floragois Flora Gois

co-autora: AuroraSann Yuri Plisetsky é um jovem recém formado no curso de sonhos do avô. Vive uma vida que não escolheu e luta diariamente contra ensinamentos que lhe foram impostos quando criança. Yuuri é seu amigo de faculdade e depois do casamento com o Piloto Victor, resolvem sair em uma viagem e arrastam o loiro junto. Yuuri conhece toda a historia do menor e assim tenta ajudar a lidar com todas essas amarras sociais que o outro enfrenta.


Fan-Fiction Anime/Manga Nur für über 18-Jährige.

#yurionice #otayuri #victuuri
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Believe

Meia-Noite


   Estava jogado na cama observando atentamente os números do relógio mudarem lentamente já que eu deveria estar dormindo. As 8 horas de amanha eu me encontraria no aeroporto com Yuuri e Victor. Senti uma pontada no estômago de ansiedade.


   Revirei na cama dando as costas ao relógio, a mudança lenta estava me deixando irritado. Passaria 3 meses em Las Vegas com o casal mais insuportável que eu conhecia e sinceramente, acho que é o casal mais insuportável que todos conhecem.


   Yuuri e Victor são super pegajosos, e no começo do relacionamento dos dois eu me sentia desconfortável com eles. Sim, minha cabeça era muito fechada e eu ficava confuso e enfurecido em como dois homens poderiam sentir atração um pelo outro. Entretanto, Yuuri sempre esteve lá por mim independentemente da forma que eu o tratava. O japonês sorria e fingia que eu não tinha feito nenhuma ignorância e nao tinha agido de maneira ruim.


   Suspirei frustrado, meu coração parecia que sairia pela boca a qualquer momento. O engraçado é que eu já havia viajando antes, mas porque eu tinha essa impressão que dessa vez seria diferente? Talvez eu passasse mais raiva do que aproveitasse?


   Levantei reclamando e segui em direção ao banheiro. Me olhei no espelho.


   Eu ainda era o mesmo fisicamente, mas por dentro as mudanças já haviam começado e torciam meu estômago.


   Na semana anterior finalmente havia me formado em Engenharia Civil, mas nao era o meu sonho. Era o que Nikolai, meu adorável avô, me impôs. Eu poderia ter recusado e seguido meu sonho como designer de moda, mas ele é meu último parente e eu sempre quis que ele se orgulhasse de mim.


   Nikolai foi afetado pela fase obscura que a Rússia passou durante guerras, ele era absurdamente conservador e "moralista". Comecei a rir só de imaginar como ele reagiria se soubesse que eu estou indo para uma viagem de 3 meses com um casal de amigos gays.


   Lavei o rosto e sequei na toalha clara. Suspirei fundo e voltei ao quarto, olhando para o criado-mudo, onde havia um porta retrato com fotos da época da faculdade. Sorri.


   Em mais um dos meus devaneios e pensamentos me lembrei de como conheci Yuuri, fazendo com que a bolha em que eu fui criado começasse desmanchar.


   Estava tentando interagir com o 4º grupo durante aquele ano, mas todos tinham a capacidade de me irritar e incomodar. Passei pelo grupo dos nerds, dos populares, pelo grupo de uma banda e até por um grupo de meninas, porém não me mantinha com ninguém.


   Por que eu era tão deslocado?


   Algumas vezes eu achava que o problema era com os outros e outras vezes, achava que o problema era comigo e meu comportamento explosivo. Já estava no segundo ano daquele curso insuportável e nem amigos eu tinha arrumado. Era tudo tão insuportável.


   Cansado de tentar interagir com aquele grupo de pessoas medíocres, me levantei e fui comprar algum suco para ter a desculpa de me afastar. Cheguei ao refeitório e comprei um suco de maçã. Olhei para o gramado, para o pátio e para o bosque, procurando algum lugar calmo para me sentar e fingir que estava tudo bem ficar sozinho na faculdade.


   Segui pelo gramado e sentei-me embaixo da árvore. Suspirei profundamente pela milésima vez no mesmo dia. Fechei os olhos e encostei na antiga árvore para sentir a brisa em meu rosto.


   Eis que começo a ouvir uma melodia conhecida por perto, parecia vinda de um celular.


   Da onde viera o som?


