezesseis anos que Ouma teve o desprazer de dialogar algumas — ou melhor, poucas — vezes, a simples menção do apelido desagradável de “Baby Boss” faria com que vários palavrões fossem emitidos pela boca do louro e ameaças soltas como “Eu vou te matar, seu desgraçado”. Ouma queria presenciar aquelas ameaças ao vivo e ouvir os palavrões com o prazer incondicional que sentia ao mover o emocional dos outros, mas naquele momento, as expressões de nervosismo conseguiam o satisfazer.

— Tsc.

De fato, havia algum motivo para aquele funeral ser ao ar livre? Um caixão, várias velas, incensos, sacerdotes e orações, deveria ser em um altar na casa da família como era dito a tradição, mas por algum motivo estava acontecendo em um cemitério se contradizendo a cultura daquele país. Disseram os boatos que Kokichi insistira em ser no cemitério pois era o desejo de seu falecido pai, mas naquele momento, não parecia algo muito convincente para Kuzuryuu.

Talvez fosse porque iria chover.

— Era uma mentira — Uma voz suave contando algo com tanta certeza, uma risada leve foi emitida pelo mesmo mostrando achar graça naquela situação. Fuyuhiko não conseguia imaginar como alguém conseguia agir daquela forma tão “Não séria” no funeral de seu próprio pai. Agia mais como uma criança imprudente e irresponsável, era um fato — Seria uma grande indelicadeza minha falar essas coisas perante ao corpo de meu pai morto. — Com um olhar melancólico, Ouma se virou para o caixão com o corpo de Ouma Ryo, em trajes elegantes que não pareciam muito comuns de ser usado pelo mesmo, em uma pose de descanso e talvez Ryo nunca tivesse parecido ser tão sério como era agora — Ou será que não? — Nem mesmo percebendo, o olhar de Kuzuryuu havia acompanhado o do menor, quando se ligou fitava o cadáver, e a voz do outro foi o suficiente para fazer ele se despertar dos pensamentos e voltar a encarar Ouma, antes que pudesse falar algo a respeito de seu último comentário, o garoto o cortou sendo mais rápido — Você foi o único chefe a comparecer, 11º Kuzuryuu. — Fechou o olho lentamente tentando recuperar um pouco de sua paciência — Meu pai estaria honrado.

— Eu vim para prestar meu respeito ao velho. — Não exatamente a sua pessoa, mas sim aos laços que as famílias tiveram durante as décadas que se passaram. Sobrenomes tinham poder, e no Japão aquilo ficava visível. Mesmo que Ouma fosse uma família arruinada, isso não significaria laços longos formados no passado simplesmente tivessem sido rompidos

— Nah. Baby Boss, você veio para ter uma última lembrança da fraca família Ouma antes dela acabar. — Não seria uma mentira dizer que cada vez que Ouma abrisse sua boca para falar, um pouco de agonia percorria o corpo de Kuzuryuu e uma vontade enorme de socar seu rosto cada vez que ouvisse o apelido “Baby Boss” sendo pronunciado por Kokichi. Sua paciência começava a se perder, realmente ele ainda tinha um pavio curto e Ouma estava instigado a o acender. — Mas eu vou reerguer a família Ouma.

— Sua família está em ruínas há décadas e não vai ser fodendo pivete que vai ascender ela. — A expressão irritada de Kuzuryuu mostrava o quanto ele estava descontente com aquele diálogo.

— E não é? — Kuzuryuu se assustou com tal resposta, ele concordando com aquela afirmação tão negativa que o envolvia, não parecia algo normal, muito menos quando ia contra os princípios do que ele havia dito anteriormente. — Eu nem ao menos tenho subordinados, isso é bem decadente — Bufou com um olhar de decepção, se antes já era algo estranho, tudo piorou dez vezes. Fuyuhiko imaginava que era uma situação decadente a família Ouma, mas chegar a um nível de não ter nenhum subordinado já era extremo demais. Pelo que recordava bem, todas as famílias dispunham de uma grande quantidade de subordinados para os auxiliar, aquilo provavelmente era uma mentira, mas o que Kokichi iria ganhar mentindo daquela forma? — Ah, não me olhe assim, eu estou falando a verdade!

— E as pessoas que trabalhavam para seu pai? — Não tinha como todos terem abandonado os compromissos com a família, tinha?

