Lá no interior de Cabrobó na época dos coronéis e de Lampião, tinha um vaqueiro metido a valente e namorador chamado Moacir. Esse sujeito vivia zanzando pela cidade atrás de algum bico e de uma boa cachaça. A cada golada era uma história diferente. O home dizia ter escapado dos cangaceiros na mata e até do temido Corisco. Numa dessas andanças pelo sol quente de rachar o quengo, Moacir procurava algum serviço, mas evitou passar pela fazenda do Coronel Luís. O vaqueiro tinha se engraçado justamente com uma das filhas do militar, Lucinha. Galega dos olhos claro, bonita que só a gota. Os dois jovens se encontravam as escondidas durante a noite, e se o velho desconfiasse, certeza que ia meter bala pra cima. A moça queria casar, mas Moacir era vivo na lábia e sempre dava uma desculpa.
E naquela manhã sem serviço nem dinheiro, lá estava ele na barraca do Seu Toinho. No balcão, o rapaz conversava com o cabra de sorriso amarelado, a careca brilhante e os cabelos do lado na cabeça calva que eram sua marca registrada. Era um conhecido de longa data e antigo companheiro de copo.
- Desce mais uma e bota na conta! - O vaqueiro mostrou o copo de vidro pra Toinho que cruzou os braços.
- Tu tá me devendo dinheiro de bebida faz uma semana seu cabra safado! Num vô te dar cachaça até ver algum tostão desse seu bolso!
- Oxe Toinho! Se avexe com isso não... Cê acha que eu faria uma desfeita dessa? Eu sô home de palavra, do jeito que mainha me ensinô. Vou pagar tudin e com juros! Agora deixe de ser pirangueiro e enche só mais esse copo.
De repente, um homem grisalho e de bigode grosso chegou no recinto, fazendo Seu Toinho arregalar os zóio. Moacir estranhou mas repetiu o pedido.
- Bora rapaz, custa nada mais uma! - Toinho fez pouco caso da reclamação e apontou pra trás. O vaqueiro virou-se e olhou o homem de cima a baixo.
- Cruz credo, cara feia pra mim é fome. Eu cheguei primeiro meu senhor. Fique peixe aí.
- Então você é o homem... - Falou o visitante, pondo a mão sobre o ombro de Moacir.
- Oxe mas é claro! Sou macho até debaixo d'água. Agora não chegue com tanta intimidade assim não... Me olhando desse jeito e pegando no meu ombro, tá pensando o quê? Toinho, esse aí deve ser boneca. - O dono da barraca estava pálido diante da cena. O senhor fez um ar de riso e subitamente sacou uma pistola.
- Você é o desgraçado que desonrou a minha filha!
- Co- coronel Luís, minha autarquia! Que honra! Nem o reconheci, se eu soubesse tinha até pagado uma bebida pro senhor. - O coronel apontou a arma pro cangote do vaqueiro.
- Minha filha não é uma quenga qualquer, seu maltrapilho de uma figa!
- Mas oxe, eu num tenho culpa se ela levantou o estandarte seu Coronel. Era noite de São João!
- Seu infeliz! Eu só não corto seu cunhão fora porque não suportaria tanta difamação em minha casa! - Entre a pinga e a pistola, Moacir ouviu uma ameaça ainda pior que fez o sujeito se tremer todinho.
- Ou você casa ou vai direto pro paletó de madeira!
Vielen Dank für das Lesen!
Wir können Inkspired kostenlos behalten, indem wir unseren Besuchern Werbung anzeigen. Bitte unterstützen Sie uns, indem Sie den AdBlocker auf die Whitelist setzen oder deaktivieren.
Laden Sie danach die Website neu, um Inkspired weiterhin normal zu verwenden.