   Olhei em volta: ninguém.


   Não estou louco, eu estou ouvindo, está chegando o refrão. Levantei-me com curiosidade para procurar a bendita música e lá estava ele. Um japonês, encostado na mesma árvore que só que do lado oposto, lendo Harry Potter. Meu deus, além dele estar escutando nada menos do que Marron 5, também estava lendo um dos livros que eu mais gostei de ler. Só percebi que estava dando uma de louco quando me abaixei e tirei um dos fones de sua orelha e coloquei na minha, fazendo com que o menino de óculos me olhasse um tanto quanto assustado.


   — É Marron 5! – Olhei-o animado e sorrindo.


   — É..


   — E você está lendo Harry Potter! – Abri mais o sorriso


   — Estou..


   — Ai, porra! Vamos ser amigos, andar no recreio juntos?


   — Recreio?! – O japonês já tinha fechado o livro, tirando os fones e me olhava vidrado. — Calma, calma! O que está acontecendo?


   Só então que pude perceber o quão invasivo eu estava sendo. Não é atoa que alguém não arruma amigos, não é, senhor Plisetsky? Parei tudo que estava fazendo, fechei o rosto e me senti muito envergonhado.


   Muito.


   Abaixei o rosto, levantei e cobri a cabeça com o capuz do moletom. Comecei a me afastar, acho que já tinha passado vergonha suficiente para um dia.


   — VAMOS!


   Paralisei na hora


   O japonês me respondeu? Virei-me e olhei o menino de óculos. Ele sorria e estava um pouco corado.


   — Vamos, vamos ser amigos, vamos andar no "recreio" juntos. – Disse rindo e fazendo aspas com as mãos na palavra infantil 'recreio'.


   Olhava-o com um ponto de interrogação tatuado na testa e os olhos marejados. Eu estava fazendo um amigo? Isso é inédito, mundo.


   — Desculpe, eu não queria incomodar. – Me aproximei, limpando o rosto e coçando a cabeça. – Eu sou o Yuri, é que eu te vi sozinho e com coisas que eu gosto... me desculpa.


   — Yuri?! Eu também sou Yuuri! Yuuri Katsuki. Estou cursando literatura, prazer Yuri. – Estendeu a mão enquanto eu erguia uma sobrancelha de modo confuso.


   — Yuri Plisetsky, Engenharia civil. – Estendi a mão e sorri, aceitando aquele momento.


   Gargalhei com a lembrança de como me envolvi com Yuuri. Fazia um bom tempo já. Sentei na cama e olhei outro retrato, Victor estava sem camisa junto de Yuuri e ambos sorriam animados.


   Espera, e o Victor?


   Joguei as costas na cama tentando lembrar de quando eu vi ele pela primeira vez. Ah! Verdade! Victor e Yuuri se conheceram de uma forma muito engraçada, nunca ri tanto em um único dia. Até pareciam destinados.


   Era um dia frio e era formatura do Yuuri. Daqui pra frente eu ficaria sem menos um amigo naquela faculdade. Mas eu estava tão feliz com o diploma do porquinho. Se não bastasse o diploma, o japonês ainda iria lançar um livro aquela semana em um tipo de coquetel para pequenos artistas e influenciadores. Queria abraçar aquele que salvou meu período acadêmico da solidão. Eu e Mila já estávamos a espera de Yuuri na saída de sua cerimônia e não tardou pra ele chegar.


   — PARABÉNS KATSUDON!!! – Gritei e joguei os braços pra cima, chamando atenção de muitas pessoas.


   — Y-Yuri, não precisa de isso tudo! – Ele sorriu envergonhado e olhou pra Mila.


   Não demorou muito, Mila tirou um buquê de flores das costas, eu saquei um bastão de confetes estourando e assustando o japonês. Nunca vi Yuuri sorrir tanto, mas era contagiante.


   Passaram-se alguns dias e estava quase chegando o coquetel do porquinho. Eu com certeza iria, ele não tinha condições de beber sozinho, ganharia fama e não seria por lançar um best-seller.