— O velhote era um fracote — E aqui vamos nós novamente, com uma voz de desprezo natural saindo com tanta naturalidade, é normal de até mesmo você leitor se encontrar confuso com as afirmações ditas por Ouma, em meio a um ciclo repetitivo de mentiras conduzindo a um caminho que era impossível decifrar a verdade, temo que até mesmo eu, um simplório narrador, seja incapaz de afirmar a natureza verdadeira dos sentimentos de Kokichi por seu pai. — Poucos seguiam ele e ainda eram fracos. Foram todos embora. — Kuzuryuu era um líder que impunha respeito, não conseguia se imaginar na situação de Ryo para que perdesse tantos seguidores.

E muito menos conseguia entender porque sentia que Kokichi achava aquilo benéfico para si próprio.

— Por que está me contando isso? — Uma suspeita um tanto quanto normal, em uma guerra, o conhecimento era a principal arma, e mesmo que nunca tivesse sido declarado claramente um estado de guerra entre as famílias, a tensão que todas passavam era óbvio que desde há muito tempo atrás uma guerra escondida rolava nas sombras do Japão, uma guerra de comércio, estratégia e crimes não muito notórios. Viviam em um estado de Guerra Fria até então, mas ninguém duvidava que as tensões aumentassem o suficiente para que as ruas se enchessem de sangue.

Com o novo líder dos Ouma no poder, o futuro era incerto.

— Porque eu quero que você saiba que não tem como eu te superar, de forma nenhuma. Ne-nhu-ma — Curvou o corpo para frente, com uma mão perto de sua boca que movimentava fazendo um gesto de negação com seu dedo indicador. — Eu sou apenas um pirralho de dezenove anos que ficou encarregado da chefia de uma família destruída. — Era exatamente isso, a exata situação que poderia se observar, não havia nada, não havia herança, não havia poderes, uma ruína tão perfeitamente vantajosa para seus rivais. Podemos então concluir que não existe nenhum motivo para se preocupar. — E que não posso fazer nada para vencer vocês nesse jogo.

Errado.

— E você não estava todo confiante de que reergueria o nome de sua família? — Ouma Kokichi, um mistério por dentro de um corpo jovem. Não suas palavras tão ambíguas, não seus sentimentos tão confusos ou suas afirmações controvérsias. A sua presença não deixava a desejar, era assustadora, transmitia o mais obscuro de sua personalidade, Kuzuryuu não conseguiria se sentir confortável perto dele. Como um aviso pregado em sua testa dizendo em um tom bem claro “Não confie em mim”. Um piso solto, um tropeço na escada, uma estrutura frágil na ponta de um penhasco, qualquer erro poderia significar uma queda. Kuzuryuu não poderia cometer aquele erro.

“Apenas um pirralho de dezenove anos incapaz de ascender a família?” quis rir de sarcasmo, mas Fuyuhiko de nada fez, apenas alguns segundos de silêncio e então cerrou seu olhar “Não brinque comigo”.

— Isto era uma mentira.

Tão repentino como um movimentar de dedos no gatilho que tira uma vida, as gotas da chuva aumentaram de forma brusca, caindo rápidas e grossas com uma frequência de aumento ainda maior. Pekoyama não hesitou para pegar o guarda-chuva que deixava de lado (por deduzir que acabaria chovendo) e levantar de forma que cobrisse Kuzuryuu, fazendo o mesmo com um guarda-chuva menor para se auto-cobrir. O louro não parecia se importar com a chuva que caía, não, ela notou isso, seu olho tão focado no pirralho de dezenove anos dizia o quanto os acontecimentos ao redor não o afetavam, com ou sem guarda-chuva, Kuzuryuu manteria aquela mesma expressão, aquele mesmo olhar, aquele mesmo sentimento.

