way_borges229 Way Borges

"Existe uma lenda na minha família que diz que os Uchihas só amam uma vez, sempre duvidei dessa historia até ver o brilho dos olhos Naruto se transformarem em tristeza e o desespero que me bateu ao pensar que nunca mais veria aquele brilho novamente" NaruSasuNaru (UA) (+18)


Fan-Fiction Anime/Manga Nur für über 18-Jährige. © Naruto e seus derivados pertencem ao Kishimoto, porém a história é inteirinha minha. Capa editada por mim - créditos da imagem ao(s) autor(es).

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Kurzgeschichte
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Um Dia Cinza


Terça-feira, 10 de Outubro, para muitos é apenas mais um dia da semana, mas para mim, Uchiha Sasuke, essa data só tem um significado, ela só representa dor.

O dia amanheceu chuvoso, o céu cinzento parece entender o meu humor. Levanto da cama às 7 da manhã depois de ter tido apenas 3 horas de sono, vou ao banheiro me olho no espelho e vejo que não sou mais nem metade do homem que eu era a cerca de 1 ano atrás, embaixo dos meus olhos negros via-se olheiras enormes, meus cabelos estão maiores do que costumava ser, minha barba está por fazer, estou mais magro e mais pálido que o normal. Depois de constatar o bagaço de homem que estou, faço as minhas necessidades e tomo um banho frio para espantar o sono e o cansaço, visto uma roupa quente e vou para cozinha preparar um café para então sair de casa.

No meu carro, observo as pessoas pelas ruas dessa cidade e me pergunto como é a vidas delas, será que elas choram quando vão dormi, ou se as suas lembranças às sufocam ao ponto de afastar o sono? São apenas perguntas que nunca serão respondidas.

Depois de 45 minutos chego ao meu destino, um lugar frio e triste, o cemitério da cidade de Konoha. Aperto o volante com força enquanto fecho meus olhos numa tentativa de conter as lágrimas, respiro fundo, busco o buquê de girassóis no banco do passageiro e desembarco do carro. Caminho mais alguns metros e encontro a lápide da pessoa que tanto amei, arrumo as flores em um vaso, passo a mão por cima de seu nome gravado em alto relevo em um pedaço de mármore, Uzumaki Naruto.

Nos conhecemos quando ainda éramos duas crianças no jardim de infância, mas não nos tornamos amigos de cara, ou tivemos uma boa relação, ao contrário sempre brigávamos e competíamos, com o tempo isso só foi piorando.

O seu jeito extravagante, bagunceiro, hiperativo e barulhento afastava as pessoas, já o meu jeito quieto, reservado e calado tinha o efeito oposto, nunca entendi como isso era possível.

Como alguém pode não gostar de uma pessoa que sempre tinha um sorriso no rosto, que vivia exibindo aquelas covinhas adoráveis, aqueles cabelos loiros bagunçados, aqueles olhos brilhantes de um azul tão profundo?

Eu nunca consegui entender por que as crianças que estudavam com a gente não gostavam dele, na verdade, não consigo entender porque “eu” não gostava dele naquela época, já que ele não mudou muita coisa desde que éramos crianças.

Sempre achei incrível como os olhos dele brilhavam e quando tínhamos 10 anos de idade, eles perderam o brilho, fiquei intensamente preocupado em não poder mais vê-lo. Lembro-me muito bem dessa época e da angústia que senti ao ver aqueles olhos opacos e sem vida, era quase na metade do ano, depois de 2 semanas sem aparecer na escola ele finalmente voltou às aulas, mas tinha algo diferente nele, ele estava quieto, seus olhos não brilhavam mais e em seus lábios não existia aquele belo sorriso.

Ninguém na sala notou o quanto ele estava diferente, isso se arrastou por meses, muitos até acharam bom a sua mudança, mas eu me sentia incomodado com isso, me fazia falta a suas implicâncias comigo, as provocações e brigas, já estava pensando em questioná-lo sobre o que tinha ocasionado tamanha mudança.

Em um sábado a tarde, resolvi andar pelo parque condomínio que eu morava e pensar como chegar no loiro para saber o motivo de tanta mudança, foi quando avistei o Naruto sentando no píer do pequeno lago que existe no meio do condomínio, fiquei muito surpreso ao vê-lo ali. Me aproximei devagar e pude notar que ele chorava baixinho, ele levou um susto quando sentei ao seu lado, virou a cabeça para o lado oposto a mim e enxugou as lágrimas com o dorso da mão.