   No dia do coquetel, eu e o Yuuri nos vestíamos como verdadeiros cavaleiros. O porquinho estava com o cabelo penteado para trás e eu estava no mais belo corte social. Chegamos ao local e havia alguns fotógrafos contratados que ao nos avistarem vieram correndo. Flashes, fotos e poses. Era tão divertido. Logo adentramos o local e Ual! Que lugar lindo! Estava lotado de pessoas bem arrumadas, alguns expositores com diversas coisas, desde livros, como o do japonês, até produtos e agências de viagens. Yuuri sorria e se direcionou ao seu stand para começar a autografar alguns exemplares do seu livro.


   Foram mais de 30 pessoas que passaram pelo meu melhor amigo. Entretanto, a penúltima demorou mais do que os outros. Era um cara platinado e assim que Yuuri o olhou, ficou envergonhado. Eles se conheciam? Apenas dei de ombros e me retirei para olhar tudo que estava pelo salão. Era tanta coisa que perdi a noção do tempo e quando me dei conta, a festa já havia começado. Fui a procura do menino de óculos, mas não encontrava ele em nenhum lugar. Peguei o celular na mão e comecei a ligar, logo ouvindo o toque do celular do moreno vindo do estande que ele estava.


   Ah não...


   Ao olhar a mesa de Yuuri eu pude contar no mínimo 7 taças já bebidas e quando me aproximei mais, vi sua calça no banco e o celular tocando. Aquele dia prometia. Só consegui achar Yuuri depois de gritos de uma plateia afobada. Ele estava seminu em cima do bar junto do platinado que também estava. Eu só pude me conter em rir e pensar em como eles combinavam.


   A merda já estava feita.


   Não se passou nem um ano depois daquele coquetel e Yuuri e Victor estavam namorando. Aquilo rompeu minha bolha e talvez eu devesse ser agradecido a aquele casal nojento. Dois anos depois, eles já estavam casados e eu no meu último ano.


   Sorri, mas xinguei mentalmente. Aqueles velhos me fariam passar vergonha de novo e agora em solo de outro país. Nem me dei conta quando adormeci em meio aos palavrões.


   Meu despertador tocou, levantei em um pulo da cama com o susto. Eram 6 horas da manhã, eu deveria me arrumar às pressas para encontrar Yuuri no aeroporto no salão de embarque. A Viagem de Moscou para Dallas levaria 17 horas, acho que vou acabar surtando e ficando com a bunda toda dolorida.


   Segui para o banheiro com o intuito de fazer minhas higienes, meu apartamento ficaria sobre os cuidados de minha amiga Mila e sua namorada Sala durante a minha ausência. Essa ideia era assustadora, mas não poderia deixar tudo sem supervisão de alguém. Nessas horas eu sentia falta de morar com meu avô, mas lembrar de como ele lidava com tudo com mão de ferro a saudades logo iam embora.


   Tomei um banho rápido e segui enrolado na toalha para meu quarto, escolhi um casaco moletom preto com mangas de animal print, por algum motivo sou completamente apaixonado por estampas de onças e tigres em específico. Escolhi uma calça jeans preta e um tênis. Eu precisava estar confortável em uma viagem tão demorada. Eu peguei minha mala de viagem e parei quando me olhei no espelho do corredor, caralho! Eu sabia que estava esquecendo algo, e tinha que ser exatamente ter ido ao salão cortar o cabelo. Na correria dos últimos meses de faculdade eu fiquei até sem tempo para respirar, resultado era que meus cabelos que eu sempre mantive em corte baixo agora estavam na altura do meu queixo.


   Frustração.


   Isso era o resumo do que eu sentia, amarrei o cabelo de qualquer forma em um rabo de cavalo e me dirigi à porta, dentro do elevador chamei o táxi com urgência. Se eu sequer imaginar chegar atrasado, Victor me comeria vivo. Coloquei meu fone de ouvido para me acalmar com Maroon 5, cinco minutos depois finalmente o táxi havia chegado.


   — O senhor é Yuri Plisetsky? – Perguntou um velho com uma expressão rabugenta de dentro do carro.


   — Eu mesmo.


   Ele acenou com a cabeça e eu entrei no táxi, dei o endereço para o aeroporto de Moscou e coloquei meus fones novamente. Eu não queria testar a sorte e esse cara ser do tipo tagarela. Não sou bem humorado, não suporto conversas bobas.