— Mas sabe, Baby Boss, eu não quero perder esse jogo tão cedo. — Talvez em nenhum momento desde que teve o contato visual com Kokichi tinha visto ele agir de forma tão séria, não apenas por seu modo de falar, mas como também por sua postura mais rígida, seu próprio olhar que demonstrava sua concentração. Não parecia mais uma criança que se divertia em um jogo tabuleiro, agora era diferente, era um adulto prestes a apostar grandes quantias em jogos de cartas, e determinado para vencer. Aquele foi o momento mais temível, durante alguns segundos, poucos mais notáveis, Fuyuhiko teve a certeza que por um instante, tinha ficado com medo de Ouma Kokichi — Oh, olhe para essa chuva mais forte, nós deveríamos ir embora. — Quebrando perfeitamente bem o clima, as expressões de Ouma relaxaram e ele olhava de forma vaga ao redor, parecendo só agora se importar com a chuva e ao fazer isso, encolheu-se em suas roupas e começou a tremer e reclamar por não ter trago um guarda-chuva. Ao ver a ingenuidade que ele se encolhia perante ao frio, Kuzuryuu imaginava se realmente tinha sentido medo dele ou se era apenas um mal entendido — Até daqui algumas semanas, Baby Boss.

— Ei, espera, porra. — Mais flexibilidade em suas palavras, não demorou muito para que Kokichi conseguisse tirar o escudo de homem sério que Fuyuhiko carregava com tanto esforço para a personalidade imprudente do louro. Palavrões, pouca formalidade, jeito coloquial de falar, há quanto tempo Fuyuhiko não falava assim com alguém de alto calão — Por que caralhos vamos nos encontrar daqui algumas semanas?

— Porque vai ser quando moverei minha primeira peça. — Fuyuhiko teve vontade de rir sarcasticamente, então quer dizer que não era um jogo de cartas mas sim um jogo de xadrez? Ele era um pirralho que jogava movendo as peças para qualquer lugar sem saber regras ou estratégias, ou era no fim das contas um mestre no tabuleiro? O tipo de pessoa que descartava as peças? O tipo que usava a si próprio como isca? — Ah, é mesmo! Quase me esqueci! — Talvez jogar um jogo contra ele pudesse ser interessante — Assim que soube que você viria, achei que seria melhor dar algo em troca a você por fazer o Baby Boss perder seu precioso tempo em um funeral de alguém que ninguém se importa — Ainda não engolia aquelas palavras dele, ver o mesmo falando de forma tão dura do próprio pai (mesmo que todos soubessem que era verdade) era um tanto quanto desrespeitoso até demais. Todavia não era como se o que Fuyuhiko dissesse fosse influenciar os pensamentos de Ouma, este que agora se aproximava com um envelope coberto em suas roupas, parecia ter sido um pouco molhado pela chuva, mas nada muito danoso — Foi uma honra ter você aqui.

Não era um envelope qualquer, era um Koden¹. Bem protegido contra a chuva que caía pelo guarda-chuva que Pekoyama segurava, Fuyuhiko o encarou e analisou, pensando no motivo para Kokichi ter dado aquilo para ele quando na realidade deveria ser o contrário. Mas definitivamente o que mais chamou atenção era o valor escrito, tal valor que fez com que Fuyuhiko suspirasse e olhasse distante para Ouma que corria até algum lugar coberto tentando evitar se molhar. Escrito no envelope, estava o valor, indicado 4.444² ienes.

Akamatsu encarou de longe a casa mediana na rua mediana no bairro mediano. Tudo em uma normalidade tão padrão que não chegava a chamar a devida atenção que deveria ter, esse era o princípio básico de seus pensamentos todos os dias na qual ela passava pela Agência ou até mesmo ia lá de propósito. Ver uma casa tão normal abrigando duas pessoas nem um pouco normais era estranho de se pensar, mas as duas pessoas que ali viviam aparentavam estarem perfeitamente bem acostumadas com a vivacidade ali. Um bairro tranquilo, sem muitos crimes ao contrário do resto da cidade, conseguiam sair para respirar um ar fresco e não correr nenhum risco e ainda passavam uma boa impressão para os vizinhos que os conheciam — ou pelo menos era isso que pensavam — muito bem. O primeiro andar era a agência, o segundo a moradia. Era confortável, tranquilo e relaxante.

E não chamava atenção.