– O que você quer Sasuke? – perguntou sem me olhar, foi impossível não notar a que sua voz estava embargada.

– Você está bem? – respondi com outra pergunta.

– Sim, vai embora – retrucou mostrando irritação.

– Não, você não está bem – indaguei e ele cerrou os pulsos.

– Vai embora, por favor – pediu com um fio de voz e ainda sem me olhar.

Senti um aperto no peito ao vê-lo dessa maneira e por um impulso o abracei, ele tentou se desvencilhar dos meus braços o que fez com que eu o apertasse mais contra meu peito, então ele desistiu de lutar e se entregou às lágrimas. Chorou até molhar minha camisa, a cada soluço que ele dava meu coração apertava mais, quando finalmente ele se acalmou, me contou o motivo de suas lágrimas. Quase não acreditei quando ele falou que os seus pais morreram em um acidente de carro, ele também me contou que se sente culpado por ter sido o único a sobreviver ao acidente que os vitimou e que sua avó Tsunade Senju, sempre que possível, despeja em sua cara que a culpa do acidente é dele, isso me fez odiar essa mulher mesmo não a conhecendo.

Naquela época eu não conseguia imaginar como seria perder um dos meus pais, imagina perdendo logo os dois de uma vez era quase impossível para mim. Não que agora eu consiga imaginar perdendo meus pais, mas agora eu sei como é perder para sempre alguém que amo.

Foi naquele momento entendi o motivo dos seus olhos terem perdido o brilho e seu sorriso ter morrido, a dor, a tristeza e a solidão que ele estava sentindo apagou toda aquela luz que ele irradiava, isso acabou comigo. É ruim ver alguém que brilhava tanto quanto o sol se apagar, mas uma grande dor tem esse efeito, essa foi uma lição que aprendi da pior maneira.

Na segunda-feira ele estava lá em sua cadeira no fundo da sala, mas seu olhar continuava perdido e opaco, seu semblante carregado de tristeza, todos ao seu redor ignoravam tamanha melancolia, deixando todos de lado, me dirigi até ele e sentei ao lugar que fica do seu lado, ele me olhou espantado.

– O que tá fazendo aqui? – perguntou espantado.

– Sentando, Dobe – respondi com um sorriso e ele corou um pouco, não sei se foi de raiva ou de vergonha, mas achei adorável.

– Argh... Eu sei que você está sentando Teme maldito, quero saber por que você está sentando aqui, do meu lado?

– Por que eu quero Dobe.

Ele fez um bico infantil e virou o rosto para o lado o que me fez rir novamente.

Naquele dia o acompanhei até sua casa e descobri que ele estava morando 2 ruas atrás da minha casa, isso foi uma surpresa para mim, não imaginei que morássemos tão próximos. E assim passamos a semana, sentei ao lado dele todos os dias e todos os dias ele me perguntava o porquê eu estava sentando com ele, isso já estava me incomodando. Me perguntava, se seria assim tão difícil para ele acreditar que eu queria ser seu amigo? No intervalo das aulas da sexta-feira, resolvi questioná-lo, então sentei a mesa do refeitório com ele, mas antes que eu pudesse falar alguma coisa, ele retrucou.

– Por que está fazendo isso Sasuke?

– Fazendo o que? – perguntei confuso.

– Tentando ser meu amigo. O que você quer com isso? É alguma brincadeira sua com aqueles seus amiguinhos? – perguntou irritado.

– É isso que você pensa que eu estou fazendo? – respondi no mesmo tom.

– Não tem outra explicação! Você e seus amigos nunca ligaram pra mim, sempre me humilhando e fazendo brincadeiras sem graça. Eu finjo que elas não me machucavam, mas todas as vezes que vocês zoavam com a minha cara, me feri, por que eu só queria um amigo. Isso é pedir demais? – lágrimas rolaram pelos seus olhos – Eu não vou suportar mais uma das brincadeiras de vocês, não agora e você sabe muito bem o por que. Se você acha que vou cair nessa sua tentativa falsa de ser meu amigo, está muito enganado – despejou toda a sua mágoa e se levantou. – Isso é crueldade demais, até para você – acrescentou e saiu.

Suas palavras me acertaram em cheio, não por terem sido cruéis ou agressivas, mas por ser verdade. Não éramos bons com o Naruto, sempre o afastamos do grupo, o isolamos e o ignoramos, não fomos capazes de ver o quanto isso o machucava.

