silva_verso Silva

Um cabra metido à valente e namorador foi arrumar confusão logo com um coronel nas brenhas de Cabrobó.


Humor Nicht für Kinder unter 13 Jahren.

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Entre a pinga e a pistola

Lá no interior de Cabrobó na época dos coronéis e de Lampião, tinha um vaqueiro metido a valente e namorador chamado Moacir. Esse sujeito vivia zanzando pela cidade atrás de algum bico e de uma boa cachaça. A cada golada era uma história diferente. O home dizia ter escapado dos cangaceiros na mata e até do temido Corisco. Numa dessas andanças pelo sol quente de rachar o quengo, Moacir procurava algum serviço, mas evitou passar pela fazenda do Coronel Luís. O vaqueiro tinha se engraçado justamente com uma das filhas do militar, Lucinha. Galega dos olhos claro, bonita que só a gota. Os dois jovens se encontravam as escondidas durante a noite, e se o velho desconfiasse, certeza que ia meter bala pra cima. A moça queria casar, mas Moacir era vivo na lábia e sempre dava uma desculpa.

E naquela manhã sem serviço nem dinheiro, lá estava ele na barraca do Seu Toinho. No balcão, o rapaz conversava com o cabra de sorriso amarelado, a careca brilhante e os cabelos do lado na cabeça calva que eram sua marca registrada. Era um conhecido de longa data e antigo companheiro de copo.

- Desce mais uma e bota na conta! - O vaqueiro mostrou o copo de vidro pra Toinho que cruzou os braços.

- Tu tá me devendo dinheiro de bebida faz uma semana seu cabra safado! Num vô te dar cachaça até ver algum tostão desse seu bolso!

- Oxe Toinho! Se avexe com isso não... Cê acha que eu faria uma desfeita dessa? Eu sô home de palavra, do jeito que mainha me ensinô. Vou pagar tudin e com juros! Agora deixe de ser pirangueiro e enche só mais esse copo.

De repente, um homem grisalho e de bigode grosso chegou no recinto, fazendo Seu Toinho arregalar os zóio. Moacir estranhou mas repetiu o pedido.

- Bora rapaz, custa nada mais uma! - Toinho fez pouco caso da reclamação e apontou pra trás. O vaqueiro virou-se e olhou o homem de cima a baixo.

- Cruz credo, cara feia pra mim é fome. Eu cheguei primeiro meu senhor. Fique peixe aí.

- Então você é o homem... - Falou o visitante, pondo a mão sobre o ombro de Moacir.

- Oxe mas é claro! Sou macho até debaixo d'água. Agora não chegue com tanta intimidade assim não... Me olhando desse jeito e pegando no meu ombro, tá pensando o quê? Toinho, esse aí deve ser boneca. - O dono da barraca estava pálido diante da cena. O senhor fez um ar de riso e subitamente sacou uma pistola.

- Você é o desgraçado que desonrou a minha filha!

- Co- coronel Luís, minha autarquia! Que honra! Nem o reconheci, se eu soubesse tinha até pagado uma bebida pro senhor. - O coronel apontou a arma pro cangote do vaqueiro.

- Minha filha não é uma quenga qualquer, seu maltrapilho de uma figa!

- Mas oxe, eu num tenho culpa se ela levantou o estandarte seu Coronel. Era noite de São João!

- Seu infeliz! Eu só não corto seu cunhão fora porque não suportaria tanta difamação em minha casa! - Entre a pinga e a pistola, Moacir ouviu uma ameaça ainda pior que fez o sujeito se tremer todinho.

- Ou você casa ou vai direto pro paletó de madeira!

19. Januar 2022 15:09 0 Bericht Einbetten Follow einer Story
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Fortsetzung folgt…

Über den Autor

Silva Alguém que escreve para escapar das garras do tédio.

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