— Bom dia — Era com um sorriso no rosto que ela abria a porta da agência quase todo dia, e isso era algo que faltava naquele local. As pessoas entravam chorando, tristes, melancólicas, estampadas na cara que perderam algo ou alguém, com um óbvio aviso de precisar de ajuda, ao contrário de Kaede, quem entrava na agência geralmente estava lá desejando que não precisasse estar. — Oi querido — Se aproximando da segunda mesa da agência, a que ficava um pouco para trás da primeira e localizado no lado direito e a mais desorganizada e com mais informações jogadas (que Saihara dizia toda vez que iria arrumar). Com um livro cobrindo a cara para impedir que a iluminação forte das janelas chegasse em seus olhos, um dos detetives da agência estava sentado na cadeira com a coluna inclinada e os pés apoiados no pequeno espaço livre da mesa. — Muito trabalho?

Ele não se assustou com a chegada de Akamatsu, era algo que estava acostumado afinal de contas. A forma que ela abria e fechava a porta, o som que os passos dela ecoavam no chão, a calmaria com que ela falava. Tudo em um perfeito padrão. Um estado perfeito de normalidade. Uma rotina que ambos já tinham há algum tempo e desfrutavam dela quase sempre.

Ao contrário do que alguns puseram a pensar, Saihara não dormia com um livro em sua cara durante o seu serviço — não, ele seria incapaz de fazer isso (caso o fizesse, depois sobraria para si mesmo se autoculpar durante um longo tempo) —, tinha um pouco de orgulho de afirmar que nunca fez isso (ou pelo menos não que se lembrasse). Estava apenas pensando, e para não se distrair e visualizar de forma exata seus pensamentos, era necessário tampar sua visão e se desligar do mundo lá fora.

— Não tanto assim. — Não em quantidade, era claro. Ultimamente tem sido tranquilo e nenhum caso que o tirasse do sério. Mas mesmo assim, era óbvio que ele estava preocupado com algo, sua tensão nos ombros revelava isso e como Kaede o conhecia há muito tempo, ela era capaz de afirmar aquilo. E mais do que o relacionamento que seu anel no dedo pudesse comprovar, ela ainda era sua amiga.

— Por que parece tão preocupado? — Logo então ele bufou, não era capaz de esconder segredos de Akamatsu no final das contas. Não gostava muito de compartilhar seus sentimentos e poderia ser considerado uma pessoa fechada mas que se abria fácil com um simples estímulo como uma porta que precisasse impulsionar para abrir.

— É sobre a morte do Ouma Ryo. — Não era um de seus casos, nenhum papel arquivado, ninguém que o contratou para investigar tal ato. Deveria estar se ocupando em solucionar o mistério por trás da morte de alguma outra pessoa que estava com uma ficha em sua mesa, mas não conseguia pensar direito com Ouma Ryo em seus pensamentos. — Tem algo nela me incomodando. — Colocou o livro na mesa com a capa virada para cima e não se importou em marcar a página afinal o mesmo não estava o lendo. Kaede conseguia ler escrito “Ningen-isu” — Ele morreu de câncer de pulmão, mas eu não consigo achar informações relacionadas a tratamentos que ele fazia. — Akamatsu olhou na mesa, havia várias folhas com informações riscadas, alguns números de telefones ao lado de nomes de hospitais, listas de médicos de Kyoto. Seria possível que Saihara tivesse investigado algo tão a fundo a ponto de procurar saber com médicos de Kyoto possíveis tratamentos? — Bom, não deve ser nada demais, é provável que ele fazia tratamento com pessoas não licenciadas, não parece algo improvável de acontecer com algum mafioso. — Mesmo afirmando com tais palavras, Akamatsu achava improvável que ele pensasse assim, não teria ido tão longe para aceitar uma hipótese dessas. Tinha algo o incomodando e bastante, e provavelmente o incômodo vinha de seus instintos.

Antes que Akamatsu dissesse algumas palavras para o encorajar ou dar um conselho, a porta da agência foi aberta outra vez, o sininho no topo dela tocou e a loura se virou para olhar, encarando a mulher que adentrava no cômodo. Ajeitava o cabelo enquanto andava (sempre foi um hábito dela), e retirava os sapatos mesmo que naquele andar não fosse algo necessário, assim que virou seu rosto em direção às mesas e viu Kaede, um leve sorriso de simpatia se estendeu pelo seu rosto.

— Akamatsu-san, faz um tempo que não te vejo. — Realmente fazia um bom tempo que ambas não se encontravam, mesmo que as visitas de Akamatsu ao seu noivo pudessem ser consideradas frequentes, não era sempre que encontrava com Kirigiri ao estar ali. Além de que fazia um bom tempo que não ia até a casa deles, já que a loura estava em um concerto na europa por alguns meses e tinha voltado apenas recentemente.