Assim que o intervalo terminou fui para sala disposto a pedir desculpas a ele, porém ele não voltou para a aula. Não consegui prestar atenção no restante das aulas, só percebi que elas tinham acabado quando a Sakura me chamou para irmos embora.

Caminhei até em casa perdido em meus pensamentos, suas palavras não paravam de martelar na minha cabeça, me senti o pior ser humano do mundo. Assim que cheguei em casa, fui direto para meu quarto, me joguei de bruços na cama se nem ao menos tirar o uniforme, meu coração doía e logo as lágrimas surgiram. Então chorei pelo Naruto, por suas palavras magoadas, por tudo que fiz com ele, pela dor que o mesmo deve tá sentindo pela perda de seus pais.

Depois de alguns minutos chorando, minha mãe bateu na porta do meu quarto, sentei na cama e enxuguei as lágrimas do meu rosto e disse que ela poderia entrar. Como o quarto estava a meia luz, ela não poderia ver o meu rosto inchado pelo choro recente.

– Filho? Está tudo bem? – ela me perguntou assim que entrou.

– Estou mamãe – tentei mentir.

Ela sentou-se ao meu lado e me fez um carinho nos meus cabelos, seus lábios sustentavam um sorriso sereno.

– Não, você não está bem. – Sem dizer mais nada, a abracei e voltei a chorar.

– Eu sou uma pessoa ruim, mamãe? – perguntei entre soluços e ela me afastou um pouco para poder olhar em meus olhos.

– Claro que não querido, por que você acha que é uma pessoa ruim? Quem te disse isso?

– Ninguém falou que eu era ruim, não de uma maneira direta - respondi sincero.

– Como assim querido?

Contei toda a história do que aconteceu com o Naruto, como o tratamos na escola, a perda dos pais e a culpa que ele sente, contei da avó dele, a tentativa de me aproximar para ajudá-lo, as suas palavras magoadas e como me senti ao ouvi-las. Minha mãe ouviu tudo com muita atenção.

– Meu amor, as palavras do seu amigo foram duras, mas você tem que perdoá-lo, ele está magoado com tudo que está acontecendo. Se você realmente quer ajudar, não pode desistir na primeira tentativa – aconselhou.

– Só que ele não me quer por perto mamãe, o pior é que ele tem razão.

– Ele pode ter razão em querer distância de você, mas isso não significa que deva desistir. Quando estamos magoados, tudo que queremos é evitar nos machucar novamente, ele está tentando evitar mais sofrimento, mas tudo o que precisamos nessas horas é de um abraço amigo e um ombro para chorar. Nem sempre o que queremos é o que precisamos, então continue tentando meu querido, uma hora ele vai perceber que você não tem más intenções.

As palavras da minha mãe foram reconfortantes e sábias, passei o final de semana inteiro pensando no que fazer para mostrar para ele que não estou me aproximando na intenção de magoá-lo. Na segunda-feira, saí de casa para escola decidido a provar que me importo com ele e que pode confiar em mim, mas para a minha decepção, ele faltou a aula. Ele também faltou na terça e na quarta, foi aí que decidi ir a casa dele usando o pretexto de passar o conteúdo que ele perdeu.

Senti toda a minha coragem se esvaziar quando fiquei de frente com a casa dele, o medo de ser rejeitado bateu com força. Passei alguns minutos olhando para a porta pensando se batia ou não, então juntando todo o restinho de coragem que sobrou em minha alma, resolvi finalmente tocar a campainha. Demorou 2 minutos e a empregada abriu a porta para mim, falei que era um colega de turma do Naruto e que estava lá para lhe passar o conteúdo que perdeu, então ela me deixou entrar e foi chamá-lo. Assim que me viu, ele franziu o cenho e trincou o maxilar.

– O que tá fazendo aqui Teme? – perguntou irritado.

– Vim te passa o conteúdo das aulas que você perdeu, Dobe.

– E por que você faria isso? – perguntou novamente enquanto estreitava os olhos.

– Por que você precisa e por que você é meu amigo. – Seu rosto adquiriu uma expressão de surpresa.

- Hunrum, tá – resmungou desconfiado. – Então vamos para meu quarto, lá teremos sossego.

Então fomos para o seu quarto, o lugar é um pouco bagunçado, tinha espalhadas pelo chão algumas roupas e folhas rabiscadas, 3 das paredes eram pintadas de branco e uma de laranja, mas não esperava menos dele, o que me surpreendeu foi a quantidade de desenhos que tinha colados em uma das paredes.

– Foi você que desenhou? – perguntei curioso.