   Cheguei no Aeroporto faltando 3 minutos para o horário que havia marcado, estar puto era pouco para me definir. Claro que eu pegaria o taxista mais lerdo de toda a Rússia, me iludi achando que hoje não teria estresse. Entrei bufando no aeroporto e segui para fazer o check-in, ao me aproximar vi um moreno de costas e um platinado pendurado em seu pescoço, Victor e Yuuri não precisavam nem estar de frente para eu reconhecê-los.


   — Vocês poderiam ser menos pegajosos?


   Victor deu um pulo e se virou sorrindo, Yuuri estava com a cara alegre de sempre. Como eles conseguiam ser tão animados a essa hora da manhã?


   — Yurio! — Victor se jogou em cima de mim me abraçando, ele e essa mania péssima de mudar meu maldito nome. Minha cara de cu já é bem automática, eu não odeio eles, longe disso. Eu os amo, claro que nunca diria isso em voz alta, mas esse é meu jeito e ninguém lidava com isso melhor do que eles. Yuuri começou a rir e me abraçou junto com Victor.


   — Vocês querem me torturar? É isso? Me larguem, caralho.


   Eles começaram a rir e fomos para a sala de embarque, mais vinte minutos e eu ficaria dezessete horas de vela para esses dois, alguém me salve por favor!


   — Está ansioso Yurio? — Era Victor sorrindo largamente, Yuri estava concentrado em suas anotações em um livrinho que ele levava a tiracolo, claro que essa viagem seria mais para inspirações dele do que qualquer outro objetivo.


   — Claro, vou encher a cara em vários bares em Las Vegas, quem não ficaria ansioso? - Victor me olhou com cara fechada, as vezes ele e Yuuri agiam como se fossem meus pais, ainda mais quando o assunto era bebida. O engraçado é que quem pagava vexame bêbado eram os dois.


   — Não me olhe assim, velho. Vou me comportar.


   — Yuuri! O Yurio está me chamando de velho novamente. - Victor fez cara de choro e se jogou em Yuri.


   Yuuri sorriu e começou a fazer carinho no cabelo dele, as vezes eu sentia inveja disso. Não do carinho de Yuuri, mas da relação deles, era muito bonito ver a forma que os dois se doavam sem medida um ao outro ou como se protegiam. Será que um dia eu vou ter isso para mim?


   Coloquei meu fone e virei a cara para eles, a tela da sala apareceu a mensagem avisando que poderíamos seguir para o embarque finalmente. Adeus Moscou e seu frio maldito, que venha Vegas e muita diversão.


   Depois de uma viagem irritante e cansativa até chegar ao aeroporto de Dallas, onde aturei um maldito casal pegajoso trocando palavras de amor e "anw Yuuri" "oh Victor, seu bobo!", sério isso era o inferno. E para completar a minha maldita sorte havia uma criança mimada sentada atrás de mim que decidiu que o meu assento era uma bola e ficou chutando boa parte do tempo. Eu só sentia vontade de tomar um banho quente e depois me afundar em uma cama confortável e aconchegante e, quem sabe, dormir por uns 10 anos?


   Pegamos um táxi e seguimos direto para o endereço do hotel, que sendo sincero Victor tinha se superado nas reservas. O Lugar era maravilhoso, mas eu não tinha sequer ânimo para explorar-lo agora. Fomos a recepção pegar nossas chaves, enquanto Victor encarava um panfleto de forma animada demais.


   — O Que diabos você tanto encara esse papel? - Yuuri se aproximou também para ver o tal papel.


   — Nada demais, é que ganhamos entradas para uma boate muito famosa por aqui.


   — Foda-se, estou fora, não tenho forças.- Ele acha que sou o que? Eu só quero morrer em uma cama quentinha.


   Caminhei em direção ao elevador até alguém segurar meu braço, virei para um Yuuri me olhando como o gato de botas.


   — Vamos Yurio! Viemos aqui para você se soltar também. Você vai se divertir, eu prometo.


   — Yuuri...


   — Por favor, dê uma chance, ok?


   Victor estava abraçado a ele me olhando com a mesma expressão, suspirei derrotado. Eu iria nessa maldita boate com eles. Afinal, o que demais poderia acontecer?

24. Februar 2018 22:58 0 Bericht Einbetten Follow einer Story
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