— Kirigiri-san! — Comentou alegre, olhando pra expressão cansada da detetive particular. Fazia alguns anos que Kirigiri e Saihara dividiam aquela propriedade e trabalhavam juntos na agência, seria mentira dizer que Akamatsu nunca chegou a sentir ciúmes mas ao mesmo tempo podia afirmar que ela nunca suspeitou de algo que pudesse acontecer entre Saihara e sua colega de trabalho já que a confiança que ela tinha nele era enorme.

— Você ainda anda preocupado com isso, Saihara? — Kyoko se aproximou da mesa de Suichi e observou os papéis em cima da mesa, suspirando logo em seguida. Algo em Akamatsu a fazia pensar que não era de hoje que o detetive pensava a respeito das suspeitas da morte de Ouma Ryo. Ou quem sabe, até mesmo antes de sua morte já era algo que ocupava os pensamentos do jovem detetive.

— Acho que eu ando desocupado demais. — Sorrindo um pouco sem jeito e tentando aliviar o clima, Kirigiri apenas bufou como se afirmasse que não importava o que dissesse, não mudaria as ideias constantes na cabeça de Saihara de haver algo suspeito envolvido.

— Talvez você esteja certo e tenha algo de suspeito na morte dele. — Podia ter sido por pouco tempo, mas Kaede viu Saihara sorrindo de alívio, era sempre bom ter alguém para apoiar você, afinal de contas. E Kaede sempre foi a pessoa perfeita para ajudar Suichi e o encorajar a fazer o que pretendia, se Saihara agora trabalhava como detetive, isso era graças a Akamatsu que o incentivou a seguir um sonho por mais receoso que ele estivesse.

— De qualquer forma, não importa muito, é só uma impressão que eu tenho, não deveria focar nisso — Não parecia querer muito falar sobre aquilo no momento, na verdade, não parecia querer falar com ninguém, desde que Akamatsu entrou e conversou com aquele teve a impressão de que por mais que ele gostasse de estar se abrindo, era como se não quisesse envolver outras pessoas nisso. Talvez fosse apenas a falta de confiança de Saihara em suas suspeitas. — Kirigiri, como foi a reunião?

— É oficial agora, Ouma Kokichi está assumindo o controle da família Ouma, não que seja grande coisa. — Reuniões entre as famílias não aconteciam muitas vezes, mas não ter uma quando algum chefe morria, era inevitável. Kirigiri Kyoko mesmo não fazendo parte de nenhuma das famílias, ainda era um nome interligado a elas, uma famosa detetive que muitas vezes auxiliava algumas das famílias quando era de seu interesse. Não apenas os membros, mas como também vários nomes importantes no Japão compareceram a reunião e puderam ver perfeitamente bem a proclamação de Kokichi como o sexto chefe da família Ouma.

— Família Ouma… — Kaede parecia apreensiva. Olhando para frente e pensando a respeito naquele nome com uma reputação tão ruim — A rosa sem espinhos, não é?

— Rosas nunca tiveram espinhos. — Kirigiri falou, com sua voz naturalmente fria que nem ao menos era levado como falta de educação por estarem acostumados com aquela personalidade dela. — Elas tem acúleos, e mesmo não sendo espinhos, ainda causam bons ferimentos — Ela suspirou — Não conhecemos nada sobre Ouma Kokichi, e é por isso que isso o faz ser tão poderoso. 


゚・。.。・゚゚・。 任侠団体 .。・゚゚・。


1 "Koden" — São envelopes com dinheiro, geralmente são usados para fazer doações para bancar funerais.

2 "4.444" — É considerado falta de educação dar valores com o número 4 nas doações, pelo fato da pronúncia do número ser semelhante a pronúncia de "morte".

(Informações retiradas de uns sites por ai)


Hum, se quiserem fazer algum comentário, talvez seja melhor você enviar em um email pra mim ([email protected]) pois o inkspired pode bugar os comentários e ele sumir.





3. März 2018 02:06 0 Bericht Einbetten Follow einer Story
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Lesen Sie das nächste Kapitel Dívidas a serem pagas com gratidão, honra, ou talvez (com mais incerteza do que razão) medo

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