– Sim – respondeu simplista.

Olhando aqueles desenhos, eu consegui enxergar a alma dele, como era o verdadeiro Naruto Uzumaki por detrás de seus sorrisos bobos e ações extravagantes, ele não era só um garoto hiperativo e cabeça oca, ele também era alguém que tem a alma sensível e é capaz de enxergar a beleza das coisas e as cores.

– São bons – elogiei.

– Obrigada – ele agradeceu e ficou com o olhar perdido enquanto admirava o desenho de uma mulher ruiva.

– Quem é ela?

– Minha mãe – respondeu-me e seus olhos marejaram e ele desviou os olhos para esconder as lágrimas.

Sem dizer mais nada, ele foi até a sua mochila que estava jogada perto da escrivaninha, a levou para perto da cama, sentou-se no chão e começou a tirar suas coisas de dentro dela, também me sentei no chão junto a ele.

– Naruto, me desculpa?

– Pelo o que? – ele perguntou confuso.

– Por tudo que fiz para você, eu realmente não sabia que você ficava magoado. – Fui sincero.

– Tudo bem Teme.

– Não, não está nada bem Dobe. Eu sei que você está sofrendo Naruto, eu sei que e está magoado, se sentindo culpado e um monte de outras coisas que sou incapaz de imaginar. Não posso dizer que sei como está se sentindo, por que eu não sei, não perdi meus pais para saber disso, mas você não está mais sozinho, eu estou com você agora e vou provar que quero ser seu amigo de verdade.

Ele não conseguiu conter mais as lágrimas, o abracei e deixei que ele chorasse como no dia que o encontrei sentado no píer. Quando os soluços diminuíram, ele desfez o abraço e enxugou as lágrimas com o dorso da mão.

– Obrigado Sasuke, não sabe o quanto isso é bom saber disso e me desculpe pelo jeito que te tratei na escola, eu não estava em um bom dia e descontei em você, dattebayo.

– Não precisa se desculpa, Usuratonkachi – falei e o vi bufar irritado.

Depois desse dia não nós separamos mais, consegui fazer com que ele se enturmasse com o pessoal da sala. Ele voltou a sorrir, embora nem sempre seu sorriso alcançasse os olhos, já o brilho nos olhos, por algum motivo, só via quando ele olhava para mim e eu adorava isso, me sentia especial por saber que os olhos dele só brilhavam para mim, eu ficava ainda mais fascinado quando as suas bochechas ficavam rubras tanto de vergonha, quanto de raiva. Adorava vê-lo com raiva, seu rosto contrariado era tão engraçado, o bico infantil e as bochechas infladas o deixava encantador, tinha que me esforçar muito para não ri de sua expressão irritada quando eu o importunava.

Assistir de perto o Naruto crescer, fui telespectador de diversas brigas dele com a avó e como ela o culpava pela morte do seu único filho; o vi sofrendo calado durante anos, remoendo a culpa de ter sobrevivido ao acidente que vitimou seus pais, tentei de todas as formas fazer com que ele deixasse essa culpa de lado, mas ele só dizia que estava bem e fingia um sorriso, porém eu sempre soube reconhecer quando seus sorrisos eram forçados. Estive presente quando ele começou a beber, me senti tão incapaz quando não consegui evitar que meu amigo se perdesse no mundo das drogas; aos 16 anos ele teve a primeira crise depressiva e tentou suicídio, fato esse que me deixou com um terrível sentimento de impotência e inutilidade, eu via meu amigo pedindo socorro, mas não sabia o que fazer para ajudá-lo.

Nunca chorei tanto quanto no dia que soube que ele tentou tirar a própria vida, um medo enorme se apossou de mim e meu peito parecia que estava sendo esmagado; depois de muitas lágrimas veio a raiva dele ter feito isso consigo mesmo e com as pessoas que o amam, veio a raiva dele ter feito isso comigo.

Quando fui vê-lo no hospital acabei brigando com a avó dele, despejei em cima da Tsunade tudo o que a vi fazendo para ele durante os anos, boa parte da culpa do Naruto tentar suicídio era dela por culpa-lo pelo acidente que matou os pais, contei como ele se sentia por causa disso, falei como em vez de cuidar e amar o neto, ela estava o destruído. A velha que já me odiava, passou a me detestar, quis até me proibir de vê-lo, mas consegui fazê-la enxergar que isso só faria mais mal a ele, que me proibindo de o vê só estaria o destruindo ainda mais, afinal, no momento eu era a única coisa saudável da vida dele.

Depois de um tempo conversando com a Tsunade, finalmente consegui entrar no quarto que ele estava hospitalizado, olhá-lo inconsciente em cima naquela cama com os pulsos enfaixados e o seu rosto pálido, senti meu peito doer, meu estômago ficou embrulhado, meus olhos começaram a arder e logo me rendi às lágrimas.

Já fazia algum tempo havia percebi que não conseguia imaginar minha vida sem ele, sem seus gritos, suas bochechas coradas de raiva ou vergonha, seu sorriso enorme, seus cabelos loiros sempre bagunçados, alguma coisa dentro de mim mudou em relação a ele. Depois de saber que ele quase morreu, o desespero que senti, deixou ainda mais claro para mim da importância que ele tinha na minha vida, eu não existia sem ele.

Esperei uma hora até ele acordar, assim que seus olhos azuis opacos cruzaram-se com os meus, percebi que ele não queria conversar agora e ele notou o quanto sua atitude me magoou, não precisávamos de muito para nós entender, então ficamos em silêncio. Ele recebeu a visita do médico responsável por seu caso e da sua avó que tinha os olhos inchados e vermelhos, mas ele não esboçou nenhuma reação, vi preocupação nos olhos de ambos, a avó dele quando saiu me deu um olhar significativo como se pedisse ajuda, apenas assenti.

– Sasuke... – ele começou, sua voz saiu baixa e mais rouca que o costume por falta de uso.

– Você é um idiota – interrompi.

– Me desculpe.

– Tem noção do que eu senti? Do medo que passei? Como você pode Naruto?

–Eu estou tão cansado Sasuke, cansado de tudo. – Seus olhos marejaram.

– Acha que eu não sei disso? Eu sou a pessoa que mais te conhece nesse mundo. Mas que porra Naruto... Eu sei disso melhor do que ninguém, e me dói saber que você prefere tirar a própria vida a me deixa te ajudar. Cacete, eu sou seu melhor amigo! – falei sentindo minha voz falhar.

– Você não precisa se afunda na lama comigo, Sasuke, só porque minha vida é uma bosta, a sua não precisa ser.

– Você é minha vida. – Deixei escapulir e arregalei os olhos quando notei o que falei.

Usei meus cabelos para esconder meu constrangimento e virei o rosto para não vê sua expressão, tinha medo de vê nojo ou repulsa em seus olhos, foi constrangedor o silêncio que se instalou no quarto.

– Sasuke, olha para mim. – Meio relutante o olhei, seus olhos estavam carregados de lágrimas, mas tinha um pequeno sorriso. – Me desculpe, nunca mais vou fazer algo parecido, eu juro.

– É bom mesmo Usuratonkachi.

O silêncio voltou a reinar no quarto, meus olhos não se desgrudaram dos seus, pude ver um pouco de brilho retornar aqueles olhos que tanto aprecio.

– Você também é minha vida – ele confessou em um sussurro com suas bochechas rosadas.

Senti meu rosto esquentar e em meus lábios um sorriso involuntário surgiu, segurei a sua mão para lhe passar força e carinho.

O Naruto passou mais 15 dias internado, por que foi dado início a um processo de reabilitação, seria o primeiro passo para o loiro se livrar do vício em drogas. Mesmo ele insistindo muito, só saia do seu lado para ir às aulas e anotar todos os assuntos que era passado para poder repassar para ele.

Durante esse tempo, o vi se acertar com a sua avó, ela se desculpou por tudo que fez a ele e prometeu melhorar, me senti feliz ao vê-lo feliz por ter se acertado com ela; ele também recebeu a visita de um psicólogo para dar início ao tratamento contra a depressão, prometi ao médico que o faria seguir a risca todo o tratamento, ele iria a todas as consultas, nem que tenha que ser à base de socos.

Não falamos mais sobre o que sentimos temos um pelo outro, não liguei para esse fato por que não era a hora certa para isso, eu sabia que nossos sentimentos estavam conectados, então esperaria até ele melhorar. É ficamos assim até o meu aniversário de 17 anos onde preparou uma festa surpresa para mim e no meio dela ele me arrastou para o jardim da minha casa com a desculpa que precisava me contar uma coisa.

– O que foi Dobe, vai me contar por que me trouxe até aqui? – perguntei depois de alguns minutos de silêncio da parte dele.

– E que... Eu queria... Bem... Euqueriasabersevocêquersermeunamorado? – falou muito rápido.

– O que? Eu não tô conseguindo entender, fala mais devagar Usuratonkachi.

– Eu queria saber se você quer ser meu namorado? – repetiu hesitante.

Senti meus olhos arregalarem, e as borboletas no meu estômago ganharem vida, meu coração começou a esmurrar meu peito.

– Não sou bom nessas coisas Sasuke, mas eu quero muito que você seja meu namorado, dattebayo – falou tirando uma caixinha aveludada de cor vermelha e a abrindo revelando um par de alianças prateadas. – O que me diz Teme?

Meus olhos arderam anunciando que lágrimas queriam brotar, um sorriso bobo se apossou dos meus lábios e sem pensa duas vezes colei a minha boca na dele. Sentia urgência em sentir o sabor de sua língua, então pedi passagem para a minha e ele deu sem protestar, explorei todos os cantos de sua boca que estava com o gosto do refrigerante de laranja que ele tomava, tínhamos uma necessidade muito grande um do outro e queríamos mostrar um para o outro todo esse sentimento represado, nos separamos depois de alguns minutos já que a falta de ar se fez presente.

– Acho que isso é um sim? – ele perguntou e eu assenti.

Sem conseguir falar nada assisti ele pega uma das alianças da caixinha vermelha e colocar no meu dedo anelar da mão direita, então peguei a outra e fiz o mesmo com ele, depois disso trocamos mais um beijo, só que dessa vez foi calmo.

Contar para os nossos amigos que estávamos juntos foi constrangedor, ainda mais por eles nos confidenciaram que já esperavam por isso, só que não foi mais constrangedor para mim do que contar para meus pais e meu irmão mais velho, foi um alívio saber que eles não tinham nada contra o nosso relacionamento. Demoramos a contar para a avó do Naruto, ele sentia receio da rejeição dela, mas o pressionei para contar e disse que mesmo que ela o repudie, ele sempre terá a mim e eu daria todo o apoio que ele precisasse. Marcamos de almoçar com ela, falamos a ela que queríamos contar algo importante.

– Então garotos, o que vocês querem me contar? – Tsunade perguntou assim que terminamos de comer.

Naruto, que estava do meu lado, olhou para mim em busca de força, apertei sua mão por debaixo da mesa e ele voltou os olhos para a avó.

– Vó, eu e o Sasuke... Nós queremos lhe conta uma coisa... – falou hesitante e ela revirou os olhos.

– Isso eu já sei idiota, será que dá pra ir direto ao ponto? – Ele fechou os olhos e suspirou.

– Nós estamos namorando – falou de uma vez.

Seus olhos permaneceram fechados por um tempo e os meus estavam presos nele, eu via o quanto isso estava sendo difícil para ele, mas era o melhor a fazer, não poderíamos viver nós escondendo dela.

– É só isso que tem para me falar? – Tsunade se pronunciou e levamos nossos olhos para ela. – Garotos, eu não sou idiota, ou cega, faz tempo que percebi que tem algo a mais entre vocês dois e não tenho problemas com o fato de estarem namorando.

– Sério mesmo, vovó? – Naruto perguntou abismado.

– Claro que sim! Por que eu teria problemas com isso? O Sasuke te faz tão bem Naruto e está escrito na cara dele o quanto que ele é louco por você. – Senti minhas bochechas esquentarem. – Eu estou feliz que estejam juntos. Se tiver algum engraçadinho perturbando vocês por estarem juntos, podem me falar que eu me acerto com ele.

O sorriso que surgiu nos lábios do Naruto foi tão genuíno e belo, que fez com que eu ganhasse o dia, ele se levantou e foi até a avó e lhe deu um dos seus abraços de urso, fiquei feliz por poder presenciar essa cena.

Um mês depois de contarmos para a avó dele, tivemos a nossa primeira vez, senti extremamente feliz ao senti-lo dentro de mim e totalmente realizado quando meu pau foi apertado por sua entrada rosada. Ainda consigo me lembrar das palavras que ele proferiu antes de se entregar ao sono depois de termos nos entregado um ao outro.

– Sasuke? – me chamou sussurrando, eu não conseguiria ouvir se não estivesse deitado com a cabeça em seu peito.

– Hum. – respondi escutando seu coração bate.

– Promete que nunca vai me abandonar. – pediu enquanto afagava meus cabelos.

– Nunca irei te deixar Naruto. – respondi depois de buscar os seus olhos, ele sorriu então o beijei e voltei a deitar em seu peito.

– Eu te amo Sasuke. – falou baixinho já totalmente entregue ao sono.

Senti meu peito ser esmurrado pelas batidas fortes do meu coração, uma onda gigantesca de felicidade me inundou, olhei para seu rosto adormecido e só conseguia sorrir, na manhã seguinte ele não se lembrou de que confessou que me amava, mas não tem problema, esse ficou sendo o meu segredinho, para ele, eu fui o primeiro a dizer te amo e não me importava com isso.

Depois de um tempo, finalmente nos formamos no colégio e entramos na faculdade de Konoha, Naruto optou por cursar Artes, já que era o que lhe fazia feliz, eu optei por administração, pois meu sonho sempre foi ajuda o meu irmão mais velho a cuidar da empresa do meu pai. Mesmos sobre protesto, tanto da minha família quanto da avó do Naruto, decidimos morar juntos.

No penúltimo semestre da faculdade, criei coragem e pedi o Naruto em casamento, no nosso aniversário de namoro o levei para um restaurante super-romântico e reservado, depois do jantar puxei do meu paletó uma caixinha aveludada preta fiz o pedido e ele prontamente aceitou meu pedido, ao ouvi o seu “sim” fui inundado por uma onda de felicidade tão grande que quase gritei no restaurante. O nosso casamento foi realizado 5 meses depois que nós formamos na faculdade, escolhemos a data de aniversário do Naruto para a ocasião mais importante das nossas vidas, foi uma cerimônia simples e somente para a família e os amigos mais chegados.

Em 6 anos de casamento, muita coisa mudou para nós dois, o Naruto comprou uma galeria que ganhou prestígio nacional e internacional e se tornou um dos talentos da arte mais promissores da atualidade; depois de começar a trabalhar em um cargo pequeno na empresa do meu pais, segui me esforçando até que me tornei vice-presidente da mesma. Tínhamos altos e baixos como todo casal, mas ao todo éramos felizes e existia muito amor entre a gente, um amor tão puro e bonito, um daqueles tipos de amor que poucas pessoas têm a chance de viver, o tipo de amor que só se acha apenas uma vez na vida.

Quando estávamos para completar 7 anos de casados e junto a isso iríamos festejar mais um ano de vida do Naruto, reservei uma mesa no restaurante mais romântico da cidade, depois planejei levá-lo para a suíte presidencial do hotel mais badalado que conheço. Estávamos tão felizes e realizados, pensamos até em aumentar a família, já estávamos dando entrada nos papéis para adoção, mas não imaginava que a minha vida perfeita e feliz iria começar a ruir.

No dia 10 de Outubro, esperei o Naruto por 2 horas no restaurante, liguei dezenas de vezes só que todas as minhas ligações iam direto para caixa postal do seu celular. Cansado de esperar e já morrendo de tanta preocupação, fui para o nosso apartamento onde fiz mais ligações que voltaram a cair na caixa postal.

Não sei ao certo que horas peguei no sono deitado no sofá, apenas recordo acordando às 2:35 da manhã com batidas na porta, senti um calafrio percorrer a minha espinha quando eu a abri e me deparei com dois policiais.

– Senhor Uchiha Sasuke? – um dos policiais perguntou receoso.

– Sou eu. – respondi sentindo meu coração esmurrar o meu peito.

– Sou o oficial Yamato e esse é meu colega oficial Nara. Sinto muito senhor, mas trago más notícias – ele começou hesitante, fechei os olhos já sentindo uma dor enorme se apossar de mim.

– O-o que aconteceu? – perguntei tremendo.

– Infelizmente, o senhor Uchiha-Uzumaki Naruto faleceu.

Senti meu coração falhar uma batida, o chão sumiu dos meus pés e meus olhos arderem em lágrimas, por um momento esqueci até como respirar.

– Isso... Isso... Isso não pode ser verdade – falei com um fio de voz sentindo uma dor terrível no peito, as lágrimas já caiam dos meus olhos.

– Gostaríamos que fosse verdade senhor Uchiha, mas infelizmente ele faleceu.

Gritei com todas as minhas forças e me ajoelhei no chão chorando, levei minhas duas mãos a cabeça e puxei com força os meus cabelos, a dor que eu estava sentindo era tão grande que me sentia sufocar.

Fui amparado pelos dois policiais que me levantaram e me levaram para sala, eles revelaram que o amor da minha vida foi morto em um assalto, ele nem ao menos reagiu, mas o assaltante se assustou com alguma coisa e atirou nele, infelizmente quando o resgate ao local, ele já estava morto. Tudo o que aconteceu depois disso é um borrão na minha mente, não me lembro de ter ido ao velório ou ao enterro, só lembro-me do vazio e de acordar em uma cama de hospital onde o me disseram que sofri uma crise nervosa.

Minha mãe ficou tão preocupada com estado apático que fiquei depois que saí do hospital, que resolveu passar um tempo morando no meu apartamento comigo, depois que eu comecei a me embebedar para esquecer a dor que existia no meu peito, ela me fez volta a morar com ela e com meu pai.

Eu sei que ela tem medo que eu faça alguma besteira, confesso que já pensei em suicídio, mas não tenho coragem de fazer isso com a minha família, ainda mais depois de ter vivido isso com o Naruto.

Um ano se passou e ainda não aprendi a viver sem ele, sem os seus fios loiros no ralo do banheiro, seu jeito hiperativo de ser, sua pele naturalmente bronzeada, suas roupas espalhadas pelo apartamento, o seu cheiro de limão, não consigo falar dele no passado, não consigo entrar no nosso apartamento sem senti o ar falta nos meus pulmões.

Existe uma lenda na minha família que diz que os Uchihas só amam uma vez, sempre duvidei dessa história até ver o brilho dos olhos Naruto se transformarem em tristeza e o desespero que me bateu ao pensar que nunca mais veria aquele brilho novamente. Agora estou sentindo aquele mesmo desespero, mas dessa vez não tenho como tê-lo de volta, dessa vez ele foi embora para sempre.

– Quanto tempo garoto. – Uma voz me tira das minhas lembranças, olho para trás e dou de cara com a avó do Naruto.

– Tsunade?

Ela está mais magra do que me lembro, seu semblante está abatido, tem olheiras debaixo de seus olhos cor amarelos, mas ainda continua uma bela mulher, apesar da idade.

– Como vai Sasuke? – ela perguntou com a voz terna enquanto se aproximava de mim.

– Bem, na medida do possível. O que veio fazer aqui?

– É o aniversário dele, eu precisava vir – falou olhando para lápide.

– Hum – resmunguei, meus olhos também estavam presos na lápide a nossa frente.

– Ele te amava sabia? – Olhei para ela com meu rosto já sendo banhado por lágrimas. - Nossa, como esse idiota te amava! – deu um sorriso fraco. – Ele te amou tanto, mais tanto que é impossível para mim colocar em palavras, ele não iria gostar de te ver nesse estado. – Desviei meus olhos para o chão. – Sasuke, eu sei que está doendo, em mim também está, mas filho, olhe para você, eu sei que aquele cabeça oca não iria gostar de te vê nesse estado, eu sei que sabe disso, então reaja garoto e tente seguir a vida.

– Como eu posso fazer isso se ele era a minha vida? – perguntei com a voz falha.

– Sei que você dará um jeito, meu neto não se apaixonou por um covarde que se deixar derrotar pelas dificuldades da vida. Ponha-se de pé novamente garoto, viva a sua vida por você e ele – falou de uma maneira imponente e depois me abraçou.

Chorei em seus braços por vários minutos ouvindo suas palavras de consolo, ela foi embora depois que desfizemos o abraço.

Lembrando das palavras da Tsunade, voltei a olhar a lápide do Naruto, ele não iria gostar de vê no que me transformei depois de sua partida e ali, sabendo o quão profundamente fui amado, fiz uma promessa sob o céu cinza que iria reagir e seguir em frente. Aprenderei a conviver com a dor e a saudade que sinto do loiro e viverei por mim e por ele, lembrei-me dos momentos bons que passamos juntos, das dificuldades que nós tornaram homens fortes e principalmente do amor que existia entre nós dois.

Talvez, algum dia, eu volte a amar, a vida é cheia de surpresas, mas não tenho dúvidas que nunca amarei alguém como amei o Naruto.

24. Februar 2018 20:34 0 Bericht Einbetten Follow einer Story
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Das Ende

Über den Autor

Way Borges Nome: Waynne Borges Idade: depende da ocasião Sou um universo em constante expansão, sempre aprendendo coisas novas e aberta a novas experiências. Tímida no primeiro contato, mas depois o difícil vai ser me fazer parar de falar. Sou gentil, atenciosa e educada com todos e espero a mesma cortesia, entretanto, isso não significa que eu não saiba ser grossa quando necessário. Adoro chocolate, séries, filmes e desenhos. Cachorros e gatos sãos meu ponto fraco, fico toda derretida.

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